Série WHO I AM? - Short Fic Peeta escrita por Serena Bin


Capítulo 3
Episódio 3 - Fuja Delly, fuja!


Notas iniciais do capítulo

Chegueiiiii! EEEEEEH
~le ficando feliz ~
Quanto tempo né meus amores?
Aposto que teve gente que pensou assim:
"Ah, a Danizinha abandonou a fic, só pode" kkk
Que nada! Eu estava é em semana de provas na faculdade, but agora estou novamente aqui com vocês com capítulo novo e bombastico - pelo menos eu achei kkk Porque eu estava muito ansiosa para postar essa cena. ;)
Espero que vocês gostem.
Boa Leitura seus lindos!
:)



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A noite é um carrasco maldoso quando se perde o sono por causa de pesadelos. Não sei que horas são exatamente, mas a julgar pelos efeitos de meus remédios já terem passado, então calculo que seja o inicio da madrugada.

Meus olhos acompanham o piscar da pequena luz amarela do sensor de movimento instalado no alto da parede. Felizmente existe algo para que eu possa desviar minha atenção do terrível sonho que tive ha poucos minutos, todavia, ainda sim me pego pensando no pesadelo. Algo como os rostos de meus familiares, todos desfigurados vindo em minha direção, querendo levar-me com eles para queimar num descampado em chamas.

Balanço a cabeça para clarear a mente e me livrar das lembranças, mas os rostos de meu pai, meus irmãos e até de minha mãe ainda percorrem os meus olhos como se fossem lentes fabricadas para me aterrorizar. Eu nunca parei de fato para pensar no porquê de minha família ainda não ter vindo me visitar, eu quero acreditar que estejam ocupados, talvez ajudando nos afazeres da cozinha aqui no treze, ou quem sabe estejam tentando me ver, mas simplesmente não podem, por que...

"Estão mortos" Minha consciência diz suavemente, e eu quero negar, dizer que essa é apenas mais uma de minhas crises delirantes, mas não posso, dessa vez algo me diz que é real, que minha família jaz sob pilhas e pilhas de escombros.

Há uma lágrima que se forma em meu olho, mas ao contrário do que eu espero, ela não vem seguida de desespero ou dor, pelo contrário, vem acompanhava apenas de vazio. Um vácuo grandiosamente pesado que aperta meu peito fazendo com que eu me encolha num canto do quarto. Estou abraçando a mim mesmo porque esse vazio é bem pior do que dor. Não sentir nada é como não existir.

Com a cabeça entre meus joelhos, sinto a lagrima correr meu rosto e pingar no carpete do chão. Lentamente, outra lágrima rola em minha face, seguida por outra e mais outra, até que eu finalmente desabo com o rosto no pó, suplicando para poder pelo menos lembrar de meus familiares de uma maneira que não seja aterrorizante para mim.

Não sei quanto tempo se passa até que Keia Watherhouse – minha enfermeira – apareça na porta de meu quarto com meu coquetel de medicamentos fortes e cheios de reações colaterais.

− Bom dia, Peeta – ela diz sutilmente enquanto caminha lentamente em direção a mim.

− Já amanheceu? – pergunto ainda encolhido no canto do quarto. Keia gentilmente agacha ao meu lado, e retirando meu rosto do meio de meus joelhos responde:

− Sim, são pouco mais de sete da manhã.

Keia tem um rosto fino e cabelos que ficam o tempo todo enrolados em um coque. Seus olhos castanhos são gentis e de alguma forma sua voz me acalma. Ela é boa comigo, bem como Dr. Aurélius. Agora que não tenho ninguém por mim no mundo, minha equipe médica é a coisa mais próxima de uma família de que disponho.

− Teve uma noite ruim? – Keia pergunta ao levantar meu rosto, certamente ela pode ver as marcas da insônia estampadas em minha cara − Pesadelos?

− Um especialmente terrível – respondo.

− Quer conversar a respeito? – Keia pergunta enquanto encontra uma veia grossa em meu braço esquerdo.

