–Vocês irão se dividir em pares... Ops, esqueci que vocês estão em número impar. –Falou Heitor (ou Hades se preferir) nós analisando com um olhar critico como fosse nossa a culpa sermos 7 ao invés de um número inteiro.

–Ok! Já que vai ser assim... Yuri você vai ficar com a Paola, Carlota com Kathy e...

“Ai não...”Pensei de imediato já prevendo com quem iria ficar, algo que estava bastante obvio.

–Nadinne com Arthur e Fernando! Pronto! Perfeito! –Falou batendo palmas e sorrindo, apesar do rosto e expressão alegre ele estava nos desafiando a discordar de sua decisão, ninguém emitiu algum comentário ou resmungo temendo outra “punição” a ser dada pelo bruxo alquimista.

–Bem...-Hades soltou um suspiro, talvez decepcionado com a nossa falta de “luta”, creio que ele desejava mesmo testar outras invenções malignas em nós –Vamos começar?

Não precisei nem me levantar de minha bancada, Fernando e Arthur logo se aproximaram e se sentaram um de cada lado. Ótimo, deveria me sentir sortuda e feliz por ter o “primeiro” e “segundo” lugar da lista dos mais gostosos ao meu lado? Pois esse sentimento não se apresentava dentro de mim... Ao contrário, me sentia extremamente nervosa ao ponto de minhas mãos tremerem, já sei que irei fazer um papel ridículo perto deles.

–Então...-Começou a falar Arthur – Círculos amaldiçoados? - Arqueou uma sobrancelha de forma elegante.

Engoli em seco, ele tinha que relembrar daquele assunto?

–B-bem... Somos bruxos... Pragas e maldições também são comuns em nossa realidade, tal como encantamentos e feitiços . –Tentei me defender, droga! Eu só falei aquilo para evitar que aqueles dois cabeças-quentes brigassem... Foi a primeira coisa que me passou pela cabeça.

–Toché! Essa foi uma boa resposta! –Agora era a vez de Fernando falar – Se existem objetos amaldiçoados por que não círculos mágicos?

Oh! Céus! Ele não percebeu que eu inventei aquilo?!

–Não existem... Acha mesmo que as nossas autoridades vão deixar passar um circulo magico defeituoso que além de poder prejudicar o bruxo que o invocar pode provocar tamanho problema que poderia expor a nossa sociedade bruxa a humanidade? –Contra-argumentou Arthur em um tom que lembrava muito um pai ensinando o seu filho pequeno.

–Mas sempre existe a possibilidade... –Rangeu os dentes o outro garoto.

Ótimo! Já irão começar a brigar? Comecei sentir os cabelos do meu braço se eriçando... Fernando já estava emanando descargas elétricas?

–Er... Pessoal! Vamos esquecer os círculos mágicos, ok? Estamos em outra aula... Outro contexto... O que acham de transformar a pedra em prata, humm? –Falei pegando a pedra e mostrando para eles.

–Que seja...-Deu os ombros Arthur.

–Está bem! –Sorriu animado Fernando.

Aqueles garotos eram totais opostos... Será que por isso brigavam tanto?

–A instrução do processo de transmutação está sobre as bancadas... Eu não irei ajuda-los, a não ser que tentem explodir o laboratório ...-Nisso nosso professor lançou um olhar furioso para Yuri que sorriu, se fingindo de inocente - Vocês já não são bruxinhos bebês... Sabem se virar!

Hades acabou com o seu pequeno discurso e se sentou em sua mesa pegando um livro sobre plantas venenosas, temi que ele estivesse buscando algo para se vingar do professor Arquimedes...

–Vejamos, temos que misturar a poção roxa... –Começou a ler Fernando, massageando o pescoço.

–Essência de sangue de ninfa. –Corrigiu Arthur.

–Ok...-Rangeu os dentes –Enfim, como eu dizia misturamos a essência de sangue de ninfa com a poção... Valk...Que diabos?!

