Cúmplices escrita por ro_dollores


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Estamos amando os reviews! Agradecemos de verdade pelo carinho.
Bem, este é o penúltimo capítulo e tem uma pitada de ação nele.
Boa leitura!



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Sara estava distraída na varanda do hotel, alheia à tudo ao seu redor. Seus olhos chocolate não pareciam verdadeiramente registrar a bela cidade abaixo de seus pés, com sua pequena praça de simpáticas luzes coloridas, nada monumental como Vegas, mas incrivelmente bonita.

Ela se voltou para o quarto assim que ouviu o celular. Talvez fosse um de seus colegas querendo mais detalhes de seu sumiço repentino.

Ela alcançou o aparelho antes de se sentar confortável, as pernas esticadas e a coluna apoiada na cabeceira. Assim que olhou no visor, suas sobrancelhas arquearam em confusão. Seu supervisor!

Haviam se falado há poucos minutos em frente a porta de seu quarto. Foi uma luta conseguir prestar atenção no que ele dizia, e não era falta de interesse, era apenas sua mente maquinando todo o tempo se o convidaria ou não para entrar. Por fim, acabou ficando sem jeito, seria ousadia demais!

_Oi Grissom, aconteceu alguma coisa? - Ela foi logo perguntando com uma pitada de ansiedade.

Ainda parecia tão surreal ele se dispor em acompanhá-la que o mínimo que podia fazer era estar disponível para o que ele precisasse.

_Hum ... Sara? Você pretende ... comer alguma coisa?

_Hã? Comer? - Dentre todos os assuntos, aquela pergunta era a que menos esperava!

_É ... pretende descer para ... jantar ?

Aquilo era uma espécie de convite ? Ele parecia nervoso, a intrigando.

Ele já havia feito o que parecia tão impossível! Viajar ao lado dela por motivos pessoais! Então, como em nome de Deus, ele conseguia se embaraçar tanto com uma coisa bem mais simples ?

Sara balançou a cabeça, eles eram tão estranhos e parecidos no mesmo espaço de tempo. Talvez ele não quisesse ser mal interpretado, estava sendo apenas gentil como um bom amigo.

_Não sei, realmente não pensei sobre isso. - Ela quase tomou a iniciativa de convidá-lo, mas logo desistiu.

_Estive pensando, podemos jantar no restaurante do hotel, se não se importa.

Se importar? Como poderia, a não se que estive maluca!

_Claro Grissom, eu gostaria muito. Hum ... às oito, pode ser ? - Ela olhou em seu relógio com um sorriso ansioso, feito uma adolescente no colegial esperando a confirmação de que o garoto de seus sonhos a convidasse para o baile de primavera.

_Sim, perfeito! Eu ... passo para te pegar! - Ele brincou antes de desligar.

Sara olhou para o seu celular com uma careta engraçada. Haviam trocado o seu chefe por aquele Grissom e ela não estava sabendo ?

De repente ela pulou da cama em excitação, teria tempo mais que suficiente para um bom banho.

~♥~♥~♥~

Sua campainha tocou às oito em ponto!

Ela abriu a porta e ambos emudeceram.

Ele estava incrivelmente bonito. Calça creme, camisa em um tom de azul mais escuro que seus olhos, além do blazer de muito bom gosto e seus sapatos impecáveis.

Grissom fez uma minuciosa inspeção a deixando completamente sem jeito.

O vestido em renda preta moldava o corpo esguio, indo somente até um palmo bem medido acima de seus joelhos. Os sapatos não tão altos, mas que valorizavam as pernas torneadas. Os cabelos lisos e brilhantes estavam soltos, e uma discreta maquiagem. O perfume dela mais uma vez fazia uma bagunça em sua racionalidade. Ele estava a um passo de cometer uma loucura!

‘’Jesus, ela é mesmo linda’’.

_Vamos?

_Um segundo, só preciso pegar minha bolsa.

Logo eles se acomodavam em uma das mesas de frente para um imenso aquário de peixes exóticos. O restaurante estava lotado, a grande maioria deviam ser turistas. Talvez algo excepcional estaria acontecendo na cidade.

Grissom olhou para o lado e viu um enorme cartaz, muito bem ilustrado e informativo, fazendo jus ao grande evento, ele apontou com a cabeça para que ela pudesse ver.

_Um campeonato de golf na cidade!

