Auror Potter e o Mestre dos Disfarçes escrita por Leandro Zapata


Capítulo 9
O Espelho de Ojesed


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novoooo
E esse está em dia!
Espero que gostem.
Boa leitura.



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Ted bufou, bateu o pé, mas por fim aceitou a proposta do padrinho. Sentou-se na cadeira de frente a ele e encarou seus olhos verdes. Como Harry ousou ter feito isso com ele? Comprar o espelho mesmo sabendo que o rapaz o queria; que juntou cada galeão que conseguiu para isso. Ted nunca sentiu tanta raiva de alguém.

– Ted, - Harry começou -, muitos anos atrás eu encontrei o Espelho de Ojesed e, assim como você, vi meus pais nele. Afinal, esse era... Acho que ainda é, o maior desejo do meu coração. Talvez até do coração de todo órfão. Passei muito tempo olhando-o; vendo meus pais nele.

O rapaz viu nos olhos de Harry a mesma dor que Ted tinha em seus olhos. Não... Era uma dor ainda pior. Era dor de alguém que cresceu sem conhecer o amor não apenas de seus pais, mas de todos os outros. Alguém que fora desprezado, ou até mesmo odiado, por aqueles que cuidavam dele. Os tios dele, os Dursley, nunca lhe deram amor algum. Contudo, Ted, crescera com sua avó, que sempre o amou e cuidou dele; ele cresceu com Harry, que também sempre o amou como um filho. Sem dúvida a infância do padrinho fora muito mais sofrida e solitária que a sua. Sem contar toda a responsabilidade que tivera em relação ao fato de ser aquele escolhido para derrotar Voldemort. A raiva de Ted sumiu por completo; seu cabelo voltou ao tom castanho-claro convencional.

– O Espelho de Osejed é um objeto poderoso e repleto de magia das trevas. Um velho muito sábio me disse algo sobre ele.

– Dumbledore? - Ted arriscou.

– Ele mesmo. Eu ainda sou capaz de me lembrar de suas palavras: “Esse espelho nos mostra nada mais nem menos do que o desejo mais intimo, mais desesperado de nossos corações. Você, que nunca conheceu sua família, a vê de pé a sua volta. Porém, o espelho não nos dá nenhum conhecimento nem a verdade. Já houve homens que definharam diante dele, fascinados pelo que viam, ou enlouqueceram sem saber se o que o espelho mostrava era real ou sequer possível. Não faz bem viver sonhando e se esquecer de viver”. - Por quanto tempo essas palavras ecoaram em seu coração, padrinho?, Ted se pegou pensando. - Teddy, me prometa que nunca mais irá procurar esse espelho. Essa busca não fará bem nenhum a você!

– Desculpe-me padrinho, mas eu preciso fazer isso.

Harry levantou, foi até uma prateleira na direita e puxou um livro. A estante do meio veio para frente e deslizou para o lado, revelando uma porta imensa de aço. Um cofre feito pelos mesmos duendes que fabricaram os cofres de Gringotes guardava os tesouros mais preciosos de Harry. Sacou sua varinha de azevinho, num movimento vertical, ele abriu o cofre.

Dentro encontravam-se dezenas de varinhas, incluindo aquela que é gêmea a sua e foi empunhada pelo bruxo das trevas. Uma das regras do manual para Aurores era: seja sempre o mestre de mais de uma varinha. Ele era mestre de várias. Cada inimigo que ele derrotava perdia a posse de sua varinha para ele, com isso ele construíra um arsenal incrível. Ali também havia um pequeno projeto mecânico. Uma técnomagia simplória.

Seus dois filhos, Tiago e Alvo, eram fãs de um jogo de vídeo game trouxa chamado Assassin’s Creed. A arma principal das personagens principais era uma adaga que ficava escondida sob a manga da roupa dele; a Hidden Blade. Tiago, então, desenhou um projeto que surpreendeu a toda sua família. A ideia era a mesma da Hidden Blade, contudo, no lugar da lâmina, colocariam as varinhas. Isso facilitaria muito o sacar da varinha num duelo ou até mesmo carregá-la. No entanto, o Ministério não aprovou o projeto por ser “de uma criança”. Assim, apenas dois protótipos estavam em uso - por Harry - que ele e seu filho construíram.

Harry pegou os dois protótipos e amarrou-os aos pulsos. Enquanto ajeitava as amarras, ele falou:

– Por que quer tanto assim esse espelho?