–Poção valKirianias, trata-se de uma solução formada por diversos componentes mágicos, desde raspas de escamas de dragão até pelos de gatos negros colhidos a meia noite em um dia de lua cheia... Ou seja, trata-se de um mega-porção vitaminada. Pelo menos você deveria saber disso.

–Eu sabia disso...-Resmungou Fernando, corando um pouco, era evidente que o garoto não sabia daquele fato, mas nem eu sei todos os ingredientes da poção Valkirianias, muito menos Arthur saberia, ele deveria parar de ficar contado vantagem.

–Ok! Já chega vocês dois! –Disse arrancando as instruções da mão do outro rapaz – Eu vou liderar esse grupo, não desejo que comecem a brigar e depois professor Had... Digo...Heitor... Irá nos punir com deus-lá-sabe-o-que! Se comportem! –Me arrependi das minhas palavras logo depois que elas saíram, as vezes eu tinha esse problema... Falar e agir antes de pensar bem nas consequências. Eu tinha o plano de permanecer invisível tendo em vista que nas minhas outras escolas causei muitas confusões e acabei forçando a minha família a se mudar, não que fizesse de proposito... Simplesmente parece que atraio confusão aonde vou, por isso fiz uma promessa a mim mesmo que permaneceria na sombra tanto no colégio “comum” quanto no “especial”... Mas acabara de quebrar o meu compromisso comigo mesma.

–Oh! –Arthur, pela a primeira vez sorriu – Parece que acabamos de ganhar uma professora.

–É o que parece... –Concordou Fernando agora ampliando ainda mais o seu sorriso.

Corei totalmente, os dois rivais estavam concordando entre si? Isso não seria um bom sinal...

–Er...O-ok... –Gaguejei perdendo totalmente a minha confiança de momentos atrás –Devemos misturar as duas poções no caldeirão em fogo brando...

Enquanto eu falava, Arthur já acendia o fogão e Fernando despejavas as poções em seu interior. Era impressionante quando eles não estavam brigando podiam até ser eficientes em suas tarefas.

–Depois, devemos esperar até que uma fumaça amarelada seja emitida e adicionar a terceira poção... E antes que você comece a dizer, Arthur, trata-se da poção platinum, extrato de prata retirado de gemas mágicas que crescem no subterrâneo de um local sagrado na Escócia , perto do lago Ness.

–Eu nem iria falar nada...-Resmungou o garoto mais velho, pude notar um leve rubor em suas bochechas. Oh! Nossa! Consegui fazer o sabe-tudo corar? Realmente mereço um prêmio por isso.

–Oh! Oh! Fumaça amarela! –Disse Fernando afoito – Já devemos colocar?

–Sim! –Nisso lhe entreguei a poção platinum e liquido prateado foi despejado no caldeirão –Bem...a instrução diz que devemos ouvir uma pequena explo...

Bum!

O nosso e vários caldeirões emitiriam explosões simultâneas o que deixou o laboratório coberto de uma camada de fuligem prateada.

Hades riu alto da nossa aparência.

–Ops...Deveria ter avisado que não seria uma pequena explosão. –Disse, com nenhum pingo de ressentimento em sua fala.

Alguns professores não nasceram para lecionar...

Olhei para os meus companheiros de experimento e não pude conter a risada ao ver suas aparências... Pareciam que purpurina de prata foi despejadas em seus corpos, queria ver seus fãs iriam adorar vê-los daquela forma. Gargalhei alto até chorar.

–Sua aparência também não está das melhores...-Reclamou Arthur, mas pude ver que ele se controlava para não sorrir. Fernando, por outro lado me acompanhava no ataque de risadas...

Talvez, não fosse tão ruim assim... Ter amigos entre os bruxos... Relaxar mais um pouco...

Ser invisível, dentro do colégio “especial” não era mais uma opção... Talvez eu devesse dar uma chance ao destino...