Blood Royal escrita por jupiter


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Prontas para ver Alexia sabendo de salto 15? Huahuahuahua
Aproveitem, amores. ♥



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That's What You Get - Paramore

NÓS ESTÁVAMOS REUNIDAS EM UM círculo no meio do Salão das Mulheres, tentando de alguma forma erguer um tipo de convivência civilizada entre nós. Com uma garrafa plástica de água mantida entre as mãos, nós tínhamos que compartilhar algo a respeito de nós mesmas. Se tínhamos algum sonho, o que gostávamos de fazer e todas essas coisas.

Era a vez de Brittany e foi preciso uma reprimenda suave da rainha para que controlássemos nosso alvoroço. Apertando firmemente a garrafa entre as mãos, ela olhou para cada uma de nós.

— Bem, meu sonho sempre foi ser uma grande atriz — disse. “Previsível”, pensei comigo mesma. — Sempre gostei de escrever meus próprio dramas, era o que fazia no tempo livre quando estava em casa...

Ela fez uma pausa arrastada, onde toda nós nos curvamos para poder ouvir.

— Vamos lá — empolgou-se Lori, ao meu lado. — Isso tudo são coisas que nós já imaginávamos, agora nos conte algo que não sabemos.

Observando cada rosto ali presente, Brittany hesitou mediante o que quer que cogitasse dizer. Ela olhou por cima do ombro mais de uma vez e por fim curvou-se para nós, baixando a voz para um sussurro.

— O príncipe e eu nos beijamos.

Eu sorri, mas senti como se tivessem me acertado um soco entre os olhos. O que eu deveria estar esperando? Que fosse apenas comigo? Aquela altura do campeonato aquele tipo de pensamento parecia ridículo e imaturo.

A brincadeira de repente perdeu todo o seu encanto, nosso círculo agora resumia-se em um bando de garotas curiosas para saber como tinha sido e quando. Senti como se os outros beijos não tivessem mais importância. Eu deveria me sentir tão mal?

Ao meu lado Lori era uma das quais parecia bastante interessada no assunto, tentava formular uma pergunta diante do turbilhão que as outras faziam.

— Como foi?

— Ele beija bem?

Quando foi?

Brittany riu, tímida.

— Ontem, depois do jantar ele disse que queria me ver — disse. — Eu não imaginava que pudesse acontecer, mas acabou que... bem, estávamos próximos demais um do outro.

Engoli em seco. Uma dor aguda havia começado a se formar na lateral da minha cabeça.

“Não seja tola, Alexia”, disse para mim mesma. “Isso é uma competição, ter seus sentimentos destruídos de vez em quando faz parte.”

Mas eu sabia que estava mentindo para mim mesma, numa tentativa fútil de tentar me enganar. A verdade era que eu não sabia como me portar diante daquela situação, não sabia como deveria agir quando encontrasse Nicholas novamente.

Lutei contra o ímpeto de dizer que eu também o havia beijado, e mais de uma vez por sinal. Ergui-me desajeitadamente e algumas meninas olharam na minha direção.

— Minha cabeça — balbuciei. — Está estourando.

Virei-me na direção da rainha e a vi nos observando, seu olhar voltou-se para mim e fiz uma breve reverência. Caminhei rapidamente em direção as grandes portas duplas e alcancei o hall.

— Está tudo bem?

A voz fez meu estômago revirar. “Maldita dor de cabeça!

Nicholas estava parado a alguns passos de onde eu me encontrava, não consegui encará-lo. Não sem pensar em Brittany, não sem pensar nos dois juntos, não sem pensar nos momentos que deveriam ter tido, não sem pensar no que deveriam ter dito um ao outro depois.

A dor aumentou e precisei fazer um grande esforço para tentar controlar minha respiração.

— Estou bem — respondi, e percebi o quanto aquilo soou superficial.

— Você está pálida — notou ele. — Alexia, o que você tem?

Fechei os olhos com força.

— Eu só... estou enjoada, só isso. Não está sendo um dia muito bom.

Ele parecia confuso e não fazia o menor esforço para esconder isso. Avançou na minha direção e segurou meu rosto entre suas mãos.

— Você está gelada — observou. — Levarei você até a ala hospitalar, o doutor Garvin poderá deixá-la em repouso.

Senti as lágrimas queimarem em meus olhos. A dor fundindo-se a minha frustração haviam me conduzido a tal impulso. Eu queria repeli-lo para longe, lhe dizer que poderia me virar sozinha, mas minha visão estava embaçada e era como se pregos perfurassem meu crânio.

— Ei! — ele disse ao notar que eu estava chorando. — Vai ficar tudo bem, venha.

“Estúpido!”, eu queria gritar. “Estúpido!”

Uma das mãos dele apoiou-se contra as minhas costas, com a outra ele fez meus pés deixarem o chão. Beirando o ridículo deixei com que me carregasse no colo até a ala hospitalar. Afundei meu rosto contra seu terno, desejando profundamente que aquela maldita dor fosse embora e sentindo o suave perfume que emanava de sua roupa.

Atravessamos vários leitos e por fim fui disposta sobre uma das camas. O doutor Garvin rapidamente se aproximou. Depositou uma das mãos sobre a minha testa e quis saber o que havia acontecido.

— Minha cabeça está explodindo — disse.

Ele checou meus olhos, meu pulso e por fim disse:

— Foi uma enxaqueca repentina bem forte. Costuma ter muito isso, senhorita?

Balancei a cabeça, o que foi um erro. A dor me fez estremecer.

— É a primeira vez — respondi.

— Certo, lhe darei um analgésico e você permanecerá aqui até o fim do dia. Tudo bem?

— Está certo — concordei.

