Blood Royal escrita por jupiter


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

CAPÍTULO DEZ, GENTE!!!
AI QUE TUDO!!
Espero que vocês estejam gostando e que continuem acompanhando. Sério, vocês são ótimas!
Aproveitem o capítulo, beijos. ♥



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Ei, Lexi!

Sinto muito por não ter respondido sua carta antes, houve um atraso na entrega e o trabalho estava exigindo um pouco mais do seu irmãozão aqui. Então, como vão as coisas? Creio eu que você está se saindo bem, caso contrário o príncipe já teria lhe mandado embora, certo? NÃO SEJA UM PÉ NO SACO!

Brincadeirinha.

Li e reli as linhas que você gentilmente me escreveu (adorei o texto que você anexou, quero mais!), identifiquei o real motivo pelo qual você estava me escrevendo, sua bipolaridade naquela mensagem me deixou um tanto quanto confuso, portanto me escreva em breve se o que eu compreendi estiver errado, tudo bem?

Olha, Lexi, sei que está confusa com tudo o que está acontecendo na sua vida agora. Toda essa atenção, essa loucura que deve ser a vida no palácio, o fato de estar convivendo com a família real... sei que de longe foi isso que você imaginou para a sua vida, mas tome toda essa situação como uma experiência muito, muito importante. Se você tiver que vir embora, todos nós estaremos aqui de braços abertos para lhe receber, até mesmo a mãe e o pai. Agora, se você ficar, saiba que também estaremos do seu lado. SEMPRE. Não importa o que aconteça. Você é uma garota forte, de ideais poderosos e dona de um coração de ouro, sei que pode saber como contornar essa situação. É o seu momento, lembra? Sua chance, não desista dela.

PS: Às vezes nós precisamos nos perder para finalmente nos encontrar. Fuja um pouco dos padrões, Lexi. Permita-se.

Com muito, muito amor,

Theo.”

***

— Amanhã iremos aparecer para toda Illéa, tem noção disso? — exasperou-se Lori.

— Você não está ajudando muito — respondi, relanceando o olhar para cada uma das meninas.

Kaya havia nos comunicado de supetão que finalmente as pessoas iriam nos conhecer, uma a uma, ao vivo durante a transmissão do Jornal Oficial. Era óbvio que aquilo era algo pelo qual já deveríamos esperar, mas existe um abismo gigante entre esperar e estar pronta para isso.

Todas as garotas pareciam extremamente tensas, seus semblantes preocupados indicavam isso claramente. Bem, exceto uma.

— Já deixei minhas criadas avisadas, quero estar deslumbrante amanhã — anunciou Rowena, num tom de voz desnecessariamente alto. — Vocês sabem, como uma Dois, as câmeras já não me são mais estranhas.

Revirei os olhos. Sentada mais ao fundo, a rainha America estava absorta em sua leitura, parecia tão concentrada que me questionei por um momento se ela estava ouvindo as idiotices que Rowena soltava.

— Você era modelo, não é? — indagou uma das meninas próximas a ela, Amber.

— A melhor — respondeu Rowena, orgulhosa. — Se eu não tivesse sido selecionada estaria no ápice da minha carreira agora.

Meu olhar encontrou o de Brittany do outro lado do sofá e ela fez uma careta, oprimi uma risada e desviei minha atenção. Às vezes conviver apenas com um monte de garotas era extremamente chato, você nunca conseguia saber realmente o que elas achavam de você. Por vezes cansei de vê-las conversando com alguém, e no minuto em que essa pessoa as deixava, começavam a falar a respeito delas.

Apoiei minha cabeça contra o sofá e fechei os olhos. A carta de Theo havia me dado um novo gás, havia me dado algo em que pensar. As perguntas rodopiavam pela minha mente feito um furacão, e mediante as possibilidades eu sempre me questionava “por que não?”.

Um burburinho de excitação se assentou no Salão das Mulheres e Lori deu um cutucão no meu braço.

Abri os olhos e compreendi o motivo daquela mudança repentina no ar. Sob o olhar caloroso e de consentimento da rainha, Nicholas agora atravessava o Salão das Mulheres curvando-se brevemente para nós de maneira cordial. Perdi tanto tempo observando-o que acabei por não lhe fazer uma reverência também.

— Está perdendo a noção do perigo, Alexia? — sussurrou Lori.

— O quê?

