Blood Royal escrita por jupiter


Capítulo 26
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Ei, meus amores. Como vocês estão? Espero que aproveitem o capítulo, e se preparem, as coisas agora ficarão bem mais intensas. E se tudo ocorrer de acordo com o que eu já planejei, Blood Royal não deve estar muito longe do fim. :(
Mas, enfim, vamos focar no que temos para agora. Espero que gostem, beijos. ♥



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ACORDEI NA MANHÃ SEGUINTE COM a sensação de que era capaz de voar. Mesmo depois de ter ido dormir bem tarde por estar com Nicholas, eu me sentia estupidamente ótima. Sentei-me sobre os lençóis da cama e corri os olhos por todo o quarto.

Pela primeira vez, desde que desembarquei em Angeles para a Seleção, o céu estava cinzento. Uma brisa fresca corria pelo quarto e eu sorri para o vazio. As palavras de Nicholas estavam frescas na minha memória, e eu não iria esquecê-las nem tão cedo.

Não havia nenhuma programação pela manhã, somente durante a tarde todas as mulheres se reuniriam para um chá com a rainha. Portanto, ainda tinha uma boa parte da manhã livre somente para mim.

Joguei-me novamente sobre os travesseiros e abracei aquele sobre o qual Nicholas havia se deitado. Fechei os olhos ao senti-lo e me recordei de nós dois juntos; soltei uma risada devido a loucura da situação e balancei a cabeça.

A porta do meu quarto abriu-se com suavidade e minhas criadas se esgueiraram para dentro. Seus olhos me avaliaram por um momento e então Tessa se pronunciou:

— Precisamos começar a preparar o que a senhorita irá vestir mais tarde.

Saltei da cama e comecei a girar pelo quarto.

— Qualquer coisa para mim hoje está incrível, Tessa. Você não acha?

As três estavam sorrindo, e Cali comentou:

— Pelo visto foi uma grande festa, senhorita.

Parei diante delas, com um enorme sorriso no rosto.

— Vocês não fazem ideia.

***

Adentrei o salão segurando o braço da minha mãe. Assim como na tarde em que apenas as Selecionadas se reuniram com a rainha, uma extensa mesa repleta de comidas havia sido disposta.

Nós reverenciamos a rainha America e ocupamos os lugares próximos a Miranda e sua mãe. Observei que ela possuía os traços exóticos e os cabelos escuros da mãe; não havia conseguido reparar em seu pai na noite passada, mas deveria haver algo nela que lembrava a ele.

Sentadas no assento mais próximo da rainha, Amber e Rowena juntamente com suas respectivas mães , tentavam conquistar toda a atenção para si. Naquele momento compreendi o porquê delas agirem como agiam.

— Elas são sempre assim? — indagou minha mãe, indicando-as com a cabeça.

— Ou pior — respondi. — Acho que por isso se dão tão bem. Esse seria o tipo de gente com quem Eve se envolveria se viesse para cá.

Minha mãe serviu-se de um bolinho.

— Eve só faz aquilo que a mãe manda, não consegue pensar por si própria. Nora é uma mau-caráter — ela cobriu a boca com as mãos, e vendo que ninguém havia nos escutado, continuou: — Sabe aquela entrevista que saiu a seu respeito? Alguns dias antes eu vi uma equipe saindo da casa dela, tenho certeza que ela pensou que seria uma boa maneira de se vingar.

Concordei lentamente, bebericando o chá.

— Suspeitei desde o principio, mas não quis me dar ao trabalho de descer ao nível dela. Quando será que ela irá perceber que pessoas assim nunca vão para a frente?

A tarde seguiu tranquila, e consideravelmente agradável. Mantive o máximo de distância que pude dos pais de Rowena, e mais de uma vez os peguei lançando olhares amargos na minha direção; meu pai e meus irmãos haviam passado a tarde junto com os outros, fazendo algo que eu não sabia o que era.

Encontrei Theo quando faltavam alguns minutos para o jantar e nós nos sentamos nos últimos degraus da escada. Enrosquei meu braço no dele e deitei minha cabeça sobre seu ombro, não queria que eles tivessem que partir no dia seguinte.

— Vou sentir falta de saber que vocês estão a apenas alguns quartos de distância — falei.

— Eu também, mas nos veremos em breve — ele inclinou a cabeça dele sobre a minha. — E quando isso acontecer você já vai ser conhecida como a nova princesa de Illéa.

Soltei uma risada.

— Há algum tempo isso me apavorava, agora...

Passos ecoaram atrás de nós e nos viramos a tempo de ver Nicholas parando alguns degraus acima de onde estavámos. Por um momento ele pareceu confuso, sem saber o que fazer. Theo levantou-se primeiro, e eu fiz o mesmo em seguida.

