Verdadeira Família escrita por jkilly


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Eaí gente, tão bem?Outra vez com uma história com os mini pestinhas, atualmente tenho certeza que gostei do final de Naruto por causa deles. E bom nunca pensei que na minha vida ia conseguir fazer uma oneshot tão grande, acho que tive boas influências.Espero que gostem da história e boa leitura ^^



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Boruto andava chutando algumas pedras, tentando se distrair com algo.

Estava cansado de sempre escutar as mesmas coisas: já havia entendido que nasceu idêntico ao seu pai, mas isso era só na aparência. De forma alguma sua personalidade seria igual à daquele velho que só se preocupava com o trabalho. Seu pai nem sequer sorria direito, e duvidava que um dia ele fora capaz de fazer alguma travessura ou discutir com alguém por causa de besteiras. Eles não tinham nada de parecido quanto a isso.

Resmungava, tentando conter seu mau humor, até que sentiu alguma coisa lhe acertar a cabeça e, ao se virar para ver quem era o autor disso, soltou um longo suspiro. Claro, Uchiha Sarada, sua amiga e a única pessoa capaz de fazer algo assim com o filho do Hokage.

— O que você quer? — perguntou irritado.

A garota lhe lançou outra pedra, porém ele conseguiu segurar dessa vez.

— Você chutou uma pedra em mim, apenas devolvi — Sarada explicou. — ‘Tá de mau humor por quê? — perguntou, desviando de uma pedra que o garoto jogou em sua direção.

— Isso não é da sua conta — respondeu e, em seguida, outra pedra atingiu em cheio sua testa. — Isso doeu, sua maldita! — Boruto gritou e pegou uma pedra maior, jogando na direção dela.

Com isso, acabaram iniciando uma pequena guerra idiota. Não conseguiam dizer quanto tempo durou, mas acabou no momento em que, sem querer, acertaram uma mulher que passava por ali e, antes que ela percebesse o que havia acontecido, os dois se esconderam atrás de uma árvore. Se certificaram de não serem descobertos e logo começaram a rir da situação em que se encontravam.

— Minha mãe irá brigar com a gente novamente — Sarada disse ao parar de rir, apontando para os pequenos hematomas que havia, tanto em seu corpo quanto no de Boruto.

— Desde que ela não comece a dizer o quanto somos parecidos com nossos pais... — Boruto resmungou.

E então Sarada entendeu o motivo do mau humor de antes. Resolveu perguntar:

— Te compararam novamente com o Hokage-sama?

Boruto respondeu apenas com um movimento de cabeça, mas voltou a resmungar em seguida:

— Eu só queria saber o que eu tenho de igual àquele velho.

Sarada riu.

— Sem ser o cabelo, os olhos, o rosto... — começou a enumerar algumas características para irritar o amigo e pela cara que ele fazia, havia conseguido. — É normal compararem os filhos com os pais, também vivem falando o quanto eu sou parecida com o meu, principalmente quando estou com você. Só que eu entendo que essas pessoas são loucas.

— Pelo menos em algo concordamos. E então, por que está me seguindo?

— Eu não estou te seguindo. O Hokage-sama nos chamou para falar sobre algo — Sarada disse desviando o olhar, e Boruto apenas soltou um suspiro. — Acha que é por causa do Inojin?

— Não devia ser, a culpa é dele por entrar no meio da nossa luta — Boruto voltou ao seu semblante irritado, afinal, eles realmente não tiveram culpa.

***

Ao chegarem à torre Hokage, escutaram barulhos estranhos vindo da sala. Estranharam, porque parecia estar havendo uma briga lá dentro, porém nenhuma das pessoas presentes parecia disposta a fazer algo.

— O que estão fazendo aqui? — Moegi indagou ao ver os dois garotos.

— Meu pai nos chamou e... o que está acontecendo lá dentro? — perguntou Boruto.

— Oh, é melhor vocês não entrarem agora — respondeu, já indo em outra direção.

Boruto e Sarada se entreolharam e, em seguida, estavam abrindo lentamente a porta para poderem observar o que acontecia lá dentro, e se assustaram com o que viram.

Sasuke segurava Naruto pela gola da blusa, o empurrando contra a parede. Sua mão livre estava presa pelo Hokage a poucos centímetros do rosto do mesmo.

— Me dê um motivo para não te matar agora! — Sasuke pronunciou irritado.

— Você só 'tá exagerando. Foram apenas alguns documentos assinados sem ler e... — Naruto tentou argumentar, porém em vão.

— Só alguns documentos assinados sem ler... — Sasuke repetiu incrédulo. — Você tem ideia de que quase deu parte de nossas terras para estrangeiros?!

