Blood Royal escrita por jupiter


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Oi, genteeeeeee!!
Quero pedir desculpas pela demora, sério. Toda vez que eu ia começar o capítulo parecia que tava errado, que tava um lixo... Aí o que eu fazia? Apagava e começava tuuuuudo de novo, aí ontem, felizmente eu consegui achar um começo decente para ele. Só não atualizei porque eu estava morrendo de dor de cabeça e não consegui terminar, mas hoje foi e eu espero que vocês gostem. Até as notas finais!



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MINHA FANTASIA ERA DE FADA. O vestido confeccionado pelas minhas criadas possuía um tom de azul céu e quando chegava na parte da saia um suave degradê começava, indo do rosa ao roxo. O busto tomara que caia possuía inúmeras pedrinhas brilhosas; delicadas e bem elaboradas asas foram presas na parte de trás das minhas costas.

Leah havia feito uma maquiagem que condizia com o tema da minha roupa. Azul e roxo para os olhos, e um pouco mais de cor para as minhas bochechas. Meu cabelo foi preso num coque, e algumas mechas foram deixadas soltas propositalmente.

— E agora, o toque final — cantarolou Cali.

Ela deslizou as jóias pelos meus pulsos e pelo meu pescoço, e espirrou o perfume contra a minha pele. Olhei-me no espelho e não pude esconder um sorriso; o trabalho estava incrível, e todo o acabamento impecável.

— Fantástico — murmurei.

A porta do meu quarto abriu-se lentamente e me virei a tempo de ver minha mãe se esgueirar por ela. Estava trajando um vestido cor de vinho, alguns desenhos haviam sido feitos em seu rosto e ela carregava consigo uma pequena máscara.

Ela me avaliou de cima a baixo, pegando cada parte da minha fantasia. Havia uma expressão em seu rosto que eu desconhecia, um certo brilho novo em seu olhar.

— Você está linda — ela disse. — Podem nos dar um minuto?

Minhas criadas obedeceram de prontidão. Deixaram qualquer coisa que estivessem fazendo para trás, e então restou apenas minha mãe e eu dentro do quarto.

— Aconteceu algo? — perguntei.

Ela se aproximou o suficiente para que pudéssemos ficar frente a frente. Enquanto encarava seu rosto, esperando que me respondesse, notei as semelhanças entre nós. O desenho da boca, o formato dos olhos...

— Eu iria esperar para ter essa conversa com você amanhã, mas isso é algo que está a muito tempo esperando para ser dito, Alexia.

Ela fez uma pausa e eu permaneci calada, grande parte minha já sabia o que estava por vir e eu não estava disposta a cortar a disposição dela para falar.

— Sei o que pensa a meu respeito — continuou. — Sei o que sempre pensou, e sei que o fato de achar que eu não gostava de você foi um dos motivos para ter se inscrito na Seleção.

— Isso estava um pouco claro, não é? — comecei. — Nunca tive o apoio de vocês, não com relação ao que eu realmente queria. A maior parte do tempo a única coisa que fazíamos era brigar. — algo se fechou em minha garganta, aquela sensação de mágoa que sempre me acompanhara estava agora retornando com força total, eu precisava colocar aquilo para fora. — Não posso dizer que tínhamos uma relação saudável de mãe e filha. Não houve espaço para isso, nunca cheguei nem a lhe contar quem foi o meu primeiro namorado.

Os olhos da minha mãe brilharam, e ela piscou diversas vezes na tentativa de se recompor. “Não faça isso”, pensei comigo mesma. “Não chore.

Ela assentiu lentamente e suspirou.

— Reconheço agora o quanto fui egoísta, acho que sempre quis que você fosse aquilo que eu nunca fui. Eu sempre tive meus próprios planos para você, mas você nasceu com um instinto poderoso de lutar com unhas e dentes pelo o que deseja. Acho que tive um pouco de dificuldade de aceitar isso, e acabei afastando você de mim.

Apertei os lábios com força, e olhei para o alto. Um gesto natural do ser humano, um gesto de quem se recusa a ceder.

