Vênus escrita por Ninhax


Capítulo 2
Capítulo 2




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Quando Hermione sentiu o calor do sol em sua face, soube que era hora de levantar. O dormitório da Grifinória ficava na torre leste de Hogwarts, e a janela de seu quarto voltava-se para lá também, o que significava receber muita luz solar pelas manhãs durante todo o ano. E Hermione possuía o privilégio - ou o azar - de acordar com um beijo caloroso do sol todos os dias.

Ela levantou-se, ainda sonolenta, e completou toda a sua rotina diária, indo ao Grande Salão em seguida, para tomar seu café da manhã. Pouquíssimas pessoas andavam pelo castelo tão cedo, e a visão mais frequente era a de alunos bocejando e suspirando longamente.

A alguns metros da entrada do Grande Salão Hermione já pode sentir o cheiro agradável das comidas, e isso a fez andar um pouco mais rápido. A mesa da Grifinória estava praticamente vazia, mas Hermione localizou Neville, e sentou-se próxima dele.

— Bom dia, Neville. — Disse casualmente. — Não sabia que era um amante das manhãs.

Neville sorriu timidamente, enquanto Hermione servia-se com algumas frutas.

— Não sou, na verdade. Estou atrasado com algumas tarefas, e costumam dizer que o horário de melhor produtividade é a manhã.

Poucos instantes após sua explicação, Rony sentou-se a mesa, bocejando e encostando a cabeça na superfície lisa. Hermione ouviu um resmungo que parecia dizer algo como “Por Merlin, é sábado de manhã.”.

— Se este é o melhor horário, imagino o quanto dessa produtividade influenciará nos N.I.E.M.s desse aqui. — Hermione respondeu.

— Bem, talvez eu deva acordar mais tarde amanhã. — Neville riu. Hermione apenas concordou com um movimento de cabeça.

O correio da manhã chegou no horário usual e Hermione recebeu uma cópia do Profeta Diário e uma carta com um pequeno embrulho, com o nome de seus pais no envelope. Deixou o jornal de lado. Não queria ler notícias, não em tempos como esse. Nada do que lesse ali iria lhe agradar, e se acontecesse algo realmente relevante, logo ela iria saber. Afinal, era amiga do alvo principal de Voldemort. E isso incluía saber de tudo, e consequentemente, se envolver em tudo relacionado aos seus problemas.

Hermione decidiu então abrir a carta de seus pais. A carta dizia o quanto estavam com saudades, perguntava como Hermione estava e contava pequenas novidades da casa, como o fato de terem comprado uma nova televisão, e como seu pai a estava adorando. A carta dizia também o que havia no embrulho: Uma pequena maçã, ainda meio verde.

“Lembra-se daquela árvore pequena que você plantou no quintal quando era pequena? No embrulho estamos lhe enviando o seu primeiro fruto! Aproveite, e nos diga se estava bom!”.

Hermione sorriu ao tocar no fruto. Ela se lembrava. Naquela época nem sequer sabia que possuía habilidades mágicas, e costumava imaginar como seria o ensino médio, que tanto mostravam nos filmes. Mal imaginava ela que jamais saberia. E agora se perguntava como seria sua vida fora do mundo mágico, se não tivesse recebido aquela carta em seu décimo primeiro aniversário. Hermione percebeu que estava começando a perder-se em pensamentos e decidiu ir até o Corujal responder a seus pais. Disse um até logo a Neville e bagunçou o cabelo de Rony, saindo em seguida.

O tempo lá fora estava agradável. Era o começo da primavera. Hermione sentou-se na grama de um dos pátios e retirou de uma pequena bolsa que sempre carregava um pedaço de pergaminho e uma caneta tinteiro que havia ganhado de seus pais.

Usando um livro que pegou emprestado da biblioteca como apoio Hermione agradeceu aos pais pelo fruto, e enquanto o comia, avaliou que o sabor era até bom para uma fruta caseira e semi-madura.

Contou também um pouco de sua semana e o quanto sentia a falta de ambos, terminando a carta em seguida. Hermione caminhou até o Corujal, e logo sua carta já estava voando em direção à sua casa. Ela ainda passou um tempo encostada, observando a ave voar cada vez mais longe, em direção as montanhas, que agora começavam a aparentar mais tons verdes do que brancos, devido ao fim do longo inverno, até se tornar um ponto pequeno e quase irreconhecível no céu.