— Eu sei que foi um erro! Prometo nunca mais fazer isso. Eu só estava cansado no dia e tinha que terminar de assinar todos aqueles papéis... Mas você conseguiu resolver tudo, então não foi tão grave — ao dizer isso, Naruto esboçou um sorriso e começou a forçar a mão de Sasuke para ele lhe soltar.

O Uchiha acabou o soltando junto a um suspiro.

— Tsc! Tinha que ser um dobe mesmo — falou se afastando do Hokage. Naruto apenas riu do comentário do amigo. — E, vocês dois, por quanto tempo vão ficar escondidos aí?

Apesar de terem sido descobertos, Boruto e Sarada não tiveram nenhuma reação. Ainda estavam incrédulos pela cena que viram. Boruto, em nenhum momento da sua vida, havia visto o pai sorrir daquele jeito para alguém, muito menos numa situação como a que os dois estavam. Já Sarada, era a primeira vez que via aquele brilho no olhar do seu pai e, apesar dele estar um pouco irritado, parecia feliz.

— Oh, vocês demoraram — Naruto falou animado, mas mudou de expressão ao notar os dois. — Por acaso estavam brigando de novo? — perguntou em meio a um suspiro, se aproximando dos dois e curando os pequenos hematomas.

— Foi só uma brincadeira idiota — os dois disseram ao mesmo tempo, virando o rosto.

Naruto sorriu.

— E essas brincadeiras idiotas por acaso têm a ver com o fato de o Inojin ter ido parar no hospital? — perguntou Naruto com perspicácia.

— Sarada começou a dizer que era melhor do que eu no taijutsu e resolvemos que decidiríamos isso durante a aula, já que era uma aula livre — Boruto começou a explicar.

— Mas esse idiota começou a usar ninjutsu, sendo que era apenas taijutsu e eu não poderia ficar para trás — Sarada completou.

— Então o Inojin achou que eu estava implicando com a Sarada só por que a chamei de quatro olhos maldita e entrou no meio da nossa luta. A culpa foi totalmente dele — ao terminar de contar, Boruto viu o pai soltar um suspiro. Não era preciso dizer mais nada para saber o final da história.

— E por que o Inojin foi tentar te defender? — Sasuke perguntou para Sarada, mas Boruto foi mais rápido em responder.

— Ele gosta dela, então queria se mostrar. Bem feito para ele.

— Tsc! Ele é outro idiota, por isso está no hospital — Sarada respondeu virando o rosto.

Sasuke abriu um sorriso ao saber disso, e torcia para que a filha continuasse pensando desse jeito.

— Acho que a Sarada não tem mais nada para explicar — Sasuke disse para Naruto. — Estamos indo agora e... dobe, da próxima vez você vai resolver seus problemas sozinho — ao dizer isso, passou a mão na cabeça da filha e fez sinal para que ela lhe acompanhasse.

— Irei contar com você, teme! — Naruto retrucou com uma voz ainda mais animada e começou a rir ao escutar o amigo soltando um suspiro.

Boruto continuou encarando o pai como se não conhecesse aquela pessoa à sua frente. Ele não podia ser o mesmo; o Naruto que conhecia era o sétimo Hokage perfeito, o cara mais responsável e sério que conhecia, ficava até tarde fazendo o melhor para sua vila e, quando voltava para casa, apenas cumprimentava a esposa e os filhos e logo ia dormir para repetir tudo isso no próximo dia. Já aquele homem diante dele era um cara que tinha seus defeitos, alegre e, podia-se dizer, até um pouco idiota. Era como se ele fosse normal.

— Boruto? Boruto! — o garoto escutou o chamando algumas vezes até que saiu de seu transe. — Está tudo bem? — Naruto perguntou preocupado.

— Ah, claro! É só que... bom, eu não sabia que o Uchiha-san podia ser assim. Achava que ele era a reencarnação de algum demônio — comentou e se assustou ao ver o pai começar a rir sem parar. Não imaginava que o que havia dito fosse tão engraçado.

— Ele sempre teve essa cara mesmo — Naruto falou entre suas gargalhadas. — Acho que hoje não preciso ficar até tarde. Vamos voltar?

***

— Quando o senhor voltou? — Sarada perguntou durante o caminho de volta. — Lembro que disse que voltaria em duas semanas, mas acabou demorando um mês — lamentou.

— Desculpe por isso — Sasuke se sentiu mal pelo que havia escutado. Conseguia imaginar que Sarada, talvez, estivesse sentindo o mesmo que ele quando mais novo, e tudo que menos desejava era isso. — Mas o dobe acabou fazendo besteira e tive que resolver isso antes de voltar para a vila. Prometo não atrasar tanto novamente.

