Juntos Contra o Clichê escrita por VILAR


Capítulo 18
Olho por dente, dente por olho


Notas iniciais do capítulo

Que combo maravilhoso foi esse, hein?
Tenho que aproveitar. Minhas provas estão chegando ;~;



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— Você tem que me prometer, Sophie. – pedia a voz que me acompanhava todos os dias. Ao perceber meu silêncio, continuou. – Me prometa. – resolvi olhar para sua face.

Os diversos arranhões em seu rosto combinando com as sobrancelhas franzidas o deixava ainda mais assustador. Acenei para ele com uma careta. Meu irmão nunca me deixaria sair daqui antes de concordar.

— Vamos. Quero ouvir da sua boca. – pressionou.  Revirei os olhos por causa de sua persistência.

Marcos e eu não temos uma diferença tão grande idade, o meu irmão protetor é apenas cinco anos mais velho. Somos próximos desde sempre. Por causa de todos os trabalhos da nossa mãe, Marcos ficou encarregado de cuidar da sua querida irmã. Não deve ter sido nada fácil crescer com uma criança o perseguindo por todos os cantos, mas ele deu um jeito. Para não enlouquecer com tantas responsabilidades com tão pouca idade, Marcos, aos quatorze anos, se matriculou em uma escola social que ensinava Muay Thai para menores de dezoito anos. É claro que, quando fiquei sabendo, pirracei para entrar também, mas não cumpria a exigência de idade, que era exatamente a de Marcos. A memória de chorar por uma semana ainda era fresca em minhas lembranças. Meu irmão chegou a cogitar abandonar o projeto por causa da sua preocupação comigo, entretanto, quando percebi sua infelicidade ao pensar sobre isso, limpei as lágrimas e decidi apoia-lo com as incríveis palavras de uma criança de nove anos: “Você não pode desistir! Uma rainha precisa de alguém para socar todos que vão contra suas ordens quando não puder fazer sozinha!”.

Os dias ficaram tediosos sem o constante olhar cuidadoso do Marcos. Minha irmã mais velha estava no auge da sua adolescência, querendo sair com todo mundo, menos com a sua irmã mais nova. Não era nada divertido ficar apostando com ela quem ficava mais tempo em silêncio. A casa sempre ficava vazia à tarde, já que nós três tínhamos aula de manhã. Cansada de ficar explorando nosso minúsculo quintal, fiz um pedido a Marcos. Acompanhá-lo às aulas de judô que o faziam tão bem. Tive que prometer mais de dez vezes que aceitaria suas exigências; atrapalhar a aula com alguma pergunta, chama-lo, atazanar os alunos, sair sem sua permissão e gritar estavam fora de cogitação. Ao descumprir qualquer exigência resultaria em nunca mais acompanha-lo.

O senhor que ensinava seus poucos alunos, ao perceber o brilho do nosso olhar, cedeu após dois pedidos repletos de esperança. Quase descumpri a exigência que proibia gritar por causa da felicidade que senti na hora. Tive que levar ambas as mãos à boca para abafar o som. Marcos também pareceu aliviado por ver o quanto estava satisfeita.

Ver os garotos praticando passou a ser a minha nova atividade durante as tardes. O local não era muito extenso, então eu ficava sentada em um cantinho abraçando as pernas enquanto não perdia um movimento sequer. O primeiro mês passou rapidamente naquele local abafado. Conhecer toda a perseverança do meu irmão mais velho que parecia sempre cansado me encheu de determinação. Sem descumprir nenhuma das exigências, eu comecei a repetir alguns movimentos no meu cantinho habitual. Também sempre acompanhava o treinamento do Marcos em casa, copiando tudo o que ele fazia ao seu lado.  Não eram nada perfeitos, a maior parte era desengonçada, porém, na minha cabeça de nove anos, estava pronta para assumir o lugar do senhor e ensinar todos os garotos com a minha incrível habilidade.

Marcos ganhava cada vez mais notoriedade entre os poucos alunos com sua habilidade se desenvolvendo rapidamente. O senhor chegou a elogia-lo dizendo que ele havia nascido para isso – esta foi uma das únicas vezes que o vi emocionado. Logo minhas cópias também chamaram a atenção do seu mestre, que não parecia nada feliz por uma criança com uma idade menor do que a estipulada estar tentando acompanhar suas aulas. Um dia antes de começar as aulas o senhor veio diretamente me advertir sobre como isso é incorreto, e se surpreendeu com a resposta: “Cala boca! Você não está me ensinando nada! Estou aprendendo tudo sozinha. Você não pode proibir uma criança em fase de crescimento de aprender!”. Enquanto seus olhos escuros processavam a minha insolência, o local foi inundado com a fala de um dos novos amigos do meu irmão: “Uau, Marcos. Com quem ela aprender a falar assim?” que teve como resposta de um Marcos estressado com a falta de respeito da irmã “Sei lá, caralho”.