— Você não tem ideia do quanto aquilo tudo me magoava, e não pode imaginar o quanto me marcou — minha voz estremeceu. — Vê-los felizes quando Theo e Mike estavam presentes, e vê-los de expressão fechada quando estávamos a sós me machucava. Por vezes me questionei o que de tão errado eu poderia ter feito...

Minha mãe avançou mais alguns passos, e mesmo parecendo hesitante, segurou minhas mãos.

— Seu pai e eu demoramos para perceber o quanto você já é madura o suficiente para tomar suas próprias decisões. Alexia, você não faz ideia do quanto nos deixa orgulhosos a cada volta por cima que dá nesse palácio. Você supera as coisas, você ajuda as pessoas... Você é maravilhosa!

Precisei me segurar mais do que imaginava para não chorar. Meu lábio inferior tremeu e minha visão tornou-se embaçada por conta das lágrimas.

— Não faz ideia do quanto é bom ouvir isso — desabafei, com a voz entrecortada.

Minha mãe lançou os braços ao redor do meu corpo, envolvendo-me num abraço apertado e sincero. Eu retribuí e naquele momento eu soube que os momentos infelizes que havíamos vivido estavam sendo apagados.

— Me desculpe — ela sussurrou, com o rosto enterrado no meu ombro. — Me desculpe por tudo!

— Nos devemos mútuas desculpas, e acho que agora é um bom momento para recomeçarmos — funguei, e respirei fundo para me recompor. — Uma grande festa nos aguarda, vamos aproveitá-la.

Fences - Paramore

Minha mãe deixou meu quarto e foi procurar pelo meu pai, afim de descer junto com ele. Depois de ver carros e mais carros de convidados chegarem ao palácio, finalmente resolvi descer.

Alcancei as portas do Grande Salão e espiei a quantidade de pessoas que já se encontrava ali dentro. Uma música agitada tocava ao fundo, e sabendo que aquela era a hora certa, finalmente entrei.

Inúmeras cabeças voltaram-se na minha direção; recebi sorrisos, abraços e inúmeros apertos de mão. A decoração do salão estava incrível. Abóboras e mais abóboras iluminadas pendiam presas nas paredes, algumas mesas haviam sido dispostas ao longo do mesmo, mas grande parte dos convidados estava de pé.

Duas mesas extensas contendo os mais variados tipos de comidas estavam alocadas em um canto. Sobre elas mini-abóboras haviam sido colocadas, lançando sombras sobre os arranjos.

Avistei Miranda e Brittany primeiro. Miranda trajava um vestido marrom, mais ou menos na altura dos joelhos, uma espécie de coroa com penas estava sobre seus cabelos escuros e ela havia feito uns desenhos que eu desconhecia pelo rosto. Brittany havia se fantasiado de dama de copas, e um desenho em formato de coração havia sido feito em seus lábios.

Do outro lado do salão Rowena se encontrava com Anne e Amber. Sua fantasia era escura e brilhosa, a maquiagem era preta e uma tiara com o desenho de duas asas fora presa em seus cabelos. Não tive tempo de discernir as fantasias das outras, Theo deslocou-se até mim e parou sorridente na minha frente.

— Então, que tal? — ele deu um giro.

Sua fantasia consistia em um conjunto de calça e camisa listrada, uma boina patética pendia torta sobre sua cabeça e ele carregava consigo uma pequena bola presa a uma corrente.

— Parece que você está de pijama — impliquei.

Ele deu de ombros.

— E ainda assim continuo lindo — replicou, piscando para mim. — Os guardas daqui até que são divertidos, veja só.

Os guardas também haviam sido convidados a participar da festa, e pelo visto não queriam mesmo fazer feio. Haviam caprichado em suas fantasias e alguns haviam até mesmo ousado um pouco, trajando vestidos e até mesmo uniformes de empregada.

Soltei uma risada.

— As coisas aqui às vezes podem ser melhores do que você imagina — comentei.

— Então... — ele girou a bola, e me encarou. — Como é estar com ele?

Levantei os ombros e sorri com os lábios apertados.

— Ele me faz sentir bem — respondi, por fim. — E é tão estranho...

Um garçom passou perto de nós e Theo pegou uma taça de champagne para ele e para mim.

— Como assim estranho?