— É uma promessa, o senhor não pode deixar de cumprir — Sarada disse, dando alguns passos à frente do pai e logo começando a rir. — É engraçado ver o jeito que o senhor trata o Hokage-sama. Eu tinha a impressão de que ele era um cara perfeito.

— Ele é apenas um dobe, não se deixe enganar — ao dizer isso, escutou a filha rir ainda mais.

Continuaram o caminho e Sarada perguntava sobre como foi a missão, se teve alguma nova aventura, apenas tentando matar a saudade que tinha do pai. E claro, também contava seus feitos na academia ninja sendo a melhor aluna, apesar de não se esquecer de mencionar o quanto Boruto – que foi apelidado de mini-dobe por Sasuke –, a irritava dizendo que era melhor do que ela.

Chegaram em casa e Sarada correu até encontrar a mãe e anunciar com todo seu entusiasmo que o pai havia voltado, e se sentiu feliz ao ver que ela parecia compartilhar de sua alegria. Teria novamente sua família unida, mas antes que pudesse se alegrar por completo, notou algo de diferente.

Assim que encontrou Sasuke, Sakura foi em sua direção e lhe deu um forte abraço. Bom, era o normal vindo de uma mulher com saudades do marido, porém o estranho foi a reação de seu pai, que apenas a segurou pela cintura a afastou e, em seguida, bagunçou seus cabelos. Sarada sabia que seu pai não era muito chegado em troca de carícias e isso seria normal vindo dele, se não fosse pelo seu olhar. Faltava algo... Algo que nunca havia reparado até aquele dia. Parecia que o olhar de seu pai não tinha vida, como mais cedo quando o viu com o Hokage-sama.

Durante o jantar, Sarada continuou com suas observações. Por mais que a conversa fluísse de forma animada, parecia que tudo era mera atuação. Por mais que seu pai esboçasse alguns fracos sorrisos, não parecia que ele estava feliz. Por que ele agia desse jeito? Por que, de uma hora para outra, ela começou a achar que seu pai era infeliz ao lado da família?

***

Havia algo de errado.

Não conseguia negar isso, mesmo que tentasse. E ao se lembrar do que normalmente acontecia, Boruto começou a achar que sempre houve algo errado. Quando chegaram em casa, Naruto cumprimentou sua mãe e irmã, como sempre havia feito, e logo foram jantar. Nada de anormal, se não fosse pela drástica mudança que seu pai sofrera.

Por um momento havia ficado na dúvida se seu pai tinha algum distúrbio de humor, mas, de algum jeito, isso não combinava com ele. Também começou a pensar que ele estivesse fingindo mais cedo, porém parecia que tudo era totalmente natural para seu pai quando ele estava com o Uchiha. E agora, era como se voltasse a ser aquele pai chato de antes.

— Filho, aconteceu alguma coisa? — escutou sua mãe o chamando e despertou de seus pensamentos. — Achei que estaria mais animado hoje, já que voltou junto com seu pai.

— É que eu estou um pouco cansado — respondeu com uma risada sem graça. — Acho que foi porque me diverti muito hoje. Até mesmo o papai se divertiu quando o Uchiha-san estava com ele — comentou.

— Oh, o Sasuke-san voltou? Ele conseguiu resolver aquele problema? — Hinata perguntou curiosa ao marido.

— Sim. Sasuke não teria voltado se não conseguisse resolver.

Com a resposta, Boruto pôde perceber algo de diferente na expressão de seu pai. Era como se voltasse a ser o cara de mais cedo, mas não durou muito, já que Himawari mudou de assunto contando como estava na academia ninja.

Agora, deitado em sua cama, Boruto fitava o teto, pensativo. Por que seu pai mudava tanto quando estava ao lado do Uchiha? Por que ele começava a achar que nunca conheceu seu pai? E por que estava começando a achar que ele não era um velho chato?

***

No dia seguinte na academia, Sarada havia sentado no seu lugar de costume, apesar de estar bem pensativa. Não conseguia tirar de sua cabeça tudo o que havia acontecido, muito menos suas observações e, por mais que quisesse imaginar que fosse apenas uma impressão sua, não conseguia.

— Seu pai também mudou ontem? — foi desperta de seus pensamentos por Boruto. No primeiro momento estranhou o fato do garoto estar sentado ao seu lado.

— Tinha algo de diferente nele. Nunca o vi tão... alegre — confessou.

— Eu também tive essa impressão. Não sei se é pelo fato do meu pai ser o Hokage, mas ele sempre pareceu tão perfeito, porém ontem ele parecia normal — ao dizer isso, viu que a garota parecia concordar. — Acha que tem alguma coisa relacionada ao fato de eles terem sido do mesmo time?

