Blood Royal escrita por jupiter


Capítulo 6
Capítulo 06




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Breakaway - Kelly Clarkson

DIFERENTE DOS MEUS IRMÃOS eu nunca havia andado de avião. E a ideia de fazer a viagem até Angeles naquela aeronave me causou alguns calafrios. Tive a companhia de algumas câmeras até, finalmente, ter embarcado.

Fui a primeira a chegar, o que me permitiu alguns poucos minutos de privacidade. Me sentei próxima a janela e recostei minha cabeça na confortável poltrona. Quanto mais tentava repassar os acontecimentos daquele dia, mais estranhos e confusos eles pareciam se tornar.

Se alguém tivesse me dito alguns anos antes que algum dia eu estaria entre as Selecionadas, eu teria rido. A ideia nunca havia me ocorrido, nem mesmo quando meus pais começaram a surtar ao ver que eu não levava a arte de escrever apenas como um hobbie.

Algum tempo atrás toda aquela atenção, luxo e destaque me parecia inalcançável. Às vezes eu costumava assistir alguma reprise na televisão, e confesso que achava até bonito todo o deslumbramento que cercava as garotas... Agora, diferente de muitas das meninas que eu havia conhecido na escola, aquela não era uma coisa pela qual eu iria matar ou morrer. Quando eu as via conversando, falavam sobre a competição com tanta ferocidade que eu ficava até assustada.

Graças a Deus não sou como elas”, pensava sempre que uma delas ficava histérica durante a conversa.

Girei a cabeça no assento no momento que ouvi sons de passos no corredor. Mais uma das minhas companheiras de viagem havia acabado de embarcar. Seus cabelos escorridos e castanhos caíam-lhe pelos ombros, suas feições eram delicadas e suaves, e seus olhos castanhos fixaram-se em mim quando ela parou de repente percebendo que tinha companhia.

Nos entreolhamos por alguns segundos imaginando como deveríamos agir. De certa forma, éramos rivais.

Balancei a cabeça mediante aquele pensamento. O príncipe, na minha concepção, estava em segundo plano. Diferente dela e das outras, ele não era minha prioridade. Se viesse a ocorrer alguma coisa, seria em consequência das minhas próprias decisões. Não havia necessidade de se criar uma inimiga.

Sorri e me pus de pé rapidamente.

— Ei — disse, estendendo a mão para ela. — Meu nome é Alexia.

Ela sorriu hesitante, olhando para a minha mão ainda esticada.

Por fim, depois do que pareceu uma eternidade, ela finalmente fez o mesmo.

— Eu sei — respondeu. Era claro que ela sabia. — Me chamo Lori.

Ela estava sorrindo, mas havia uma certa precaução na forma como me tratava. Talvez ela esperasse que eu a atacasse ou que tentasse alguma manobra para eliminá-la ali mesmo. Soltei uma breve risada e tentei novamente dar seguimento a uma conversa.

— Olha, você pode se sentar comigo se quiser. Sei que é uma viagem breve até Angeles, mas é bom poder distrair um pouco a mente.

Lori me avaliou atentamente, em seguida soltou um suspiro.

— Por que está sendo legal? Sabe que estamos entrando numa competição, certo?

Assenti lentamente. Eu esperava por aquilo.

— Só estou tentando fazer o meu melhor, só porque estamos numa competição não podemos fazer algumas amizades? Vamos ficar durante semanas, meses, trancafiadas naquele palácio. Acha mesmo que vai ficar todo esse tempo sem ter nenhuma companhia?

Eu não estava sendo rude, muito menos querendo parecer superficial. Tudo o que eu havia dito a ela eram as coisas que eu pensava. Não era possível que apenas eu tivesse aquele ponto de vista.

— Você tem razão — concluiu ela. — Me desculpe o mal jeito, eu só...

— Entendo, muita pressão, muita atenção... Todas parecemos perigosas aos olhos umas das outras.

Finalmente nos sentamos. Dessa forma pude notar que Lori finalmente estava relaxando, provavelmente notando que eu não emitia qualquer sinal de perigo.

— Ansiosa? — ela indagou.

— Um pouco, depois de toda aquela cerimônia de despedida, não consigo nem imaginar o que virá pela frente...

Ela estava prestes a me responder quando duas novas visitantes adentraram o avião. Lori e eu observamos enquanto elas se deslocavam confiantes e afundavam nos assentos de frente para nós.

— Meu nome é Brittany — disse a loira, sorrindo.

Obviamente sabíamos quem ela era, seu nome havia sido o primeiro a ser chamado no dia do anúncio das Selecionadas. Apesar de estar a ponto de um colapso nervoso aquele dia, eu conseguia me recordar bem dela.

— Sou Alexia — respondi, indiquei Lori ao meu lado. — E essa é a Lori.

O sorriso de Brittany se tornou ainda mais largo.

— Apresente-se também — ela disse para a outra garota que havia entrado com ela.

Seus cabelos eram escuros como a noite, seu rosto tinha uma feição dura e determinada. Ela desviou os olhos da janela e nos avaliou.