— O príncipe é parte da realeza, se esqueceu do que Kaya nos disse? Sempre que encontrarmos qualquer um deles, devemos sempre fazer uma reverência.

Soltei pesadamente a respiração.

— Eu me distraí, foi apenas isso — me desculpei.

Tentei concentrar minha atenção em qualquer outra coisa que não fosse Nicholas e a rainha, mas de todo modo sempre me pegava olhando para aquele lado pelo canto do olho. Eles falavam de maneira terna um com o outro, e a rainha o tempo todo não conseguia lutar contra o impulso de arrumar alguma parte da roupa dele.

— Preciso ir ao meu quarto, nos vemos no jantar — disse rapidamente a Lori, e comecei a me dirigir em direção a saída antes que ela pudesse responder.

Alcancei o hall de entrada e dobrei um corredor qualquer. Alguns guardas me olharam com curiosidade, mas ninguém me impediu de continuar. Encontrei um banco solitário encostado a parede e me lancei sobre ele.

Apoiei meus cotovelos nos joelhos e tampei o rosto com as mãos, minha pele cheirava a pêssego, o que me fez logo fazer uma notal mental para dizer as minhas criadas para não usarem mais aquela loção em mim.

Tentei me manter concentrada no que viria no dia seguinte, em como eu deveria me portar diante das câmeras, como Fray deveria ser pessoalmente e em como toda aquela situação implicaria no gosto do púbico sobre nós.

— Alexia — ouvi alguém chamar.

Gemi baixinho e levantei os olhos para a pessoa que estava a poucos passos de distância. Nicholas. Pude ouvir a voz de Lori me censurando mentalmente. “Faça a reverência...”

Ameacei me pôr de pé, mas ele ergueu uma das mãos e permaneci sentada. Sentando-se ao meu lado, ele juntou as mãos sobre o colo e apoiou a cabeça contra a parede atrás de nós.

— Preparada para amanhã? — indagou ele.

— Seria convincente se eu dissesse que estou tranquila?

— Definitivamente não.

Suspirei.

— Sinceramente não sei o que esperar — encolhi os ombros. — Só desejo que o sorriso brilhante do Fray não me deixe permanentemente cega.

Ele gargalhou. Um som jovial, cheio de uma energia que me fez sentir revigorada imediatamente. Não pude deixar de me sentir um pouco orgulhosa por tê-lo feito rir, mesmo que tenha dito uma completa idiotice.

— Acho que os holofotes contribuem um pouco para todo aquele brilho — ponderou ele. — Se bem que as lantejoulas também ajudam. Ele seria capaz de iluminar uma cidade inteira.

Eu ri e nós ficamos em silêncio.

Me prestei a observar um vaso de plantas que havia na minha frente, e de uma maneira meio desengonçada, me apoiei contra a parede também. Nicholas suspirou.

— Dia cheio? — perguntei.

— Estou dando um tempo aqui, mas logo terei que voltar lá para cima — os olhos dele fixaram-se num ponto do teto, como se pudesse ver além dele.

— Deve ser bem chato — comentei, o olhar dele baixou para o meu. — Digo, não me imagino tendo milhares de pessoas dependendo das minhas decisões e tudo o mais...

— Está aqui para ser princesa, uma princesa precisa estar preparada para tudo isso.

Ele não havia dito nada demais, ainda assim senti minhas bochechas esquentarem.

— Eu sei, é só que... — tentei desconversar, mas não consegui encontrar mais nada para dizer, então me calei.

Novamente ficamos em silêncio. Eu podia sentir os olhos dele no meu rosto, mas não me atrevi a me virar.

— Acho que irá se sair bem amanhã — disse ele, por fim.

— Se eu começar a fazer vergonha interrompa a transmissão — pedi.

Ele se levantou.

— Tem a minha palavra — respondeu prontamente. — Eu preciso ir. Até mais, Alexia.

— Até mais, alteza.

Ele já estava se virando, mas interrompeu o gesto. Me encarou com as sobrancelhas erguidas.

— O que aconteceu com Nicholas?

Sorri.

— Até mais, Nicholas.

***

Team - Lorde

— A senhorita precisa encontrar as demais na entrada do Grande Salão — disse Cali.

Ergui-me de um pulo e me postei diante do espelho, uma última checada no visual antes de descer.

O vestido era roxo escuro, e a maquiagem contrastava com ele. Leah havia feito uma trança lateral nos meus cabelos e uma tiara prateada havia sido posta no topo da minha cabeça, como uma coroa.