– Quando eu era criança, fui até a loja Borgin & Burkes e vi meus pais no Espelho. Mas não apenas, meu pai me disse algo! Eu passei anos estudando para saber o que foi.

– Você sabe que o Espelho não irá acrescentar conhecimento algum. - No aparelho da mão direita ele colocou sua própria varinha, na da esquerda colocou a de Voldemort, que, por ser gêmea da sua, os feitiços eram conjurados com mais facilidade do que as outras que ele era mestre. - Acabei de lhe explicar isso. - A roupa que ele usava permitia que ele colocasse às costas, presas ao cinto, outras duas varinhas, em que ele colocou uma de freixo e outra de sabugueiro, que ele não se lembrava a quem pertenciam. Então, pegou uma última varinha, que pertenceu a Lucius Malfoy, e guardou em um dos bolsos do casaco.

– Eu sei! Mas eu preciso disso, Harry! Você mais do que qualquer um deve entender isso!

Harry entendia. Sabia o quão forte era a necessidade de se saber o que os pais, mesmo mortos, pensam de nós. Se repudiariam suas ações ou se sentiriam orgulho. Ele mesmo já fizera isso, dezenove anos atrás quando estava prestes a morrer. Harry usou a Pedra da Ressurreição para invocar Lupin, Sirius, Tiago e Lilian; ele precisava encarar Voldemort sozinho, mas ao mesmo tempo, não podia ir sozinho. Esses quatro foram com ele até o fim, mas nada do que foi dito até naquele dia significou mais do que a singela, um tanto constrangida frase de seu pai: “Nós estamos... muito orgulhosos de você”.

– Ted... Eu... - Uma batida na porta interrompeu a triste conversa. A cabeça de Luna surgiu no vão.

– Harry. - Ela disse. - Lucius está lúcido. Podemos interrogá-lo.

– Nós vamos conversar mais sobre isso depois, Ted. - Harry disse saindo pela porta atrás de Luna.

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Ted fitou a mesa de Harry por longos minutos antes de decidir ir para sua casa, que felizmente não era mais a de sua avó. Ele tinha um apartamento próximo ao centro de Londres, de onde ele podia ver a torre do Big Ben, claro que ela não era tão grande assim visto de lá, mas dava para ver. É o que importa.

Apesar de seus sentimentos estarem conflitantes, Ted ainda queria ver o Espelho de Osejed. Não tinha estudado tantos anos para simplesmente desistir. Mas Harry... Sabia que o magoaria se continuasse a empreitada. Não queria magoar o padrinho.

Ele seguiu direto para a saída. Enquanto cruzava o hall principal, onde dezenas de funcionários e visitantes iam de um lado para o outro; aparatavam, brotando do ar repentinamente; e surgiam em lareiras que serviam de chaves de portal, um dia comum na rotina do Ministério da Magia. Ted esbarrou em um bruxo que devia ter quase dois metros e meio de altura. O bruxo desculpou-se, dando a Ted uma boa chance de captar alguns detalhes físicos do bruxo, além da altura.

Suas feições eram quadradas, seus braços eram do tamanho do tórax de Ted. Ele tinha olhos verdes, umas sardas aqui e ali. Seu cabelo estava cortado rente ao couro cabeludo, mas ainda deixava claro que ele era ruivo, também sua barba era um indicio disso. Ele provavelmente era escocês. Contudo, apesar de sua aparência impressionante, outra pessoa chamou sua atenção.

Havia algo errado com um homem que andava um pouco na frente do grandalhão escocês. Na visão de Ted, sua imagem trepidava, como se fosse uma TV com chuvisco. Em um momento seu cabelo era castanho, seus ombros estreitos; em outro ele era um idoso com cabelos grisalhos e costas encurvadas.

Os dois fizeram um movimento parecido ao retirar de máscaras suas vestimentas. Havia um estranho símbolo desenhado em cada uma delas. Ted já vira esse símbolo antes, mas onde? Algo estava errado. Um terceiro homem do outro lado do salão também vestia sua máscara. Ted sacou sua varinha, apontou para os estranhos, agora mascarados e ordenou que parassem.

