Primeira Vez escrita por Sabrina Sousa


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Quero dedicar essa one-shot á volta da minha essência.
Não que esteja tão boa; eu me esforcei cara!
Espero que gostem, que se divirtam e que reflitam sobre "Primeiras Vezes".

É gostoso não é?



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P R I M E I R A V E Z

Por Sabrina Sousa

Ignorei todas as mensagens que meus nervos me enviaram. Não me dei conta do pavor que meu corpo sentiu, e muito menos, dos avisos que meu cérebro me transmitia. Minha respiração encurtava, minhas mãos suavam e os pelos da minha nuca se eriçaram.

Não podia ser normal fazer esse tipo de coisa. Quem diabos o faz? Tem gente que morre quando toma uma atitude dessas. E eu não consigo entender como a minha própria mãe me propusera isso.

“Ora querida, você já é moça. Tem que se virar sozinha.”

Louca. Completamente fora de si. Que mãe desnaturada e irresponsável a minha. Eu só tenho doze anos! Frágeis e vividos doze anos. Mãe queria que eu fizesse isso sem ao menos me perguntar se eu estava preparada. Queria me levar ao covil dos monstros e nem me dera uma armadura. Como me proteger?

Respirei o mais fundo que pude. Meus pulmões sôfregos já não aguentavam mais minhas lamúrias em vão. Era como gritar em um quarto escuro e fechado, sem janelas ou portas, só você e o eco da sua voz. Exagerada? Não. Completamente infeliz e sem saber o que fazer. Demência! Uma loucura sem precedentes. Não havia motivo algum para fazer isso, não me importo se outras o fizeram, eu só quero sair daqui.

Mesmo com a minha relutância, minha mãe me puxou pelo braço. Bufou e disse que eu faria, era a hora. Não dava para esperar mais.

Balbuciei, fiz bico, bati o pé no chão.

E nada. Mamãe ignorava meu choro. Calei-me em seguida, repudiada por minha mãe, e a obedeci. Ora, se este era o meu trágico destino, eu deveria executá-lo com graciosidade. Recompus-me.

Caminhei, a passos falsos, até o local que mamãe mandara. Mais uma vez respirei fundo. Quanto tempo meu coração aguentaria, se continuasse a bater tão forte e rápido quanto agora? Olhei para trás. Ela não viria.

A odiei por um segundo. Por dois. Passara-se meia hora e eu ainda a odiava por aquilo. Desliguei meu celular como punição pela péssima mãe que ela era. Droga! Quanta falta eu sentia de seu perfume adocicado agora.

Enquanto olhava meu celular, um homem se aproximou. Usava uma roupa estranha, apertada e azul marinho. Tinha um broche na gravata que usava e perguntou se eu queria algo para beber. Não respondi, apenas virei o rosto. Posso ser mal educada sem mamãe por perto.

“Droga mamãe! Você me largou aqui! Eu não estou pronta, ainda não! Não quero fazer isso!”

Eu gostaria de gritar agora.

Preferi conservar meus pulmões, os usaria gritando em pouco tempo.

Começou.

Eu estava com frio. Minhas mãos suavam. O suor das minhas costas grudava em minha roupa. Não sabia para onde olhar, queria ir embora, mas não podia. O homem do broche na gravata não iria me deixar ir. Meu coração palpitava tão forte que dava para ver meu peito subindo e descendo velozmente.

Senti tudo se mexer ao meu redor. Primeiro como em uma estrada de terra, me fazendo pular onde eu estava. Depois, mais rápido. Mais veloz. Mais firme. Não parava até que senti o torpor.

Inclinei-me para trás e fechei os olhos com tanta força que vi bolinhas coloridas rodopiarem. Soltei gemidos desesperados, comecei a gritar de medo, puxava o ar e ele não vinha. Queria ir embora. Chamei mamãe. Gritei mamãe. Implorei pelo colo da minha mãezinha.

Calma garotinha. Olhe pela janela, o dia está lindo. Quer um pedaço de bolo de chocolate?

Choraminguei baixo, balançando a cabeça que sim e afastando as lágrimas dos olhos. Segui o conselho do homem do broche na gravata e olhei pela pequena janela arredondada ao meu lado. Dava para ver São Paulo diminuindo, seus bairros se transformando em pontinhos e as nuvens fofinhas brincando de fazer chover.

Suspirei.

Acalmei-me.

Sorri.

Para a primeira vez num avião, até que não fora tão ruim. Tinha até bolo de chocolate!


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Notas finais do capítulo

Eu adoro bolo de chocolate e viajar de avião. E vocês?
Caso queiram ver mais ones como esta, podem me indicar um tema ou qualquer outra coisa.
Vocês podem dizer: "Biscoito" e eu criar uma one entre a briga de Paulista e um Carioca.
Hm. Interessante.
Caso gostem, ou não, comentem! ♥
Até.

(Atualização 31/03/2015

Concertei algumas coisas em relação a verbos, vírgulas e números por extenso. Caso você perceba algo de errado, por favor, não hesite em me avisar!)