Blood Royal escrita por jupiter


Capítulo 8
Capítulo 08


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas por demorar a postar meninas, mas esse fim de semana eu tive que sair e não deu para atualizar. Espero que você gostem do capítulo, beijos. ♥



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What Are You Waiting For? - Nickelback

O NÚMERO DE SELECIONADAS havia caído para vinte e sete. E Lori ainda estava uma pilha de nervos.

Apesar de tentar me manter sensata e calma, a falta de insegurança dela de algum modo estava conseguindo me irritar profundamente. Após quatro dias de hospedagem no palácio, eu havia descoberto que Lori era uma garota extremamente legal, divertida na medida certa e muito boa companheira.

Mas, apesar dos apesares, tudo o que faltava nela era confiança. Durante as longas horas em que a nossa principal função era ficar no Salão das Mulheres, eu a ouvia dizer constantemente que o príncipe logo notaria que estava cometendo um erro em deixá-la ali e que a mandaria embora.

Não adiantava quantas vezes eu dissesse que não havia com o que ela se preocupar, que até o momento ela estava fazendo tudo certo, Lori não ouvia.

— Fiquei sabendo que Jasmine foi a primeira a ter um encontro com ele — comentou em voz baixa, mesmo ninguém estando nos ouvindo.

— Sério? — indaguei, com os olhos ainda fixos no livro aberto na minha frente.

— Sim — respondeu. — Alexia, e se ele não gostar de mim quando estivermos sozinhos?

Fechei o livro de repente e me virei para encará-la.

— Lori, se o príncipe Nicholas vier a mandar você para casa a primeira coisa em que irei pensar é que ele notou essa sua insegurança exagerada — disse. — Quando você aceitou participar de tudo isso aqui, já sabia das coisas pelas quais teria que passar. Tente se concentrar no momento.

Ela refletiu a respeito das minhas palavras, logo depois soltou um longo suspiro.

— Como você consegue? Digo, você não transparece medo ou qualquer outra coisa do gênero quando se trata da Seleção. Você age como se fosse apenas uma mera visitante que está de passagem... Porquê?

A encarei por um momento.

Lori era sincera comigo, isso eu não podia negar. Mas, ainda assim, ela mesma havia dito diversas vezes (mesmo que de forma inocente), que estávamos em uma competição. Se eu revelasse meus reais desejos será que isso nos aproximaria ou afastaria? E se eu contasse que o príncipe não era minha prioridade?

— Existem objetivos maiores por trás de tudo, e por trás de todas nós. Veja só, muitas estão aqui apenas pelo status, afinal, o destaque de uma princesa é estrondoso. Outras querem apenas o luxo — indiquei Rowena com a cabeça, uma garota de pele pálida e grandes olhos escuros que sempre gostava de explanar seus gostos refinados e consideravelmente caros. — Muitas também estão aqui pelo príncipe Nicholas em si, algumas até sempre foram apaixonadas por ele...

Fiz uma pausa e sorri para Lori, enquanto as bochechas dela se tornavam vermelhas.

— Também têm aquelas como as Cinco e até as Seis que estão aqui por precisarem do dinheiro que nos é concebido, para que possam ajudar suas famílias de alguma forma. Então, acho que em meio a tudo isso eu posso me considerar tranquila — baixei um pouco mais a voz. — Se eu tiver que ir embora, que assim seja. Confesso que nunca tive a Seleção como minha prioridade, você sabe do que eu realmente gosto...

— Escrever — completou ela, sorrindo.

— Exatamente — concordei. — Se o príncipe enjoar da minha cara e me mandar para casa, pelo menos vou ter um baita impulso para continuar fazendo o que eu mais amo nessa vida.

Lori recostou-se no sofá, um ligeiro sorriso lhe cruzando os lábios e o olhar distante.

— Quando eu vi que havia conseguido a minha chance, foi o momento mais feliz da minha vida. Eu sempre havia sonhado com isso, sabe? — começou ela, devagar. — Eu achava que estar aqui significaria solidão, afinal, todas estamos em busca da vitória, em busca de conquistar um único homem... Mas quando você se prestou a me cumprimentar naquele avião e me fez sentir melhor na manhã em que íamos conhecer o príncipe, eu vi que estava errada.

Ela fez uma pausa, mas não me pronunciei. Esperei que terminasse.

— Você é uma pessoa boa, Alexia. Se há uma garota aqui com grandes chances é você. Por mais que você não esteja totalmente entregue a Seleção, algo me diz que você vai longe. Tem muitas garotas aqui que pensam que são o centro do universo, e você é completamente diferente delas. Pode parecer loucura dizer tudo isso mesmo com tão pouco tempo de convivência, em outras hipóteses você poderia se voltar contra mim — ela me encarou. — Mas eu sei que você não faria isso.

Balancei a cabeça em concordância.

— Não mesmo — respondi.