— Minha mãe também era do time 7, e nunca vi meu pai com aquele olhar quando fica perto dela — respondeu e logo os dois ficaram pensativos.

— Quero que você me ajude em algo — Boruto falou. Sarada o olhou um pouco confusa. — Todos dizem que somos parecidos com eles, certo? Então, vamos chamá-los para um desafio, eu e meu pai contra você e o seu.

— E no que isso vai ajudar em algo?

— Bom, nossos pais mudaram quando estavam juntos, certo? Então, precisamos de uma desculpa para fazer eles ficarem juntos para descobrirmos se era impressão nossa ou não — explicou e logo ela abriu um sorriso entendendo o motivo do plano.

— Acho só de aceitarem algo tão infantil assim já prova que não foi impressão nossa. E não vamos perder.

— O meu pai é o Hokage, o ninja mais poderoso da vila, é claro que estão em desvantagem — Boruto provocou.

— Veremos então! Até parece que os Uchihas iriam perder — retrucou animada.

***

Assim como Boruto esperava quando deu a ideia, tanto Naruto quanto Sasuke aceitaram a proposta do desafio, e ainda superaram suas expectativas. Naruto parecia mais animado do que de costume, além de deixar claro para o filho que eles nunca perderiam. Com Sasuke foi mais tranquilo; ao ser chamado por Sarada, apenas disse que os dobes não teriam chance. O desafio ficou para o fim de semana e o que mais surpreendeu Boruto e Sarada foram seus pais os treinarem.

Era a primeira vez que tinham essa oportunidade, já que Naruto e Sasuke sempre estavam ocupados demais para fazerem algo assim, e talvez esse fosse o principal motivo de estarem mais animados a cada dia. Mesmo os treinos ficando mais pesados, não tiravam o sorriso do rosto dos garotos e a diversão que tinham por estarem junto de seus pais.

E sem perceberem o tempo passou e o fim de semana havia chegado. Naruto conseguiu convencer Shikamaru a assumir seu lugar e resolver os problemas que aparecessem durante o dia e foi em direção ao campo de treinamento. Havia conversado com Sasuke antes e decidiram uma forma de deixar esse desafio mais divertido e, assim, talvez conseguissem se redimir pelo tempo que passaram sem dar atenção para os filhos.

— O que?! — Boruto e Sarada exclamaram ao mesmo tempo, surpresos pelo que tinham escutado.

— Bom, Sasuke e eu decidimos que seria mais interessante fazermos algo assim. Eu e a Sarada-chan, contra você e o Sasuke — Naruto voltou a explicar. — O primeiro que conseguir roubar o guizo ganha.

— Mas...

— Pensem em nós dois como obstáculos. O desafio será entre vocês dois — Sasuke continuou. — Passamos a semana treinando vocês e queremos ver o resultado disso.

— Então, Uchiha-san, me ajude a provar que posso superar o meu pai — Boruto pediu a Sasuke, que apenas sorriu de lado. Ao que parecia o mini-dobe estava entrando na ideia.

— Claro que não! Tenho o Hokage do meu lado, você e o papai não terão chances — Sarada retrucou arrancando algumas gargalhadas de Naruto.

— É assim que se fala Sarada-chan! Vamos mostrar para eles do que somos capazes. — Naruto disse animado.

Logo os quatro se colocaram em posição de ataque. Os mais novos olhavam direto para os guizos que foram pendurados na cintura dos pais e logo começaram o ataque em seus estilos. Boruto, assim como o pai, era impulsivo, então tentava atacar de frente. Já Sarada tentava bolar algumas estratégias, porém os dois sempre eram bloqueados.

Quando recebiam a ajuda dos mais velhos, até conseguiam chegar perto de pegarem os guizos, mas ainda era uma missão complicada. Usavam tudo que haviam aprendido de taijutsu e ninjutsu, mas nada parecia ser o suficiente e, ao contrário do que esperavam, o sorriso no rosto dos dois apenas aumentava.

Perderam a noção do tempo, e só perceberam que estavam nisso há horas, quando Boruto e Sarada caíram no chão, exaustos. Suas respirações estavam pesadas, porém ainda tinham o entusiasmo no olhar e não pareciam dispostos a desistir. Os dois se levantaram, mas provavelmente não conseguiriam fazer mais nenhum ataque depois desse, e então Sarada teve uma brilhante – ao ver dela –, ideia. Se aproximou de Boruto contando o que pensara, discutiram um pouco sobre a ideia, mas logo o garoto se animou. Sem dúvidas isso poderia dar certo.