— A forma como tudo entre nós aconteceu. Eu me pergunto sempre como as coisas teriam sido se eu não tivesse me inscrito — dei um gole na bebida. — Ainda cheguei a cogitar a possibilidade de desistir logo nos primeiros dias, me parecia errado estar aqui quando outras inúmeras pessoas desejavam isso mais do que eu.

— Mas você não desistiu, e chegou mais longe do que poderia ter imaginado — acrescentou ele. — O que eu quero saber é: teria coragem de deixá-lo agora?

A simples ideia de abandoná-lo me parecia impossível, de algum modo eu me sentia ligada à Nicholas. Eu queria estar ao seu lado, eu queria ser para ele tudo o que ele precisava. Deixá-lo agora já não era mais nenhuma das minhas opções, e eu havia prometido a ele que não faria isso.

— Não — falei. — Não teria essa coragem.

Theo ponderou a respeito da minha resposta, e balançou a cabeça lentamente.

— Está apaixonada por ele — disparou. — Seus olhos brilham quando você fala dele.

Theo era meu irmão e uma das pessoas que melhor me conhecia. Ele era aquele com quem eu abria meus sentimentos, a quem eu contava meus medos. Eu o havia ensinado a como me ler, e ele havia aprendido com maestria. Há algum tempo eu já sabia, e agora ele também.

— Sim — respondi. — E tudo ainda é muito novo para mim.

Ele sorriu.

— Estou ficando mesmo velho, minha irmãzinha está apaixonada e a um passo de se casar...

— Falando em casório... — resolvi mudar de assunto. — Quando veremos o magnífico Theo Walcolt subindo ao altar? Mike eu sei que já arrumou uma namorada...

O olhar dele tornou-se vago por um momento, como se seus pensamentos estivessem indo para um lugar bem distante. Eu reconhecia aquela expressão.

— Tem alguém nesse meio — palpitei. — Theo, me diga quem é. Agora!

Ele riu e me encarou.

— Nós não estamos juntos, estamos apenas nos conhecendo melhor. Ela é doce, atenciosa e parece gostar de mim — ele mordeu o lábio, escondendo um sorriso. Inclinando-se até se aproximar do meu ouvido, ele sussurrou: — E se isso faz você ficar feliz, ela se chama Lily.

Arregalei os olhos e levei as mãos a boca, me afastei o suficiente para conseguir enxergar seu rosto e grunhi alto.

— Está brincando? — indaguei. — A minha Lily?

— Acho mais justo dizer nossa agora.

Não sabia o que dizer, a ideia de Theo e Lily juntos me parecia incrível demais. E eu me sentia tão feliz pelos dois que não sabia ao certo o que pensar. Acertei um tapa em seu ombro.

— Quando pretendia me contar?

— Quis fazer uma surpresa — respondeu ele, simplesmente. — E deu certo.

Aproximei meu rosto do dele, semicerrando os olhos e pressionei meu dedo indicador contra seu peito.

— Se você a machucar, esqueço que somos irmãos e explodo você.

Ele gargalhou e passou os braços pelos meus ombros.

— Relaxe, Lexi. Apenas relaxe.

Meus pais haviam juntado-se aos pais de Felicity durante a festa, Mike e Theo estavam próximos de uma rodinha de guardas, mas foi uma outra pessoa do outro lado do salão que chamou a minha atenção. O soldado Luke Harrison estava lá, parecendo até mesmo um pouco deslocado; havia deixado o uniforme, mas não havia se fantasiado como os demais, apenas trajava um terno.

Desloquei-me do meu lugar e me dirigi até ele, ainda não havíamos nos falado desde o episódio no corredor, e cada vez que nos esbarrávamos ele parecia imensamente disposto a me evitar.

— Soldado Harrison — cumprimentei, ao me aproximar.

— Senhorita — ele maneou brevemente a cabeça.

Ele estava apoiado contra uma das paredes e seus olhos permaneceram fixos num ponto acima do meu ombro.

— Fico feliz por ter permanecido no palácio — falei, hesitante. — Quero dizer...

— Continuar aqui foi uma gentileza que me concederam — cortou ele. — Eu falhei com a minha única missão, Duncan foi gentil em não ter me entregado diretamente para o rei.

— Quanta experiência com rebeldes loucos por sangue você tinha?

