POV BELLA

Enfim, Sábado, meu primeiro final de semana em Forks e já tinha festa. Alice estava atrasada quase meia hora. Será que ela se esqueceu de mim?

Estava andando de um lado para o outro, quase fazendo um buraco no piso da sala quando a campainha tocou. Corri para abrir a porta, quando já ia brigar com Alice pela demora, vi que era seu irmão. Ele estava simplesmente maravilhoso! Com uma camisa preta com os botões abertos até o peito e o cabelo bagunçado daquele jeito sexy que só ele sabia ser. Seus olhos brilhavam num verde tão intenso... e sua boca com aquele meio sorriso foda... Senti que ia babar, então, antes que eu cometesse uma loucura, fechei a porta na cara do Cullen.
Droga! Respira, Bella... Você não pode se deixar levar! Briguei comigo mesma, odiando a reação que ele provocava em meu corpo.

O maldito continuou tocando a campainha. Ai que raiva... Não ia aguentar cantada barata num momento de estresse.

_O que você quer? – Cuspi as palavras com raiva quando abri a porta novamente.
_Que modo mais grotesco de tratar as visitas... – Ele falou com um sorriso cínico no rosto.
_Se veio aqui pra me insultar pode dar meia volta que não estou com paciência. – Cuspi de volta.
_Calminha aí. A Alice pediu para que eu viesse te buscar. Ela está te esperando no salão do Matthew.
A Alice me paga! Tomara que ela tenha uma boa desculpa para me fazer andar sozinha no Volvo do gostoso do irmão dela. Como é que eu resisto desse jeito? Para, Bella! Deixa de ser pervertida... Lembre-se de quem você é e o que você faz com os homens que cruzam seu caminho... Aff!

Respirei fundo, tomando coragem e respondi:

_Ok. Me espere aqui que eu só vou pegar minha bolsa. – Deixei Edward me esperando na sala e subi para meu quarto. Ele veio prestar solidariedade? Então vou ser bem solidária com ele... hehehe
Voltei para a sala com minha bolsa, um vestido curtíssimo e salto alto. Vi a baba escorrer no canto da boca do Cullen quando me viu descer a escada.

_Vamos! – Fingi não notar sua cara de apaixonado e saí séria para entrar no carro. Ele ainda ficou parado me acompanhando com os olhos.

_Fecha a boca SAlazar. E anda logo senão eu perco meu horário.

Ele sacudiu a cabeça, tentando sair do transe e veio para o carro.

Durante todo o trajeto ele ficou dividindo o olhar entre a estrada e minhas pernas, me analisando com rabo de olho. Fingi que não vi, pois aquilo era demais. Um gato de olhos verdes e corpo escultural caidinho por mim. Nem acreditava que todas as garotas de Forks tentaram chamar sua atenção e fui eu quem conseguiu, e pra quê? Para depois de usar, humilhar. Eu sou muito má!

_Pronto! Está entregue. – Ele falou me olhando nos olhos.

_Obrigada. - Disse abrindo a porta. - Da próxima vez use um babador.
Fechei a porta e saí dali rindo da cara de tacho do pobrezinho.

O salão de beleza do Matt era glamoroso. Quando entrei vi uma Alice cheia de bobs no cabelo e uma manicure trabalhando em suas mãos.

_Alice Cullen, espero que tenha uma boa desculpa para ter enviado seu irmão no seu lugar! – Fui logo despejando minha raiva em cima dela.

_Ai, Bella, você está tão estressada. Sabia que o estresse causa rugas? Ele me fez um favorzão e você ainda reclama?

_Mas você sabe que eu não vou com a cara dele. – Protestei sem sucesso, já que ela balançou a cabeça em negativa e fechou o cenho.

_ Isso não está certo. Bella, qual é o seu problema? O Edward está caidinho por você, já mandou bombons, já fez serenata, já mandou flores, e você só deu patada. Por um acaso você é sapatão?

_Credo, Alice! Ele só não faz o meu tipo. – Falei tentando por um fim naquela conversa, pois ela já estava tomando um rumo proibido.

