Aquele dia mudou a minha vida por completo. Foi na última quinta-feira. Eu havia tomado uma decisão, a decisão mais importante que já precisei tomar em toda a minha vida.

Depois de três anos namorando a mesma garota, eu resolvi dar o próximo passo. Eu sabia que era o que tinha que ser feito, não por obrigação, mas porque eu queria fazer. Ela era perfeita em todos os sentidos.

Nos conhecemos desde o tempo de escola, mas foi só na faculdade que finalmente tomei coragem para me declarar a ela. Na época, o que me deixou surpreso foi ter ouvido dela que esperava por isso há anos, mas que sempre esperou que eu tomasse a iniciativa, e desde então estamos juntos.

Nosso namoro nunca foi as mil maravilhas, ou um conto de fadas. Muitas vezes, brigávamos por motivos idiotas, e eu também era muito ciumento, mas nada disso era mais forte do que o amor que eu sentia por ela. Ela simplesmente me completava de uma forma inexplicável, e mesmo brigando a todo o momento, eu sei que o sentimento que ela nutre por mim é recíproco.

Propor casamento não é uma tarefa fácil. Você precisa saber se é realmente isso que quer afinal morar junto com outra pessoa pode parecer legal, mas é bem complicado. Você passa a conhecer as manias e defeitos do outro que talvez ainda desconheça. Eu estou disposto a correr esse "risco" por ela, e nesse exato momento estou aqui, em uma joalheria escolhendo um anel que combine perfeitamente com aqueles olhos cor de âmbar que tanto me fascinam. O mais difícil não é escolher a peça, mas sim fazer o pedido.

Depois de finalmente escolher o anel, fui para casa na euforia de esperar até o fim de semana para fazer o pedido, e durante aqueles poucos dias elaborava em minha mente tudo o que diria a ela.

[...]

Hermione não sabia de nada, é claro, e sequer imaginava o que eu iria fazer. A única coisa que ela estava ciente, é que sairíamos para jantar.

Antes de sair, verifiquei o bolso pelo menos umas dez vezes, certificando-me que a pequena caixinha de veludo estivesse lá.

Eu a busquei em sua casa lá pelas 19:00hs. Disse que a levaria para jantar, mas não mencionei onde. Iríamos ao seu restaurante preferido.

– Nossa você está um gato! - ela disse assim que me viu parado, encostado ao carro. - Está parecendo um galã de cinema.

Eu queria dizer alguma coisa a respeito dela, mas aquela visão que eu estava tendo simplesmente me paralisou.

– Alô Rony. - chamou-me estalando os dedos.

– Desculpe, estava vidrado demais em você pra falar alguma coisa!

– Bobo. - ela me puxou pela gola da camisa e me beijou como sempre fazia quando estava feliz.

– Pronta pra ir? - perguntei, e ela sorridente assentiu.

Durante o caminho Hermione até tentou descobrir o motivo de tudo aquilo, mas como eu respondia de forma vaga, ela acabou desistindo.

– Você está um espetáculo! - eu disse assim que chegamos, antes de descer do carro. E realmente estava. Ela usava o vestido preto que eu havia lhe dado e que ainda não tinha usado.

– Isso é sinal que meu namorado tem um ótimo gosto pra roupas. - ela respondeu marota.

– Na verdade... - disse, pegando em seu queixo. - a roupa é só um detalhe diante da sua beleza. Ela só completa o que já é perfeito.

– O senhor está muito galante essa noite, Ronald Weasley!

– Esse é o seu efeito sobre mim, senhorita Granger!

Nos beijamos novamente antes de descer do carro, e continuando a parte galante como ela mesmo disse, abri a porta do carro para que saísse, e caminhamos de braços dados até a porta do restaurante.

O Maître já nos conhecia, já que muitas vezes íamos ali, mas normalmente em comemorações especiais.

– Boa noite senhor Weasley e senhorita Granger. Venham comigo, por favor. - ele disse, fazendo um leve aceno de cabeça.

Ele nos conduziu até a mesa que estava reservada. Trouxe o cardápio, e pegou nossos pedidos.

Conversamos animadamente até que nosso jantar ficasse pronto. Para beber, pedi o vinho preferido de Hermione.

– Então, vai me dizer qual é a ocasião? - ela perguntou marota.

– E precisa de uma para te trazer aqui? - respondi com outra pergunta.

– Não pense que me engana, Ronald Weasley. Só viemos aqui quando tem alguma comemoração especial, e eu não estou lembrada de nenhuma.

– Você fica linda quando está curiosa. - ela elevou uma das sobrancelhas como sempre fazia quando estava começando a perder a paciência.

– Rony não me enrole, diga logo o que é! – insistiu.

– Eu até poderia dizer agora, mas nosso jantar acabou de chegar, e eu estou faminto! – Falei maroto.

Eu queria dizer logo o que era, mas minha coragem simplesmente desaparecia. Tinha certeza que ela era a mulher da minha vida, porém o medo de levar um não era mais forte.

Mesmo furiosa por eu enrolar tanto, ela continuava com o mesmo brilho nos olhos.

Quando terminamos de jantar, decidi deixar o medo de lado, e encarar a realidade. Éramos apenas nós dois ali, não havia mais restaurante, nem pessoas, nem nada, apenas ela e eu.

Enchi os pulmões de ar, e segurei em uma de suas mãos na tentativa de afastar o nervosismo, e então eu comecei a expor os meus sentimentos.

– Sabe Mione, nós nos conhecemos desde muito pequenos. Nós estudamos nos mesmos colégios, frequentamos a mesma faculdade, começamos a namorar, e nunca perdemos o que temos de melhor: o nosso companheirismo. Você sempre foi minha melhor amiga, mas é também minha cúmplice, minha namorada, minha mulher, e eu quero mais. Eu não quero que você seja apenas Hermione Granger, mas sim que seja Hermione Weasley. Acima de tudo, quero que você seja minha esposa, a mulher que vai cuidar de mim, brigar, dormir e acordar comigo, a mãe dos filhos que um dia iremos ter, mas quero principalmente que você seja sempre a mulher que eu vou amar. Hermione Granger você aceita casar comigo? - Tirei a caixinha de veludo de dentro de um dos bolsos e a abri, mostrando-lhe o delicado anel que eu havia escolhido.

Acho que ela realmente foi pega de surpresa, já que ficou completamente paralisada.

– Seria legal se você me respondesse se aceita ou não. - brinquei.

Hermione não conseguiu responder em palavras, mas as lágrimas em seus olhos, e o sorriso de felicidade estampado em seu rosto foi o suficiente para saber que ela havia aceitado o meu pedido, que ela enfim me faria feliz por completo.