− Você é minha enfermeira, não minha médica de cabeça – respondo incrédulo. A enfermeira apenas ri. Faço uma careta quando a agulha que ela mantém na mão encontra minha veia, em seguida ajeita o acesso ao medicamento e me oferece dois comprimidos.

− Engula-os − ela diz. Enfio os comprimidos na boca, mas eu não os engulo de imediato, porque eles têm um gosto ruim e porque não gosto da idéia de ser dopado todos os dias, me dá a sensação de estar sendo enganado novamente – Engula-os, Peeta. São os comprimidos de sempre, não tem se sentido melhor?

De fato me sinto melhor, apesar de acordar por causa de pesadelos, eu geralmente passo um dia tranqüilo. Não sinto medo e as vozes em minha mente estão ficando cada vez mais silenciosas. Decido engolir os comprimidos, Keia, todavia pede para olhar minha boca para se certificar de que realmente os engoli.

− O que tem para o café da manhã? – pergunto.

− Pão com geleia de uva, leite e uma fruta, você pode escolher entre maçã ou laranja.

− Laranja! – respondo de imediato, o que faz Keia ficar surpresa – Eu... Gosto de laranja.

− Certo. Talvez você queira ficar pronto para o caso de receber visitas − Keia diz enquanto aplica alguma substancia pelo fino cano preso em meu braço.

− Você deve saber que não conheço ninguém aqui e que ninguém vem me ver.

− Vai ver hoje é um dia especial − Keia me encara entusiasmada − Ah, vamos lá! Seja otimista, garoto!

Um dia especial. Está aí algo que seria legal, principalmente quando todos os seus dias tornaram-se cansativos e enfadonhos, mas sei que isso é uma possibilidade remota, principalmente para mim.

− Eu volto mais tarde. − Keia diz dirigindo-se à porta − Seja otimista! – ela acrescenta antes de finalmente deixar o quarto.

O café da manhã não é ruim. Na verdade ele é até bem gostoso comparado às refeições que eram servidas a mim na capital. O pão quente mistura-se com a geléia em minha boca. O leite morno completa a sensação boa de estômago cheio. Talvez aqui, sob essas circunstâncias, seja o mais feliz que eu vá conseguir chegar a ser.

Seja otimista. As palavras de Keia voltam a minha mente eu sorrio, porque esse é o mais otimista que posso ser.

O resto da manhã é um borrão, logo vem o almoço e quando menos espero já é quase a hora do jantar e como sempre, pontualmente às seis da tarde, Dr. Aurélius vem me ver.

− Como está se sentindo, Peeta? – ele pergunta.

− Bem. Tive pesadelos à noite, mas agora estou bem.

Ele anota algo em seu computador de bolso e em seguida se atenta a mim tomando nota da coloração de meus olhos, da vermelhidão em minha pele, dos hematomas que estão sumindo e de minha pressão arterial, alem dos frascos com o sangue à qual Keia colheu mais cedo.

− Quer conversar sobre o pesadelo? – ele pergunta, mas eu nego. Não quero ter de relembrar novamente aquelas imagens medonhas.

− Certo, Peeta. Você está muito bem hoje, apesar dos pesadelos de ontem à noite, seus olhos estão azuis de novo, a pressão está normal, os níveis de veneno baixaram pelo quarto dia consecutivo... Você está se saindo muito bem, meu jovem.

A voz de meu médico é de total euforia, talvez depois de semanas, eu finalmente esteja evoluindo para algum estado próximo ao aceitável, muito embora eu ainda não consiga discernir muitas coisas.

− Estou muito impressionado com você, garoto – diz o médico olhando para mim − Sei que tem sido muito difícil enfrentar todas essas mudanças e ainda tem a coisa toda do telesequestro, mas estou realmente muito otimista com seu quadro clínico.

Logo após minha consulta diária, doutor Aurélius me deixa novamente sozinho para logo em seguida eu receber o jantar.

Batatas assadas, uma sopa de legumes com arroz e um pedaço de pão além de um copo de leite.