_E quem faz o seu tipo, Jacob Black? – Bingo! Agora ela tocou no assunto que eu queria. Abri o maior sorriso do mundo e falei bastante empolgada:

_ Claro! Você acha que eu trocaria aqueles músculos bronzeados pelas pelancas branquelas do seu irmão? Nem morta. Sem contar o cabelo. Sou muito mais o cabelo preto do Jacob. E do seu irmão que cor é aquela, ferrugem? – Falei com os dedos cruzados nas costas, porque era exatamente o oposto. O que mais me atrai em um homem são os olhos verdes e a cor da pele. Nada contra os bronzeados, mas eu adoro uma pele branquinha. Acho que essa minha repulsa por Edward é por ele ter tudo que me atrai e significar uma ameaça à minha racionalidade. Já faz um bom tempo que me abdiquei dos sentimentos, fico assustada quando me sinto vulnerável a alguma coisa.

_Então é verdade os boatos sobre você e o Black?

Não respondi, pois não queria prejudicar Jacob com a Leah. Fiquei calada, enquanto Alice estudava minha fisionomia. Depois de um pequeno momento ela falou:

_ Não sei não, viu. Acho que nesse mato tem coelho...

Espero que ela deixe esse assunto de lado, porque eu não sei mentir para minhas amigas. Se ela começar a perguntar vou acabar entregando o jogo, aí meus planos vão todos por água abaixo.
_Então, Matt, essa é Bella Swan, a amiga de quem lhe falei.

Suspirei Aliviada quando Alice resolveu me apresentar para seu cabeleireiro.

_Hei, Bella, seu nome faz jus a você, Darling! – Ai ai, Essa Coca é Fanta. Bom, pelo menos eu não preciso de me preocupar com esse, menos um.

_Oi, Matt. Adorei o corte que você fez na Alice. Você tem talento, sabia?

Começamos a conversar sobre cortes de cabelo enquanto ele deixou meu cabelo de molho numa hidratação de chocolate e começou a pintar os cabelos da Alice de preto. Aquele cheiro doce estava me matando de fome.

_Ai, Matt, vou acabar comendo um pouco desse creme de tão gostoso que é o cheiro...

Mal terminei de falar, Alice deu um grito.

_Bella! Mas se você gosta de chocolates, porque desperdiçou aqueles suíços que Edward te deu? – Ela me olhava furiosa.

_Ops... hehe... – Dei uma risada sem graça por não saber o que dizer, acabei me entregando, afinal, essa baixinha é mais esperta do que pensei.

_Baixinha você me pegou... – Antes que eu pudesse continuar a me desculpar, o Matt me cortou com uma expressão de horror.

_Para tudo! Você ficou doida é? Agora aguenta as consequências... – Fiquei encarando-o sem saber do que ele estava falando, quando Alice o interrompeu de olhos fechados e com as mãos massageando as têmporas:

_Deixa comigo Matt. – Então ela respirou fundo e abriu os olhos me fuzilando – Quem você pensa que é pra me chamar de baixinha?

_Eu... – Ela não me deixou falar.

_Sua falsa! Amiga da onça! Eu aqui tentando te ajudar apresentando o meu cabeleireiro e você me ofende? Isso não vai ficar assim.

_Mas, Alice...

_Nada de mas, você acha que é grande o suficiente para me menosprezar? Está enganada, seu toco de amarrar jegue! – Dessa vez eu não ia ficar calada.

_Eu? Toco é você! Aliás, se eu sou o toco, você é a mula porque seu irmão é o jegue que está amarradão em mim! – A Alice não me conhecia o suficiente pra saber que eu não levo desaforo de ninguém.

Ela já ia voar no meu pescoço quando Matt entrou no meio e nos segurou.

_Dentro do meu salão eu não aceito baixaria. Se quiserem brigar, ótimo, mas lá fora! – Ele falou tentando engrossar a voz, quem visse até achava que era homem. Me engana que eu gosto...
_Nossa, Matt, grande amigo você é. Ao invés de ficar do meu lado você quer livrar a cara dessa aí? – Alice fez biquinho e bateu o pé que nem criança pirracenta apontando na minha direção. Aquilo foi muito engraçado, mas para não piorar a situação eu contive meu riso e pedi desculpas.
_Me desculpe, Alice. Eu não queria te ofender, não sabia que você não gosta de ser chamada de baixinha. Eu retiro o que falei, tudo bem?

Ela me olhou ainda com raiva e depois virou a cara.

_Deixa de ser infantil Baby! Desse jeito você nunca vai provar para o Jasper que não é mais uma criança! – O Matt falou piscando pra mim.

Enquanto Alice levava bronca sua face foi amenizando, e quando Matt citou o nome do Jasper ela amoleceu de vez.

_Eu te desculpo, Bella, mas com uma condição. – Agora, seu semblante passou de raivoso para travesso. Acho que ela é bipolar. Essas mudanças bruscas de humor não são normais.
_Pode falar, Alice. – Encorajei-a a continuar.