— Alteza — meu irmão cumprimentou, cordialmente.

Nicholas pareceu finalmente sair de seu torpor e desceu até parar no mesmo nível que nós. Estendeu uma das mãos para Theo e sorriu.

— Tem uma grande irmã — soltou.

Senti meu rosto esquentar e o encarei por alguns segundos; um sorriso estava entalhado no canto de seus lábios, e corri meus olhos para Theo.

— Cuide dela por mim enquanto eu estiver fora — falou. — Ou invado esse palácio e pego você.

Me questionei se eles faziam alguma ideia da minha presença, e se podiam imaginar o quanto aquele tipo de conversa era capaz de me deixar constrangida.

— Eu cuidarei — garantiu Nicholas. — Não se preocupe quanto a isso.

Eles soltaram as mãos e então os olhos de Nicholas voltaram-se para mim, havia divertimento puro estampado neles. Semicerrei os olhos e balancei lentamente a cabeça.

— Posso acompanhá-los até o salão para jantarmos? — indagou.

— Claro — e Theo virou-se para mim. — Algum problema?

Cruzei os braços.

— E faria alguma diferença eu dizer algo?

— Definitivamente não — respondeu Nicholas.

Theo sorriu e concordou.

— Acho que estamos começando a nos entender — disse.

***

O abraço de Mike quase fez minhas costelas se partirem.

O espaço a nossa volta era um misto de abraços, lágrimas e despedidas. Os carros que conduziriam nossas famílias até o aeroporto já haviam chegado, aqueles eram nossos últimos momentos juntos.

— Prometa que irá se cuidar — pediu minha mãe, segurando meu rosto entre as mãos.

Sorri para ela.

— Eu vou ficar bem, não se preocupe.

Então foi a vez de Theo. Abracei-o com força e cravei minhas unhas em seus ombros.

— Fique bem — murmurei. — E cuide da Lily.

— Eu ia dizer para fazer o mesmo, mas sei de alguém que cuidará muito bem de você — respondeu. — Até logo, Lexi.

Me afastei.

— Até logo, Theo.

Eles mal cruzaram a porta e meu peito contorceu-se numa sensação estranha. Eu mal havia me despedido e já estava com saudades; tê-los perto de mim por alguns dias havia sido importante, fundamental até. Me sentia renovada, com um novo gás para encarar tudo no palácio.

***

Eu estava acomodada em meu quarto com um dos inúmeros livros da biblioteca do palácio aberto na minha frente. Permanecer no Salão das Mulheres não me parecia uma boa opção, e eu desejava poder ficar um pouco longe de todas as garotas.

Pensei involuntariamente em Lori, em como a companhia dela me fazia falta. Geralmente, costumávamos procurar algum lugar somente para nós duas, e ficávamos durante horas apenas conversando, expondo nossos sonhos ou então em silêncio.

Peguei meu caderno de anotações ao meu lado e abri na página onde o endereço dela estava anotado. Talvez eu pudesse transmitir um pouco do se passava para ela, eu queria continuar mantendo a nossa ligação.

Suspirei e virei a página numa folha em branco. O que eu poderia dizer?

As palavras surgiram no papel com facilidade, assumindo o lugar que lhes era seu por direito.

"Querida Lori,

Não sei muito bem como começar esta carta, talvez a maneira correta seja dizer que estou com saudades. Você faz muita falta para mim, nem pode imaginar o quanto. De todas as que permaneceram a única com quem consigo manter qualquer tipo de contato é Miranda, você sabe como as outras são..."

Continuei escrevendo, falei sobre o ataque, sobre Nicholas, sobre o baile e sobre o aconteceu após o baile. Contei sobre as famílias das outras garotas, e contei até mesmo sobre meus irmãos. Ao passo que meus dedos começaram a protestar, eu já havia escrito duas folhas inteiras. E sentindo que era hora de encerrar o assunto, rasguei a folha e a dobrei com cuidado; pediria a uma das minhas criadas para enviá-la para mim.

Depositei o livro sobre o criado-mudo e aconcheguei-me sobre os lençóis. Paz e tranquilidade. Tudo o que eu precisava, e mais um pouco. Comecei a me sentir sonolenta, e meu corpo passou a ficar mais pesado.

No meu sonho batidas estavam ecoando na porta, batidas suaves e contidas. Elas faziam uma pequena pausa, e logo depois retornavam. E foram ficando mais altas, cada vez mais altas...

Sentei-me de um salto e saltei da cama correndo em direção a porta. Abri-a de uma vez e dei de frente com Nicholas. Ele estava bem arrumado e muito sério, mas sua expressão suavizou logo assim que lhe dei passagem para entrar.

