Se você passar lá em casa por favor, meu bem, avisa.

Quero esconder o meu mundo.

O inverno passou assim, conversas curtas com Jacob, e mais longas noites sem ver o coelho do globo de neve.

“Estas zangado?”Perguntava a garota, balançava o globo na esperança dele sair e dançar para ela, mas nada ele fazia, apenas deixava a neve falsa cair sobre ele.

Lili aninhava-se sobre os pés da menina sentada no chão.

“Kitty kitty kitty”. Jessica balançava os pés fazendo carinho em sua gata preta.

Passos duplos foram ouvidos.

Uma voz familiar e outra mais baixar, também familiar.

“Querida, visita”.

Jacob aparecera, Jessica escondera o globo de neve, não queria deixar ele ver seu tesouro.

“Podemos brincar?” Perguntou ele sorrindo, segurava uma caixa com brinquedos e um videogame. “A nevasca vai demorar a passar.”

Brincar era imaginar. Mas Jessica sempre fizera isso só, sentada com seu coelho de olhos vermelhos.

“Amanhã tenho escola”. Comentou Jacob, enquanto arrumava um de seus brinquedos, ele queria impressionar a Jessica, então pensou que o videogame seria uma boa ideia.

A avó não discordou, apresentar novas coisas para a menina seria uma boa ideia.

“Eu não vou para a escola”. O menino se surpreendeu.

Jessica estava sentada na cama com colchas azuis, no lado esquerdo repousava o globo de neve.

O jogo começou e com armas de brinquedo você devia matar os monstros que caminhavam em sua direção.

Ele gostou da reação da menina, ela parecia empolgada.

Ele nunca pensou que veria isso, um sorriso se formando nos lábios de Jessica.

Doce e inocente por descobrir algo novo.

Quando a primeira fase passou, ele pausou o jogo,

Tomou um remédio, Jessica apenas observava, não quis perguntar.

“Eu tenho uns problemas no pulmão, mamãe disse que preciso disso, ela não me deixa ir muito pra longe de casa.”

Jessica não disse nada, não tinha o que dizer, não entendia o que um problema no pulmão podia ser.

Mal sabia ela o que era câncer.

Voltaram a jogar, ele aumentou o volume, disse que podia dar uma sensação mais real, e ela queria saber que reação real era essa.

Tiros, gemidos horripilantes, isso chamou a atenção da garota, assim como de sua avó.

“Jessica, o que está jogando”?

Sua avó apareceu por trás. Jacob tentou explicar o jogo, mas tudo o que ela fazia era gritar e falar o quão errado eram esse jogos e que o garoto podia se retirar por hoje, Jessica necessitava descansar.

Mas Jessica não se sentia cansada, estava confusa, só queria continuar a jogar.

“Deixe-o fcar”. Jessica dizia, mas tudo o que faziam eram discutir.

O menino tinha personalidade, isso ela devia admitir.

“Estávamos jogando, ela não pode ficar aqui ...” Ele parou de falar.

“Você não sabe de nada, é apenas uma criança.”

Ele podia ter a maior das personalidades.

Mas avó de Jessica apenas se ofendia. E as palavras da neta já não iam ajudar.