Ponto de vista:Isabella Swan.

Acordei de um sono profundo,quando a claridade atingiu minha face,vários raios solares que adentravam pela janela que eu havia deixado aberta ontem a noite,por mera distração,deixavam uma sensação incomoda em minhas pálpebras.Pisquei algumas vezes tentando me acostumar com a luz ,e em seguida tentei me erguer na cama,para encostar as costas na cabeceira,o que foi uma atitude meio idiota,levando em conta que assim que executei esse ato,uma pontada fina atingiu minha testa.É parece que os efeitos do álcool em excesso estavam emanando em meu corpo!Pressionei minhas mãos no local da dor e fiz uma careta de desconforto.Me arrependendo de todas as taças de vinho que tomei ontem a noite.Mas também só foi disso que me arrependi,por que todas as outras coisas perfeitas que ocorreram ao longo da madrugada, soavam perfeitas para mim,um verdadeiro sonho!.

Sem que eu mesma percebesse eu já havia ignorada a sensação ruim que eu estava sentindo antes,e um sorriso se estampava em meu rosto.E mais uma vez sem me importar com a sutileza,me joguei para trás de forma brusca na cama ,encostando minha cabeça no travesseiro branco com cheiro de jasmim,sorrindo como uma adolescente apaixonada.Me movi para o lado,ainda escutando a declaração de Edward ecoar em minha mente,como uma melodia harmoniosa.Fechei meus olhos momentaneamente enquanto me entregava mais uma vez a felicidade,mas em seguida os abri ,erguendo eles em direção ao criado mudo que se encontrava ao meu lado,os arregalei instantaneamente ao me deparar com o horário no meu despertador! Eu não estava atrasada ! Eu estava muito atrasada.Eu tinha um ensaio fotográfico externo com Pierre hoje,para coleção de primavera da empresa,escolhemos um jardim botânico como localidade,e eu já devia estar lá,levando em conta que meu turno na empresa era só no horário vespertino hoje,o que era um pouco frustrante,já que eu queria ver Edward o mais rápido possível.O que soava patético demais.

Me levantei ,deixando de lado o calafrio que percorreu meu corpo,quando meus pés colidiram com o chão gelado ,e a tontura que me abrangeu enquanto eu corria — literalmente— em direção ao banheiro.

Em questão de segundos eu já estava despida e a água da ducha quente ,já molhava meu corpo,e relaxava meus músculos,durante o meio tempo que passei no chuveiro, não me dei ao luxo de ter reflexões.Puxei a toalha que estava estendida em cima de uma das mesinhas próximas ao box de vidro,e enrolei meu corpo nela.Desmanchando o coque que eu havia feito,e encarando minha imagem no reflexo no espelho,passei meus dedos pela superfície cortante querendo retirar o embaraço da minha respiração.E observei minha imagem refletida,ficando surpresa com os pensamentos que eu tive a seguir.Pude perceber que o tempo havia passado,e que eu não era a mesma menina que foi abandonada no altar,eu havia me tornado uma mulher de 26 anos ,tinhas os traços de uma,as expressões e os trejeitos.

Balancei minha cabeça constatando que eu não tinha tempo para ficar fazendo comparações sobre minhas mudanças.Fiz minha higiene pessoal,e me movi em direção ao closet.Vasculhando os cabides em busca de uma roupa apresentável,e por fim optei por uma macacão tomara-que-caia com uma tonalidade alaranjada ao fundo e com flores num tom violeta claro,num modelo de calça e com um cinto de laço na cintura,com o mesmo tecido do resto da roupa,e uma jaqueta jeans numa tonalidade clara de mangas curtas para acompanhar (Look Bella).Assim que me vesti,puxei uma bolsa cinza de uma das portas do enorme armário cheio de espelhos,e a coloquei sobre a cama,guardando meus pertences lá,conferi as horas no meu celular e vi que eu tinha me arrumado em tempo recorde.A enganchei em meu ombro e sai do meu quarto, quase tropecei, quando de forma estabanada eu tentava calçar meu par de anabelas beges.Fui em direção ao quarto da Ness,e quando adentrei ao cômodo vi que estava vazio.Do jeito que minha filha é responsável ,já deve estar arrumada e me esperando.

Desci as escadas rapidamente,segurando no corrimão para não cair.Chegando no andar de baixo ,me direcionei até a cozinha,já que sabia que minha filha provavelmente estaria lá.Digo isso ,por que sempre que ela acorda mais cedo e disposta, a mesma toma café com os empregados e se mantém informada sobre os filhos deles,em algumas dessas refeições minha tia até a acompanha e a segue na simplicidade.E para meu nada espanto,lá estava ela,sentada em um dos banquinhos da bancada,mostrando seu livro de figuras para Pietro que observava tudo com encanto,minha garotinha estava servida com um enorme copo de leite,e com seus biscoitos prediletos,junto com uma maça verde.Vestida em seu uniforme escolar,e com os longos cabelos cobres presos em uma trança a mesma balançava seus pezinhos divertida.Assim que percebeu minha presença sorriu e foi impossível não retribuir.Fui até ela e beijei o topo de sua cabeça,sentindo a maciez de seus cabelos e seu cheiro de morango, tão delicioso.