_Você vai ter que me ajudar a conquistar o Jasper hoje no Luau.

Ótimo! Agora de amiga da onça eu passei a ser cupido.

Depois de hidratar meu cabelo, recebi uma massagem corporal divina e fiz as unhas. Matt escovou meu cabelo e me maquiou. Enquanto isso, Alice recebia o mesmo tratamento.
Saímos do sAlão prontas para arrasar corações. Voltamos para casa de taxi, pois Edward estava ocupado com não sei o quê. Chegando em casa, coloquei o vestido que Alice me deu e fiquei esperando ela voltar.
_Pai, estou indo até La Push com alguns amigos da escola, tudo bem?

_Só não quero que chegue tarde. Sei que você é responsável, não vou pegar no seu pé. Ah, e vê se não “apronta” com ninguém, entendeu? – Ele disse insinuando minhas artimanhas de Phoenix.
_Pai! – Fiquei sem graça, afinal ele nunca tinha me dado bronca por causa das minhas loucuras. Falando abertamente assim, ele me deixou envergonhada.

Depois de quase uma hora esperando, Alice chegou de taxi. Fomos direto para La Push. Eram umas dezoito horas quando chegamos ao quiosque. Ao longe se podia observar o ocaso tingindo o céu com vários tons avermelhados, contrastando com as cores frias da água e da praia.

Não estávamos sozinhas. A turma da escola já tinha chegado e acendido uma fogueira de galhos secos e Algas. Achei legal observar as chamas multicores.

Infelizmente Edward estava lá também, com o violão que eu molhei no dia da serenata. Ele estava sentado num tronco de arvore tombado e cantava uma música linda. Nossa, que voz era aquela? Ele canta e toca muito bem.

(Never think – Robert Pattinson)

Ele me secou com os olhos quando me viu. Mas não deixou de tocar. Já estava ficando sem graça com seu olhar quando Alice me puxou pelo braço para ajudá-la com os marshmallows. Todos estavam se divertindo, cantando e comendo em volta da fogueira. A noite começou a cair e o frio veio junto. Comecei a observar as pessoas ali presentes. Adoro ler pessoas. Na maioria das vezes sei se uma pessoa é de confiança ou não só de olhar em seus olhos.
Mike Newton, o garoto que jogou uma bolinha de papel no Edward no meu primeiro dia de aula, estava com o braço nos ombros de Jessica Stanley como se esta fosse propriedade sua. Ele fazia pose de “Eu sou o tal”, mas seu tipo não me engana, sei que atrás dessa máscara de todo-poderoso só tem um garoto fraco e medroso. Jessica é o tipo de garota que me dá arrepios. Falsa, dissimulada e interesseira. Ela gosta de fofocas e não disfarça seu jeito sanguessuga. Só aproxima das pessoas que podem lhe dar algo em troca.

Eric Yorkie e Angela Weber formam um casal muito fofo. Desde o primeiro momento em que os vi, percebi que são pessoas dignas de confiança. Angela não fala muito, só o necessário, Além de ser inteligente e esforçada. Vi o dia em que ela apresentou seu trabalho de literatura, ela tem talento com as palavras. Já o Eric, este não tenho muito que falar, apenas que ele é extrovertido, gosta de contar piadas e agitar a galera.

Emmett, o primo de Alice, não sei muito que dizer dele, afinal, só pude conhecê-lo hoje, mas, pelo pouco que vi, já sei que ele é o tipo bagunceiro e zoador. Ele namora Rosalie, uma garota muito bonita, mas muito antipática. Ela teve a coragem de virar a cara quando fui cumprimentá-la. Já o Emmett me agarrou e me sacudiu no ar como se fossemos velhos amigos. Bem doido é o que ele é. Acho que as bebidas que ele já tinha entornado goela abaixo já faziam efeito em seus miolos. Ah, sem contar que ele era o único que estava bebendo Ali.

Jasper, esse é um cara estranho. Não sei o que Alice viu nele, parece um Emo deprimido. Só sugeriu músicas de fossa e não o vi sorrir nenhuma vez, nem das piadas que Pedro contava. Só o vi reagir quando Edward começou a cantar uma musica do grupo brasileiro Skank. Resposta, essa era a música. Uma das minhas preferidas. Adoro música brasileira.

(Resposta – Skank)

Bem mais que o tempo
Que nós perdemos
Ficou prá trás
Também o que nos juntou...
Ainda lembro
Que eu estava lendo
Só prá saber
O que você achou
Dos versos que eu fiz
E Ainda espero
Resposta...