Uma criada adentrou o salão rapidamente e se encaminhou na nossa direção, curvou-se ligeiramente em direção a Lori e ergueu para ela uma bandeja prateada contendo apenas um simples pedaço de papel.

Lori o pegou e o abriu desajeitadamente sob o olhar das outras Selecionadas, que a essa altura observavam a cena com bastante curiosidade.

— E então? — sussurrei para ela.

Quando seus olhos finalmente se desgrudaram do papel e encontraram os meus, havia um brilho tão intenso neles que chegava a ser surpreendente.

— O príncipe deseja me encontrar. Agora.

— Então o que está esperando? — indaguei empolgada. — Vá logo.

E ela foi.

Observei com um sorriso enquanto ela seguia a empregada para fora do salão, o vestido rosa esvoaçando atrás de si. Torci contidamente para que tudo desse certo, Lori merecia uma chance.

***

Três dias após o encontro de Lori com o príncipe mais duas garotas haviam ido para casa. Uma Cinco e a última Seis. O fato de já sermos vinte e cinco fazia com que os comentários a respeito dos gostos do príncipe rolassem soltos.

Quando Trisha, a garota Cinco, foi embora, as outras garotas começaram a especular o que poderia ter dado errado. Trisha era uma garota notavelmente muito bonita, e apesar de sua casta, surpreendeu a muitas. Geralmente as outras garotas apenas criavam teorias sobre o que príncipe deveria ou não gostar em uma garota, e tentavam de certa forma decifrá-lo.

Após o encontro de Lori as coisas pareciam ter melhorado consideravelmente para o lado dela, estava demonstrando um pouco mais de confiança quando falava e parecia estar muito mais aliviada por não ter sido mandada embora.

A preocupação dela na realidade agora era outra: eu. As meninas já estavam notando e consequentemente comentando o fato de que até então, boa parte delas já havia tido pelo menos um encontro com o príncipe, exceto eu. Não que eu me importasse, mas é extremamente chato tentar se concentrar em algo quando seu nome é cochichado de boca em boca.

— É injusto — reclamou Lori, um pouco antes do jantar. — Brittany já o encontrou duas vezes, ele não pode fazer isso. Encontrar uma garota duas vezes, enquanto outra ainda nem foi!

Ela estava realmente brava, o que de certa forma me fez rir.

— Talvez ele tenha me achado uma chata naquela manhã, está esperando a melhor oportunidade para dizer: “você é esquisitona, volte para os seus amigos imaginários e deixe isso para quem realmente sabe o que quer.” — Lori riu. — Não fique brava com o seu amado por minha causa, sério.

— Certo, mas que isso é injusto, ah é!



Durante o jantar Lissa estava radiante. O motivo? Ela havia tido um encontro com príncipe durante a tarde, e os dois haviam ido ao cinema que havia no interior do palácio. Agora que a atenção de todas estava sobre ela, Lissa tentava transparecer misteriosa; dizia breves coisas a respeito do encontro e quando parecia prestes a dizer algo mais, interrompia-se e dava risadinhas.

Eu me sentava entre Miranda e Anne quando estávamos a mesa, ainda assim, do outro lado o olhar de preocupação de Lori me caçava.

— É verdade que só falta você? — murmurou Anne, à minha esquerda.

— Sim — me servi de uma boa fatia de torta de limão.

— E você não... se preocupa com isso?

— Não — respondi com um bocado de torta na boca, sabia que se Kaya me visse fazendo aquilo teria um troço. — Tanto faz.

Do outro lado da mesa o príncipe Nicholas, o rei e a rainha pareciam um tanto animados enquanto comiam. Lissa ainda fazia charme e Lori não conseguia disfarçar ao me olhar.

Baixei os olhos para o prato ainda cheio de torta e o empurrei para longe.

— Você não acha que...

— Que tal parar de se meter um pouco na vida dela? — cortou Miranda, antes que Anne terminasse a frase.

— Só estou querendo ajudar — defendeu-se Anne, fechando a cara.

— Eu agradeço, Anne — intervi. — Mas não estou a fim de falar disso.

— Tudo bem. Você que sabe, afinal, a vida é sua.

E virou-se para o outro lado, como uma criança mimada, tentando ouvir o que Lissa acabava de começar a dizer.

— Obrigada, bem, por isso — disse a Miranda.

— Não há de quê, ela estava sendo insuportavelmente insuportável.

Na hora de dormir todas aquelas suposições insistiam em não me deixar pegar no sono. Se eu ao menos pudesse saber o motivo de ainda não ter sido chamada, pelo menos poderia ter uma desculpa para dar as outras.

Me virei novamente no colchão e observei o envelope que seria enviado para a minha família durante a manhã. Estava cheio porque dentro dele havia outro, que deveria ser designado pelos meus pais a Theo; eu esperava que ele pudesse me responder o mais depressa possível e principalmente que me dissesse o que fazer, já que eu começava a me sentir perdida.

