Minha mãe voltou de seu quarto com uma mala já feita, trazia em seu rosto uma expressão de aflição tão grande, que chegava a me preocupar. Ou ao menos a preocupar a minha “eu” de sete anos.

Mamãe? O que está acontecendo? – perguntei

– Eu já lhe -disse! Estamos indo embora desta vila! – gritou ela enquanto corria para o quarto de minha irmã, que tinha apenas um ano e meio de vida. Minha mãe logo voltou para junto de mim com sua bolsa pendurada ao lado do corpo e com Sarah adormecida em seu braço.

– Vamos! – gritou ela de maneira afobada enquanto arrastava minha “eu” porta á fora. Minha mãe trancou a porta e nos guiou até a parte de trás de nossa casa, onde uma carruagem simples nos aguardava. Um homem bonito, de cabelos loiros espetados e olhos azuis, estava no controle dos cavalos. Ele veio até nós e ajudou minha mãe colocar Sarah em um dos bancos.

– Tem certeza disso, Mebuki? – ele perguntou a minha mãe. Em seu rosto podia se ver uma expressão determinada.

– Não tenho outra escolha! Preciso ao menos salvar minhas filhas... – mamãe falou – Kushina já está a nossa espera no chalé?

– Sim. Agora, entrem, por favor. Precisamos sair daqui antes que cheguem até nós. – falou o homem de cabelos loiros antes de voltar a guiar a carruagem pela floresta, agora com minha mãe e eu já dentro dela também.

Não demorou muito para que ouvíssemos sons de cascos batendo no chão e gritos raivosos. Ouvi o homem que estava nos ajudando praguejar e nossa carruagem deu uma parada brusca antes de tombar para o lado.

Minha mãe saiu o mais depressa que pode da carruagem, mas não me deixou sair também. Nem a mim, nem a Sarah. Ao invés disso, ela murmurou um “Fiquem quietas aí, por favor. Não façam barulho.”

Ouvi vozes enraivecidas logo após a saída de minha mãe. Em questão de segundos gritos de dor eram preencheram o ar e vi sangue manchar o chão. Sangue de quem, eu não sabia. Fui tomada pelo pavor enquanto ouvia as vozes se afastando. Saí de lá com minha irmã apenas quando tudo o que se podia ouvir eram gemidos baixos e dolorosos. Um grito se formou em minha garganta a visão de minha mãe jogada no chão em meio á uma poça de seu próprio sangue. Encostei Sarah em uma pequena árvore ali perto e corri até o corpo de minha mãe.

– Mamãe? – chamei. O terror podia ser ouvido em minha voz.

– Sakura... – ela murmurou, tossindo sangue logo em seguida. Suas roupas estavam manchadas de sangue tornando impossível ver de onde o sangue vinha.

– Mamãe – murmurei de maneira chorosa, novamente.

– Escute, Saky-chan – falou minha mãe – Uma pessoa muito cruel fez isto comigo. Fique longe dela, por favor. Ela não acredita que você seja uma ameaça então a deixará em paz. Pelo menos, assim creio eu. – minha mãe se interrompeu para tossir mais sangue. Eu conseguia ver a vida se esvaindo de seu corpo, abandonando-a. Neste meio tempo pudemos ouvir um grito, e logo uma mulher de longos cabelos vermelhos como o fogo estava ajoelhada ao meu lado.

– Kushina...? – indagou minha mãe.

– Meus deuses, Mebuki! O que fizeram com você? E onde está Minato?!– Kushina falou de maneira apavorada. Era possível ver lágrimas em seus olhos.

– Você sabe muito bem o que fizeram. – mamãe resmungou com a voz fraca. Suas forças estavam acabando. – E quanto ao Minato... Lamento. O levaram como prisioneiro. Agora, escute. Quero que você cuide de minhas filhas por mim, Kushina. E resgate Mikoto para mim também, por favor. Ela não me ouviu quando eu disse que ela estava correndo perigo por estar junto com Fugaku. Por favor, cuide delas pra mim. – minha mãe tossiu mais sangue – E, Sakura... Eu sempre estarei com você e Sarah. Perdoe-me por ter de abandoná-las agora, mas não tenho escolha. Mas saiba que tenho certeza que você se tornará uma mulher forte, com um coração puro. Eu acredito em você, não se esqueça disso.

Estas foram às últimas palavras de minha mãe, pois logo em seguida ela se foi pra sempre. Kushina pegou em minha mão e ajeitou Sarah em seus braços. A mãe de Naruto lançou um último olhar ao corpo de minha mãe antes de dizer:

– Cuidarei delas por você, Mana. Darei o melhor de mim. Eu prometo – Kushin fechou os olhos e murmurou – Que os ventos soprem seu último sopro de vida para um lugar encantado como você merece. O descanso eterno de uma bruxa que renegou a si própria. Uma bruxa que se dedicou á luz, e não as trevas as quais diziam pertencer. – em seguida o corpo de minha mãe sumiu, e no lugar uma grande árvore apareceu. Uma cortinha de flores caía sobre ela.

Kushina levou a mim e a Sarah para um pequeno e gracioso chalé, onde ao entrar trancou a porta e nos levou até a sala. Colocou Sarah deitada em um sofá, pois a mesma ainda estava dormindo. Não sabia que havia perdido sua mãe. E então se sentou comigo em um sofá, onde, enquanto me abraçava, desabou a chorar junto comigo.

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Abri os olhos lentamente enquanto sentia algo escorrer pelo meu rosto. Lágrimas. Eu estivera chorando enquanto sonhava. Não. Enquanto eu lembrava. O que me faz lembrar as últimas palavras de minha mãe "Mas saiba que tenho certeza que você se tornará uma mulher forte, com um coração puro. Eu acredito em você, não se esqueça disso”

– Eu não me esqueci, mamãe. Eu me lembro. – murmuro enquanto lágrimas escorrem por meu rosto.