— Meu nome é Miranda — respondeu simplesmente, logo depois tornou a ficar na mesma posição.

Brittany abanou o ar com a mão e concentrou-se em Lori e eu. Logo os motores do avião foram ligados, senti um frio no estômago quando o mesmo inclinou-se e começou sua subida. Brittany mantinha as mãos juntas, a expectativa estampada em seu rosto.

Seria uma viagem bem interessante.

***

Angeles já parecia ser um lugar bem bonito quando visto da tevê, agora enxergar tudo aquilo pessoalmente era como admirar uma pintura gigante.

Nós quatro mantínhamos nossos rostos colados no vidro captando cada detalhe daquele lugar. As casas vistas de cima pareciam miniaturas, como numa maquete gigante.

Quando finalmente desembarcamos, senti o clima fresco e arejado me dominar. A atmosfera por ali era completamente diferente, até mesmo o ar parecia diferente do que eu estava acostumada em Columbia.

Demos adeus a calmaria do avião e seguimos nosso percurso até o aeroporto com um monte de câmeras nos rondando. Lancei um olhar para Lori conforme nos aproximávamos da porta e ela maneou a cabeça num gesto quase imperceptível.

As portas deslizaram nos dando passagem e uma avalanche de gritos histéricos nos atingiu.

Tentamos agir com naturalidade, mas a verdade é que todas nós ficamos um pouco chocadas. Havia centenas de pessoas se acotovelando, tentando nos ver, tentando chamar nossa atenção... Cada uma delas desejando um pouco de nós.

Brittany foi a primeira a sair de seu torpor. Começou acenar e sorrir radiante para o público, caminhando em direção a eles e os cumprimentando.

Mexa-se”, ordenei a mim mesma.

Caminhei na direção oposta de Brittany. As pessoas gritavam nossos nomes, exibiam cartazes, flashes e mais flashes vinham de todos os lados. Me vi diversas vezes me inclinando sobre a grade e sorrindo para fotos com desconhecidos.

A única palavra que me ocorria para toda aquela situação era surreal.

Avistei meu nome em uma dúzia de cartazes, todos contendo frases de incentivo ou então dizendo o quão eu era bonita. Fiquei completamente embasbacada e me questionando inutilmente sobre como toda aquela gente podia gostar de mim sem ao menos me conhecer.

Tirei mais algumas fotos e logo depois me dirigi para fora dali com as outras meninas. Logo as outras Selecionadas iriam chegar e então seria o momento delas. Um carro já nos aguardava do lado de fora, e conforme nos acomodamos, ele disparou pelas ruas em direção ao palácio.

Novamente por medidas de segurança tivemos que fazer aquele pequeno tour com as janelas fechadas. O motorista nos explicou que por mais que houvessem pessoas que nos adoravam e admiravam, também existiam aquelas que achavam a Seleção uma completa perda de tempo e que não poderíamos imaginar do que essas pessoas poderiam ser capazes.

Ao meu lado Lori inclinou-se ligeiramente e sussurrou.

— Rebeldes...

Balancei a cabeça lentamente. Mesmo depois de tantos anos, eles ainda insistiam em continuar com aqueles ataques infindáveis ao palácio. Uma das recomendações exclusivas de Theo havia sido que eu me escondesse da melhor maneira possível caso um ataque ocorresse.

Inclinei-me no meu assento e observei os muros altos do palácio que se erguiam de ambos os lados quando atravessamos o imenso portão. Tentei controlar meu nervosismo e respirei fundo diversas vezes.

O carro contornou uma fonte e estacionou de frente para uma escada que dava para a imensa porta de madeira que abria caminho para o interior do palácio. Desembarcamos e começamos a subir os degraus em silêncio.

Quando passamos pela porta, mal tive tempo de viver o meu próprio deslumbramento com a imensidão do átrio principal. Uma mulher de cabelos brancos brilhantes, vestido azul também brilhante, correu na nossa direção fazendo um desconcertante “toc toc toc” conforme seus saltos se chocavam com o piso.

— Ainda bem que chegaram no horário — ela disse, rapidamente. Parecia tensa. — Vocês serão conduzidas ao Salão das Mulheres onde serão preparadas. Logo depois, quando todas estiverem reunidas, levaremos vocês para seus respectivos quartos. Me sigam.

Ela girou nos calcanhares e encaminhou-se para uma porta que ficava a nossa direita. O Salão das Mulheres, como ela havia chamado, era ainda maior do que o hall. Ainda assim, ele parecia anormalmente cheio.

Haviam diversos biombos posicionados alternadamente, inúmeras cadeiras estavam dispostas em frente a espelhos e haviam outras inúmeras alas que não tive tempo de identificar. Mãos me separaram das meninas e me guiaram até uma das cadeiras.

— Preciso de mais uma equipe aqui!

Um grupo de mulheres deslocou-se rapidamente para o lugar onde eu estava e se puseram a minha volta. Mãos apalparam meu rosto e observei seus olhares atentos captando os meus inúmeros defeitos.

— O que você faz para cuidar da pele? — uma delas questionou.

— Nada.