Eu ainda fitava o teto quando ouvi ruídos ecoarem pelo corredor, ruídos completamente diferentes do habitual. Deslizei para fora da cama e me aproximei da porta, sentindo-me tensa.

Encostei a lateral da cabeça na madeira fria e escutei.

— Como conseguiram entrar tão depressa? — alguém berrou. — O que deu nos guardas dos portões?

Uma sirene alta tocou e eu pulei. O que eu deveria fazer? Fiquei travada diante da porta no exato momento em que ela se abriu, me acertando e me empurrando para trás.

— Senhorita, meu Deus! — disse Tessa, assustada. — Me desculpe, me desculpe. Precisa vir comigo imediatamente.

Completamente atordoada, agi mecanicamente quando ela empurrou o roupão pelos meus ombros; procuramos minhas pantufas, mas não as encontramos. Me tomando com agilidade pela mão, Tessa me guiou pelo corredor mergulhado na penumbra e começou a correr.

Meus pés descalços afundavam na tapeçaria macia do corredor. Observei que diversos quartos estavam com suas portas escancaradas e vazias.

Dobramos à direita abruptamente e Tessa parou diante de uma grande estátua de bronze. Tateou procurando por algo na parede e finalmente encontrou. Pressionou um tijolo aleatório e a estátua deslizou nos dando passagem.

Meu coração batia acelerado, dando murros e mais murros no meu peito, minha garganta ardia. Eu queria perguntar o que estava acontecendo, mas não conseguia formular nenhuma frase.

— Entre, depressa! — disse ela, me empurrando em direção a entrada.

— E você? — perguntei, aflita.

— Senhorita, vá!

Tropecei dois degraus e me virei esperando que ela também descesse, mas ela não desceu.

— Tessa! — gritei.

Ameacei voltar, mas a estátua deslizou silenciosamente e tampou a passagem. Procurei avulsa por uma maçaneta ou alavanca, mas não encontrei nada além de pedra sólida.

— Tessa! — berrei.

— Senhorita, precisa descer e se juntar as outras — disse uma voz atrás de mim.

Virei minha cabeça tão abruptamente que crispei os lábios devido a dor que senti em meu pescoço.

— Minha criada está lá fora e eu não sei o que está acontecendo, não irei a lugar nenhum — gritei.

O dono da voz subiu mais alguns degraus na minha direção e pude ver claramente o rosto do príncipe. Ainda vestia seu terno muito bem cortado, mas seu cabelo se encontrava completamente desalinhado.

— Sua criada vai estar em segurança, confie em mim. Agora precisa descer e ficar com as outras enquanto os guardas cuidam de tudo.

— O que está havendo? — indaguei, ainda na defensiva.

— Há rebeldes no palácio, mas estão em um número pequeno pelo o que fui informado, serão controlados logo.

Talvez tenha sido a calma com a qual ele falou, ou o fato de terem rebeldes no palácio, mas estremeci. Um frio percorreu minha espinha enquanto aquela ideia se assentava. As histórias eram reais, todas elas.

— Venha — disse ele, com suavidade.

Ele estendeu a mão para mim e aguardou que eu a pegasse, mas não peguei. Ainda tinha um pouco do meu orgulho conservado.

Comecei a descer os degraus e passei direto por ele, não me virei para ver seu rosto, mas pelo suspiro audível que deu pude notar sua frustração.

— Alexia — ele chamou, daquela maneira que me fazia sentir vontade de pedir para que dissesse de novo.

Estaquei ao pé da escada, me voltei para ele e tentei soar o mais formal possível.

— Pois não, Alteza?

— Espero que não esteja chateada comigo.

— Chateada?

— Por não tê-la levado a um encontro, ainda.

Mais marretadas no meu peito. Será que ele era capaz de ouvir?

— Não vejo motivos para ficar chateada, Alteza. O tempo livre me permitiu colocar a leitura em dia.

Ele desceu alguns degraus.

— Quero que saiba que estava esperando a melhor oportunidade.

— Como? — franzi o cenho.

— Queria ter a chance de poder convidá-la pessoalmente, numa hora mais apropriada.

— Não se preocupe, sem pressão — respondi, dando de ombros. — Ainda temos muitos dias pela frente.

— Amanhã a noite — disse ele, de repente. — Jantaremos juntos.

— Já fazemos isso todas as noites, de algum modo — repliquei.

— Estou querendo dizer somente você e eu — ele sorriu. — Acertarei os detalhes pela manhã, agora me acompanhe.

Não consegui pregar os olhos durante todo o resto da noite, e encolhida em um canto distante do abrigo, pensei sobre o fato de que iria jantar com o príncipe. Certamente aquela seria uma surpresa e tanto para as outras.

Perto do amanhecer, tudo já havia se estabilizado.


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