Seus olhos escuros fixaram-se em mim com dureza, mas ainda assim sua voz soou tranquila quando ele me respondeu:

— Nenhuma, não diretamente como naquela noite.

Balancei a cabeça lentamente, concordando.

— Exato, então é normal que tenha se sentido... Hesitante, não sei bem. Então, eu acho que é estupidez continuar com essa linha de pensamento.

Ele ergueu as sobrancelhas, e sua expressão suavizou um pouco.

— E por que você se importa? — replicou. — Deveria ser como as outras e se preocupar apenas com o príncipe, vestidos e blá blá blá.

— Nunca fui assim, e não seria agora que passaria a ser.

— Não tem muitos amigos, não é? — indagou. — Certamente não, essa seria a única justificativa para tentar se aproximar de alguém como eu.

— O que quer dizer com alguém como você?

— Veja só! — exclamou de repente, indicando um ponto atrás de mim. — Salve a família real!

O rei Maxon e a rainha America foram os primeiros a surgir, e estavam surpreendentemente caracterizados. A rainha havia abandonado os costumeiros vestidos que usava e aparecera numa versão feminina de pirata; o rei estava usando um sobretudo cinzento, seguido de calças escuras e uma blusa branca, usava também um chapéu da mesma cor que o sobretudo e óculos de armadura redonda.

Nicholas surgiu alguns segundos depois, e ergui as sobrancelhas mediante o que ele estava vestindo. Estava de preto, usando um colete de gala sobre uma camiseta branca que descia até seus pulsos. Uma gravata borboleta havia sido posta no colarinho, e uma capa curta estava pendurada sobre seus ombros. O detalhe que havia me chamado atenção, no entanto, era a máscara que ele usava. Tomava metade de seu rosto e fazia-o parecer quase misterioso.

Como costumava acontecer sempre, a música foi reduzida e foi dado lugar para que o rei pudesse se dirigir aos presentes.

— É sempre uma honra poder recebê-los para momentos felizes como este, espero que possam aproveitar a festa ao máximo e que façam desta noite inesquecível. Boa festa à todos!

Gritos de aprovação se sucederam e taças foram erguidas. A música retornou com força total e me virei para o lugar onde há pouco o soldado Harrison estivera, encontrando apenas o vazio. Vasculhei o espaço ao meu redor e o vi conversando com um outro guarda, a alguns passos de onde eu me encontrava. Havia algo no modo como ele agia que me intrigava, mas decidindo não me importar com aquilo naquele momento, afastei tais pensamentos.

— Lexi — Theo chamou, aproximando-se enquanto eu me servia na mesa dos doces. — O que acha de mostrarmos para esse pessoal como é que se dança?

Havia um sorriso travesso em seu rosto.

— Será que você ainda me acompanha? — provoquei.

— Eu ensinei você, não há nada que eu não saiba — ele piscou.

Puxei-o pela mão e o conduzi para o centro da pista de dança, haviam poucas pessoas por lá, e espaço o suficiente para nós dois.

Theo precisou apoiar as mãos na minha cintura por conta das asas, e eu tive que lidar com aquela bola batendo contra o meu braço. Tive que concordar que, mesmo depois de tanto tempo, ainda tínhamos sincronia para dançar juntos.

Ele me fez dar inúmeros giros e até mesmo me ergueu. Mesmo sem querer, nós conseguíamos a atenção de muita gente. Observei por cima de seu ombro as pessoas que nos observavam, e o que elas pensavam a respeito de nós não fazia a menor diferença. Eu estava com meu irmão, numa festa onde minha família também estava e nenhum deles seria capaz de arrancar o sorriso do meu rosto.

Me sentei em uma das mesas vagas afim de descansar um pouco. Observei que meus pais pareciam empolgados enquanto conversavam com algumas pessoas que eu desconhecia. Na pista de dança Theo estava com Miranda, e parecia levar a sério o quesito “respeitar Lily”. Amber dançava com um homem que possuía cara de ser importante, e a todo momento ela dava algumas risadas que pareciam forçadas.

Rowena e Anne estavam cercadas por algumas mulheres, e parecia que estavam sendo bombardeadas com perguntas. Nicholas e Felicity conversavam em um canto, e só me dei conta de que Brittany se aproximava de mim quando ela já estava quase na minha frente.