—Bom dia meu amor .Bom dia Pietro —saudei amistosa,e minha filha sorriu ,me cumprimentando ,assim como Pietro fez em seguida — E a tia Renée,já chegou ? — questionei curiosa (afinal minha tia tinha saído ontem a noite)enquanto me aproximava da cafeteira e enchia minha garrafa térmica,uma das empregadas se ofereceu para fazer aquilo para mim,mas eu recusei delicadamente,achando desnecessário que ela executasse uma tarefa tão simples,quando eu mesma podia fazer.

—Não Bella,ela ligou para avisar que a surpresa de seu tio Charlie era uma viagem inesperada á Paris,eles pretendem passar mais ou menos uma semana no apartamento de lá — Pietro me avisou e eu sorri,era bom saber que minha tia estava feliz.

—Obrigado por me comunicar Pietro...Ness precisamos ir agora,eu estou extremamente atrasada,e ainda preciso te levar na escola —falei dando um tapinha carinhoso em suas costas,ela assentiu sem reclamações e começou a juntar seus materiais em sua mochila.

—Só para constar mãe,quem se atrasou hoje, foi a senhora — minha filha comentou divertidamente,e caminhou até Pietro ,e o mesmo se agachou para que ela beijasse sua bochecha.Ele a via como uma netinha,e isso era tão bonito,mesmo que ele tivesse vários netos de sangue,ele ainda tinha um lugar em seu coração para amar minha filha,e fazê-la se sentir especial.

—Isso mesmo filha,faça com que eu me sinta uma mãe irresponsável que é mais criança que a filha de oito anos — brinquei,e a guiei para as portas dos fundos da mansão,de lá poderíamos ir para a garagem,acenei para Pietro em forma de despedida,e Ness fez o mesmo.

A garagem de nossa casa,era amontoada por vários carros,de diversos modelos e cores,dos modelos clássicos aos modernos,dos conversíveis até os mais comuns.Coisas da tia Renée.Ness praticamente correu em direção ao automóvel que eu usava no dia-a –dia e entrou quando eu abri a porta.Entrei logo em seguida,joguei minha bolsa no banco de trás,e coloquei o cinto de segurança,conferindo depois se minha filha havia feito o mesmo,e quando notei que sim,dei partida,acelerando rumo a saída nos portões da casa.Logo estava dirigindo pela rodovia.Ness ligou o rádio,e começou a procurar uma estação que a agradasse,o que era bem difícil,já que minha filha era muito exigente.Não conseguindo o que queria,suspirou frustrada,e se esparramou pelo banco.Ergui uma sobrancelha sabendo que depois de todo seu ato dramático,uma reclamação com certeza viria a seguir.

—Quando meu castigo vai acabar? Eu quero meu celular de volta,e quero ir para casa da tia Heidi—ela resmungou ,protestando e eu sorri diante das palavras vindas delas.Comprovando que eu estava certa sobre minhas constatações anteriores.

—Renesmee você só está de castigo á um dia,não é o fim do mundo,e outra,você não pode ser escrava da tecnologia — a repreendi por causa de seu exagero,enquanto guiava o carro calmamente.

—Mas mãe... — ela ia continuar com seus argumentos infantis,mas eu a interrompi.

—Nada de "mas" Renesmee ,eu sou sua mãe então respeite minha decisão,está muito cedo para que eu precise ser firme o suficiente—declarei com um tom de voz sério,e ela entendeu que ceder aos seus apelos infundados, estava fora de cogitação.

—Se meu pai tivesse aqui,ele provavelmente repensaria sobre isso — ela disse emburrada,e eu suspirei não por exaustão,mas por culpa,por Edward estar tão próximo dela,e mesmo assim não ter assumido seu papel como pai.Renesmee era só uma criança,e seria muito para ela assimilar que minha relação com o pai dela,não foi de marido ou mulher,de namorada e namorado ou coisa parecida.Eu podia estar subestimando a capacidade dela de entender as coisas,mas não poderia arriscar transformar a vida dela num colapso,se eu que sou uma adulta já fico sufocada com o tanto de coisas que aconteceram esses dias,imagine a Ness,que era só uma menina de 8 anos?.