_____________________________

Harry encontrou com Rony no corredor. Seguiram para sala de interrogatório, onde o Ministro e Luna já estavam. Lucius estava jogado em uma cadeira com olheiras tão grandes que mal se via os olhos. Como Sirius, ele estava magro e pálido, a vida lhe escapando pela pele, mas ele parecia muito pior do que o padrinho de Harry estava quando saiu da prisão. Hilda estava ao lado dele junto com uma equipe de bruxos de jaleco branco. Todos tinham as varinhas em mãos e faziam um movimento circular em volta de Lucius; as pontas emitiam um brilho avermelhado.

– Ai está ele! - Lucius disse sua voz tão fraca quanto ele parecia estar. - O herói que derrotou o Lorde das Trevas. É uma honra reencontrá-lo.

– Faz muito tempo, não?

– Você está velho.

– Você também. - Harry retrucou com um sorriso; apesar de ele ter sido um inimigo durante muito tempo, o Auror sentia pena dele. - Lucius, preciso que você me diga o que aconteceu em Azkaban.

– Não. - Ele disse de forma bruta. - Não enquanto eu não ver minha esposa e filho.

Harry trocou olhares com o Ministro, que disse:

– Mande chamar Draco imediatamente. - Harry então se aproximou de Shacklebolt.

– Senhor. - Sussurrou. - Devemos contar a ele?

– Deixe que Draco conte. - Ele respondeu. - Sente-se. Vamos esperar.

Nenhum deles falou uma palavra se quer enquanto esperavam o filho do prisioneiro chegar. Harry, contudo, não sentou e ficou andando de um lado para o outro. Finalmente teria uma pista clara de onde poderia estar sua família. O livro, que estava ainda com o Ministro ainda era um total mistério. Depois de dez minutos, Draco chegou.

Assim que o homem de cabelos brancos entrou e viu o pai, correu para abraçá-lo. Com lágrimas no rosto trocou palavras de afeto com o pai, que Harry não pôde ouvir. O Auror achou estranha uma demonstração de carinho assim entre os Malfoy. Talvez os anos tenham mesmo amolecido o coração de Draco e Lucius. Ele sorriu.

– Onde está Narcisa? - Lucius perguntou.

– Pai. - O rapaz respondeu com peso na voz. - Minha mãe... Ela morreu há alguns anos em Azkaban.

Se é que era possível, Lucius ficou ainda mais pálido. Seus olhos fundos ficaram do tamanho de laranjas, pelo choque.

– Eu... Entendo. - Gaguejou. - Eu mesmo aguentei por pouco aquele lugar. Sua mãe, fraca como era, não duraria muito. Então, o que querem saber? - Tornou os olhos para Harry.

– O que aconteceu em Azkaban?

– O Inferno, Potter, foi isso que aconteceu. Começou quando um novo prisioneiro...

A súbita mudança na cor do ambiente cortou a fala do prisioneiro. A luz na sala estava num tom alarmante de vermelho, que apenas podia significar uma coisa: o Ministério estava sob ataque. Harry trocou olhares entendidos com os bruxos na sala.

– Leve Lucius para um lugar seguro. - O Ministro disse para Luna. - O resto de vocês e eu vamos imediatamente ao hall.

– Luna! - Harry disse. - Leve-o para... - Ele sussurrou um endereço em seu ouvido.

Harry era o fiel do segredo de uma das casas que ele mesmo comprara para ocasiões assim. Apenas ele, Gina, Rony e Hermione sabiam como chegar naquela casa conhecida apenas por “Cabana” entre eles.

– Pra onde o mandou?

– Para a Cabana.

O Auror notou pelos olhos de Rony que ele não sabia do que ele falava. Estranhou, mas deixou de lado. Havia algo mais importante para resolver. Luna agarrou Lucius e, antes de aparatar, o moribundo vociferou:

– Eu não vou sem meu filho!

– Vá, pai. Eu faço parte do Ministério. Preciso protegê-lo. - Draco afirmou, com uma cara triste.

Lágrimas escorreram pelo rosto do velho bruxo, que fitou o filho incrédulo. Harry nunca imaginou que um dia vê-lo-ia chorar; talvez fosse por emoção de ver Draco adulto ou por ter que abandoná-lo, mas, fosse qual fosse a razão, aquilo era algo inédito.

Draco abraçou-o por um longo minuto antes de deixar Luna aparatar com ele.

Os dois antigos inimigos trocaram olhares e, com o onipresente olhar superior dos Malfoy, Draco disse:

– Tome conta do meu pai. - E sorriu.