Os anos foram passando. Meu irmão e eu crescemos frequentando todas as tardes o local de pisos e paredes brancas, sempre dando nosso melhor. O senhor, mesmo estando satisfeito com a nossa determinação, toda semana tentava me persuadir a desistir de praticar sem a idade necessária para não acabar mal para o seu lado. Mesmo firme, ele sempre fingia que ia pegar algo na sua mochila para murmurar um “mais força nas pernas” para mim, que acatava com o maior sorriso por ter ganhado sua atenção.

A dois meses do meu aniversário de quatorze anos, entretanto, tudo foi destruído. Contava os dias para finalmente me matricular corretamente e pisar no tatame improvisado com orgulho. O senhor parecia ansioso para isto também, já que ganharia uma nova aluna depois de tanto tempo com somente os quinze interessados. O sol escaldante e a profunda tristeza foram nossos companheiros ao perceber as coisas sendo despachadas do nosso local especial. Ao fundo, o senhor derramava algumas lágrimas enquanto implorava para os funcionários da prefeitura repensar sobre o corte do investimento. Foi tudo rápido demais. Pisquei uma vez. Marcos correu para o lado do seu mestre. Pisquei a segunda vez. Marcos se descontrolou, estava tentando atingir o funcionário antipático. Na terceira, seu mestre o atingiu forte no rosto, gritando para meu irmão volta a si. Na quarta, eu continuava processando a informação de que o lugar que era tudo para o meu irmão desmoronando. Na madrugada daquele dia ouvi um choro baixinho vindo do quintal dos fundos, que me fez levantar da cama e ir acompanha-lo, também em prantos.

Por causa do encerramento das aulas eu nunca aperfeiçoei as minhas habilidades em Muay Thai. Marcos continuou treinando em casa, apesar do correr dos meses não terem sido nada bons para nós. Nossa família era continuamente alvo de maldades. Como toda cidade pequena, boatos e mais boatos nos rodavam. Meu irmão mais velho se meteu em várias brigas, sendo reconhecido como um dos mais temidos na cidade por causa da ausência de derrotas. Comigo não foi tão diferente, apesar de não estar perto de ganhar um título destemido como o dele. Como forma de me proteger das constantes provocações na escola arrumei uma briga feia com o suposto ‘líder’ do fundamental. Eu, Sophie Novais, era conhecida como “a irmã menor do Marcos” e “filha daquele cara”, títulos que me acompanharam até eu abandonar aquela gaiola.

— Tudo bem, irmão. – suspirei, derrotada. – Eu juro que não vou me meter em brigas. – seu sorriso foi seguido de um afago na minha cabeça, orgulhoso.

 

 

A velocidade de Pedro anulava a minha, fazendo-nos empatar. Tentava um chute. Ele desviava. Ele tentava um soco. Eu desviava. Os nossos golpes no ar prolongaram por vários minutos. Não estava acostumada a enfrentar pessoas com a mesma especialização que a minha, a velocidade, já que a maioria das pessoas que eu arrumava briga era grande e pareciam focar na força.

Meus movimentos eram uma mistura rude de improvisos e Muay Thai, este, por causa da ausência dos treinos específicos, praticamente irreconhecível. Pedro era o típico lutador de rua, sem qualquer arte marcial envolvida. Ele parecia confiar mais em seus punhos do que em suas pernas, deixando evidente que todos os seus chutes eram blefes para me desconcentrar ou movimentar. Pedro também cometia um erro que pude notar na nossa curta brigada do mês passado, sempre dava uma rápida olhada para onde ia se deslocar e até mesmo atacar. Não sinto se é verdadeiramente uma enorme falha ou uma tentativa de tentar me avisar para não tomar o golpe direto. Só de pensar nesta possibilidade me estressava.

Os homens ao fundo fizeram um círculo a nossa volta. Nos primeiros minutos pareciam debochar da minha ‘tentativa’ de lutar, os risos estavam exageradamente escandalosos. Agora, ao perceberem que estava desviando sem quaisquer dificuldades, estavam concentrados. O único barulho que podia ser ouvido eram suspiros desapontados por ter perdido a chance de acertar um bom golpe, que eram dirigidos tanto para o companheiro de gangue quanto para mim, a desconhecida.

Nossa luta era uma verdadeira prova de resistência. O derrotado será aquele que não conseguir mais desviar por causa do cansaço. Confesso que não estou na minha melhor forma, pois estou desde o começo do ano sem brigar ou treinar. Achava que não precisaria mais me preocupar em depender das minhas habilidades amigáveis. Me passou pela cabeça apenas contestar a lógica de Pedro civilizadamente, com palavras, sem chama-lo para uma luta, algo que não estava pronta para encarar, mas por algum motivo eu não queria apenas conversar. Meu corpo ansiava pela adrenalina percorrendo as veias, meu cérebro sentia falta de raciocinar rapidamente durante a troca de socos. Precisava extravasar, nem que eu nunca mais faça isto durante minha estadia aqui.

