Minha Prioridade escrita por Katerine Grinaldi


Capítulo 6
Capítulo 6 – “SENHOR ASSESSOR”




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Quando cheguei ao estágio no dia seguinte, ELE já estava em seu escritório. Inacreditável! Devia ter algum motivo muito importante. E o pior é que a porta de sua sala estava aberta como se Vincent quisesse que todos soubessem que estava lá. Entrei na sala onde trabalho e recebi elogios.

— Alguma ocasião especial, Sophie? – Lucy indagou e olhou para meu modelito. Um vestido preto que realça bem o meu corpo. Não era nada vulgar e nem desagradável para o ambiente de trabalho. Era o tipo de roupa que sabe realçar exatamente seus dotes.

— Claro, Lucy! Ela vai sair comigo! – Alex avisou e eu sorri. O que as pessoas iam pensar? Não íamos sair sozinhos. Minha melhor amiga ia e alguns amigos do curso dele também.

Foquei no trabalho e quando sobravam alguns minutos ociosos aproveitava para ler o conteúdo do assessor. Já tinha preparado um resumo para apresentar na aula de hoje à noite. Estava exatamente revendo o meu trabalho quando o telefone de Lucy tocou.

— Sophie. O assessor gostaria que fosse à sala dele.

— Será que posso terminar umas coisas? – lancei um olhar suplicante a Lucy que me compreendeu.

O que Vincent queria agora? Não ia voltar na sala dele. Se surgissem mais amigos? Não sei por quanto tempo manteria minha boca calada para aquele tratamento discriminatório e não queria perder meu estágio. Estava conseguindo o conteúdo necessário para meu TCC e prometi a mim mesma que me daria por satisfeita, mesmo que precisasse extrair água de pedra com aquelas cem páginas.

— Ei! Vou almoçar. Vai também? – Alex se espreguiçou em sua cadeira e olhou para mim.

— Vou.

Guardei meus documentos na primeira gaveta, peguei minha bolsa e levantei.

— Sophie. Não pedi que fosse à minha sala? – Vincent apareceu na porta da nossa sala e falou diretamente comigo.

— Ela estava ocupada e pediu um pouco mais de tempo. – Lucy explicou. Não sei se estava tentando se defender ou a mim.

— Será que posso almoçar antes? Nós já estávamos indo. – olhei para Alex e de volta para Vincent.

— Preciso falar com você. – Vincent estendeu o braço indicando a saída para mim.

Olhei para Alex expressando minhas desculpas com aquela situação. No dia anterior, enquanto esperávamos no ponto do ônibus, expliquei que Vincent quisera falar sobre o meu trabalho já que me enviara arquivos importantes da prefeitura (mentira né?) e, provavelmente, ele pensaria a mesma coisa sobre essa reunião de hoje. Segui para a sala ao lado e Vincent fechou a porta.

— Em que posso ser útil, senhor assessor? – decidi manter completa formalidade a partir do acontecido ontem. Nossas conversas geralmente eram estranhas e, apesar da atração que sua beleza me causava, era melhor assim.

— Não conseguimos finalizar nossa conversa ontem. – ele sentou em sua suntuosa cadeira.

— É verdade, mas há algo importante a ser falado senhor assessor?

— Pare de me chamar de senhor assessor! – levantou da cadeira berrando. Meu Deus! Todos devem ter ouvido. — Você acha que te expulsei da sala, não foi? – Vincent saiu detrás da mesa.

— Eu não tenho que achar nada, senhor.

— Vincent. – ele caminhou na minha direção. — Diga meu nome. É tão difícil? – meu coração disparou. Por que ele estava fazendo essas coisas? Por que me pedia coisas tão íntimas e de um jeito tão doce? Preciso ser sincera: eu queria muito tocá-lo. Sentir sua pele sob a minha mão.

— Vincent. – não ia recusar mais esse pedido. — Não devo me importar com essas coisas... Vincent. – ele parou a minha frente e olhou bem nos meus olhos. Nossa! Eles eram muito mais bonitos de perto. Castanhos, quase mel.