Ao longo de tantos anos trabalhando juntos, Harry passara a respeitá-lo, e Draco, a Harry. Eles eram obrigados a tolerar-se.

Alguns dos bruxos que estavam no interrogatório correram por um corredor até o elevador, contudo, Shacklebolt, Harry e Rony, foram pelas escadas. Era mais rápido.

O hall era uma bagunça indescritível. Paredes e pilastras destruídas, papel rasgados e pó estavam para todos os lados. No entanto, a situação parecia sob controle. Todos os bruxos que Harry conseguia ver, incluindo eu afilhado Ted, apontavam suas varinhas para os três homens que estavam no meio de um círculo.

Dois dos homens tinham varinhas em mãos, porém o terceiro não tinha.

O terceiro homem estava posicionado de forma animalesca, fitando a todos com uma selvageria que Harry não achava possível. Ele tinha o cabelo cumprido, com vários fios indo de um lado ao outro aleatoriamente. Suas duas mãos queimavam uma chama estranhamente roxa. Ele nunca tinha visto algo assim. “Aquela magia não era... Bruxa”, a voz do guarda moribundo de Azkaban veio a sua mente. Será que era aquilo o que ele queria dizer? Se aquele homem não era um bruxo, o que era? E como ele fazia mágica sem uma varinha?

Os três usavam máscaras. De onde estava, o herói conseguiu ver o símbolo da Triskelium nas máscaras perfeitamente. Aqueles, deduziu, eram os homens que haviam levado sua família. Ele sentiu uma súbita raiva incontrolável e, sem pensar, avançou de punho fechado em volta de sua varinha.

No entanto, uma varinha em seu pescoço o impediu.

Na outra ponta dela estava Rony Weasley.

– O que você está fazendo?! - Harry disse, incrédulo.

– Você vai vir, ou não? - Um dos mascarados gritou.

Rony arrancou a varinha de Harry de sua mão e as duas de seu cinto. Ele não tocou naquelas que estavam presas no mecanismo em seu pulso. Harry ficou feliz por não ter mostrado as invenções para ele.

– Vamos andando, Potter.

– O que você está fazendo?! - Vociferou. - Está louco? Por que está fazendo isso?

– Eu tinha três objetivos: o livro, Lucius e você. - Rony contou, enquanto andavam. - Mas as coisas ficaram fora de controle por causa do Wendigo e o livro está com o Ministro e Lucius em algum lugar que só você sabe.

Aquilo soou como um tiro... “só você sabe”.

– Além disso, você possui as três Relíquias da Morte. Nós a queremos.

Assim que se juntou aos outros três, Harry desapareceu com eles no instante seguinte.

_____________________________

Seu padrinho ser raptado diante dos olhos de Ted, mesmo que ele tenha sido o primeiro a detectar os intrusos, interceptá-los e mandar o ataque, trouxe uma sensação de derrota a Ted. Seu tio foi levado mesmo os invasores estando em menor número e cercados. Foi preciso uma traição para conseguir levá-lo; se algo acontecesse com Harry, Rony iria pagar muito caro por isso.

Todos os bruxos presentes se movimentaram. Uma nova crise e novos inimigos haviam surgido para acabar com os dezenove anos de paz. Para piorar, eles haviam começado da pior maneira possível: sequestrando o maior herói do mundo apenas para abalar toda a comunidade bruxa. O Ministro dava ordens para todos os presentes, fossem funcionários ou não, apesar de que Ted não ouvia nada. Estava em choque.

Devagar, como se seus membros não respondessem aos comandos de seu cérebro, ele pegou as três varinhas retiradas de Harry. Nenhuma era realmente a dele. O padrinho nunca saía sem sua varinha. Ele se sentiu um pouco aliviado, pois seu padrinho tinha uma chance de defesa. Ted tinha que ajudá-lo o mais rápido possível, mas por si só seria incapaz de descobrir para onde ele fora levado.

Entretanto, ele tinha sabia de algo. O símbolo nas máscaras dos invasores ele já tinha visto em algum lugar. Enquanto forçava sua memória, uma mulher veio andando em sua direção. Ela era mais baixa que ele, de cabelos loiros e olhos castanhos. Lilá estava com machucados que estavam se curando aos poucos, mas ainda mais rapidamente que qualquer humano - uma das poucas vantagens de ser um lobisomem.

– Edward! - Ela parecia com pressa. - Preciso conversar com você. Sobre Harry e o livro que ele estava investigando antes de ser raptado.