Ao ver que a estratégia do meu adversário não mudaria, resolvi arriscar. Os olhos verdes pousaram em minha costela. Pedro tentaria um soco baixo, algo que não havia tentado ainda. Não faz sentido ele tentar apenas me empurrar, já que a velocidade é usada para encerrar a luta com golpes certeiros, nocautes. Não quer acertar meu rosto?, conclui, estressada. Ótimo, desgraçado. Vai se arrepender.

Posicionei a perna esquerda para trás e os braços um pouco acima da cintura, pronta para uma batalha de força. Seus músculos flexionaram e, em poucos segundos, com sua velocidade monstruosa, seu corpo estava próximo ao meu, seu punho a centímetros da minha costela. Tão rápida quanto, usei a mão esquerda para agarrar seu braço, a fim de diminuir o impacto que receberia, falhando em evita-lo por subestimar a sua força. Com a mão direita desferi um soco com toda força que me sobrou depois do golpe forte que atingiu minhas costelas. Pedro e eu cambaleamos para trás, mas eu reagi primeiro. Joguei o corpo para frente e levantei o punho para mais um soco. Meu adversário não tardou em se defender, colocou o braço esquerdo na região da boca, tampando toda região que meu golpe pegaria, e o outro braço estava pronto para revidar com outro soco baixo.

Como um patinho, pensei. Não evitei um sorriso arrogante. Meu adversário retribuiu com o cenho franzido.

Antes de chegar ao alcance do seu braço depositei todo o meu peso para a perna esquerda e joguei o meu corpo para o lado bruscamente. O chute não foi executado tão bem quanto pensei, estava torto e não continha minha força total, mas foi o suficiente para assusta-lo. Pedro me surpreendeu ao ser rápido o suficiente para mover os braços para o lado esquerdo do seu pescoço, protegendo-se do golpe que encerraria nossa luta prolongada. Desmanchei o sorriso por não ter conseguido êxito. O chute foi forte o suficiente para joga-lo contra a parede e retirar alguns suspiros surpresos dos homens que se remexeram para dar espaço à luta. Pensei em avançar e tentar mais alguns socos, mas eu estava longe e Pedro já dava indícios da sua recuperação. Se eu errasse ali poderia acabar presa contra a parede e ser forçada a desistir.

— Arrependido por ter aceitado a aposta? – tentei mexer com o seu psicológico para conseguir mais tempo para raciocinar. Voltei com o sorriso para não demonstrar o quanto estava frustrada por ele ainda estar em pé.

Pedro apoiou na parede e ajeitou o corpo a postura ereta novamente. Saiu de perto dos tijolos e voltou para minha frente. Apenas um metro nos separava. Como forma de me desestabilizar, alongou os braços curtos e musculosos, certo que eu não ousaria atacar neste momento.

— Não abuse do meu cavalheirismo. – cuspiu com mau humor.

Ficamos nos encarando por um minuto. Nem ele e nem eu quer arriscar perder a luta por causa de um deslize de inexperientes. Pedro parecia estar me levando mais a sério, algo que me confortava e me causava hesitação. Ele já estava complicado de lidar apenas com os golpes menos sérios. Pedro parecia ponderar tanto quanto eu, já que também não conhecia o jeito que eu lutava. Preciso permanecer no mistério, sem entregar que estava completamente fora de forma e sem grandes cartas nas mangas. Dei sorte por ele não ter percebido com o chute fracassado. Os fios soltos do rabo de cavalo começaram a atrapalhar um pouco minha visão.

— Vocês já podem parar com isso! – a voz cantarolada deu som ao ambiente quieto. Desviei o meu olhar institivamente para Jô, que parecia zangado com a situação.

Estava prestes a responder quando o barulho do tênis raspando no chão me pegou de surpresa, completamente sem reação. Pedro partia com toda a sua velocidade em minha direção com os braços baixos, pronto para me dar um empurrão contra a mesma parede que o joguei. Não consegui pensar em como reagir. Vários gritos de comemoração saíram da plateia. Ele vai me atingir por causa de uma trapaça. Não, comecei. Ele vai me atingir porque eu fui uma completa idiota, conclui, raivosa por eu ter cometido um erro tão estúpido.

