Union

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Assim que Shikamaru colocou os pés em Konoha ele mal teve tempo para relaxar e já havia sido convocado no escritório do Hokage.

Isso só pode ser brincadeira...

O moreno pensava de mau humor claro enquanto se arrastava para a sala aonde Tsunade havia lhe chamado. Mal havia voltado de férias e aquela velha já estava querendo enchê-lo de trabalhos.

Shikamaru se perguntava quando ela finalmente ia lhe dar alguma paz.

Provavelmente quando morrer.

No entanto, o que a Godaime queria era de longe um trabalho complicado e que exigisse muito de si.

Embora ele tivesse que admitir que fosse bastante problemático. Como tudo o que envolvia certa Embaixadora de Suna, afinal de contas.

Shikamaru se surpreendeu quando Tsunade lhe ordenou que fosse recepcionar Temari que deveria estar chegando a sua vila. Segundo a Hokage, Gaara estava enviando, por intermédio da irmã, uma carta tratando de assuntos diplomáticos referentes à aliança, além de uma pequena ajuda com o restante das construções de Konoha.

— Pequena ajuda? — Shikamaru indagou, franzindo o cenho.

— O Kazekage está nos enviando algumas pessoas para ajudar a vila a se reerguer. Embora eu tenha dito que era completamente desnecessário, ele aparentemente não desistiu da ideia... — Fazia sentido, Shikamaru refletiu em silêncio. Gaara ainda sentia que tinha uma dívida enorme com Konoha, especialmente depois de terem o resgatado da Akatsuki.

Embora dissessem que não haveria necessidade para tanto, o Kazekage tinha um forte apreço por aquela vila e sempre fazia de tudo para a aliança entre eles prosperar da melhor maneira possível.

Bem, Shikamaru que não iria reclamar. Pelo contrário, ele estava realmente grato ao saber da notícia de que seria novamente guia de Temari. Parecia que fazia uma eternidade que eles não trabalhavam juntos dessa forma.

Um sentimento de nostalgia certamente o teria atingido naquele momento, contudo ao lembrar-se de sua recente conversa com a kunoichi de Suna na Vila da Grama, ele sentiu uma espécie de aperto em seu peito.

Era uma droga ter que admitir aquilo, mas de alguma forma Temari realmente mexia com ele. Shikamaru havia chegado a um ponto que se aproximara o suficiente da loira para nunca querer deixá-la longe. Sabia que era idiotice aquele pensamento, e até de certa forma egoísta. Mas era exatamente assim que se sentia. Queria estar ao lado dela em todos os momentos e, se possível, para o resto de sua vida.

Mas infelizmente ele entendia bem demais as complicações naquele relacionamento para saber que desejar tal coisa não era assim tão fácil.

Era evidente a dedicação e lealdade que Temari tinha para com a sua vila. Não que Shikamaru houvesse proposto dela morar em Konoha, ou até mesmo se casar. Céus, não! Eles eram novos demais para isso ainda!

Mas... um dia...

Isso iria acontecer. Ou melhor, ele queria que isso acontecesse.

E pensar nesse tipo de coisa o deixava incerto sobre como as coisas seriam em seu futuro. E principalmente em relação ao futuro dos dois juntos. Ele queria um relacionamento sério com Temari, mas do que adiantaria ficarem juntos agora se Shikamaru soubesse que ela nunca estaria disposta a abrir mão da vila onde morava com seus irmãos? Se ela nunca estivesse disposta a se entregar totalmente à ele e a relação que mantinham, de que adiantaria seguir em frente?

Shikamaru não tinha a resposta para aquilo. E dessa vez, nem queria ter.

O Nara odiava se sentir assim. Ele, infelizmente, se baseava muito em sua razão na hora de tomar alguma atitude, de fazer alguma ação. E sabia exatamente que Temari era exatamente desse jeito também.

Talvez por isso o relacionamento deles se complicasse tanto. Porque quando envolvia o lado emocional de ambos, eles não sabiam o que fazer e como agir e nem sempre usar o cérebro era a melhor solução para os seus problemas.

Porque de uma coisa ele sabia: viver sem essa certeza de ter Temari para sempre ao seu lado estava o deixando cada vez pior.

Não iria pressioná-la, é claro. Mas... esperava por uma resposta. E desejava realmente que ela fosse aquilo que ele queria ouvir.

Mulher problemática... por que fui me apaixonar justo por ela?

E enquanto andava a caminho dos portões da vila, o sorriso de Temari lhe veio à mente, fazendo-o esboçar um fraco sorriso com a lembrança, substituindo-o logo em seguida por um suspiro.

— Está atrasado. — Esse foi o cumprimento dela ao vê-lo se aproximar dos portões com aquele seu típico jeito preguiçoso.

— Tsc... não fale como se a culpa fosse minha. — resmungou, coçando de leve a cabeça. — A Hokage só me avisou agora que vocês viriam.

Temari deu de ombros, sem parecer se importar muito, e deixou que Shikamaru guiasse ela e sua equipe até o escritório aonde Tsunade os aguardava.