Lembrou-se de como havia lido certa vez que os Romanos consideravam as corujas um mau agouro, um sinal de morte. E riu sozinha, um riso amargurado, pensando na grande ironia. Não era supersticiosa, mas até chegou a entender os Romanos. Hogwarts, e o mundo mágico em geral, possuíam muitas corujas, e nos últimos tempos, um número quase proporcional de mortes.

Quando caminhava de volta para o castelo encontrou Harry pelo caminho. Ele parecia bem. Apesar de tudo, havia se tornado Capitão do time de Quadribol da Grifinória recentemente, e isso além de ocupá-lo com coisas normais, o deixava feliz. Andaram lado a lado conversando amenidades.

— Vai assistir a nosso jogo amanhã? — Harry perguntou. — É o meu primeiro jogo oficial como Capitão.

— Ah, claro. — Hermione respondeu. — Afinal, se eu não estiver lá, quem é que vai te defender de todas as azarações?

Harry a encarou, com um olhar que demostrava um misto de surpresa e revolta. E Hermione riu. Nada a deixava mais feliz do que ver o olhar indignado de Harry e Rony quando ela dizia que eles não sabiam se defender.

— Hermione Granger, — Harry disse em tom solene. — você está oficialmente desconvidada para a minha estreia.

— Ora, se é assim, eu me sento na arquibancada da Lufa-Lufa e estamos quites.

Ambos riram, mas no dia seguinte Hermione assistiu ao jogo na arquibancada da Grifinória. Ela sabia o quão importante era aquele jogo para Harry. No final, a Grifinória venceu e Hermione nem sequer teve a chance de cumprimentar seus amigos de uma forma decente, pelo caos que o campo se tornou após Harry pegar o pomo.

A rotina recomeçou na segunda-feira. Harry e Hermione teriam a primeira aula com o professor Slughorn nessa semana. Foi nessa aula que Harry conseguiu realizar a melhor poção entre todos os alunos e ganhar uma pequena porção da tão desejada Felix Felicis. Hermione ficou surpresa assim como todos, é claro. Mas ficava feliz com a conquista de Harry, afinal, ele nunca realmente se dedicava os estudos, e mudanças nesse sentido eram sempre muito bem vindas. Apesar de essa parecer um tanto quanto radical.

Ao longo da semana, mesmo na presença dos amigos, Hermione passou a se sentir incrivelmente sozinha. Harry parecia cada vez mais focado em seu livro de poções. Rony, além de já naturalmente não conversar muito com Hermione, agora namorava Lilá Brown, e ocupava todo o seu tempo livre com ela. E Gina namorava com Dino, além de ter horários incompatíveis com os de Hermione, por ser um ano mais nova. Estavam todos ali, mas de uma forma, sobretudo, superficial. E isso incomodava.

A sexta feira chegou, assim como o treino da Grifinória, e Hermione finalmente se encontrou sozinha, não só mentalmente, como vinha sendo, mas também fisicamente.

Decidiu então ir à biblioteca, terminar aquele livro de contos que estava lendo semana passada. Cumprimentou Madame Pince e andou pelos corredores daquele labirinto que conhecia tão bem, já sabendo o que queria e aonde ir. Sentia dó dos primeiranistas, lembrava-se muito bem de passar horas perdida naquela biblioteca procurando livros básicos, simplesmente porque Madame Pince recusava-se a ajudar os alunos. E ela não mudou nada durante todos esses anos. Qualquer aluno que visitasse a biblioteca tinha que se virar sozinho.

Pegou o livro de uma das prateleiras. O pó já estava começando a se acumular novamente. Seguiu então ao lugar de leitura de sempre, e não pode evitar parar por alguns segundos, surpresa, ao chegar lá e encontrar novamente, desta vez em uma das poltronas, Draco Malfoy.

Na verdade, durante toda a semana a garota sequer havia lembrado de tê-lo encontrado ali na última sexta. Mas agora parecia ainda mais estranho. Malfoy lia um livro sobre defesa contra as Artes das Trevas e Hermione riu por dentro, até porque, não fazia muito sentido ler como se defender dele mesmo. A garota então escolheu sentar-se em uma poltrona não muito próxima da dele e continuou a leitura.

No começo não conseguiu se concentrar totalmente, se perdeu em pensamentos sobre como era estranho encontrar Malfoy ali pela segunda vez, mesmo dizendo pra si mesma que ignoraria a presença dele ali, já que ele também ignorava a dela. Acabou tendo que reler a mesma página diversas vezes. Quando por fim conseguiu se concentrar e já estava imersa na leitura, ouviu uma voz que não escutava há anos.

— Não te incomoda o silêncio? — Era Malfoy.


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Notas finais do capítulo

Opiniões?