— Me desejem sorte — pedi as três, então finalmente saí do quarto.

Quando alcancei o pé da escada me vi mergulhada em um mar de vestidos luxuosos e requintados. Diversos olhares voltaram-se para mim quando cheguei, indo desde a bainha do meu vestido até a tiara.

Tentei não me sentir nervosa, não me deixar intimidar pelas outras. Avistei Lori parada do outro lado, juntamente com Brittany e Miranda.

— Alexia! — Lori exclamou. — Você está divina. E essa tiara? Meu Deus!

— Minhas criadas sempre me surpreendem — respondi, abrindo os braços para indicar todo o modelito.

— Você realmente deu sorte — comentou Brittany, que trajava um vestido vermelho de cauda longa. — Elas simplesmente arrasam!

— Meninas, meninas! — a voz esganiçada de Kaya soou acima do burburinho de vozes. — Estão todas aqui? Sim? Certo! A família real já foi acomodada, assim que essas portas se abrirem é a vez de vocês entrarem. Os câmeras as acompanharão até o lugar onde vocês deverão ficar, sentem-se rapidamente. Quando chegar a hora Fray chamará uma por uma. Tudo bem?

Houve um murmúrio de concordância e ela pareceu satisfeita. Virou-se para os guardas que estavam diante da porta e lhes fez um gesto.

No minuto seguinte estávamos sob uma luz ofuscante e brilhante, a voz de Fray retumbou no microfone, mas eu estava atordoada demais para conseguir me concentrar no que ele falava. Estreitei os olhos e consegui me guiar junto com as demais para o canto que nossas cadeiras haviam sido dispostas.

Tentei não tropeçar e muito menos cair. Quando finalmente me sentei foi que soltei a respiração. Lori estava pálida, e até mesmo Miranda que sempre demonstrava uma autoconfiança incrível parecia atordoada.

Esfreguei minhas mãos contra o vestido, num gesto indelicado e infeliz. De frente para onde estávamos uma grande cortina havia sido posta para servir como fundo, na frente dela haviam duas cadeiras. Uma ocupada por Fray e outra designada para que pudéssemos nos sentar.

Ao fundo haviam sido dispostas três cadeiras mais elevadas, o rei Maxon, a rainha America e Nicholas já estavam ocupando seus lugares. Todos parecendo descontraídos e relaxados. Tentei fazer o mesmo.

“São só algumas perguntas, umas perguntas bobas”, repeti para mim mesma.

Meu coração batia descompassado e minhas mãos insistiam em continuar suando. Se eu fosse vista em rede nacional completamente suada de nervoso seria um fiasco total!

— Boa noite, Illéa! — começou Fray, animado. Seu terno dessa vez era verde água. — Preparados para conhecerem nossas queridas Selecionadas? Eu mal posso esperar para falar com cada uma delas.

Observei quando ele começou a chamar os nomes. Uma a uma as garotas começaram a descer, sentando-se naquela cadeira como se já tivessem feito aquilo milhares de vezes. Mas apesar da força que faziam para disfarçar o nervosismo, eu era capaz de ver o alívio iminente em seus rostos quando voltavam para seus lugares.

— Senhorita Alexia Walcolt — chamou Fray, com um sorriso imenso no rosto.

Meu nome! Era o meu nome!

Me ergui me certificando para que minhas pernas não bambeassem e novamente fui engolfada pelas luzes brilhantes. Peguei o microfone e me sentei, tendo uma visão ampliada de todos ali presentes. De um lado, as garotas. Do outro, a família real.

Por cima do ombro de Fray eu avistei Nicholas, ele sorria de modo tranquilizador e realizou um movimento quase imperceptível com a cabeça. Relaxei um pouco mais.

— Então, senhorita Alexia, o que está achando da vida no palácio? — começou Fray.

Pigarreei.

— Estou achando tudo bem surreal, é uma realidade completamente oposta da qual eu estava habituada.

Ele sorriu satisfeito.

— E o que você costumava fazer antes de ser uma das trinta e cinco Selecionadas?

Eu poderia dizer que estava pensando em seguir carreira na medicina, ou no ramo de advocacia como meu pai, mas não seria justo. Eu não estaria sendo honesta, nem comigo mesma, nem com o povo de Illéa e nem com o príncipe.

— Na verdade eu ainda costumo fazer — corrigi. — Eu amo escrever.

— Ah, temos uma escritora aqui — brincou ele.