Ele virou-se e saiu para buscar o remédio, enquanto isso Nicholas e eu apenas ficamos lá, sem dizer uma única palavra.

— Obrigada — murmurei.

— Não há de quê, verei você depois, preciso ir agora.

Se ele esperava que eu dissesse mais alguma coisa eu não o fiz. Observei o bordado do meu vestido, e só tornei a erguer os olhos quando escutei seus passos se tornando cada vez mais distantes.

Enquanto observava sua silhueta sumir do meu campo de visão, me peguei questionando a mim própria se era possível sentir ciúmes de algo que nem era meu.

***

Traitor - Daughtry

Lori havia sumido durante toda a tarde e eu não a havia visto durante o jantar. Depois de cruzar com uma de suas criadas pelos corredores, indaguei se estava tudo bem com ela.

— A senhorita Lori estava apenas indisposta — dissera-me ela.

Na manhã seguinte ela finalmente deu as caras no Salão das Mulheres, seu rosto estava inchado e haviam notáveis olheiras sob seus olhos.

— Está tudo bem? — perguntei.

Ela concordou com um aceno de cabeça. Estava mais silenciosa que o habitual, parecia tensa e a todo momento olhava de um lado para outro do salão. Observei que, apesar de não estar fazendo frio, ela vestia um vestido de mangas longas.

Peguei-me agindo como uma detetive, tentando encontrar evidências que me permitissem descobrir o que havia acontecido. Não tardei a encontrar; escondidos sob o cabelo dela, grandes arranhões vermelhos ainda estavam claramente visíveis.

— Quem fez isso? — perguntei.

As mãos dela dirigiram-se rapidamente para o ponto em que os arranhões haviam sido feitos. Seus olhos se arregalaram e seu lábio inferior tremeu ligeiramente.

— Foi um acidente — mentiu. — Até cortei minhas unhas.

— É uma péssima mentirosa — disparei. — Foi alguma das meninas?

Os olhos dela tornaram-se suplicantes, e eu compreendi na hora. Alguém havia agredido Lori, e ela não havia dito nada.

— Por favor — os olhos dela marejaram. — Deixe isso para lá, depois some.

— Venha cá.

Puxei-a pela mão e a conduzi para longe do Salão das Mulheres. Cruzamos corredores, passamos por guardas de sentinela e por fim paramos em um que estava completamente vazio.

— Mostre seus braços — pedi.

Lentamente ela ergueu as mangas, a visão dos ferimentos me fez perder a fala por um momento. Arranhões sobrepunham-se uns sobre os outros, como se ela tivesse entrado numa briga com gatos loucos.

— Quem fez isso? — pressionei.

As primeiras lágrimas escorreram por seu rosto e eu as sequei imediatamente.

— Rowena... — a voz dela soou pouco mais do que um sussurro.

Senti meu sangue ferver. Era claro a única ali dentro baixa o suficiente para aquele tipo de atitude era ela.

— Quem ela pensa que é? — vociferei.

— Não faça nenhuma loucura, Alexia — pediu Lori. — Ela tem muitas máscaras, pode enganar as pessoas facilmente.

— Ótimo — respondi. — Pois vou adorar ver cada uma delas cair.

— Deixe isso para lá...

— Ela agrediu você, se ela quer jogar precisamos começar a ditar nossas próprias regras também.

Rostos voltaram-se na minha direção quando adentrei o Salão das Mulheres feito um furacão. Rowena estava sentada sobre o sofá em companhia de Amber e outras duas garotas. Fiz questão de manter a minha melhor postura e usei meu tom de voz mais grave.

— Podemos conversar um minuto?

O olhar presunçoso e cínico dela me fazia ter vontade de espancá-la.

— Não me lembro de ter nenhum assunto a tratar com você, mas se quiser conversar pode dizer tudo na frente delas — disse, numa falsa voz inocente.

Respirei fundo e olhei ao redor, os deuses deveriam estar mesmo ao meu favor. A rainha America não se encontrava em seu assento, de modo que o todo o salão era nosso.

— Muito bem, se prefere assim — comecei. — Quem você acha que é para erguer a mão para Lori?

A um pedido meu, Lori havia ido diretamente para o quarto. Ela não tinha o mesmo sangue quente que o meu, e de algum modo era bom mantê-la longe.

— Desculpe — Rowena deu uma risada, erguendo-se. Todas as garotas prestavam atenção em nós. — Uma acusação como essa, feita sem provas, pode ser muito prejudicial.

— Ah, mas existem provas. Os braços e o pescoço dela parecem que foram passados no arame farpado.

— Só vou lhe dizer uma coisa, Alexia — Rowena mudou de tom, querendo me intimidar. — Se continuar com essas acusações infindáveis, terei que contar tudinho ao príncipe. E ele não ficará nada feliz em saber que duas Selecionadas andam difamando outra.

— Você pode ter muitas faces para os outros, Rowena, mas eu só enxergo uma delas. E vai ser justamente nessa que eu vou ter o prazer de enfiar a mão se ousar chegar perto da Lori novamente — falei de um modo para que todas ouvissem. — Se tocar num fio de cabelo daquela garota farei você desejar nunca ter tido mãos.

Lancei-lhe um sorriso presunçoso e me virei para sair do salão.

— Está me ameaçando, Alexia? Diante de tantas testemunhas?

— Entenda como quiser — me virei para encará-la. — Eu estava tentando levar tudo isso de maneira pacífica e pretendo continuar, receio que nenhuma de vocês queira guerra. Mas vou logo avisando, se persistirem estarão mexendo com a pessoa errada.

Esperei que alguém se manifestasse, mas não houve mais nenhuma palavra.

Assenti lentamente e me dirigi ao meu quarto.


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