Jasper cantou tão empolgado que eu acabei dando um tapa na cabeça da Alice pra ela sair do transe.
_Acorda, menina! Quer que ele te veja com essa cara de mongol? – Ela me olhou assustada como se tivesse acabado de acordar. – Você precisa provocá-lo, não assustá-lo. Falei tentando ajudar. Parece que surtiu efeito, porque ela levantou e foi até o carro de Edward, fazer não sei o quê.

Desfaz o vento
O que há por dentro
Desse lugar
Que ninguém mais pisou...
Você está vendo
O que está acontecendo
Nesse caderno
Sei que ainda estão...
Os versos seus
Tão meus que peço
Nos versos meus
Tão seus que esperem
Que os aceite...

Em paz eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante
Sem mais eu fico onde estou
Prefiro continuar distante...

Comecei a cantar também. Já falei que adoro essa música? Pois então. Quando Edward viu que eu tinha entrado no refrão toda empolgada, ele sorriu pra mim, me incentivando a continuar. Acho que corei, aquele sorriso e seus olhos verdes são tão lindos que me deixam encabulada.

Para, Bella, foco, foco!

Aproveitei que ele estava me encarando e comecei meu jogo de sedução. Já estava na hora de partir para aproxima etapa do meu plano.

Enquanto lhe direcionava meu melhor olhar e passava a língua nos lábios de forma sedutora depois de beber um pouco de coca. Seus olhos estavam vidrados em minha boca, e por pouco ele quase errou o acorde no violão.

Alice voltou do carro com um sorriso misterioso no rosto. Sabe aquela cara de criança arteira que acabou de aprontar? A da Alice estava pior.

Bem mais que o tempo
Que nós perdemos
Ficou prá trás
Também o que nos juntou...
Ainda lembro
Que eu estava lendo
Só prá saber
O que você achou...

Dos versos seus
Tão meus que peço
Dos versos meus
Tão seus que esperem
Que os aceite...

Em paz eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante
Sem mais eu fico onde estou
Prefiro continuar distante...(2x)

Desfaz o vento
O que há por dentro
Desse lugar
Que ninguém mais pisou...
Você está vendo
O que está acontecendo
Nesse caderno
Sei que ainda estão...
Os versos seus
Tão meus que peço
Nos versos meus
Tão seus que esperem
Que os aceite...

Em paz eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante
Sem mais eu fico onde estou
Prefiro continuar distante...(3x)

_Pessoal, um minuto de atenção, por favor! – Alice interrompeu a música deixando todos curiosos. – Esta música me deixou inspirada. Gostaria de propor uma brincadeira, topam?

_Já vem Alice com suas ideias malucas. – Essa só podia ser Rosalie, a antipatia em pessoa.

_Que tipo de brincadeira, Alice? Verdade ou consequência? – Esse só podia ser Emmett, ele falou esfregando as mãos e com um sorriso pervertido nos lábios.

_Não, Emmett. Eu vou explicar. A música fala de uma pessoa que estava lendo os versos que ela tinha feito para alguém e esperava a resposta. Então eu proponho que façamos o mesmo. Este caderno será o “caderno de respostas”. Vamos sortear quem vai começar a brincadeira. O sortudo vai escrever algo neste caderno para uma das pessoas aqui presente, depois o outro vai responder. O caderno vai passar por todos. O que vocês acham?

_Eu gostei da ideia. – Falei empolgada, adoro ler e escrever.

_Eu não sei fazer poemas. – Eric falou encabulado.

_Não precisa ser poema, pode ser carta ou o gênero que você preferir. – Alice sugeriu.

_Eu topo! – Jessica falou toda serelepe.

Depois que todos concordaram, Alice sorteou os nomes.

_E o sortudo é... Jasper! – Ela gritou empolgada enquanto Jasper fazia uma careta. – Gostaria de estipular um prazo. Assim todos terão tempo suficiente para escrever. Três dias para cada pessoa, combinado?

_Hei gente, nós podemos combinar outro luau para o desfecho da brincadeira, que tal? – Até que enfim o Emmett disse algo que preste.

_É primo, até que enfim você falou algo que preste. – Será que o Cullen ler mentes? Ele falou exatamente o que eu estava pensando.

(Something inside – Jonathan Rhys Meyers)

Continuamos o luau até meia-noite, quando meu celular começou a tocar. Era meu pai.

