Caminhava em direção a floresta e, após adentrar um pouco, parei para esperar pela chegada de Sasuke. Desde que recebera a carta eu tinha um maldito sorriso nos lábios! Sorriso este, que eu não conseguia arrancar. Maldito Uchiha, pensei. Ultimamente meus pensamentos andavam muito nele, eu tinha que dar um jeito de para com isso. Sasuke e Itachi eram culpados pela morte de minha irmã. Tudo o que eu deveria ser capaz de sentir por ambos era ódio. Mas este sentimento só me dominava em relação ao Itachi, o Sasuke... Ah, o Sasuke me dominava com outro sentimento tão forte quanto o ódio. Balancei negativamente minha cabeça tentando afastar estes pensamentos de mim. Eu não podia sequer considerar a idéia de me apaixonar por Sasuke... De novo.

– Chegou cedo. – uma voz rouca atrás de mim me despertou de meus pensamentos. Virei-me para encarar Sasuke.

– Era o que estava escrito na carta. – respondi da maneira mais seca que pude. Mas, infelizmente, não fui tão rude quanto deveria. Maldito!

– Eu sei – murmurou ele. – Hm, vamos logo ao que interessa. O plano é o seguinte...

Ouvi atentamente até ele terminar de explicar. Tinha que admitir que era um plano e tanto. Mas, assim como tudo na vida, havia um defeito:

– Você acha mesmo que a Karin vai me deixar cuidar da mãe dela? – perguntei.

– Ah, quanto a isso... Eu já cuidei de tudo. Confie em mim, Sakura. – disse ele com um sorriso de lado. E o pior é que eu me deixe acreditar nele. Tudo por causa daquele maldito sorriso de lado que me encantava! Maldito seja Sasuke Uchiha!

– Então... – comecei...

– Então volte e de início ao plano. – disse ele de forma “mandão”

– Ook, tudo bem... – resmunguei.

– Até depois. – murmurou ele, o que me surpreendeu. Um pequeno sorriso se formou em meus lábios... Então voltei para casa onde finalmente o plano seria posto em prática.

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Assim que cheguei em casa notei que Ino não estava por lá. No início quase tive um ataque de pânico, mas logo me lembrai que ela continuava firme em sua idéia de arranjar um emprego. Entretanto, afastei depressa estes sentimentos, não poderia me aborrecer com Ino agora. Precisava me concentrar unicamente no plano de Sasuke.

Fui até meu quarto e peguei minha bolsa de pano que eu costumava usar para levar as coisas quando as pessoas ainda confiavam em mim para curá-las através de ervas, antes de toda essa história de “bruxaria” surgir. Logo em seguida fui até a cozinha pegar as coisas de que precisaria. Graças a Deus que eu havia colhido ervas recentemente!

Feito isso deixei a bolsa em cima da cama e fui para o sofá com uma caneca de chá e tentei parecer o mais normal possível. Quando batessem a porta me chamando deveria parecer que eu estava em casa á toa e que não sabia de nada. Perfeitamente inocente.

Quando minha caneca estava quase no final comecei a desconfiar que tudo desse errado. Lancei um vago olhar para o relógio que dizia ser 12:30. Já havia passado meia-hora desde a hora do almoço. Já era tempo suficiente para que a mãe do Karin tivesse comido do peixe envenenado que Sasuke dera de presente a elas, isto é, por meio de outra pessoa, é claro.

Finalmente ouvi fortes e apressadas batidas na porta. Respirei fundo. Era hora de entrar em ação.

Abri a porta do jeito mais normal que pude e me deparei com uma senhora baixinha usando um avental. Logo a reconheci como uma das que eu havia curado antes de ser considerada uma “bruxa”. Sorri para ele como se não soubesse porque ela estava ali.

– Olá - começou ela – Minha senhora está passando mal – agora ela praticamente berrava – ela provou de um peixe que eu preparei para o almoço e então ela começou a tossir e quando me dei conta ela já havia perdido a consciência! Você tem que ajudá-la!

– Calma, tudo bem, só vou pegar minhas coisas... – corri para dentro pegar minha bolsa que já estava preparada e permiti que um sorriso me escapasse. Até agora tudo ia indo como o planejado!

Tranquei a porta e fui para casa de Karin com a cozinheira desesperada. Chegando lá lembrei que deveria parecer meio hesitante. Parei em frente a porta e me virei para senhora de avental:

– Senhora... tem certeza que é uma boa idéia? Creio que ultimamente o povo desta aldeia já não gosta muito de minha presença, quanto mais de meus serviços...

– Para de falar bobagens e entre logo! Eu sei muito bem que desde a época que você me curou as coisas mudaram por aqui. Mas tenho certeza que pelo que ela está passando só você pode curá-la! Então, por favor...

Dei um fraco sorriso e entrei na casa. Quer dizer, na mansão. O local era enorme. Quase tão grande quanto à casa dos Uchihas! A pobre senhora foi me conduzindo até chegarmos a um grande quarto. Entrei e me deparei com uma ruiva de aproximadamente trinta e poucos anos deitada em uma enorme cama. Seu rosto estava tão vermelho quanto seu cabelo. Sorri internamente. O plano de Sasuke estava dando certo.

Encostei levemente minha mão em sua testa só para confirmar o que eu já sabia. Estava queimando em febre. Abri minha bolsa e tirei de lá um tônico de ervas que deveria fazer a febre passar. Levei delicadamente aos lábios da mulher. Logo em seguida coloquei em seus lábios outro tônico para combater o veneno que Sasuke colocara no peixe. Entretanto, não coloquei a quantia certa para ela acordar em apenas alguns minutos. Para que o plano funcionasse direito a mãe da Karin só deveria acordar somente depois de algumas horas.

Comecei a guardar minhas coisas e logo comecei ouvir vozes no corredor. Pareciam estar discutindo. Peguei minha bolsa e me dirigi até lá. Entretanto, assim que abri a porta eu soube que alguma coisa havia dado errado. O plano de Sasuke, no final, não era tão bom assim.

– O que está bruxa faz aqui? – gritou Karin me lançando um profundo olhar de ódio.