A estufa tinha o tamanho de um ginásio, como já tinha dito anteriormente, mas é melhor especificar que trata-se de um ginásio com mais de 100 metros de largura e cumprimento. Sem falar que tinha pelo menos uns 15 metros de altura, era algo fenomenal, de fato, mas o que era mais impressionante é o que tinha em seu interior. Na entrada, aonde normalmente tínhamos a aula, parecia simplesmente uma horta comum, o senhor e senhora Truman moravam em um chalé perto de uma cerca viva que separava a horta do grande bosque que dominava a outra parte da estufa... Esse outro lado é que residia o perigo, pois ali se encontrava um representante de cada arvore, erva e fungo com propriedades mágicas... E ao contrário que a maioria pensa, nem todo o vegetal era passivo e alguns casos apresentava perigo quando manipulado ou consumido... Naquele estufa existiam plantas predadoras e inteligentes, de modo que tinham que tomar todo o cuidado quando vagávamos por aí.

– Vocês já sabem como é a flor lágrima-de-anjo, pois a estudamos na ultima aula! –Falou o professor Truman. Na verdade, nós vimos desenhos antigos sobre a flor, não a víamos na realidade, pois, segundo o nosso professor, a amostra do vegetal tinha se deteriorado já que se trata de um espécime muito delicado –O que devem fazer é localiza-lo e coletar o néctar que é expelido de seu grande gineceu. Os frascos estão ali... Esse néctar é essencial para poções de cura e até mesmo pode ser usado puro sobre ferimentos, contudo não é muito recomendado tendo em vista que causa efeitos coletareis como perturbação mental e algumas vezes até desmaios.

–Espera! –Yuri levantou a mão –Vamos ter que entrar na estufa...Digo... Lá! –Apontou para o outro lado da cerca-viva onde o bosque se encontrava.

–Lógico! Esse tipo de flor não pode ser criado em hortas! Ela tem que ser coletada em seu ambiente natural! Não ouvi o que acabei de dizer sobre o quão delicada é?

–Iremos para lá desacompanhados? –Agora era a vez de Carlota perguntar.

–Obvio! Eu não estou em condições físicas ideais para acompanha-los! Não se preocupem, bastam se manterem na trilha e não se separarem. Camila! Traga os sprays para eles! –Gritou, apesar de sua esposa estar bem ao seu lado.

A velha senhora entrou no chalé e rapidamente trouxe uma bandeja com garrafas com esguichos conectados no bucal. Em seu interior podia-se ver um liquido de tom avermelhado.

–Esse é uma solução que contem fitohormônios que atuam sinalizando para as plantas predadoras se afastarem, caso sejam atacados. –Ele falou aquilo em um tom tão tranquilo como descrevesse um passeio sossegado em um parque –Além disso, vocês já aprenderam sobre alguns feitiços de proteção contra vegetais! Usem a cabeça e a magia! No mundo real, nem sempre terão adultos prontos para apara-los.

–Querido, não seja tão severo com eles, são apenas crianças! –Disse a senhora Truman fazendo uma expressão de preocupação.

– Que seja! –Resmungou a abobora falante – Eles irão ficar bem, só precisam se lembrar do que foi estudado. E, pelos deuses, eles são bruxos! Devem confiar em seus poderes!

Bem, de certa forma, ele estava certo, estudamos feitiços e encantamentos para usa-los em nosso dia-a-dia e sobrevivermos. Além disso, se nos mantivermos somente na trilha creio que ficaremos bem. Aproximei-me da bandeja e peguei a minha “arma”, o borrifador repelente. Logo meus companheiros de turma também fizeram o mesmo, pegando, cada um seu spray.

–Agora vão! –Mandou o professor.

–Quando voltarem prepararei um chocolate quente para vocês! –Incentivou a senhora Truman.

