Blood Royal escrita por jupiter


Capítulo 27
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

É reta final, meu povo!!
Agora é só aguenta coração. UASUAHSUAHS
Aproveitem. ♥



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O PALÁCIO ESTAVA SILENCIOSO.

Ninguém parecia disposto a rir, ou a falar muito. Eu estava no gabinete do rei em companhia da rainha America, Kaya e Fray. Eles estavam tensos e inúmeras vezes peguei a rainha olhando aflita para o telefone.

A função dos outros dois, no entanto, era fazer com que eu conseguisse ser convincente no que eu estaria dizendo. Era preciso elaborar um plano para que as dúvidas da população pudessem ser esclarecidas;

— Por mais que a notícia os pegue de surpresa, eles irão querer saber o motivo pelo qual eu estarei anunciando isso — falei.

— Existe um abismo entre querer e poder — manifestou-se a rainha. — Vamos nos concentrar apenas no que está diante de nós, e torcer para que meu marido e meu filho retornem em segurança.

Minha cabeça girava e eu me sentia enjoada.

— Não consigo entender como isso pode ser útil — murmurei. — Como eles podem desejar que eu faça isso? Como podem exigir? Se estivessem com o rei ou com Nicholas, aí sim isso faria sentido. Mas, eles não nos deram qualquer indício.

Aquilo era no que eu preferia acreditar; a simples ideia de imaginar Nicholas sendo mantido sob o comando de rebeldes fazia o meu peito doer. Não queria que ele e seu pai se ferissem, e por mais que desejassem poder negar, eu sabia que os outros eram capazes de encontrar lógica no que eu dizia.

— É melhor sermos precavidos, não quero arriscar. Sei que sente-se pressionada, com medo e assustada — a rainha me encarou, seus olhos mostravam o quanto estava cansada. — Mas, por ora, apenas faça isso.

Crispei os lábios e decidi não discutir mais. Não fazia sentido querer travar uma batalha para fazê-los aceitarem meu ponto de vista. Empenhei-me em ouvir com atenção os conselhos de Kaya e Fray.

Empenhei-me em acreditar que Nicholas estava bem.

***

Anne tampou a boca com as mãos ao receber a notícia. Brittany debulhou-se em lágrimas, e escondi-me atrás de um livro para não ter que me deparar com as reações das outras também.

A rainha havia sido cuidadosa ao explicar-lhes a situação pela manhã, ainda assim o choque havia sido grande. Lutei contra o impulso de tampar os ouvidos com as mãos; os ruídos me irritavam, assim como os lamentos e os murmúrios.

Minhas entranhas reviravam-se, e era como se um peso invisível tivesse sido depositado em meu peito. A todo instante eu esperava que a rainha adentrasse o Salão das Mulheres e dissesse que estava tudo bem; cada minuto que me aproximava daquela noite parecia um sacrifício.

Fechei os olhos por um momento. Me concentrar na leitura era algo impossível, e eu já deveria estar no mesmo parágrafo por uma meia hora. Direcionei meus pensamentos para Nicholas, e tentei de algum modo mentalizar como ele poderia estar.

A situação a minha volta era preocupante, toda aquela falta de notícias me fazia ficar tensa. Mas, em meu íntimo eu quase podia senti-lo; quase podia sentir sua presença ao meu lado.

Uma sombra cobriu os meus olhos e abri-os encarando o rosto vermelho de Rowena.

Já era capaz de imaginar o que estava por vir.

— Por que você? — indagou, e nem aguardou pela resposta. — Uma carta que simplesmente diz que você deve ser a porta-voz?

Fechei o livro ruidosamente, colocando-me de pé.

— Se fosse uma situação em que eu pudesse escolher, não teria problema nenhum em deixá-la tomar esse posto.

Ela semicerrou os olhos, aproximando o rosto do meu.

— Você se acha bem esperta, não é? — ela balançou a cabeça. — Não passa de uma idiota. E estou farta de você.

