Corajosa escrita por Carol Carrett


Capítulo 1
Corajosa




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Lily não queria estar a caminho daquela igreja, muito menos estar com aquele vestido que parecia que se ela respirasse um pouco mais fundo ele estouraria. Também não queria olhar nos olhos de sua mãe e ver pena estampada ali. E olhar nos olhos de seu pai e ver justamente o contrário, orgulho.

Orgulho de sua querida menininha ter feito tudo o que ele tinha ordenado. Ela sempre fora a melhor da sala, nunca tinha bebido, nem fumado, muito menos fora a uma festa de ''adolescentes’’. Os pais nunca foram chamados em qualquer lugar para ouvirem reclamações sobre a menina. Era a filha perfeita para qualquer pai se orgulhar.

Isso era o que eles pensavam.

Na verdade, a Lily perto dos pais era completamente diferente da verdadeira Lily.

A verdadeira Lily era inteligente sim, era a melhor da sala. Mas a verdadeira Lily era frequentadora das festas mais badaladas da cidade, sabia perfeitamente como fugir de casa sem ninguém sequer notar. E o universo parecia conspirar a seu favor, já que não ficava bêbada com muita facilidade, e isso fazia-a chegar em casa antes de seu pai ir trabalhar as sete da manhã.

E foi em uma dessas festas que ela conheceu James Potter, o garoto que deu uma reviravolta na vida de Lily. Ela aprendeu a ama-lo cada vez mais, e eles namoraram escondidos por um tempo, até a mãe dela descobrir. No momento que a Sra Evans os flagrou juntos, Lily se apavorou, pensou que a mãe contaria tudo para o pai e a vida secreta que tanto desejou manter no escuro fosse descoberta, mas não, a Sra Evans entendeu e a apoiou. E contou a filha que já sabia das saidinhas noturnas desde sempre.

Um tempo depois, o pai de Lily ordenou que Lily se vestisse adequadamente para um jantar que a família teria naquela noite. Lily o fez.

O jantar era na casa de um ‘’ amigo’’ de seu pai, ele tinha um filho da mesma idade de Lily. ‘’Eu preferia estar em qualquer festa em vez de conversar com esse bocó’’ pensava enquanto conversava com Amus. E foi depois da sobremesa que o mundo de Lily desabou de vez.

- Amus, Lily, temos uma coisa a dizer- disse o Sr Evans dando uma olhada às pessoas que lá estavam – Nos queríamos que vocês passassem a se conhecer melhor, ou até quem sabe, namorar e casar.

No mesmo momento ela tivera a vontade de gritar com o pai e sair correndo, mas não tinha tal audácia, então apenas sorriu e abaixou a cabeça, como uma boa filha faria.

E a partir daquele jantar, tudo foi de mal a pior para a pequena Lily. Por insistência do pai, Lily e Amus namoraram, e Amus a pediu em casamento depois de cinco meses, Lily não queria aceitar de jeito nenhum, como ela casaria com uma pessoa que só conhece a poucos meses, mas o olhar que seu pai a lançou dizia para ela fazer justamente o contrário de sua vontade. E como não queria desapontar ninguém, ela aceitou.

Na mesma noite, sua mãe bateu em sua porta. Lily até tentara disfarçar o choro, mas o nariz vermelho, o borrado preto nas bochechas e as lagrimas que ainda escorriam a denunciaram.

- E o que eu falarei para James? – sussurrou a garota

- Eu não sei, meu amor. Mas foi por isso que eu estou aqui, falei com seu pai e o convenci a deixa-la sair essa noite, com a desculpa que queria ir à casa de Marlene para comemorar a notícia. Vá se divertir, e curta uma de suas últimas noites de liberdade, porque não vai poder fazer isso por causa do casamento.

- Eu te amo tanto!- abraçou a mãe- Você é a melhor!

Pegou o celular e mandou uma mensagem para as três melhores amigas, Marlene, Dorcas e Alice, marcando de se encontrem no apartamento que Marlene dividia com o irmão.