Aproximamo-nos da cerca viva, havia um arco a qual permitira a nossa passagem para as profundezas da estufa. O ar úmido e cheiro de terra molhada eram bastante evidentes ali.

– Bem... Se acharmos logo essa flor, logo voltaremos. –Quis parecer positiva.

–Se voltarmos... –Acrescentou Kathy adentrando na minha frente, nem esperando pelos os outros.

Prevejo problemas...

~~**Bruxos-Teen**~~

–Nossa...Aqui está quente! –Reclamou Carlota abanando o rosto com a mão. De fato, parecia que estávamos em uma espécie de mini-floresta tropical.

–Eu acho que vou derreter... –Choramingou Paola.

–Ok, onde está essa flor idiota? Só tem planta para todo o lado! Será como procurar uma agulha em um palheiro! –Resmungou Yuri.

–Pessoal, esqueceram-se do que o professor Abob...Digo... Professor Truman ensinou? Essa flor tem o habito semelhante a uma orquídea e cresce sobre o tronco de árvores maiores, logo não vamos encontra-la olhando para o chão. –Agora era a vez de Arthur falar, estava suado e ofegante, pelo o que parece não tinha muita estamina para caminhadas longas, ao contrário de Fernando que era o mais animado do grupo.

–Então, temos que subir nas árvores! –Falou o atleta.

–Não acho que seja algo sensato de se fazer...-Falei olhando para os lados, sentia que estávamos sendo vigiados, não gostava daquilo.

–Nadinne? Tudo bem? –Perguntou Arthur ao meu lado, me sobressaltei, pois nem tinha sentindo a sua presença, agora mais de perto pude notar o quanto estava suado.

–Você pergunta para mim? Você que parece estar se desidratando! –Disse preocupava, rapidamente pensei em algum feitiço que conjurasse água fresca.

–Está tudo bem. –Sorriu – Logo iremos sair daqui e voltarei ao normal... Aqui é muito úmido e abafado, minha temperatura corporal aumenta rápido devido a minha natureza.

–Oh... Você é do signo do fogo? –Perguntei, todos os bruxos nasciam com “signo” ou natureza de elemento que rege suas magias. Havia no total 8 signos: Fogo, terra, ar, água, eletricidade, luz, trevas e gelo. Tal signo influência nos tipos de magia que podemos fazer, logo Arthur, por ser do signo de fogo não teria uma grande eficiência contra magia que envolveria água ou gelo. Mas a influência da natureza poderia ir mais além, afetando o seu corpo e adaptação ao ambiente. Eu consegui, facilmente pressupor o signo de Fernando, ele era regido pela a eletricidade...Quanto a mim, sou do signo da água. Atrevi-me a tocar a testa de Arthur e logo notei a sua temperatura elevada.

–Você está super-aquecendo?! –Falei aflita, um feitiço para refresca-lo deveria ser feito.

–Não! –Ele empurrou a minha mão – Não precisa se preocupar tanto. –Percebi que ele olhava para Fernando, o rapaz estava usando um feitiço de levitação para analisar as árvores, parecia tranquilo e relaxado. Logo entendi, Arthur não queria parecer fraco diante de seu rival.

–Isso é uma tolice, sabe disso, não? –Resmunguei –Se demorarmos mais eu juro que vou te cobrir de água!

Ele deu os ombros e sorriu. Droga! Pare de agir de forma que afete diretamente o meu coração!

–Droga! –Kathy, que estava mais a frente gritou e logo veio correndo em nossa direção –Não estamos sozinhos!

Não tive tempo de perguntar o que ela queria dizer com aquilo, pois logo senti o chão vibrar, algo realmente se aproximava.

–Eu não acredito... –Balbuciou Fernando que ainda levitava, por isso podia ver melhor que estava vindo em nossa direção –Um Ent!

Um urro horrendo cortou o ar... O cheiro de carvalho e eucalipto preencheu o ambiente, estávamos sendo perseguidos por um homem-árvore gigante!