Kage bushin no jutsu — Sarada e Boruto falaram ao mesmo tempo, confundindo Naruto e Sasuke, mas logo eles entenderam o plano e tentaram ajudá-los de sua forma.

Mais uma vez parecia inútil a tentativa de pegarem o guizo de seus pais, e cada um parou do lado de sua dupla. Estavam cansados e prestes a cair. Ao se aproximarem dos mais velhos para conseguirem apoio foram segurados e levantados à altura dos ombros. No começo estranharam a reação, mas logo os dois estavam com um bico no rosto e o henge desfeito.

— Como descobriram? — Boruto perguntou, tentando se livrar dos braços do pai.

— Os chakras de vocês são diferentes, mas foi uma boa estratégia — Sasuke respondeu, bagunçando os cabelos da filha.

— Quem sabe numa próxima vez vocês não conseguem? — Naruto sugeriu e logo os dois abriram um largo sorriso.

— Terá uma próxima vez? — Sarada perguntou esperançosa e Boruto tinha o mesmo olhar que ela.

Tanto Naruto quanto Sasuke começaram a se sentir culpados. Não deviam fazer seus filhos se sentirem desse jeito.

— Claro que terá-ttebayo! —respondeu Naruto animado.

Os quatro ficaram ainda um tempo conversando e rindo das brincadeiras infantis, que eram principalmente feitas pelos mais velhos. Boruto e Sarada estavam quase se sentindo adultos ao verem como os pais podiam ser crianças às vezes, e mais do que felizes por conhecer esse lado deles.

***

— Papai, o senhor parece muito mais feliz quando está ao lado do tio Naruto — Sarada comentou durante o caminho de volta.

— Tio Naruto? Quando foi que o dobe evoluiu para isso?

— É que... bom, depois de hoje, acho que não consigo vê-lo mais como o tão perfeito Hokage-sama. Fora que ele pareceu bem contente quando eu o chamei de tio Naruto — Sarada comentou, e foi então que Sasuke se lembrou do olhar retardado – para não dizer feliz –, que Naruto estava na hora de irem embora.

— Ele é apenas um dobe. Eu disse antes, não? — Sasuke disse, arrancando outro sorriso da filha.

— É, estou começando a acreditar nisso — Sarada comentou, e ambos ficaram em silêncio por um tempo, até que se lembrou de algo que havia escutado uma vez, mas nunca teve coragem de perguntar. — Papai, é verdade que o senhor já foi um inimigo de todos da vila? — ao fazer a pergunta, a garota olhou para o pai e pela expressão que ele fez, parecia ser verdade. — Por quê?

— Eu estava cego. O ódio havia tomado conta de mim e acabei fazendo algumas coisas erradas. Mas...

— Mas...?

— O dobe me trouxe para o caminho certo mais uma vez — Sasuke resumiu. Não gostava de lembrar-se dos seus erros do passado.

— E a mamãe, ela ajudou em algo? Vocês três eram do mesmo time, certo?

— Sua mãe sempre foi uma boa amiga, apesar de ser irritante algumas vezes. Ela também me ajudou bastante e sou grato a ela por ter me dado você — Sasuke disse em meio a um fraco sorriso.

“Por que o senhor não tem o mesmo brilho no olhar quando fala da mamãe?”, Sarada pensou inquieta, e no fundo começava a entender a resposta. Talvez aqueles contos tivessem seu fundo de verdade; talvez, existisse sim um sentimento chamado amor, e tinha certeza de que a pessoa a quem seu pai amava não era sua mãe. Tentava afastar esses pensamentos de sua mente, porém era impossível não ligar o amor de seu pai a Naruto.

***

— Acho que vou acabar ficando na mesma torcida que a Sarada para não deixar o tio Sasuke sair em uma missão longa — Boruto disse ao pai, que apenas sorriu.

— Isso, por acaso, é uma indireta por ser eu quem o manda nessas missões?

— Talvez. O senhor deixa de ser um velho chato quando está com o tio Sasuke, então se ele continuar aqui, terei todos os dias um pai legal — Boruto disse como se fosse a coisa mais normal do mundo e logo sentiu um soco em sua cabeça. — Ai! Isso doeu.

— Então, quer dizer que esse tempo todo você achou que eu era um velho chato?

— E como não iria achar? O senhor sempre fica preso no seu escritório, não sorri... Como quer que eu pense que é legal desse jeito? E desde que o tio Sasuke chegou, o senhor está mais... empolgado, acho que essa é a palavra certa — Boruto disse um pouco emburrado e só depois notou o olhar que o pai tinha.

