Cara ou Coroa escrita por Inexistente


Capítulo 2
Um


Notas iniciais do capítulo

Minhas mais humildes desculpas para aqueles poucos que esperavam a continuação da estória. Infelizmente, os tempos se tornaram curtos e felizmente, hoje consegui escrever.

Ou seja: Capítulo escrito diretamente no Nyah! Isso que é vida!

Espero que ele esteja "lelível", se é que me entendem haha



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Os primeiros raios de Sol tocaram sua janela abarrotada e sem cortinas, despertando-o. Seus olhos se estreitaram, como de costume e antes que seu corpo reclamasse com a preguiça e com a dor dos machucados causados na noite anterior, levantou-se, abandonando o velho colchão de palhas e seus panos velhos usados como cobertores. Olhou ao redor, os outros ainda dormiam, enquanto alguns outros acordavam naquele momento.

Não se lembrava exatamente do que havia acontecido, mas ao olhar a mulher encostada no batente da porta de madeira velha da senzala, entendeu. A mulher de pele enrugada e fios brancos tinha idade para ser sua mãe e desde que perdera seus pais, considerava-a como uma. Lídia suspirou, com os olhos baixos. Em sua mão segurava um pedaço de pano velho e sujo de sangue, no qual entendeu quase instantaneamente que aquele sangue era seu.

– Josué... - Sussurrou a mulher, tão baixo que quase não a ouvira. Sabia que ela o encheria de mimos preocupados, diria para não ter feito o que fez e para que se deitasse para que terminasse de cuidar dos curativos, mas não a deu ouvidos. Abaixou a cabeça e passou pela mesma, indo em busca de suas velhas roupas rasgadas. Hoje era dia de ir para a mina e certamente se ele não estivesse lá no horário, iriam vir atrás dele e isso não seria nada bom. Não se preocupava com o fim que poderia levar, mas apenas com o começo que sua morte pudesse trazer.

Sua barba tão negra quanto seus cabeços estavam sujos de poeira, junto com um pouco do sangue que escorrera de sua boca, mas não tinha tempo de se lavar. Na verdade, o único momento que teria para fazer isso seria pela noite, quando os guardas estivesse dormindo e pudesse ir para o rio.

Olhou-se no velho espelho embolorado e amarelado, analisando seu rosto com dificuldade. Sua pele morena estava marcada e vestir o trapo de pano em seu corpo era uma tremenda dificuldade. Suas costas ardiam. Notou com o canto dos olhos que Lídia o analisava. A mulher encheu o pulmão de ar, iria falar algo, mas não permitiu. Virou-se e passou por ela e em silêncio, beijando-lhe a testa. Era um agradecimento mudo por ter cuidado de si.

Antes que passasse pela porta da entrada de sua casa, permitiu-se olhá-la pela última vez. No canto de seus lábios, pode ver o sorriso admirado e os olhos brilhosos da mulher. Agradeceu mentalmente por ela.

–-- x ---

Após um pouco mais de uma hora caminhando com suas velhas ferramentas sobre os ombros chegou aonde deveria ser a caverna. Lá estava mais alguns de seus companheiros, que o olhavam compreensível. Abaixou a cabeça e passou por eles, indo para seu lugar. Sinceramente, naquela manhã não queria ouvir ninguém.

Sua picareta tocou o solo da mina e o som emanado pela ferramente ecoou-se pelo local, revelando o pequeno pedaço de ouro que começava a aparecer. Pela entrada, pôde ver ao lado de fora o mesmo feitor que na noite anterior havia lhe dado o adestramento.

Ainda não conseguia entender por que esta discriminação por culpa da sua raça. Sentia-se como o pior dos animais e nem os filhos de seus amigos quando erravam eram tratados de tal forma. Ergueu mais uma vez a picareta e a bateu contra o emaranhado de pedras e barros. Seus ombros latejavam, pareciam deslocados. Se pudesse fazer um pedido, provavelmente pediria neste momento que os ouros daquela caverna fossem retirados sem que precisasse fazer esforço nenhum. A primeira gota de suor escorreu de sua testa. Sentia, com a velocidade de seus pensamentos, que o dia seria longo.