Agindo mais rápido do que eu poderia esperar, Rowena agarrou meus cabelos e puxou com força. Senti a dor se espalhar pelo meu pescoço, e a raiva acendeu-se dentro de mim, percorrendo as minhas veias como veneno.

As outras garotas gritaram, mas eu já havia me recomposto. Lancei minha mão em direção ao rosto dela, completamente cega pela adrenalina. Senti quando meus dedos chocaram-se contra sua bochecha e pressionei minhas unhas contra sua pele.

— Parem! Parem! — aquela era a voz de Anne? Ou seria Felicity?

Senti quando ela arranhou meu braço, mas não senti a dor. Empurrei-a com força, de modo a fazê-la se desequilibrar. Tombamos com estrépito, e meu joelho atingiu o chão com força. Acertei um tapa de um lado de seu rosto, em seguida, acertei o outro.

— Alexia, chega! — Miranda gritou, segurando meus braços.

— O que está acontecendo aqui? — aquela era rainha, sem sombra de dúvidas.

Meu peito subia e descia rapidamente, e o sangue pulsava em meus ouvidos. Eu queria machucá-la, queria fazê-la se arrepender de ter levantado a mão para mim.

— O que acham que estão fazendo? — o tom de voz da rainha era severo, tão grave quanto eu jamais havia escutado.

Mas eu estava concentrada em Rowena. Três arranhões marcavam uma de suas bochechas, do outro lado quatro dos meus dedos estavam gravados. Miranda me arrastou para longe dela.

— Que tipo de monstro você é? — vociferei. — Prefere se importar com status, com fama, do que com a vida de alguém? A cada dia eu descubro mais o quão vazia você é.

— Basta! Não quero tornar a ter que interromper mais episódios como este, espero que não venham a se repetir. Senhorita Alexia, dirija-se para seu quarto e prepare-se para o que fará esta noite. Senhorita Rowena, vá até o dr.Garvin e peça-lhe para tratar seus arranhões — o rosto da rainha tornou-se nebuloso. — Já fizeram baderna o suficiente para uma única manhã.



Bati a porta do meu quarto com força, sentindo a fúria se esvair de mim aos poucos. Comecei a sentir uma leve ardência no meu braço direito, e ainda desejava estrangular Rowena.

Por mais errada que eu pudesse ser, por mais equivocadas que as minhas atitudes fossem, eu tinha plena certeza de que jamais agiria como ela. Rowena era do tipo que não amava mais ninguém além de si mesma, e essa era a enorme diferença entre nós.

Eu não fingia um sentimento, eu não me doava pela metade. E consequentemente, eu me importava demais com as pessoas que eu amava.

A porta do meu quarto abriu-se e me virei rapidamente, enchendo-me de expectativa. Kaya estava parada ali, e balançou a cabeça negativamente ao me encarar.

A raiva que eu sentia por Rowena cedeu novamente lugar ao peso.

***

Centuries - Fall Out Boy


Meu vestido era vermelho, e de acordo com Kaya aquele modelo me fazia parecer mais séria, mais adulta. Meus cabelos foram presos num rabo-de-cavalo e nenhuma maquiagem foi aplicada sobre a minha pele. Eu iria aparecer de cara limpa.

Encarei meu reflexo no espelho e não me reconheci. Não havia qualquer brilho ou graciosidade em mim, não havia deslumbramento ou fascínio. Havia apenas tensão e preocupação.

Cali ajeitou a bainha do meu vestido, e Tessa correu para abrir a porta quando batidas firmes ecoaram.

— Senhorita — o soldado Harrison surgiu. — Irei acompanhá-la até o salão.

Assenti lentamente e respirei fundo. Meu coração estava acelerado e minhas mãos frias. Saí para o corredor agradecendo por não ter que encontrar nenhuma das outras garotas, certamente elas já deveriam estar lá.

Cada passo, cada segundo, fazia com que meu coração se comprimisse cada vez mais. Um nó havia se formado em minha garganta, e eu queria correr. Queria me esconder sob os lençóis e só acordar quando tudo estivesse bem novamente.