— Eu a chamei em minha sala e não deveria tê-la deixado sair daquela maneira. Posso me redimir?

— Não acho que seja necessário. Não temos nenhuma relação para que pedidos de desculpas sejam precisos.

Sei o quanto ELE mexia comigo. Minhas mãos estavam inquietas, segurando-se uma a outra, para que eu não fizesse nada imprudente. Tinha aceitado chama-lo de Vincent e isso já estava tão errado. E quando outro amigo dele surgisse? Seria senhor assessor mais uma vez?! Sei que precisava cortar essas conversas imediatamente, antes que não resistisse mais.

Vincent olhava-me fixamente com os lábios entreabertos. Era como se quisesse falar algo, mas desistira.

— Como sua funcionária, digo que está tudo bem e peço autorização para me retirar e almoçar. – empurrei um pouco a cadeira para trás, já que Vincent havia se sentado sobre a mesa ao meu lado e não queria correr o risco de tocá-lo, e levantei.

Com passos calmos comecei a caminhar para longe da mesa, mas sua mão agarrou meu braço e me manteve no lugar. Ainda de costas para ele.

— Você pediu autorização, senhorita estagiária. E não me lembro de tê-la dado.

Sua mão forte e grande ainda estava dobrada em meu pequeno braço. E era a coisa mais incrível que sentira em minha vida. Se contasse isso para qualquer um, acho que diriam que nunca estive com um homem antes. Mas não. Já tive um namorado de longa duração e outros rapazes com prazo de validade e nenhum deles se comparava a Vincent. A sua simples presença já me deixava um tanto atordoada. E aquele toque, com tanta propriedade, me fazia latejar. Não de dor. Era de inveja. Queria poder tocá-lo como suas mãos faziam naquele momento. E de desejo. Todo o meu corpo latejava. TODO.

— Jante comigo. – ele deu a volta e parou a minha frente. Jantar?

— Não. – não podia aceitar isso. Não ceda, Sophie.

— Por que não? Você não janta com nenhum rapaz ou só comigo que não?

— Por que quer jantar comigo? O que isso tem a ver com o meu trabalho?

— E quando eu disse que tinha a ver? – ele subiu a mão pelo meu braço delicadamente. — Então Sophie. Quase nunca falo seu nome. É bem bonito. Sophie. – ele sussurrou meu nome de uma maneira enlouquecedora. Era tão delicioso ouvir as letras saírem da sua boca.

— Vincent. – falei tentando ganhar tempo para me recompor. — Se não tem a ver com meu trabalho, seria eu mais uma daquelas garotas que você leva para jantar e para a cama depois? Desculpe, mas eu quero sair desta sala. Olha como estou falando com meu chefe! Não quero ter que fazer isso. Esse estágio é apenas para meus estudos. Eles são a minha prioridade, entende? Agora me deixe em paz.

— Lucy é sua chefa. Eu não. – ele tirou a mão do meu braço e imediatamente senti a falta do seu toque. Sem seus dedos tocando minha pele como poderia acreditar que aquilo tudo era real?! — Aliás, você mentiu. Disse que eu deveria conquistar ao invés de comprar. Como quer que eu faça isso se não me dá oportunidade? Você nunca teria feito nada que eu pedisse. Está liberada para sair.

Vincent deixou-me sem argumentos. A surpresa de sua acusação me pegou em cheio. Diante daquela resposta, ele parecia tão certo. Mas quando eu ia imaginar que poderia ser um alvo da sua conquista? Ele me perguntara sobre coisas verdadeiras e apenas fui sincera. Eu e minha mania de falar mais do que devo. E agora? Não sabia como me comportar, além do mal-estar que sentia.

Saí da sala do assessor e a primeira coisa que fiz foi pesquisar o termo “conquistar” no aplicativo de dicionário em meu celular. Não ia me render facilmente a sua acusação. Uma das explicações era “seduzir” em sentido figurado. E gostei bastante do seu significado.

“Atrair de modo irresistível, fascinar, cativar, deslumbrar.”

E foi por isso que fiz o que fiz.


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