Os passos de cavalos ecoaram-se do lado de fora da caverna. Certamente vieram conferir se estava tudo em ordem. Sabia por conta do costume da rotina, que eram três feitores e que, se encontrasse qualquer mínimo motivo, bateriam em si sem dó. Confiante, apenas encheu seus pulmões de ar, ignorando a dor que sentia e continuou com as batidas ritmadas da ponta de sua picareta contra o interior da caverna que lutava para não ser destruída.

–- x--

Sentia que já faziam algumas horas desde que estava preso no interior da caverna. Ao seu lado, uma pequena pilha de ouro o esperava para serem carregados sobre seus ombros sujos e machucados. Ao lado de fora, jumentos esperavam para carregarem os ouros. Os olhos caídos de vários deles e os pelos colados e sujos revelava que em breve, morreriam de cansaço. Assim que retirou o seu último ouro, pegou-os nas mãos habilmente para até o jumento, depositando na cangalha sobre si até que enchesse-a.

–-- x ---

Voltou para buscar o último apunhalado de ouros que estava e antes que adentrasse a caverna, olhou ao redor, a procura do feitor. Sabia que em dias que não o via sair de seu posto por nenhum momento, perto desses horários ele não aguentaria mais segurar e sairia do seu posto em buscar de algum tronco no qual pudesse urinar. Sorriu, não estava encontrando-o.

Aproveitou o curto tempo e antes que entrasse na caverna, agachou-se sobre um pequeno riacho e molhou as mãos, com cuidado. Assim que terminou, pegou sua carga e a depositou na cangalha pela última vez no dia e em seguida passou a mão no pelo do jumento, secando-a. Pegou o animal pela corda e como os outros, o levou até o local de depósito do ouro.

A grande quantidade de árvores e plantas lhe deu uma certa paz. O vento sobre elas tocava seu rosto de forma fresca e calma. Sorriu. Era o momento em que relaxava, com a ajuda da natureza. Mesmo que seu corpo estivesse gritando de dor olhou para o céu entre as folhas verdes e agradeceu a Deus por mais um dia de vida, por mais um dia terminado e por mais um dia de trabalho terminado. Estava com sono.

–-- x---

O tempo caminhando até o local de depósito foi longo, mas aproveitou cada momento, ainda que seus pés latejassem. Aproximou-se do encarregado da contagem e anotações da coleta de ouro e os feitores, cuidadosos, que analisavam um por um. Assim que terminou de guardar o ouro, levou o animal para lavá-lo.

Ajeitou-o e o lavou com cuidado, passando a mão sobre seu pelo, como também a unha, esfregando-o enquanto retirava o excesso de água do mesmo. Quando terminou, agachou-se sobre os pés do animal e passou a mão sobre a água, retirando da mesma e passando por seu corpo e roupa, grudando a poeira de ouro que pegara em suas mãos, sunto com as pedrinhas encravadas sobre suas unhas. Era uma coisa perigosa o que estava fazendo. Teria que ter sorte para que hoje não fosse um dos escolhidos a dedo para ser supervisionado da cabeça aos pés. Passou as mãos em seus cabelos, procurando deixar o restante do ouro nos mesmos. Se levantou. Sabia que em sua casa não poderia deixar o ouro recém pego, mas conhecia um lugar completamente seguro.

Sorriu com o canto de seu lábio esquerdo, quase imperceptível. Esta noite, iria à igreja orar.


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Notas finais do capítulo

Boa noite, pessoas! Aí está o novo capítulo fresquinho!
Bem, se vocês não se importarem, fiquem a vontade para apontar qualquer erro que acharem! Por favor e.e

O capítulo foi meio cansativo, porque o Josué está um pouco cansado kkkkk (-q), mas logo acelera o ritmo. Esperem que não se importem com os capítulos de apresentações e enrolações!

Boa leitura à todos, abraços ~