— Posso? — ela perguntou, indicando uma das cadeiras.

— Claro.

Ela sentou-se e nós ficamos em silêncio por um momento; não a encarei, apenas mantive meus olhos fixos em algum ponto qualquer do salão.

— Alexia — ela começou, lentamente. — Sinto que as coisas entre nós esfriaram desde aquela noite, e eu queria dizer que me sinto mal com isso.

— Nós estamos bem agora, foque nisso.

— Mas você voltou por mim, e quase foi atacada. Não sei se seria capaz de suportar a culpa se algo tivesse acontecido... Acontece que havia algo muito importante para mim guardado em meu quarto, uma espécie de amuleto, e eu precisava voltar...

— Brittany — me virei para ela. — Não precisa me explicar nada, você teve suas razões. Ponto.

— Então, isso significa que estamos bem de novo?

De todas as garotas que haviam permanecido no palácio, a única de quem eu realmente gostava da companhia era Miranda. Entre nós duas nada precisava ser forçado, e uma relação sólida e natural havia surgido. Brittany era agradável, mas eu não conseguia sentir confiança nela.

— Estamos sim, não se preocupe.

Ela suspirou, parecendo aliviada.

Dancei com mais de dois guardas, conversei com homens e mulheres do alto escalão, recebi mais desculpas do meu pai e dancei com Mike. Meus pés estavam doloridos e toda a roupa me parecia pesada demais aquela altura da festa.

Observei que os convidados riam e se divertiam ao máximo, expressões felizes estavam espalhadas por todos os lados. Me aproximei daquela maravilhosa cascata de chocolate e me servi um pouco; mal havia começado a saborear o chocolate quando uma mão tocou meu ombro.

— Senhorita.

Virei-me e encarei metade de uma máscara e metade do rosto de Nicholas. Seus olhos pareciam brilhar enquanto me encaravam, e senti meu coração palpitar.

— Grande escolha — falei, indicando a fantasia dele. — Quase parece sério.

Ele riu.

— Gostei da sua também — e ele levou uma das mãos até minhas asas. — Bem realista.

— Isso se chama profissionalismo, minhas criadas são incríveis.

— Mas também fica fácil quando se tem uma boa modelo.

— Nisso eu tenho que concordar — abanei o ar com a mão.

O sorriso dele tornou-se ainda mais largo, e ele estendeu a mão para mim.

— Me concederia a honra de uma dança?

— Meus pés estão me matando — respondi.

Foi como se eu não houvesse dito nada; Nicholas pegou minha mão e me conduziu até a pista novamente.

— A última vez que dançamos, bem, não foi muito legal — falou, aproximando o rosto do meu.

Tive que concordar, já que fomos surpreendidos por rebeldes e ainda fiz um curativo em um guarda ferido. Aproximei meu rosto do ombro dele, e deixei que a música nos conduzisse.

— Você parece feliz — comentou ele, enquanto girávamos pela pista de dança.

— E eu realmente estou — respondi. — Estou de bem com os meus pais, Theo está com uma pessoa especial, Mike também está feliz...

— E você está comigo.

Levantei a cabeça tão rápido que acabei perdendo o foco por um momento. Olhei no fundo dos olhos de Nicholas e ele permaneceu impassível.

— Como assim? — murmurei.

Ele me puxou para mais próximo de si, de modo a ficarmos colados um no outro.

— Não sei explicar o que você me faz sentir, Alexia. Mas sei que é algo bom, algo diferente de qualquer coisa que eu já tenha sentido.

Senti meu coração disparar, e era como se algo transbordasse dentro de mim.

— Acreditaria se eu dissesse que sinto o mesmo? — indaguei.

— Você me faz querer ser um homem melhor, entende? — ele baixou a voz, quase sussurrando.

Eu o abracei forte enquanto dançávamos, fechei os olhos por um momento e desejei que ele pudesse sentir como eu me sentia. Queria ele pudesse sentir o quão forte meu coração batia por ele.