Sara acompanhou o seu olhar e sorriu.

_Isso explica muita coisa.

Ele assentiu com um discreto sorriso.

Logo um funcionário se aproximou, entregando o menu com um boa noite educado. Para surpresa dela, Grissom logo perguntou.

_Algum prato vegetariano?

_Perfeitamente, senhor. Legumes ao molho de alecrim, suflê com diversas opções de queijo, molhos especiais de acompanhamento para seis tipos de massa, além de uma infinidade de saladas.

_Sara ? - Ele se virou para ela, esperando sua opção de escolha.

_Penne à carbonara vegetariana parece delicioso!

_O mesmo para mim. Hum ... e uma garrafa de vinho branco ... - Ele deu uma rápida olhada para ela, pedindo consentimento e completou assim que viu um discreto balançar de cabeça ... _Por favor.

Assim que se viram sozinhos novamente, ela confessou.

_Foi muito gentil da sua parte se lembrar que sou vegetariana.

_ Acho que já brigamos por esta razão.

Ela sorriu. Não havia sido o motivo exato, mas preferiu o silêncio.

Eles olharam ao redor do restaurante reparando nas paredes cobertas com várias obras com motivos culinários, quadros com pinturas refinadas e de muito bom gosto. No nível acima, separado por uma enorme parede de vidro, havia um piano à esquerda e um bem montado bar, com luzes em neon azul, em pontos estratégicos. Tudo muito bonito!

Os pedidos vieram e eles se puseram a comer devagar, saboreando com prazer cada garfada.

_A que horas pretende ir até o hospital?

_Na primeira hora da manhã, se possível. Tenho uma pequena reunião antes da visita.

_Hum ... eu posso estar presente nesta reunião ?

Outra surpresa, ainda mais estarrecedora. Mas novamente o pensamento que ele estava ali para ela como estaria para qualquer membro de sua equipe a visitou, assim não havia ilusões que pudessem alimentar suas fantasias. Desta maneira ela quis esclarecer com toda sinceridade que conseguiu reunir, depois de um generoso gole de vinho.

_Grissom, olha ... de verdade, eu lhe agradeço pelo apoio no momento em que mais preciso, enfim por tudo, mas você não tem que fazer isso apenas porque é meu chefe.

_Sara, eu ...

Sua frase foi interrompida por uma voz muito grave indicando que era um assalto.

Hóspedes e funcionários do hotel pareciam em histeria. Balas atingiram o lustre e o enorme aquário espatifando-o em centenas de pedaços, numa verdadeira cena de horror.

Grissom se levantou da cadeira instintivamente, puxando Sara junto a ele para o chão, em seguida, cobriu seu corpo com o dela, protegendo-a.

Eram quatro homens todos com os rostos cobertos por máscaras de ex-presidentes, ele não conseguiu distinguir ao certo, mas todas eles carregavam o que parecia ser um arsenal de guerra.

Mais barulhos de tiros pareciam ecoar de todas as direções. Vidros caíam sobre seus corpos, a água do aquário molhando suas roupas, e ele só queria que tudo aquilo acabasse logo, sem ninguém se ferir com gravidade, principalmente ela.

Grissom a sentiu tremer sob ele, fazendo com que apertasse ainda mais seu poder sobre seu corpo magro, tentando lhe passar resquícios de segurança e conforto em meio à tudo aquilo.

Ele arriscou levantar sua cabeça, mesmo que sutilmente e viu que haviam rendido o gerente, com certeza exigindo o segredo do cofre.

Um barulho de sirene muito baixo, quase imperceptível parecia soar bem ao fundo e se tornou mais insistente à medida que se aproximavam. Alguém havia conseguido pedir ajuda, talvez um residente nos arredores do hotel.

_Gris ...

_Calma, isso logo vai acabar.

Eles ouviram um integrante da quadrilha avisar seus comparsas que a polícia estava chegando, completando que ou pegavam apenas o que estava no caixa e fugiam, ou ficavam para um confronto armado com reféns que seriam seus passaportes para negociações.

Momentos de tensão e por fim, viram com alívio que se decidiram pela primeira opção. Obrigaram o funcionário a abrir o caixa e fugiram pela porta dos fundos.

Grissom se levantou e ajudou Sara a fazer o mesmo, sem perder o contato com o corpo dela, ele viu que os outros hóspedes aos poucos tomavam a mesma iniciativa, ainda perplexos.