Minhas costas bateram violentamente contra a parede, resultando um barulho horrível. Até um pouco de ar escapou dos meus pulmões. Pedro não me acompanhou no empurrão. Ele tomou o meu lugar a fim de não arriscar a perder o controle do movimento caso eu conseguisse golpeá-lo enquanto estava vulnerável ao me empurrar. Levantei a cabeça no tempo em que preenchia os pulmões com o ar que faltava. Não consegui segurar a tosse que escapou pela minha boca. Estava encurralada. Um sorriso vitorioso domou seus lábios finos.

— Que golpe baixo, hein, senhor dono da razão? – comentei arfando drasticamente.

— Sempre funciona com despreparados. – contou vitória enquanto caminhava para perto de mim sem ao menos estar esperando alguma reação minha, o que realmente não aconteceria. Estava derrotada.

Os homens a nossa volta voltaram a fazer barulho, comemoravam e comentavam sobre as partes mais emocionantes sem se preocupar com a gritaria. Um “é claro que ela perderia para o Pedro” acertou em cheio meu orgulho ferido. Gostaria de gritar um “vai se foder” alto, faze-los engolir minha derrota por mim. Eu nunca fui uma boa perdedora.

Pedro estava a poucos passos de mim quando uma voz carregada de cólera inundou o ambiente barulhento. – Que porra está acontecendo aqui? – todos imediatamente ficaram quietos e dirigiram o olhar para o líder raivoso que, mesmo em fúria, sorria.

Os olhos verdes do meu adversário estavam pregados no chefe que processava a situação. Leonardo notou minha presença no local lançando um breve olhar em minha direção, me checando de cima a baixo. Pedro estava completamente fora da luta por provavelmente ter desobedecido a Leonardo, que agora o fitava enfurecido. Era agora.

Despreguei a coluna da parede e reuni toda a minha velocidade para alcançar Pedro antes que ele perceba o que estava prestes a fazer. Por causa do barulho da minha respiração pesada ela foi capaz de virar os olhos para a minha direção, mas era tarde demais. Soquei seu rosto com mais força desta vez. Antes que ele desequilibrasse para trás agarrei seu braço e o torci, fazendo-o ficar de costas para mim. Não foi o suficiente para quebra-lo, esta nem era a minha intenção, porém o seu grito foi a confirmação para o êxito do meu golpe. Ao som do público surpreso, chutei sua panturrilha, vendo meu adversário cair de joelhos a minha frente. Ainda rancorosa pelo golpe anterior, pousei meu pé esquerdo em seu ombro, sem machuca-lo mais.

— Gostou de provar do próprio veneno? – perguntei usando o pouco de ar que havia recuperado. Não pude evitar uma curta risada, vitoriosa.

Todos os pares de olhos viraram para a minha direção, estupefatos. Não me orgulho de vencer trapaceado, entretanto não teríamos chegado a esse ponto se Pedro tivesse jogado limpo. Poderíamos ter outra luta outro dia, talvez.

— O que vocês dois estavam fazendo? – o sorriso de Leonardo diminuiu. Fitava o seu companheiro no chão enquanto esperava sua resposta.

Pedro abaixou a cabeça, humilhado. Estava próxima o bastante para escutar um muxoxo escapando dos seus lábios.

— Bom – comecei, atraindo novamente a atenção dos homens presentes. –, não sei ele, mas eu estava ganhando uma aposta. – relembrei o derrotado que ainda estava abaixo dos meus pés. Senti-o remexer.

Leonardo ainda me fitava duvidoso, ansiava por uma explicação. Aguardava Pedro responde-lo, mas uma voz alegre interrompeu nossa troca de olhares.

— Uau! – gritou sem se importar com a situação. – Até que ela é boa, Leo. – um homem do mesmo tamanho do Leonardo chamou atenção ao seu lado. Sua pele negra chocolate combinava com os cabelos em cacheados bagunçados. – Você escondia esta joia de todos nós? – a pergunta retórica foi acompanha com leves tapas no ombro do líder nada surpreso. Assim que desviou o olhar de Leonardo, me encarou friamente. – Mas está na hora de solta-lo, não é, mocinha?

Um arrepio subiu pela minha espinha imediatamente. Cogitei desobedece-lo, mas uma voz dentro da minha cabeça me fez largar o braço de Pedro, que gemeu de dor por causa da minha falta de cuidado. O silêncio voltou ao local durante alguns segundos.

— O que você está fazendo aqui? – Leonardo indagou olhando para mim.

— Vim te buscar para o nosso encontro! – ajeitei uma mecha rebelde que estava atrapalhando minha visão. Meu sorriso e animação já estavam de volta. Os efeitos da pressão do desconhecido não duraram por muito tempo. Assim que me viu reagindo, o homem arqueou as sobrancelhas suavemente.

Leonardo franziu o cenho, estranhando minha fala. Então ele realmente esqueceu depois de tudo. Suspirei, reunindo coragem para lembra-lo.


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Notas finais do capítulo

Sem referências :c