Permanecemos num silêncio interminável,enquanto eu buscava em minha mente uma resposta que saciasse sua opinião.E quanto a encontrei,me pus a falar:

—Se seu pai tivesse aqui,ele me apoiaria ,por que ele é um adulto,e adultos fazem as coisas certas — expliquei calmamente,notando que já havia passado um bom tempo,e que o edifício da escola da Ness já estava próximo.Parei o veiculo no acostamento,e desliguei o carro,observei as várias crianças que se despediam de seus pais na entrada e logo após encarei Ness,que olhava na mesma direção que eu olhara antes,mas logo se virou para mim,com uma expressão neutra.

—Eu acho que a senhora está errada mãe,adultos não fazem as coisas certas,eles só complicam as coisas,tornam as decisões mais fáceis as mais difíceis,fazem uma bola de neve com tudo — e foi com aquelas palavras que minha pequena filha saiu do carro,carregando sua mochila nos ombros,enquanto eu permanecia estática ,incrédula por perceber que minha filha com apenas aquela idade conseguia ser mais decidida do que eu fui em minha vida inteira.

(...)

Assim que cheguei ao jardim botânico,me deparei com uma tremenda movimentação,vários funcionários da empresa,várias modelos e vários operários carregando centenas de equipamentos modernos que eu achava no mínimo desnecessários.Para quê estragar a beleza local se a parte bonita daquilo tudo era o quanto seus artefatos eram naturais e puros? Esbarrei em um cara,que segurava uma quantidade exagerada de caixas,enquanto me encaminhava até ao camarim, e pedi desculpas ,fazendo uns gestos estranhos.Andei despreocupadamente — o que era contraditório ,levando em conta que eu estava atrasada — enquanto bebericava o café da minha garrafa térmica,de forma lenta.Acenei para alguns funcionários do Buffet da empresa,que estavam posicionados numa tenda enorme,onde comidas de todos os tipos eram expostas na mesa,o almoço da modelos.Eu suponho.

Avistei Pierre saindo de um dos trailers da maquiagem ,todo aturdido,carregando em suas mãos dezenas de cabides,me aproximei hesitante e assim que ele me encarou,se pôs a reclamar:

—Você está atrasada ,senhorita Swan—ele disse com uma expressão brava e eu sorri,o que causou a revolta dele.

—Tecnicamente você não podia estar reclamando ,já que eu sou a dona dessa empresa— brinquei ,enquanto deixava meus pertences,em cima de uma cadeira com as pernas em formato de X ,próxima aos enormes telões brancos e aos instrumentos de iluminação para as fotos e ajudava ele a colocar os cabides numa das araras ao ar livre.

—Você fica tão sexy,quando assumi a posição "eu sou rica,baby!"—ele brincou,esbarrando o ombro em mim,me fazendo rir.

—Cuidado Pierre,você tem uma noiva,e eu não tenho talento para ser a amante—debochei sorrindo,sem evitar pensar em Edward ao falar essa frase.Agradeci gentilmente quando uma das assistentes de Pierre me trouxe meus equipamentos,e comecei a limpar a lente da câmera que eu usaria.

—Realmente ,esse não é um dos seus inúmeros talentos — ele disse dispensando a garota que tinha trazido minha câmera antes,quando a mesma o ofereceu uma garrafa de suco.

—Alice não veio ? — questionei curiosa,tirando uma foto de Pierre para testar meu equipamento,o mesmo fez uma careta engraçada e pousou para a imagem,enquanto eu ria.

—Hoje ela comandará a parte interna e eu ficarei com a parte externa— ele explicou,mostrando que Alice já havia adquirido a confiança dele.

—Pierre, sempre roubando a parte divertida das coisas— debochei e ele me olhou indignado.

—E você sempre fugindo,não pense que não vai me explicar o por que de seu surto ontem,depois do almoço com as meninas — ele pontuou categórico,e eu não me surpreendi.

—Se eu te contasse você não acreditaria — comentei energética.

—Eu acreditaria sim ! Por que sua vida Isabella Swan ,é tão cheia de fatos, que forma uma história instigante — afirmou,e em seguida gritou com uma modelo,que estava atacando a mesa de doces,dizendo que a mesma iria se tornar uma baleia.Pierre e seus ótimos modos de aumentar a auto-estima das pessoas.

—Só ser for um conto trágico— falei ,sorrindo sem humor e Pierre me encarou com carinho.

—A sua única tragédia Isabella,é não perceber o quanto merece ser feliz,é você não notar que você é única,especial,e que você é a pessoa mais sortuda em todo mundo por ter o que você tem — ele disse afetuoso e por um minuto eu duvidei que fosse mesmo Pierre,afinal ele não era meloso.Divertido e amigo...Mas não meloso.

—E o que eu tenho ? —ousei perguntar e o que veio a seguir foi revelador para mim.

—Você tem o que poucos tem no coração hoje em dia Bella,você tem uma bondade que é invejável,você tem uma doçura natural,você tem uma luz que emana para qualquer pessoa que se aproxime de você,você tem uma paz acolhedora.E você nunca finge ser outra pessoa,você é somente Isabella Swan e isso basta.