Ela pegou uma mochila e colocou o sapato, as maquiagens, um pijama, uma roupa para o dia seguinte e tudo que achava que precisaria. Tomou um banho rápido, colocou o melhor vestido que tinha para ir à uma festa, sobretudo que taparia o vestido por completo e sapatilhas. Seu pai nem desconfiaria.

E partiu.

Encontrou-se com as amigas e não lhes contou nada, só queria aproveitar a noite. Contaria depois. Maquiaram-se rapidamente e entraram no carro de Alice.

Lily tivera a certeza que a pessoa lá de cima deveria estar de zoação com a sua cara quando a primeira pessoa que ela notou era James, e ele a notara também. Já que sabia que ele era um dos últimos a ir embora, o ignorou ao máximo. Dançou até as pernas pedirem um descanso, bebeu até sentir tudo girar. E quando encontrou James novamente, não conseguiu segurar, e despejou tudo o que tinha para falar.

Inventou que não o amava, e que ele não passara de uma aventura, que tinha um noivo a esperando. Segurou ao máximo as lagrimas que marejavam os lindos olhos verdes, e quando terminou de falar, e viu a cara desolada de James, Lily desejou ser corajosa.

Corajosa para poder enfrentar seu pai e dizer um sonoro ‘’Não!’’ sempre que precisasse, não queria ser um fantoche. Corajosa para ser livre, para amar quem ela quisesse e casar-se com quem quisesse. Corajosa para dizer que não queria ter um casamento tradicional, queria casar- se em alguma praia, com Marlene e Sirius, e Dorcas e Remus como seus padrinhos e o de James. Apenas queria ser corajosa

Mas ela não era. E por isso que estava descendo do carro e vendo o pai oferecer o braço à ela e Lily o aceitar. A marcha nupcial começou, ela andou calmamente até o altar olhando discretamente todos, até os olhos caírem numa cabeleira bagunçada. Seu coração falhou uma batida e disparou rapidamente em seguida. O que ele estaria fazendo ali?

Lily apenas saiu do transe quando seu pai a beijou na testa e a entregou a Amus dizendo:

- Cuide bem da minha menina.

Essa frase disparou diversas dúvidas na cabeça dela.

Como Amus poderia cuidar bem dela sendo que ela não estava feliz? Como eles poderiam viver sendo que uma das partes (ou talvez as duas) não amava? Eles teriam filhos? Seriam felizes juntos?

- Lílian Evans, aceita Amus Diggory como seu legítimo marido, para ama-lo e respeita- lo para sempre?

E foi aí que percebeu, ela era corajosa sim. Afinal, se arriscava a fugir de casa e ir a festas quase todo final se semana, tivera coragem de namorar escondido, não era o maior ato de coragem que alguém poderia ter, mas para Lily e para o pai rigoroso, era. E o que tinha a perder? O orgulho do pai?

Olhou para onde se encontravam os seus pais, sua mãe a olhava com um sorriso terno no rosto como se já soubesse o que iria acontecer, e apenas isso bastou.

Ela tinha coragem.

- Não.

- Como?- ouviu seu pai dizer. Sentiu a indignação no tom de voz e teve vontade de voltar a trás, mas não o fez, era a felicidade dela que estava em jogo.

- Espero que um dia vocês me desculpem, mas eu não posso! Me desculpe papai.

Deu meia volta, e viu James de pé. Correu até ele, o pegou pela mão e os dois saíram da igreja, entraram no carro dele e James apenas dirigiu, sem uma direção correta.

- Como você conseguiu entrar?

- Sua mãe me deu uma ajudinha.

Quando o carro parou em frente a casa dos Evans, Lily perguntou:

-O que viemos fazer aqui?

- A sua mãe já tinha em mente o que você iria fazer, então fez suas malas e separou uma roupa em cima de sua cama, se eu fosse você me apressaria.

A garota desceu rapidamente do carro e alguns minutos depois já colocavam as malas no porta-malas do carro, e entraram no veículo.

- Para onde vamos? – indagou ela.

- Para qualquer lugar desde que você esteja comigo.


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Notas finais do capítulo

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Beijos