Como calmamente minha refeição, degustando cada sensação boa que a comida me trás. Após o jantar, como de costume espero Keia Watherhouse para minha sessão de remédios noturnos, mas me surpreendo porque ao invés de minha habitual enfermeira, quem está me olhando agora é uma figura baixa e magra, cuja pele clara exibe algumas escoriações. O cabelo louro, os olhos verdes e o sorriso solto me dão a sensação de que de alguma forma eu conheça a pessoa a minha frente.

− Oi, Peeta, é a Delly. De casa − ela diz timidamente , a garota está parada entre a porta e a entrada do quarto − Lembra de mim?

Não há nenhuma lembrança realmente firme que se associe ao rosto a minha frente, então faço um esforço maior para buscar do fundo de meu inconsciente algo que me ligue à garota. Todavia, não é fácil. Falho das primeiras vezes, mas há um momento em que de algum lugar inóspito, uma hipótese surge. É a primeira lembrança frutífera que tenho de alguem não ligado a minha família depois de tudo o que a Capital fez comigo. De alguma forma, é como se algum pedaço de mim voltasse ser como era antes.

− Delly? − digo ainda testando − Delly, é você?

O rosto da garota se ilumina ao ouvir minha voz. E agora, olhando mais claramente para ela, a reconheço de verdade. É claro que se trata de Delly, a pequena "mosquito" como minha mãe costumava se referir a ela quando ia até a padaria.

— Sim! — ela diz com um evidente alivio. — Como está se sentindo?

— Terrível. Onde nós estamos? O que está acontecendo? — pergunta Peeta.

Os olhos de Delly se sobressaltam quando agarro seu braço com força. Nesse momento, qualquer reação boa ou resultado positivo que eu tenha tido nos últimos dias, parecem ter ido por água abaixo porque, o tremor, aquele me causava contorções na Capital está voltando, e tenho consciência de que preciso me controlar.

— Bem... nós estamos no Distrito 13. Vivemos aqui agora — diz Delly.

— Isso é o que essas pessoas vêm dizendo. Mas não faz sentido. Por que não estamos em casa? — pergunto. Mas tenho medo de ouvir a resposta que de alguma maneira se enfiou em minha mente. A hipótese de que tudo queimou, de o 12 está agora sob montes de cinzas. A reação de Delly é a pior possível. Seus olhos que outrora eram verdes e límpidos, agora demonstram melancolia, como se falar do 12 fosse algo de fato muito doloroso.

— Houve... um acidente. Eu sinto muitíssima falta de casa também. Eu estava justamente pensando naqueles gizes de cera que usamos sobre as pedras do calçamento. Os seus tão maravilhosos. Recorda quando nós fizemos cada um, um animal diferente?

— Sim. Porcos, gatos e coisas — respondo. Sim. De algum jeito que não posso explicar consigo me recordar vagamente de duas crianças brincando de desenhar nos calcamentos das ruas. Mas eu não quero me deter a isso. Quero saber o que houve de fato, porque por mais que eu aceite as verdades de Doutor Aurélius ou de minha enfermeira, vejo em Delly uma oportunidade clara para desvendar um mistério ainda maior, cuja sombra me persegue desde quando voltei da Capital. — Você mencionou... sobre um acidente?

Demora até que eu receba uma resposta, porque por algum motivo sinto que Delly talvez esteja escolhendo as palavras certas para me contar algo. Buscando um eufemismo para entregar a mim a verdade que eu já sei mas que luto para não admitir.

— Isso foi ruim. Ninguém... pôde ficar — ela diz pausadamente. — Mas eu sei que você irá gostar daqui, Peeta. As pessoas têm sido realmente gentis para nós. Há sempre comida e roupas limpas, e a escola é muito mais interessante —diz Delly.

— Por que minha família não tem vindo me ver? — pergunto.

— Eles não podem — Delly responde com o olhar baixo — Algumas das pessoas não saíram do 12. Então nós iremos precisar fazer uma nova vida aqui.