— Desculpe se a acordei — comentou, parando perto da cama.

— Tudo bem — respondi, passando as mãos pelo cabelo. —Sente-se.

Me acomodei na frente dele e avaliei seu rosto. Um ruga se formava entre suas sobrancelhas, e seu maxilar estava tenso.

— Aconteceu algo? — perguntei.

— Estive com as outras garotas agora à pouco, pretendia encontrá-las todas juntas, mas você não estava lá — ele suspirou. — Estou partindo numa viagem de última hora com meu pai, iremos até a Nova Inglaterra para tratar de assuntos que condizem com os rebeldes.

Algo dentro de mim murchou; não queria ter que passar dias no palácio sem a presença dele, não mesmo.

—Quanto tempo permanecerão fora? — indaguei.

— Dois ou três dias, no máximo.

Soltei o peso dos ombros e apoiei a testa nas mãos. Dois ou três dias sem tê-lo? Parecia tempo demais ao meu ver.

— Sairá agora? — murmurei.

— Assim que eu sair deste quarto — a mão dele deslizou até a minha, e seu dedo ficou fazendo círculos sobre a minha pele.

— Gostaria de pedir para que não saísse — respondi. — Mas compreendo que é importante.

Nicholas sorriu, inclinou-se em seu lugar e beijou minha testa demoradamente. Fechei os olhos ao senti-lo e apertei sua mão.

— Nos veremos logo, e eu terei uma surpresa para você — falou. — Não me olhe desse jeito, contarei apenas quando retornar.

Pensei em tentar contrapor, em tentar retirar o que poderia ser a qualquer custo. Mas não tínhamos muito tempo, e ele partiria em breve.

— Quero que leve uma coisa com você — falei, retirei uma pequena corrente dourada que estava em meu pulso e coloquei contra a palma da mão dele. — É uma forma de você me sentir por perto.

Ele olhou durante alguns segundos para a corrente em sua mão, e quando me olhou seus olhos brilhavam. Me apoiei nos joelhos e me lancei sobre ele para poder abraçá-lo.

— Tome cuidado — suspirei.

— Eu terei - garantiu. — Eu terei.

Ele me beijou e parecia tão bom, tão certo... O apertei com força, e depois do que me pareceu uma eternidade, finalmente o soltei.

— Nos veremos logo — Nicholas falou, parando perto da porta.

Ele guardou a corrente no bolso do terno que ficava do lado esquerdo, sorriu para mim uma última vez e deixou o quarto.

Não consegui voltar a dormir.

***

Tomamos café-da-manhã sozinhas, e recebemos o comunicado de que estávamos liberadas de quaisquer atividades que tivéssemos pela manhã. Nenhuma das outras garotas parecia interessada em fazer nada quanto ficávamos no Salão das Mulheres.

— Está um clima estranho, não acha? — indagou Miranda, sentando-se ao meu lado perto da janela.

Concordei lentamente.

— Geralmente as coisas são estranhas, mas há algo...

Ela me encarou.

— Não creio que o problema seja conosco - comentou.

Uma criada adentrou ruidosamente o salão e correu na nossa direção; ela parou ofegante na minha frente e precisou de um momento para se recuperar.

— A rainha... — ela arquejou. — A rainha America deseja vê-la imediatamente.

— Aconteceu algo? — indaguei.

Ela balançou a cabeça.

— Apenas venha comigo.

Coloquei-me de pé em um salto e comecei a seguir a criada.

— Aposto como ela não passa de hoje — ouvi Rowena debochar.

Nos dirigimos para o terceiro andar, e passamos por áreas do palácio em que eu nunca havia estado antes. A criada andava depressa, e eu fazia o máximo para conseguir acompanhá-la.

Paramos de frente para uma porta dupla e os guardas de sentinela abriram passagem para nós. Adentrei a sala hesitante, sem poder imaginar o que me aguardaria ali dentro.

De frente para a porta a rainha America caminhava de um lado para o outro, parecendo tensa. A sala em que nos encontrávamos era ampla e bem iluminada; uma enorme estante contendo inúmeros documentos estava posta ao fundo, na frente dela uma lustrosa e larga escrivaninha se situava. Do lado esquerdo uma outra escrivaninha menor se encontrava. Compreendi naquele minuto onde estava.

O gabinete do rei.

— Majestade — falei, fazendo-lhe uma reverência.

— Muito obrigada — ela disse para a criada. — Agora, deixe-nos a sós.

Senti meu coração acelerar, e a tensão espalhou-se por todo o meu corpo. A criada saiu, e restou apenas a rainha e eu.