— Por que eu preciso de escolta? — perguntei, abruptamente. Precisava urgentemente me distrair.

— Na verdade, eu me ofereci para chamá-la. Gostaria de lhe desejar boa sorte.

Os olhos dele estavam fixos a frente, mas encarei seu rosto por tanto tempo que ele se virou para mim. Parei antes que chegássemos a escada.

— Desde quando se importa? — retruquei.

Ele suspirou.

— Sei que não é uma má pessoa, talvez eu apenas não saiba lidar com as pessoas que se aproximam de mim — ele fez uma pausa. — Mas desejo que as coisas possam dar certo para você.

Avaliei seu rosto, surpresa pelo fato dele ter se aberto comigo de maneira tão peculiar. Não havia nenhum sorriso em seu rosto, ou qualquer traço de emoção, mas me senti no dever de lhe agradecer.

— Obrigada.

Ele depositou gentilmente a mão contra a minha omoplata e me conduziu pelo resto do caminho. Sentir sua mão em meu ombro me causava uma sensação desconfortável, mas imaginei que poderia parecer rude da minha parte repeli-la.

Paramos novamente e dessa vez ele assumiu seu posto ao lado de uma das portas.

— Boa sorte, senhorita Alexia.

Assenti. Eu iria precisar.



Fui engolfada por um mar de luzes, vozes e pessoas apressadas. Kaya arrastou-me para um canto e começou a prender um microfone na minha roupa. Relanceei os olhos na direção das cadeiras onde a família real se sentava e encontrei apenas a rainha.

Algo se partiu dentro de mim.

Todo o cenário já havia sido montado, uma fileira de cadeiras para as outras garotas havia sido disposta. Observei que havia mais maquiagem no rosto de Rowena do que de costume, mas ao invés de me sentir satisfeita com aquilo, não consegui sentir nada.

Fray deslocou-se na minha direção, estava trajando um terno escuro e comportado, algo quase inédito para os meus olhos. Ele sorriu e Kaya deixou-nos a sós.

— Farei a entrada e logo depois você falará — disse. — O microfone implantado na sua roupa é para permitir que possa ter as mãos livres, foi uma sugestão minha. Sei o quanto deve estar nervosa. Deverá se concentrar na câmera que estará na sua frente, e precisei travar uma batalha com Kaya, mas você poderá ficar sentada.

Pisquei inúmeras vezes diante daquelas informações. Fray estava me ajudando, e aquelas eram ajudas muito bem-vindas. O simples fato de não ter que ficar com um microfone entre as mãos já ajudava, mas se eu tivesse que permanecer de pé, não tinha certeza se minhas pernas sustentariam o peso.

— Obrigada, de verdade.

— Deixe disso — ele afagou meu ombro. Alguém gritou uma ordem e olhar de Fray encontrou o meu. — Está na hora.

Minha boca ficou seca e minhas mãos começaram a suar imediatamente. Sentar-me naquela cadeira e ser entrevistada era uma coisa, agora sentar-me ali e ter que dizer para todo o país que não tínhamos notícia do rei ou do príncipe fazia eu me sentir zonza.

Alguém me perguntou se eu estava bem e me vi balançando a cabeça inconscientemente. Do outro lado encontrei a rainha, e ela assentiu de maneira discreta. Miranda levantou o polegar para mim, e Rowena me olhou com o mais puro ódio.

Alguém fez a contagem regressiva. Era possível um coração bater tão depressa?

Cinco...

Quatro...

Três...

Dois...

Um!

— Boa noite, Illéa — começou Fray, em um tom de voz contido. “Grite”, pensei. “Grite!” — Hoje o boletim semanal será efetuado de maneira diferente, e um anúncio precisa ser feito para todos vocês. Peço que prestem atenção no que irá ser dito, e que compreendam os fatos. Cedo lugar agora para a pessoa que falará diretamente com vocês. Senhorita Alexia...