– Me fale! - Sem dúvida o que ela tinha para falar tinha algo a ver com o símbolo das máscaras.

– Ele leu um livro escrito por Rowena Ravenclaw. - Explicou. - Se eu me lembro direito, no livro eles estavam indo atrás de uma organização secreta chamada Triskelium.

O nome ativou o cérebro de Ted, que lembrou-se onde tinha visto o símbolo. Durante algum tempo, após sua primeira visita a Borgin & Burkes, Ted visitou a Travessa do Tranco diversas vezes. Em uma dessas viagens, ele passou por uma estranha e escura loja de joias mágicas. Havia diversos medalhões, incluindo um Vira-Tempo e o Medalhão de Slytherin que um dia foi uma Horcrux de Voldemort. Havia ali um medalhão que era mais caro que todos os outros. O símbolo das máscaras era o pingente; na descrição da peça dizia: “este é o Triskelium, símbolo da organização secreta homônima”.

– Preciso ir para a Travessa do Tranco! - Ele disse de repente.

– Por quê?

– Essa Triskelium... Uma vez vi um medalhão disso lá.

Antes que Lilá pudesse dizer qualquer outra coisa, Ted sacou sua varinha e aparatou, surgindo próximo ao Banco Gringotes. Desceu apressado a Travessa, chegando a esbarrar em alguns bruxos mal-humorados, que pareciam ser das trevas. A loja Falklands-Malditas ficava no final da rua, bem depois da Borgin & Burkes; ela era pequena, com uma vitrine de no máximo um metro e meio de largura, mas com uns três de altura. Ao lado dela havia apenas uma porta de madeira lixada. Ted procurou o medalhão na vitrine, mas não o encontrou. Por isso, entrou na loja.

Ela era bem mais ampla por dentro do que parecia por fora. Havia três balcões, formando um “U”; uma cortina de pano partido separava a frente, onde ficavam os clientes, do fundo, com o escritório, estoque, e um cofre magicamente selado com os objetos mais raros e caros. Na parte da frente, onde Ted estava, os três balcões serviam de mostruário, em que várias peças estavam em exibição. Colores amaldiçoados, brincos capazes de fundir duas pessoas, varinhas que um dia pertenceram a bruxos famosos, ovos de vários tipos de animais. O item mais raro ali era escama de dragão albino das neves - um tipo de dragão incomum do extremo norte do Canadá e Groelândia. Ainda nem sinal do medalhão Triskelium.

Um homem alto, magro, de nariz adunco e fino, sobrancelhas e boca tênues entrou na loja vindo dos fundos da loja. Seus olhos astutos e espertos, como de alguém que costuma aplicar golpes, eram de um tom entre o verde musgo e o castanho. O cabelo, já grisalho, era um tanto cumprido, mas bem cortado na altura do pescoço. Ted já o tinha visto algumas vezes, conhecia seu nome, mas nunca havia falado com ele ou entrado em sua loja. Pallaton Tulloch Gold era uma lenda do submundo bruxo. Qualquer item mágico que você precise ele pode ter e, se não tiver, ele dará um jeito de conseguir.

– Boa noite, Sr. Gold. - Ted cumprimentou.

– Edward Lupin, não? - Sua voz não era grave nem aguda, mas era um tanto rouca.

– Isso. - Por alguma razão, o rapaz sabia que Gold devia ser temido. - Alguns anos atrás eu vi um medalhão na sua vitrine.

– Você precisa ser mais especifico, meu jovem, tenho centenas desses por aqui.

– O Triskelium.

– Ah, sim. Muitas pessoas estão com um interesse particular nessa peça. Porém, infelizmente, o vendi há cerca de dois anos.

– Vendeu a quem?

– Me desculpe, Sr. Lupin, mas minha relação com meus clientes não é da sua conta. - Como Ted não respondeu ou se mexeu, ele acrescentou: - Mais alguma coisa?

– Meu padrinho, Harry Potter, está desaparecido. E a única pista que temos é esse símbolo.

– Harry Potter me fez perder dezenas de clientes. Ele é a última pessoa que desejo ajudar.

Ted, então se lembrou de uma coisa que Tom, o barman do Caldeirão Furado, disse sobre Gold: ele gosta de fazer acordos.

– E que tal se nós fizermos um acordo? - Arriscou.

– Agora você está falando minha língua, Sr. Lupin.


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