— Desculpe-me o mal jeito, mas há algo que nós precisamos conversar, senhorita Alexia.

Eu a encarei com firmeza; haviam olheiras sob seus olhos e notei o quanto ela parecia cansada.

— Sim, Majestade, diga.

Ela contorceu as mãos na frente do corpo e lutei contra o impulso de fazer o mesmo.

— Sei que está ciente de que meu filho e meu marido embarcaram para uma viagem até a Nova Inglaterra, certo? — ela começou, assenti. Meu estômago estava embrulhando. — A questão é que eles não fizeram nenhum contato a respeito de sua chegada, o que indica que algo está terrivelmente errado. Liguei para os representantes da Nova Inglaterra afim de ter informações, mas eles disseram que os últimos indícios que tiveram dos dois foi quando chegaram ao aeroporto, depois disso mais nada.

Senti como se alguém acertasse um chute no meu estômago; minha boca ficou seca e permaneci impassível, encarando o rosto aflito da rainha.

— Não faço a menor ideia do que pode ter acontecido aos dois - ela continuou. — Mas está aqui por uma razão, e eu vou lhe dizer qual.

Minhas pernas estavam fracas, mas ainda assim permaneci de pé. As palavras da rainha haviam feito minha cabeça começar a latejar, e ainda havia mais.

— Isto chegou ao palácio hoje cedo, e mencionava diretamente você.

Não havia tomado nota do quanto estava trêmula até estender a mão para pegar o papel. Era uma carta, curta e breve. Passei os olhos pela mesma e meu rosto contorceu-se numa careta confusa. Aquilo continha pouco mais do que sete linhas, e era uma ordem direta para que eu anunciasse o desaparecimento de Nicholas e do rei.

— O que isso significa? — perguntei, confusa.

— A meu ver isso não pode ser uma mera coincidência, isso é uma obra de rebeldes. Eles querem que você assuma uma posição, querem mostrar o quanto são capazes de nos influenciar.

— Não é certo, eu não sou nenhuma autoridade. Sou apenas uma dentre sete Selecionadas, não faço nem parte da realeza...

— É por isso que eles querem você, precisam que alguém de fora faça isso, querem deixar o povo confuso.

Balancei a cabeça veementemente.

— Sei exatamente como sente, eu passei por algo similar — ela avançou alguns passos, e me segurou pelos ombros. — Alexia...

Senti meus olhos começarem a se encher de lágrimas; eu queria ajudar, queria Nicholas e o rei em segurança mais do que tudo na minha vida.

— Eu não posso — falei. — Não, não. Peça a alguma outra garota, mas isso é mais do que eu posso realizar.

As lágrimas queimavam os meus olhos, e eu não conseguia me definir de outra maneira a não ser covarde. O que Nicholas acharia de mim ao saber da minha atitude? E meus pais? E Lori? Tantas vezes havia me feito de forte, e simplesmente não podia tomar a frente de uma situação como aquela.

— Sei que isso é mais do que eu posso lhe pedir — a rainha continuou. — Alexia, você gosta do meu filho?

Olhei no fundo dos olhos dela, e estremeci mediante aquele tom profundo de azul. Meu lábio inferior tremeu, e algo dentro de mim se agitou.

— Eu o amo — soltei, ouvindo minha própria voz estremecer.

A sala mergulhou no mais completo silêncio.

Eu amava Nicholas, e ao contrário do que eu imaginava, dizer aquelas palavras me soaram mais naturais do que eu podia querer. Eu o amava e não suportaria a ideia de perdê-lo. A rainha America apertou meu ombro.

— Por favor — insistiu. — Faça isso, ao menos enquanto as autoridades da Nova Inglaterra procuram por eles. Precisamos deixá-los achar que estão com alguma vantagem sobre nós.

Fechei os olhos com força e amassei a carta contra a palma da minha mão.

— Está certo. Eu farei.

A rainha então, num gesto que me surpreendeu, puxou-me para junto de si e me abraçou rapidamente.

— É o correto a se fazer falou.

Ela se afastou e abriu uma das portas, inclinando-se para falar com um dos guardas:

— Chame Kaya e Fray, diga-lhes que é urgente.

— As outras garotas — falei, quando ela tornou a fechar a porta. - Elas precisam saber.

— Elas irão, no momento certo. Sente-se um pouco.

Eu me sentei e apoiei a cabeça entre as mãos.

Nicholas e seu pai estavam desaparecidos.

Eu o amava, e agora sua mãe sabia disso.

Os rebeldes me queriam na linha de frente.

E no dia seguinte eu estaria sozinha, anunciando seu desaparecimento para toda Illéa.


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