_Você está bem ?

Mesmo tendo feito a primeira coisa que lhe veio à cabeça, tirando-a da linha de fogo, ele achou que havia a empurrado muito rude para o chão.

_Acho que sim ... meu Deus, Grissom o que foi isso ? - Suas mãos tremiam, seus olhos ainda estavam assustados.

Foi então que ele viu que um pequeno corte em seu braço, talvez feito por um estilhaço de vidro, sangrava.

Alcançou o porta-guardanapos sobre a mesa, tirou um dobrando-o ao meio antes de pressionar no braço dela, estancando o sangue.

_Tente se acalmar, o pior já passou. - Ele a tranquilizou, sua voz carregada de ternura.

Graças a Deus decidiu vir com ela nesta viagem, não queria nem imaginar ela sozinha no meio disso tudo.

A polícia chegou segundos depois, algumas ambulâncias ficaram de prontidão prestando socorro a algumas pessoas, felizmente nada muito grave. Estavam mais nervosos do que propriamente feridos fisicamente. Havia sido apenas um susto e dos grandes.

Era tarde da noite quando tudo foi estabilizado e todos foram autorizados a subirem para seus quartos.

Ao que parece, pelas investigações iniciais da polícia em conversas com funcionários e hóspedes, eles concluíram que era bem provável que alguém havia passado a informação para os bandidos de que o dinheiro do campeonato de golf estava no cofre do hotel. Um milhão de reais mais precisamente, além do troféu em ouro maciço que seria entregue ao primeiro colocado.

Eles subiram em silêncio e continuaram assim até que pararam de frente para o quarto dela.

_Obrigada pelo que fez por mim esta noite.

_ Não tem que me agradecer. - ‘’Não fiz mais que minha obrigação’’. _Você está mesmo bem, Sara ?

_Sim. Obrigada por perguntar.

_Estou começando a ficar sem jeito com tantos agradecimentos.

_Oh ...

Grissom notou seu rosto corado e sorriu internamente. Ela ficava ainda mais linda com aquele tom rosa!

_Já está tarde, acho melhor conseguirmos algumas horas de sono. Será um grande dia amanhã ... - Ele olhou em seu relógio e se corrigiu. _Ou melhor, hoje.

Sara sorriu, assentindo.

_Boa noite, Grissom.

_Boa noite, Sara.

Eles ficaram se encarando, nenhum dos dois se atreveu a mexer um músculo sequer.

Do nada , ela começou a rir feito uma garotinha adorável. Ele havia gostado daquele som, mesmo sem saber o motivo.

_O que foi ?

_Não é nada, é que ... me lembrei de uma coisa boba, mas deixa para lá. - A verdade é que estava muito nervosa.

_Ok. então ... até já!

_Até já.

Ela mordeu os lábios quando o viu praticamente correr para o quarto ao lado. Ele mancava um pouco e ela imaginou que na queda seu joelho havia sofrido com o impacto contra o chão.

~♥~♥~♥~

Seu joelho voltou a incomodá-lo. Na ânsia de protegê-la, nem pensou que pudesse afetar outra vez, seu joelho tão castigado. Ele bebeu muita água para amenizar o efeito do vinho e engoliu seus analgésicos. Depois tomou um banho, vestiu apenas o calção de seu pijama e aplicou um pouco de gelo, antes que começasse a inchar novamente. Ele olhou para as cicatrizes, que em momentos de "crise" sempre ficavam em evidência e suspirou. Precisava estar bem e ser uma companhia agradável para o grande amor de sua vida.

Assim como ele, Sara se remexeu a noite toda, mas por motivos distintos. Imagens de pessoas tentando se proteger não lhe saía da mente e, apenas agora podia se lembrar com mais intensidade, o quanto havia se sentido protegida. Tinha sido muito bom estar em sua companhia.

Assim que amanheceu, correu para o chuveiro e eliminou a noite mal dormida, deixando que a água levasse parte de suas angústias. Assim que se arrumou, ligou para o quarto dele, ouvindo sua voz ao primeiro toque.

_Bom dia!

_Oi ... bom dia, Sara.

A voz dele estava um tanto rouca e ela se arrepiou, com certeza acabara de acordar.

_Eu te acordei?

_Acabei de me vestir.

_Vamos descer para o café?

_Imediatamente.


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