Ambos não trocaram uma só palavra durante todo o percurso, e embora o Nara apreciasse o silêncio, dessa vez se sentia um tanto quanto nervoso com aquilo. Ele sabia que o clima entre eles não estava exatamente perfeito depois da última conversa que tiveram, e apesar de estar ciente dos dilemas de Temari, queria poder aproveitar o tempo em que estava com ela em Konoha.

Queria ficar com a kunoichi sem aquele mal estar que havia o atravessado nos últimos dias.

— Você quer comer alguma coisa depois? — Ele finalmente indagou de maneira baixa e não muito chamativa para Temari que estava ao seu lado.

— Tudo bem. — A loira respondeu de maneira muito mais rápida e tranquila do que ele imaginaria e Shikamaru agradeceu mentalmente por isso. — Mas você paga. — Ela praticamente o intimou e ele se segurou para não revirar os olhos com a fala. Uma vez problemática, sempre problemática.

Mas talvez eles pudessem deixar de lado por um momento todas aquelas complicações e simplesmente... aproveitar o tempo juntos.

O encontro com Tsunade não demorou muito, além do mais, na maior parte do tempo, era mais as duas kunoichis conversando, de modo que Shikamaru não precisava necessariamente prestar atenção no assunto. Era algo simples, só estavam organizando uma melhor forma dos ajudantes de Suna poderem contribuir com a construção da vila. Nada muito grandioso e que iria requerer a atenção completa de Shikamaru.

Ah, os benefícios de ser um guia... Ele havia se esquecido disso.

No entanto, durante esse tempo em que se manteve em silêncio, Shikamaru se pôs a observar o modo com que Temari falava.

Alguma coisa estava diferente nela. Ele havia percebido isso.

Ela agia como sempre agiu em sua presença, de forma que Shikamaru não sabia explicar o que estava diferente. Era como se... a atmosfera ao redor de Temari estivesse outra.

E tais divagações a respeito do comportamento da loira apenas prosseguiram durante o resto do dia, inclusive quando se sentavam para se deliciar com alguns dangos a pedido (ou deveria dizer “ordem”?) dela.

Temari sempre seria aquela problemática que Shikamaru conhecia, mas algo lhe dizia que ela estava mais leve e talvez arriscasse dizer que até mais feliz. O fato é que estava diferente, de uma forma positiva.

Mas o que havia acontecido, isso era um mistério.

— Está tudo bem? — Indagou finalmente, olhando de soslaio para a mulher, fingindo estar mais concentrado nos dangos que comia do que na resposta que ela estava para lhe dar.

Temari não respondeu de imediato, suspirando e parecendo procurar as palavras certas para começar a falar.

— Eu andei pensando no que conversamos na Vila da Grama... — Somente aquilo foi o suficiente para fazer Shikamaru desistir de sequer fingir que não prestava atenção. Ele ergueu seu olhar para ela, com um misto de curiosidade e temor.

Então era isso.

Ela havia feito uma decisão. Shikamaru concluiu isso rapidamente, sem saber ao certo o que pensar. Queria ter aquela conversa, é claro, mas não tinha certeza se queria tanto saber a decisão que ela havia tomado.

Ele continuou em silêncio, de modo que Temari logo prosseguiu.

— Acho que você tinha razão, e-eu... — Ela desviou o olhar dele, sua face adquirindo um tom avermelhado que Shikamaru nunca havia visto antes, mas que, apesar da surpresa, não pode deixar de admirar. — Isso é muito problemático, mas acho que me apeguei demais a você para voltar atrás e... desistir de nós.

Ela falou de forma rápida e determinada, parecendo bastante encabulada por dizer certas coisas. Temari não era a pessoa mais romântica do mundo, de modo que proferir aquelas palavras foi provavelmente a coisa mais difícil que ela já fizera em sua vida.

Logo o silêncio tomou conta de ambos, aonde Shikamaru repassava mentalmente cada palavra dita pela mulher a sua frente. Um sorriso logo se tornou perceptível em sua face ao notar que Temari usara até mesmo seu modo de dizer as coisas. “Isso é muito problemático”

Bem, ela estava certa. Era problemático. E sempre seria.

Mas ela estava disposta a viver aquela vida problemática e atrapalhada ao lado dele. E Shikamaru? Ele não poderia estar mais feliz por finalmente saber deste fato.

O moreno ergueu o olhar para Temari, encontrando-a observando-o, aguardando sua reação.

E ele finalmente saiu de seu estado de devaneios para enfim esboçar um sorriso singelo e verdadeiro para ela, inclinando-se para frente e capturando seus lábios em um beijo doce e suave. Um beijo que transmitia a sua felicidade com o que acabara de ouvir. A sua felicidade com o relacionamento que agora sim se iniciava e se tornava algo sério e verdadeiro.

Com isso a timidez momentânea de Temari pareceu se diluir, e ela logo se pôs a retribuir o beijo, sorrindo entre os lábios do Nara.

Agora sim ela se sentia completa.