Naruto encarava o nada com um olhar angustiado. Mesmo sendo ainda uma criança, Boruto conseguia perceber que talvez tivesse mexido em alguma ferida. Havia algo mais na relação de seu pai com Sasuke, conseguia ter certeza disso agora. No fundo também estava com medo de descobrir o que era e, ao mesmo tempo, sentia a necessidade de descobrir.

— Pai, o que a mamãe é para o senhor? — Boruto perguntou. A princípio, Naruto estranhou a pergunta do filho, afinal foi uma total mudança de assunto. — E, por favor, seja o mais sincero que conseguir na resposta.

— Hinata... — Naruto não conseguia pensar no que responder. Na verdade nunca chegou a pensar sobre isso. — Ela é a pessoa a quem eu sou mais grato. Hinata sempre esteve ao meu lado do seu jeito e me deu a melhor família do mundo. Ela é alguém muito especial na minha vida — afirmou com toda sinceridade.

Naruto viu o filho soltar o leve sorriso. Ao que parecia, Boruto havia ficado satisfeito com sua resposta. Talvez ele estivesse interessado em alguém e queria comparar seus sentimentos.

— E pai... o que o tio Sasuke é para o senhor? — ao fazer a pergunta encarou o pai.

Naruto parou de andar. Essas perguntas que Boruto fazia estavam cada vez mais estranhas.

— Sasuke... foi a primeira pessoa com a qual eu tive um laço, ele... — Naruto não conseguiu continuar. Por que era tão difícil falar do Sasuke?

— Tudo bem, não precisa responder — Boruto disse, apressando os passos. — É melhor não chegarmos muito tarde em casa.

Boruto não conseguia definir o que estava passando por sua cabeça naquele momento, mas tinha certeza que o sentimento que seu pai nutria por sua mãe nem chegava aos pés do que ele tinha por Sasuke. Só queria ter certeza de que era do mesmo tipo de sentimento que ele estava falando.

***

Após o divertido dia que tiveram juntos aos seus pais, as comparações que Boruto e Sarada faziam sobre o comportamento deles quando estavam com suas mães e quando estavam juntos aumentaram ainda mais. Com isso, começavam a ter certeza de todas suas suposições. Porém precisavam de provas de que não estavam exagerando sobre a relação de Naruto e Sasuke.

Os dois, então, resolveram perguntar para todas as pessoas que achavam que eram próximas a seus pais quando mais novos.

Suas mães reforçavam o quão forte era a amizade dos dois. Sakura, que passou mais tempo ao lado deles, contava sobre as experiências que tiveram em suas missões com o time 7 e como se sentia por ser sempre deixada de lado pelos dois. Hinata, por sempre observar ao longe Naruto, contava como sentia quando o via junto de Sasuke e o quanto Naruto parecia mais e mais brilhante.

Foram até os amigos de seus pais, perguntaram sobre como eles eram, e cada um deles retratou o quanto Naruto havia se esforçado por Sasuke e, pela primeira vez, ouviram sobre como foi época em que Sasuke havia se juntado à Orochimaru. Se surpreenderam ao saber de tudo o que Naruto havia feito por Sasuke, o quanto ele havia lutado e, em suas cabeças, ninguém nunca iria fazer algo assim por um simples amigo.

Dessa vez, foram até os professores dos dois. Conversaram bastante com Iruka e Kakashi que lhes contaram como os dois eram competitivos e sempre tentavam superar um ao outro de algum jeito. Os dois até mesmo começaram a entender porque sempre eram comparados a eles quando faziam coisas assim e se sentiram orgulhosos.

— Acha que é estranho imaginar que nossos pais seriam mais felizes se vivessem juntos? — Sarada perguntou a Boruto enquanto andavam pelas ruas de Konoha. Após toda pesquisa que fizeram, ela não conseguia pensar em outra coisa.

— No começo eu achava. Desde a primeira vez que os vi juntos, senti algo de diferente no meu pai, mas não queria aceitar isso — respondeu com sinceridade. — Eu achava que tinha uma família completamente feliz, sabe?

— Sim, eu pensava da mesma forma — disse Sarada, e logo deu um fraco sorriso. — Até acredito que meu pai passa muito tempo fora de casa porque se arrepende das escolhas que ele fez...

— Eu entendo como se sente. Aquele dia que passamos junto com eles foi a primeira vez que senti como se estivesse em uma família feliz.

Após Boruto dizer isso, os dois ficaram em silêncio por muito tempo, pensando.

— Boruto... — Sarada o chamou, tentando quebrar o silêncio. — Acha que é tarde demais para os dois?

— Do que você está falando?

