Minha Prioridade escrita por Katerine Grinaldi


Capítulo 3
Capítulo 3 - ENTORPECIDA




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Sábado. Belo dia para começar meu TCC. Adoraria já ter todo o conteúdo acumulado com minhas horas de estágio da semana, mas havia um assessor relapso que me impedia. Por isso, acordei bem cedo e me arrumei. Saí de casa dizendo que ia para a biblioteca da faculdade.

Não estou acostumada a mentir para meus pais, mas não podia dizer que ia até a casa do assessor do gabinete onde estagiava para pedir que me ajudasse com meu trabalho.

Minha melhor amiga, Julia, dormira na minha casa e me dera um péssimo conselho: vista sua roupa mais sexy e, ele não vai pensar duas vezes em te ajudar. Como disse... péssimo conselho.

Escolhi um vestido preto razoavelmente elegante e calcei umas sapatilhas pretas e discretas. Look enterro, segundo ela. Pegamos ônibus diferentes, já que ela voltaria para sua casa na zona norte e eu seguiria para a zona sul, frente para a praia. O trabalho de Vincent não ia para frente, mas o salário parecia estar indo muito bem...

Alguém na residência dele pediu minha identificação. “Estagiária do gabinete, vim trazer uns documentos urgentes.” Funcionou muito bem porque em segundos a minha entrada foi permitida e peguei o elevador para o décimo andar. Não precisei raciocinar muito para deduzir que seria a cobertura do prédio.

Só havia um apartamento por andar e a porta da residência estava entreaberta. Quanta confiança na estagiária do gabinete! Empurrei-a delicadamente e juro que aquilo parecia uma mansão. As paredes de frente para a praia eram lotadas de grandes janelas de vidro e que permitiam ao sol inundar o ambiente. Os móveis eram todos brancos, incluindo o grande sofá.

Alguém pigarreou. Senti uma ligeira vergonha pela minha indiscrição. Não deveria olhar para a casa dos outros daquela maneira. Virei meu rosto na direção do barulho e imagino que minhas bochechas já estivessem bem coradas. E devem ter ficado muito mais ao vê-lo. Não consegui acreditar que não fizera aquele raciocínio antes. ELE, o cara lindo do dia da entrevista era o assessor.

Meu Deus! Não deveria ter ido até ali. Meu coração estava disparado e com certeza ele pensaria que estava tão encantada com sua beleza que inventei ser a estagiária.

— Documentos hein? – ele deu um sorriso torto e caminhou na minha direção.

O que pretendia fazer? Será que ia me expulsar sem mais nem menos. Sophie! Precisava lembrar minhas prioridades. Tinha que convencê-lo a me ajudar ou teria que arranjar outro estágio.

Estava cada vez mais perto e meu coração cada vez mais longe. Nunca estive tão perto de um cara que eu achasse tão bonito. Aquele homem exalava beleza. Então, ELE fechou a porta atrás de mim, passando seu braço pela lateral do meu corpo. Quer dizer que não ia me expulsar?!

Vincent continuou à minha frente e o único movimento que fez foi retirar seu braço e enfiar suas mãos no bolso de uma calça que parecia pijama.

Estava certa sobre toda aquela pompa superficial. Pijama. Camiseta branca e larga deixando a mostra todos seus músculos esculpidos. Os cabelos caídos sobre o rosto assim como percebi. Sentia-me entorpecida. ELE era belo.

— Imagino que os documentos não estejam por aí, não é? – ele olhou na direção do meu vestido como se eu pudesse tê-los escondido ali.

— Não existem documentos.

— Espero que não tenha vindo se vingar pelo corredor. Você foi bastante corajosa. Surpreendeu meus amigos. – ele assumiu uma posição mais relaxada, mas não menos sedutora.

— Amigos ou fãs? – aquelas mulheres estavam longe de ser uma amizade. Vincent caminhou até um bar e inclinou seu corpo sobre o balcão olhando diretamente para mim.

— Qual seu nome? – ele pegou dois copos de vidro e esticou o braço esquerdo até o teto buscando uma garrafa de uísque.

— Sophie. Não bebo. – avisei.

— Sophie não bebe? – ele sorriu e ignorou meu aviso enchendo os dois copos. — Você me acordou bem cedo num sábado. Não acha que mereço alguma recompensa? – senti certa malícia em sua pergunta e não gostei. Não fazia parte do seu fã-clube. Sei que interiormente eu fazia sim, mas não costumo correr atrás dos homens. — Beba comigo.

Meu Deus! Não tinha me dado conta do quanto fazia parte do seu fã-clube até que me pediu para beber com ele. “Beba comigo”. Seu tom de voz foi tão doce que me senti uma abelha indo até o mel, mas não fui. Sei que estava até com calor, mas não podia fazer isso. Vincent não devia ter nenhuma dificuldade para conseguir mulheres e estava me julgando como elas. Não. Eu era bem diferente e estava ali, exclusivamente, pela minha prioridade.

— Senhor assessor, preciso lhe pedir algo muito importante. – acrescentei formalidade à minha fala para que percebesse o motivo da minha visita. ELE repousou o rosto sobre a mão, olhando-me seriamente. — Tenho um trabalho de conclusão de curso para fazer e preciso aprender algumas coisas com o seu cotidiano de trabalho. Será que poderia me ajudar de alguma maneira? – indo ao trabalho, por exemplo? Eu pensei.

— Você precisa de mim para fazer seu trabalho. E o que eu ganho? – ele empurrou os copos para o lado, cruzou os braços sobre o peito e olhou-me fixamente.

— Precisa ganhar algo? – será que ele não podia simplesmente me fazer um favor?!

— Sou um assessor muito ocupado e acho que preciso ganhar algo para lhe ajudar. – ele descruzou os braços e saiu detrás do bar. — O que tem a me oferecer Sophie?

— Acho que já tem tudo que lhe interesse. – respondi. — Tem essa casa linda, dinheiro, um cargo importante, mulheres babando em suas calças. O que mais poderia querer?

— Me dê algo que o dinheiro não compre.

Quê? Fiquei surpresa com sua resposta. Vincent parecera um tanto estúpido por ter monopolizado o corredor, por beber tão cedo e por ter me pedido algo em troca, mas pareceu muito mais reflexivo, nesse momento. Tudo que eu disse que ele tinha vinha do dinheiro. Nada era verdadeiro.

— Não posso lhe dar nada do tipo. O senhor me pediu algo em troca e qualquer coisa que eu faça a partir de agora será pelo meu trabalho, não é? Talvez você deva pedir as coisas de maneira diferente e elas não virão pelo seu dinheiro.

— Se eu tivesse lhe pedido, você teria feito Sophie? – ele olhou-me curiosamente.

— Depende do que você pediria. Coisas verdadeiras precisam ser conquistadas.

Aquela conversa estava mais íntima do que meus planos haviam previsto. Eu pensei até que seria expulsa! Despedi-me discretamente de Vincent e saí do apartamento diretamente para o elevador. Esperava que de alguma maneira o tivesse convencido a me ajudar.


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