_Acho que vou levar bronca quando chegar em casa – Falei pensando Alto.

Edward se dispôs a me levar embora, os outros não tinham hora pra chegarem casa. Eu ia protestar, afinal, não era uma boa ideia voltar sozinha com o Cullen à uma hora dessas da noite. Não que ele fosse fazer alguma coisa, eu não confio é em mim mesma. Queria pedir que Alice me acompanhasse, mas ela estava conversando com Jasper de uma forma tão compenetrada que eu acabei aceitando a carona de Edward. Não queria estragar o clima de ninguém.
Despedi-me da turma e entrei no volvo do gostosão. Em nenhum momento ele tentou conversar ou se aproximar de mim. Ele foi um perfeito cavalheiro. Coitado, se ele tivesse me atacado seria mais justo. Então eu poderia usar como desculpa, assim, tão santinho eu fico até com dó de provocar. Afinal, eu faço o que faço por causa dos homens safados sem vergonha. Até hoje não vi nada que o Cullen fizesse que o encaixasse nessa categoria. Ele até me parece ser um cara legal.

O carro parou na frente da minha casa, mas eu não fiz menção de sair. Nem Edward se mexeu. Ficamos parados, em silêncio, por um bom tempo, até que ele quebrou o silêncio.

_Olha, Bella, eu queria te pedir desculpas novamente. Acho que começamos com o pé esquerdo, por isso gostaria de apagar o que aconteceu e começar de novo. Não sei o que eu fiz pra você me odiar, mas meus sentimentos por você não mudaram. Ainda quero te conquistar e não vou esconder isso de você. Gosto de jogar abertamente. Por isso quero te pedir uma coisa.

Continuei em silencio, de cabeça baixa, analisando cada palavra que ele dizia. Edward falava de uma forma tão segura que por um instante eu deixei me levar. Olhei para ele num gesto de incentivo, então ele continuou.

_Podemos ser amigos? Você me daria a chance de te mostrar que não sou um bicho de sete cabeças e que só quero seu bem?

Respirei fundo tomando coragem antes de responder.

_Edward, o problema não é você. Sou eu. Desculpe-me, eu, e-eu não posso. – Saí do carro correndo para dentro de casa, não queria que ele me visse chorar. Subi as escadas correndo e me tranquei dentro do quarto.

Eu sou uma idiota mesmo. Fui mostrar minhas fraquezas logo para um homem? Mas eu não pude controlar a onda de sentimentos que me invadiu quando ele assumiu toda a culpa, coitado. Se ele soubesse a verdadeira razão de eu ser tão amarga com os homens, ele não pediria desculpas, eu é quem deveria ser desculpada.

Deixei as lágrimas invadirem minha face enquanto eu me embolava na cama. Fazia muito tempo que não chorava, desde quando James me deixou sozinha e rasgada por dentro naquela noite infernal. Eu disse pra mim mesma que os homens não valiam à pena, que são seres desprezíveis. Então me aparece um perfeito - pois até agora não encontrei defeito algum em Edward – para contradizer tudo aquilo em que acredito. Passei os últimos anos da minha vida procurando Algo em que apoiar, tirava forças dos momentos de diversão quando eu olhava nos olhos dos caras que eu humilhava. Mas depois um vazio me invadia e eu sempre me perguntava se era isso mesmo que eu queria.

Hoje Edward me mostrou que ainda há esperança. Que nem todos são iguais. Quando ele me falava dentro do carro, uma sensação de segurança me invadiu. Era como se ele fosse o porto seguro que eu procurei a vida toda e enfim eu tinha encontrado. Mas eu não podia confiar, não depois de sofrer tanto. Gustavo fez um estrago tão grande no meu peito que não sei se serei capaz de confiar em Alguém novamente. Por mais que eu queira mudar, a dor sempre me puxa para baixo, sempre me lembra que eu não posso.

Fiquei naquela bola de lagrimas e dor no peito até adormecer. Então sonhei que estava sozinha no meio da floresta. Eu procurava por Algo, mas não sabia o quê. Então comecei a chorar. Corria sem saber para onde ir, às vezes tropeçava e caía. Quando já estava desistindo, Edward apareceu e segurou minhas mãos me guiando para o centro de uma clareira. Lá ele me abraçou e sussurrou no meu ouvido que tudo ia ficar bem. Após um longo tempo abraçados, do nada ele se afastou de mim e disse adeus, desaparecendo na floresta.
Acordei aos prantos sem saber o porquê de um sonho mexer tanto com meus sentimentos.