— Sabe... nossos pais ficarem juntos. Acha que é tarde demais para eles tentarem ser felizes de verdade? — Sarada reforçou, e só então, Boruto entendeu onde a garota queria chegar.

— Sarada, você sabe que se eles ficarem juntos... isso significa que nossas mães...

— Eu sei — Sarada o interrompeu. — Eu sei muito bem disso, mas não quero mais viver nessa mentira, sabe? É como se minha família fosse de faz-de-conta e eu não quero isso. Tenho certeza que será melhor para a minha mãe também. Talvez ela possa encontrar alguém que a ame de verdade... — abaixou a cabeça e logo Boruto fez o mesmo. Sabia que ela tinha toda a razão.

— Você tem algum plano? — o garoto perguntou, e logo Sarada começou a contar suas ideias.

Depois de muito conversarem, chegaram à decisão de que o melhor a fazer, seria mostrar para todos o quanto seus pais parecem certos juntos, e a melhor ideia que tiveram foi reunir as famílias em um jantar. Boruto sabia que sua mãe não iria reclamar de cozinhar para todos, então só precisava ter certeza de que seu pai iria voltar mais cedo. Já Sarada tinha certeza que os pais não iriam recusar seu pedido.

***

Chegaram à casa de Naruto e Hinata um pouco cedo, sendo assim o jantar ainda não estava pronto. Sakura foi para a cozinha ajudar Hinata no que ela precisasse, e a Hyuuga acabou recebendo um olhar de súplica de todos presentes para que não deixasse, de maneira alguma, a rosada tocar na comida. Apesar de todos os anos tentando praticar, Sakura nunca conseguiu cozinhar muito bem, ao contrário de Hinata, que fazia deliciosos pratos.

Naruto e Sasuke ficaram na sala jogando conversa fora e, antes que percebessem, trocando alguns insultos.

Himawari estava na sala de jantar junto com Sarada e o irmão, e logo os três começaram a observar a infantilidade dos pais e, eventualmente, a rir da situação.

— Papai e o tio Sasuke parecem mais crianças do que vocês dois quando brigam — a mais nova observou, fazendo Boruto e Sarada virarem o rosto em reprovação.

— Você não viu nada. Comparado a eles, Sarada e eu somos os verdadeiros adultos — comentou Boruto, fazendo a irmã rir ainda mais.

— Hey, Himawari — Sarada chamou a outra garota e logo recebeu um olhar de desaprovação de Boruto. Provavelmente ele já entendera do que se tratava. — Você sentiu algo de diferente ao ver nossos pais juntos?

— Como assim? — Himawari perguntou confusa.

Boruto soltou um suspiro. Sabia que a irmã também deveria entender a situação, mas teria que ser por si só.

— No jeito deles. Papai parece diferente?

— Sim... Papai parece muito mais feliz. Até me assustei ao vê-lo chegar tão cedo em casa. Acho que é a primeira vez que isso acontece… — Himawari parou a frase no meio e olhou para os dois. — Tio Sasuke também mudou? — perguntou a Sarada.

A Uchiha confirmou.

— Sabe? Boruto e eu passamos um tempo com eles e resolvemos entender como era a relação dos dois no passado e por que são assim hoje — Sarada começou a explicar, contando a seguir tudo o que haviam descoberto para a caçula dos Uzumaki.

Apesar de Himawari ser dois anos mais nova, ela tinha a mesma maturidade que Sarada e Boruto, talvez por, sempre que possível, estar ao lado deles e logo conseguiu entender toda a situação. Depois de ouvir toda a história que contaram, começou a observar seu pai e Sasuke de uma maneira diferente e, em seguida, saiu correndo até os dois, assustando os outros dois garotos.

— Isso é injusto! — Himawari gritou atrapalhando a discussão que Naruto e Sasuke mantinham. Boruto e Sarada, correram logo atrás dela, com medo de que ela não tivesse aceitado a situação. — Por que vocês me excluíram? Eu também queria ter treinado junto com o Bolt-niichan e a Sara-neechan! — fez um bico decepcionado.

Ao escutarem o que a garota disse, Boruto e Sarada soltaram um suspiro aliviado.

— Se você estivesse junto não daria para lutar em duplas — Boruto observou, provocando a irmã, e em seguida sentiu Sasuke acertar um toque em sua testa.

— Você não devia fazer algo assim com sua irmã — repreendeu o mini-dobe. Sasuke conseguia entender o que Himawari estava sentindo nesse momento, afinal passou parte de sua infância desse jeito quando via seu pai com Itachi. — Não se preocupe com isso, você também terá sua vez — voltou-se para Himawari e logo sentiu a garota o abraçando.