Engoli em seco. Encarei diretamente a câmera para a qual Fray disse que eu deveria olhar. Minhas mãos tremiam sobre o meu colo, e pigarreei antes de dizer qualquer coisa. Minha voz soou aguda, e me vi puxando a minha confiança das profundezas do meu interior.

— Meu nome é Alexia Walcolt, tenho dezessete anos e sou uma Selecionada. Sei que todos vocês me conhecem, e sei que devem estar se perguntando o que de tão importante eu tenho para lhes dizer, por isso serei breve. — “Crie um caminho”, Kaya havia me dito. “E siga por ele.” — Há cerca de dois dias o rei Maxon e o príncipe Nicholas embarcaram numa viagem de negócios até a Nova Inglaterra. A questão é que os representantes da Nova Inglaterra informaram que o último registro que tiveram dos dois foi dado apenas quando chegaram ao aeroporto, depois disso mais nada.

Nos veremos logo”, a voz de Nicholas explodiu na minha mente. Senti as lágrimas encherem meus olhos e respirei fundo; eu precisava ser firme, precisava ir até o fim. Precisava me concentrar em tentar descobrir o motivo pelo qual os rebeldes me queriam, precisava seguir a risca o que me havia sido determinado.

— Creio que já tenham chegado a uma conclusão sobre do que isso se trata. No momento estamos alheios a qualquer informação, e pedimos à vocês, cidadãos de Illéa, todo o apoio possível. Não somente a rainha, como nós Selecionadas, esperamos que possam ser compreensivos e que rezem para que ambos retornem sãos e salvos.

Fiz uma pausa, esperando que minhas palavras pudessem se assentar. Ninguém falava nada no salão, parecia até mesmo que ninguém respirava. O peso da intimidação se abatia sobre mim, sufocando-me até não poder mais.

Nicholas estava bem, assim como seu pai. Eu sentia isso, e me questionava como as outras pessoas não podiam sentir também.

Qualquer indício de choro que houvesse despontado em mim desapareceu. Quantos rebeldes deveriam estar me assistindo? Provavelmente todos. E de repente eu sabia como finalizar o meu discurso, sem parecer frágil e sem indicar qualquer sinal de rendição.

Me ergui ignorando minhas pernas que vacilavam, encarei as garotas por trás das câmeras e em seguida redirecionei meus olhos para a câmera.

— A Seleção irá continuar, e só será encerrada quando o príncipe Nicholas fizer sua escolha. Não importa quanto tempo leve, é assim que deve ser. Não terminará enquanto a última Selecionada permanecer aqui, não terminará enquanto permanecermos de pé. Acredito na eficácia dos membros da Nova Inglaterra, e acredito que em breve receberemos boas notícias. Serão informados assim que a situação se resolver — respirei fundo. — Obrigada.

As luzes foram diminuídas, inúmeras pessoas me parabenizaram e fechei os olhos para me recompor.

— Não terminará enquanto a última Selecionada permanecer de pé? — abri os olhos, encarando Miranda. — Foi uma maneira ousada de dizer que somos fortes.

— Me pareceu o certo a ser dito — respondi, permitindo que desprendessem o microfone do meu vestido.

Miranda assentiu.

— Suas palavras têm poder, eu mesma me arrepiei ao ouvi-las — sua mão pousou gentilmente sobre meu ombro. — É disso que as pessoas precisam.

Franzi o cenho para ela.

— O que está dizendo...

— Basta abrir os olhos para o que está diante de você, Alexia — ela me cortou, sorrindo. — Você é a preferida. Do príncipe, do povo e de quem quer que a conheça.

Ela se afastou, e eu a acompanhei até a perder de vista.

Olhei para meus braços e fitei o espaço vazio em um dos meus pulsos. Pressionei meus dedos com força em torno do local e tentei me acalmar.

Tudo ficaria bem.




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Notas finais do capítulo

Quero agradecer muito à vocês pelos comentários, e pelos elogios. De verdade, gente. Vocês são incríveis! ♥

E preciso compartilhar isso com vocês: Os Vingadores está incrível. Abraços.