— Houve um incêndio — falo de repente. Meu olhar firme no nada, puxando do fundo de minha memória uma imagem. Algo que está muito difuso por entre a névoa.

— Sim — ela murmura. É o que basta para que eu volte ao pesadelo da noite passada. Relembro os rostos de meus pais e irmãos desfigurados, como se fossem tochas humanas. Rememoro o medo e o terror que senti durante a madrugada enquanto ouvia os gritos e os arquejos dolorosos deles. Não há mais nada que me prenda a sanidade.

— O 12 queimou, não é? Por causa dela — grito furioso. — Por causa de Katniss!

Imediatamente começo a puxar os tubos que injetam medicamento em mim. Sei que estou em descontrole quando salto para cima de Delly, mas dessa vez é diferente. Não quero machuca-la, quero apenas protege-la do Tordo. Já posso sentir o frio congelante me envolver de alto a baixo. Minhas mãos estão dormentes e minha cabeça dói como se um machado estivesse cravado a ela. Minha visão turva impede que eu visualize Delly no quarto, porque nesse momento tudo o que consigo ver são as chamas se espalhando e subindo as paredes, queimando tudo dentro da sala.

Euu não vejo, mas sei que Delly está tentando contornar a situação:

— Oh, não, Peeta. Não foi culpa dela.

— Ela disse isso para você? — grito fora de mim. A dor é penetrante. Tão horrivelmente semelhante a dor que eu sentia na Capital. É nesse momento que eu sinto algo ainda mais pesado.

Sei que as vozes estão chegando no momento em que o quarto fica preso num vácuo. A confusão seguinte só faz com que eu fique cada vez mais perdido.

Em segundo, não reconheço mais o rosto de Delly, mas sim outra face. Outro rosto horripilante e maligno. Não é nenhum de meus familiares. É o rosto dela, em forma de lobo, pronto para me atacar.

— Ela não disse. Eu estava... — uma voz parecida com a de Delly entra por meus ouvidos.

— Porque ela está mentindo! Ela é uma mentirosa! Você não pode acreditar em qualquer coisa que ela diga! Ela é uma espécie de mutação que a Capital criou para usar contra o resto de nós! — atiro-me contra Delly lutando contra o medo cortante e frio que estou sentindo.

— Não Peeta. Ela não é uma... — Delly começa.

— Não confie nela, Delly — grito em uma voz frenética. — Eu confiei, e ela tentou me matar. Ela matou meus amigos. Minha família. Não se aproxime dela! Ela é uma mutação! Fuja Delly, fuja!

Uma mão reage através da porta puxando Delly fora, e a porta oscila fechada. Mas me mantenho gritando furioso. Não posso deixar que mais ninguém seja pego pela armadilha mortal do Tordo.

— Uma mutação! Ela é uma miserável mutação!

Me lanço contra a porta na tentativa de arromba-la, mas falho miseravelmente.

Ela é matou minha família – digo a mim mesmo, e em segundo sinto as lágrimas molharem meu rosto. Estou arquejando pela dor, pelo medo, pela angústia. Porque agora é oficial, não sobrou ninguém que eu ame. Ninguém para eu me preocupar. Ninguém que me prenda a terra.

− Eu só quero que isso acabe! – grito enquanto tento recuperar minha visão, mas de nada adianta, porque quando abro os olhos, o quarto ainda está pegando fogo. Tudo está queimando, desde o chão até o teto.

− Chega! – grito para mim mesmo − Você não vai me matar também!

Com o corpo em chamas, a respiração pesada e a confusão em minha mente, me arrasto até a bancada onde Keia deixara seu material para a medicação.

Agarro uma seringa vazia e a empunho contra a veia mais grossa que encontro em meu braço.

A última coisa que vejo são os vultos brancos vindo em minha direção enquanto a agulha repleta de ar entra em minha pele. Depois disso, simplesmente apago.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler :)
Leitor diz: Dani, precisa deixar review?
Dani diz: Ah amor, voce é quem sabe. Não é obrigatório. Mas eu gosto de saber o que voce achou, é legal pra eu saber onde melhorar. :)



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