A festa toda foi um completo sucesso, e depois de uma queima de fogos de tirar o fôlego, boa parte dos convidados que não iria passar a noite no palácio começou a ir embora. Meus pais me desejaram boa-noite e se retiraram, Theo e Mike fizeram o mesmo e vendo que não havia mais nada para mim ali, comecei a me retirar também.

Antes de subir as escadas retirei os sapatos, e me apoiei no corrimão para alcançar os andares superiores. Alcancei o corredor onde meu quarto se situava e suspirei, ele agora encontrava-se parcialmente vazio, e apenas Felicity e eu o ocupávamos.

— Precisa me ensinar esse truque que você usa para desaparecer tão rápido.

Nicholas caminhava na minha direção; já havia abandonado a máscara e a capa, e trazia uma pequena tijela com frutas entre as mãos.

— O que faz aqui?

— Vim lhe fazer companhia — respondeu. — A menos que não queira.

Love Someone - Jason Mraz

Adentramos o meu quarto e corri para me sentar sobre a cama. Poder esticar e relaxar as pernas parecia algo maravilhoso. Nicholas sentou-se ao meu lado, recostado contra os travesseiros.

— Foi uma grande noite — falei, me servindo de uma uva.

— E quem disse que já acabou? — indagou ele.

O encarei e tentei encontrar o sentido daquelas palavras; ele deixou a tijela sobre o criado-mudo e me encarou. Sua mão ergueu-se e ele acariciou minha bochecha.

— Já falei o quanto você estava divina hoje? — perguntou.

Nicholas inclinou-se e beijou meu rosto, em seguida apertou seus lábios contra os meus. Apoiei minha mão contra suas costas e senti quando o peso de seu corpo caiu sobre o meu. Deixei que meus dedos se perdessem por entre seus cabelos, enquanto sentia o gosto doce do beijo dele.

Não soube exatamente quando metade da minha fantasia foi ao chão, mas apenas tomei consciência de que metade da camiseta de Nicholas também já estava desabotoada. Meu corpo inteiro parecia quente, e eu estremecia a cada respiração dele contra a minha pele quando beijava meu pescoço.

Ao passo que eu não queria que parasse, também sabia que aquilo era errado. Ao menos ainda. Depositei minha mão contra o peito dele, sentindo sua pele contra a minha. Precisei me esforçar para afastá-lo.

— Nicholas — sussurrei. — Não podemos.

Ele me encarou e engoliu em seco. Seu cabelo estava completamente bagunçado, e até o meu coque já havia se desfeito. Ele balançou lentamente a cabeça, concordando. Em seguida, girou o corpo para o lado e ficou de barriga para cima, encarando o teto.

— Sinto muito — murmurei.

— Ei — falou, me puxando para perto de si e me abraçando. — Não sinta, você tem total razão. Acho que nos empolgamos um pouco.

— Um pouco?

Ele riu.

Segurando a minha mão Nicholas entrelaçou os dedos nos meus, minha cabeça estava apoiada contra seu peito e eu sentia sua respiração suave. Se eu ao menos pudesse permanecer pelo resto dos meus dias...

— Não posso perder você, Alexia — ele disse, de repente.

Eu me virei para encará-lo e depositei um beijo em seu peito.

— Isso não vai acontecer — sussurrei. — Porque não importa o que aconteça, eu sempre serei sua.

As palavras escaparam pelos meus lábios tão naturalmente, que eu apenas tomei consciência delas depois que já as havia dito. E também já não tinha diferença, aquela era a verdade; era daquilo que se tratava quando eu falara com Theo durante a festa.

Aproximei meu rosto do dele e o beijei brevemente.

Aconcheguei-me entre seus braços e nenhum de nós dois precisou dizer mais nada. Observei a cortina balançar lentamente por conta do vento, e me vi imaginando uma vida ao lado de Nicholas. Há algum tempo aquilo me pareceria impossível, mas ali, dentro do abraço dele, me parecia a melhor ideia do mundo.


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Notas finais do capítulo

Ei, e aí, o que acharam amores? OAKSPAOKSPOAK Theo e Lily hein? :3
Enfim, quero deixar aqui para vocês como eu imagino o soldado Luke Harrison: http://33.media.tumblr.com/tumblr_maderxCwBg1rr6ht5.gif

Beijinhos e até o próximo! ♥