Encolhi os ombros, encabulada.

— Exatamente.

Fray apoiou o cotovelo nos joelhos e curvou-se, como se fosse contar um segredo, mas sua voz ainda ecoava por cada canto do grande salão.

— E quanto ao príncipe, o que acha dele?

Tenho certeza de que naquele momento fiquei vermelha feito o vestido da Brittany.

— Ah... bem... — concentre-se — O príncipe é, como todos imaginam, muito gentil. Um verdadeiro cavalheiro.

Um brilho malicioso perpassou os olhos de Fray.

— Se tivesse que escrever alguma coisa a respeito dele, o que seria?

— Um romance — respondi, sem titubear.

Levantei os olhos para Nicholas e encontrei aquelas duas esferas azuis grudadas em mim. Prendi a respiração.

— E como esse romance seria? Cheio de aventura? Mistério? Uma paixão ardente? — pressionou Fray.

— Fray Devereaux — censurei em tom de brincadeira. — Terei que decepcioná-lo dessa vez. Uma escritora não revela seus enredos, não antes de colocá-los em prática.

Ele fingiu estar decepcionado.

— Tudo bem, posso viver com isso! — em seguida concentrou-se na câmera. — Senhoras e senhores, essa foi a senhorita Alexia Walcolt, de Columbia.

***

Eu ainda tremia quando finalmente adentrei o quarto e me vi naquele silêncio que nunca me pareceu tão bom. Leah, Cali e Tessa me cobriram de parabenizações enquanto eu me dirigia em direção a sacada.

Fechei os olhos e aspirei profundamente o ar doce de Angeles.

— Vocês acham que eu fui bem? — perguntei.

— Maravilhosamente bem — respondeu outra voz.

Virei-me bruscamente e encarei Nicholas. Ele estava parado na soleira da porta, como na noite em que fomos jantar, um sorriso divertido brincava em seus lábios.

— Vocês precisam aprender a me avisar — eu disse as outras três, em tom de falsa censura.

— Desculpe, senhorita — respondeu Tessa, ocultando um sorriso.

Voltei-me para Nicholas.

— Eu pensei que fosse desmaiar — confessei.

— Você parecia tranquila.

— Céus, eu estava a ponto de entrar em um colapso nervoso.

— Quer dizer que escreveria um romance sobre mim?

— Hein?

— O que você disse a Fray...

— Ah, aquilo — suspirei. — Sim, eu escreveria um romance sobre você. E nem me olhe desse jeito, não revelarei minhas ideias para você.

Ele sorriu.

— Um dia você me dirá, tenho certeza.

— Não se convença muito — retruquei.

Nicholas avançou e parou ao meu lado, observando o jardim.

— Eu gostei — ele disse de repente, após um tempo. — A tiara.

— Ah — levei debilmente as mãos ao topo da cabeça. — Foi ideia delas.

Ele observou o objeto prateado preso aos meus cabelos e em seguida me encarou.

— Deixou você parecendo uma princesa.

— Estou longe de ser uma.

Silêncio.

Seguiu-se um momento desconcertante em que nenhum de nós dois falou. Nicholas apenas ficou lá, me encarando e me fazendo sentir como se eu diminuísse a cada segundo.

— Sabe, no fim das contas foi uma boa coisa ter deixado você ficar.

— Porquê? — indaguei, não conseguindo controlar minha curiosidade.

— Porque você é fantástica.

Bingo!

Estremeci dos pés a cabeça, baixei os olhos para as minhas mãos e soltei uma risada nervosa.

— Muito obrigada por me fazer ficar completamente sem graça, alteza.

— Então agora posso ter uma boa noite — respondeu ele.

Ele curvou-se na minha direção do lugar em que estava e eu congelei. Senti, imóvel, quando ele depositou um beijo em uma das minhas bochechas. Minhas criadas ainda estavam no quarto, eu sabia que elas haviam visto aquilo. Nicholas pareceu congelar por um momento e eu senti seu rosto ainda bem próximo do meu.

— Boa noite — ele disse ao meu ouvido, rapidamente.

Antes que eu pudesse sair do transe para lhe responder ele já tinha ido. Voltei para dentro do quarto e me sentei sobre a cama ainda sem nenhuma reação. Ainda podia sentir o beijo na minha bochecha.

Ergui os olhos lentamente para minhas criadas e finalmente balbuciei um emaranhado de palavras:

— O que foi isso?


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