— Tem certeza? Nenhum creme ou produto específico? — insistiu.

— Já disse, nada.

Ela pareceu desconfiada, ainda assim não fez mais perguntas. Outra já estava concentrada nas minhas unhas roídas, e pela forma como seus lábios estavam torcidos, eu sabia que ela não estava contente.

Uma ruiva de cabelos bem curtos já começava a apalpar meu cabelo com suas mãos. Enquanto eu encarava seu rosto através do espelho, ela segurou as pontas do meu cabelo e o deixou acima dos ombros.

— Não — eu disse, antes que ela pudesse cogitar aquela possibilidade. — Não irei cortar meu cabelo.

Ela pareceu chateada.

— Senhorita, grande parte das outras garotas neste salão está inovando, seria uma boa...

— Exatamente, todas elas tentarão mudar algo. Prefiro manter a minha originalidade.

Depois que elas realizaram um trabalho excelente e me deixaram como alguém que de fato estava em uma competição, fui guiada para um dos cantos onde haviam dezenas de araras contendo centenas de vestidos. Uma senhora avançou na minha direção e me avaliou por cima dos óculos de meia lua.

Esperei impaciente enquanto ela resmungava e passava os dedos pelos vestidos com rapidez. Depois, como se de repente tivesse visto a luz, puxou um vestido verde perolado e o colocou nas minhas mãos.

— Vista-o.

Me encolhendo atrás de um dos biombos, com medo de que uma câmera me captasse sem roupa, me troquei evitando fazer movimentos bruscos. O vestido era diferente de qualquer coisa que eu já tivesse vestido.

Pesado, porém, confortável. As mangas acentuaram-se perfeitamente aos meus braços e os detalhes do pequeno decote lhe davam um ar adorável. Fiquei encantada!

A senhora também pareceu satisfeita e logo fui levada para um lugar onde eu seria fotografada. Uma espécie de antes e depois. Me aproximei no exato momento em que Lori havia terminado.

— Ual! Você está fantástica, Lori!

— Você acha mesmo?

Confirmei com um sorriso. O vestido amarelo que ela usava a fazia brilhar por todo o salão. Haviam feito cachos nos cabelos dela e a maquiagem estava realmente impecável.

— Metade dessas garotas deve estar se sentindo completamente intimidada por você — sussurrei, pisquei e me dirigi para onde o fotógrafo me aguardava.

Tentei, tentei mesmo fazer tudo de melhor que estava ao meu alcance. Mantive o sorriso no rosto por tanto tempo que minhas bochechas começaram a doer, tratei todos de maneira natural e gentil, fui paciente e não demonstrei meu incômodo enquanto tínhamos que aguardar as outras terminarem as mesmas etapas pelas quais eu havia passado.

Trinta e cinco garotas. Um único homem. Era loucura demais.

Depois que todas nós já estávamos prontas, a mulher dos cabelos brilhantes finalmente surgiu.

— Desculpem não ter me apresentado direito, senhoritas. Meu nome é Kaya, enquanto estiverem aqui serei responsável por ensiná-las tudo o que devem saber. Como sabem, hoje deverão ficar em seus quartos, descansando, para amanhã de manhã conhecerem o príncipe Nicholas — ela sorriu satisfeita mediante o efeito da frase que acabara de dizer. Inúmeros sussurros empolgados emergiram. — No entanto, antes que se sentem a mesa com a família real, passarão por uma breve aula de etiqueta. Agora, recomendo que me sigam.

Meu quarto em Columbia caberia facilmente dentro daquele que havia sido disposto para mim no palácio. O mesmo eram bastante amplo, iluminado, continha um banheiro e uma sacada que me permitia ver parte dos jardins e da entrada do palácio. A cama com dossel era imensa e eu toquei a superfície com delicadeza sentindo a maciez do colchão e dos lençóis.

— Ual — murmurei para ninguém em especial, girando o corpo e observando o quarto.

Era incrível.

Leves batidas ecoaram na porta e quase corri para abrí-la. Haviam três moças paradas do lado de fora, parecendo completamente ansiosas. Elas curvaram-se brevemente e me encararam.

— Senhorita Alexia — disse uma delas, hesitante, quando eu apenas as encarei. — Nós somos suas criadas.

— Sim, claro! — exclamei, me sentindo idiota. Dei passagem para elas. — Entrem.

As três passaram para dentro do quarto e se mostraram de prontidão quando pararam ao lado da cama. Eu sabia que tudo o que eu precisasse aquelas três fariam por mim.

Meu Deus!”, pensei.

Ainda havia muita coisa com o que me acostumar.


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Notas finais do capítulo

HEY, SWEETHEARTS. ♥
E, aí o que vocês acharam? Espero que tenham gostado.


Essa é a Lori: http://media.tumblr.com/tumblr_m4mv3npykl1r3fhkp.gif

Brittany: http://media.tumblr.com/tumblr_m6m0faWgw51rri87i.gif

Miranda: http://s3.favim.com/orig/44/emily-pretty-little-liars-shay-mitchell-Favim.com-369465.gif

Até o próximo, amores. ♥