Minha Prioridade escrita por Katerine Grinaldi


Capítulo 5
Capítulo 5 - Nó da gravata




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Fiquei um tanto surpresa quando cheguei ao estágio na segunda-feira. Lucy veio logo me entregar uma pasta cheia de documentos a mando do assessor. A minha prioridade eram os estudos, sempre foram, mas antes de fuxicar os papéis não pude deixar de me perguntar por que ele tinha feito isso. Será que significava que não ia querer nada em troca? Era uma sábia decisão afinal, como avisei, eu não tinha nada a lhe oferecer.

Era bastante conteúdo. Não sei se seria suficiente, mas era um ótimo início para meu TCC. Tinha pesquisas feitas em períodos de eleição a respeito das maiores necessidades do povo e quais suas principais reclamações a respeito do governante anterior e muitas outras coisas. Eram mais de cem páginas. E não consegui dar conta delas tão rápido...

Na quinta-feira, houve um fato inesperado. Eram três horas da tarde quando ELE apareceu, entrou em sua sala e não saiu nos cinco minutos costumeiros e conhecidos por todos. Não que eu tenha notado isso porque era a primeira vez que o via por lá no horário da tarde, mas Alex comentou. Ele estagiava ali há um ano e percebeu que Lucy parecia preocupada com esse acontecimento.

— Algum problema Lucy? – ele perguntou.

— Não. Vou ver se o assessor quer algo.

— Não disse? – ele sussurrou perto do meu ouvido apesar de não haver essa necessidade já que nossas mesas não eram separadas nem por dez centímetros.

Lucy demorou bastante na sala do assessor. Não sei precisar o tempo, mas sei que quando retornou faltavam apenas uns quinze minutos para nosso horário de saída.

— Sophie, o assessor gostaria de conversar com você. Quando acabarem você pode ir embora.

Será que tinha feito algo de errado? Acho que não, né? Lucy me contratara e ela deveria me despedir. Arrumei minhas coisas e segui para a sala ao lado. Nunca tinha entrado lá e a porta já estava aberta esperando por mim. A sala era praticamente idêntica, pelo menos a uma observação rápida, e a única diferença que notei foi que ali havia apenas uma mesa enquanto na nossa sala havia três.

— Pode fechar a porta. – Vincent estava em seu uniforme elegante e não natural. Com certeza eu preferia aquele cara em seu apartamento. Meu Deus! Por que fico pensando essas coisas quando estou perto dele? Isso é um horror! — Sente-se Sophie. Você não estava tão encabulada quando foi ao meu apartamento.

Será que ele tinha contado para Lucy? Sentei na poltrona confortável que ficava à frente da sua mesa de madeira escura. Preciso dizer que todos os móveis do gabinete eram escuros, inclusive as poltronas.

— O conteúdo que enviei foi suficiente? – ele esticou o corpo e afrouxou um pouco sua gravata. É! Estava calor ali dentro.

— Ainda não consegui ler tudo, mas tem bastante coisa. – fiquei encabulada por ELE estar se preocupando, naquele momento, com meu trabalho mais do que eu mesma que não consegui desviar meus olhos de seus longos dedos mexendo no nó da gravata. — Obrigada pela ajuda. Se precisar de mais alguma coisa posso pedir? – um sorriso um tanto malicioso surgiu em seu rosto e percebi que nem sabia ainda o que significava ficar encabulada.

— Gostaria de ver seu trabalho, assim que possível. Considere este o meu pedido de troca. Qualquer coisa que venhamos a fazer será por livre e espontânea vontade.

Oi? O que viríamos a fazer? ELE era tão lindo e não conseguia tirar aquele sorriso malicioso da minha cabeça. Preciso dizer que a malícia que vi em seu olhar me estimulou a pensar besteiras que jamais pensara. Por que tinha que ter ido trabalhar justo ali?

— Certo. – concordei com seus termos. — Posso lhe mostrar meu trabalho semana que vem. Pretendo...

A porta do seu escritório foi aberta e um homem de cabelos loiros surgiu. Era o mesmo do corredor, um daqueles que me olharam com horror e espanto.

— Não sabia que estava ocupado. – seus olhos pararam em mim e voltaram a Vincent de maneira repreensiva. Claro! Ele achou que estávamos tendo um caso e queria dizer que eu não servia para a classe deles? Era isso?!

Como me deixei levar? Estava até aceitando que viríamos a fazer alguma coisa juntos. Onde eu estava com a cabeça? Ele era o chefe daquele gabinete e eu não devia estar pensando tantas besteiras com esse homem. Nunca aconteceriam! Peguei minha mochila, mas antes que levantasse, Vincent se pronunciou:

— Se precisar de mais alguma coisa avisarei. – ele adotou um tom formal que não existiu em nenhum momento, pelo menos da parte dele.

ELE só tinha confirmado minha hipótese mental. Vincent também achava que eu não era digna para estar em sua sala, salvo para assuntos profissionais. E eu pensando em baboseiras.

Quando saí da sala, Alex estava sentado em uma das poltronas da recepção. O que ele ainda fazia por ali? Olhei meu relógio e já eram cinco horas em ponto.

— Estava te esperando. Você podia precisar de um ombro amigo. – sorri com seu comentário. Alex estava sendo um bom colega de trabalho.

— Obrigada pela solidariedade. – instintivamente eu o abracei.

— Por que não saímos hoje? Depois das nossas aulas? – Alex lançou seus olhos pretos em mim.

— Amanhã. Hoje é quinta-feira. Lembra? – bati em seu braço e percebi que havia alguém em pé um pouco distante de nós. Acho que Alex percebeu também porque viramos nossos rostos no mesmo instante e descobrimos Vincent parado ao lado da porta e se despedindo do amigo arrogante.

— Ok. Amanhã. – ele passou o braço ao redor do meu ombro e fomos embora.


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