— Tio Sasuke, o senhor irá me ajudar a derrotar o papai?

— É claro. Podemos vencer o dobe e sua miniatura se quiser — Sasuke respondeu retribuindo levemente o abraço e arrancando um largo sorriso de Himawari.

Naruto, vendo a cena, puxou a filha dos braços do Uchiha e a abraçou possessivamente.

— Teme, não tente roubar a filha dos outros! Você já tem a sua! — gritou, fazendo todos rirem.

Mais ao longe, terminando de arrumar a mesa para o jantar, Hinata e Sakura pararam para observar a cena. Trocaram um olhar cúmplice com um fraco sorriso e uma dor no peito. Aquilo era o que haviam sonhado toda a vida, mas com diferentes protagonistas. Porém, mesmo depois de conquistarem seus objetivos, não foram capazes de arrancar aqueles sorrisos dos maridos.

— Sakura-san, acha que foi errado insistirmos tanto? — Hinata perguntou com o olhar um pouco triste.

— Não diga besteiras. Corremos atrás do que queríamos e conseguimos, certo? — Sakura respondeu, tentando consolar mais a si mesma do que a Hinata.

— É, você tem razão — a Hyuuga concordou com um tom fraco, olhando os cinco novamente. — Eu sinto falta daquele sorriso no rosto do Naruto-kun.

— Vamos chamá-los? A comida pode acabar esfriando — Sakura mudou de assunto.

Ela não queria pensar muito sobre a observação de Hinata. Havia lutado e sofrido tempo demais para conseguir chegar onde estava com Sasuke. Era com ela que Sasuke estava reconstruindo seu clã. Era ela quem estava realizando o seu sonho... Então, por que se sentia tão impotente?

O jantar seguiu de forma tranquila. Hinata e Sakura riam do que os filhos comentavam sobre os pais e das pequenas brigas que eram iniciadas. Claro, algumas vezes elas entravam para defender os maridos, inflando um pouco seus egos, mas isso apenas dava início a novas discussões entre eles e, mais uma vez, eram deixadas de lado.

***

Depois que Sasuke e sua família foram embora, Hinata se encarregou de arrumar tudo, recusando a ajuda de Naruto, alegando que ele precisava descansar, já que era o Hokage.

Sozinha, começou a pensar em tudo o que havia presenciado, e a dor em seu peito voltou a aparecer. Mesmo depois de tantos anos vivendo ao lado de Naruto, ela não conseguiu preencher o lugar que queria em seu coração e, por mais que fosse difícil aceitar, sabia que esse lugar só pertencia a uma pessoa.

A Hyuuga não culpava Naruto ou Sasuke; jamais faria isso. Sempre soube que havia algo de especial na relação deles, mas nunca desistiu de seu amor. Lutou com tudo o que tinha, defendeu Naruto, o encorajou, conseguiu fazê-lo perceber seu amor, mas nada disso foi o suficiente. E apesar de tudo, foi feliz. Mais feliz do que imaginava que poderia, e agora estava na hora de aceitar a realidade.

— Mãe? — Hinata foi desperta de seus pensamentos ao escutar o filho a chamando. — Aconteceu algo? — Boruto perguntou em voz baixa.

— Filho... Você já percebeu, certo? — Hinata perguntou, voltando seu olhar para Boruto, que a olhava um pouco confuso. — Sobre seu pai e o Sasuke-san. Foi por isso que fez todas aquelas perguntas e sugeriu o jantar hoje, não é?

— Me desculpe — foi tudo que o garoto conseguiu responder. Sua cabeça estava baixa e sentiu-se culpado pelo que estava fazendo.

— Não se desculpe — Hinata se aproximou do filho e passou as mãos por seus cabelos em um gesto carinhoso. — Eu sempre soube disso também, mas me iludia pensando que não era nada demais. Quando seu pai aceitou meus sentimentos, me senti a mulher mais feliz do mundo, mas, ao mesmo tempo, fiquei com medo de que fosse passageiro, já que tudo aconteceu enquanto o Sasuke-san estava fora.

— A senhora acha que o papai se arrependeu do que disse?

— Acho que ele se precipitou. Eu sei que ele gosta de mim, afinal você e sua irmã nasceram desse sentimento, mas não é o suficiente — Hinata respirou fundo e se afastou um pouco. — E então, você e a Sarada estão planejando o quê?

— C-Como assim?

— Sobre juntar os dois. Tiveram algum avanço? — Boruto ficou parado, tentando processar o que sua mãe havia dito. — Acho que o que seu pai precisa de apenas um empurrãozinho para dizer tudo que ele sente, sabe?

— E-espera um pouco, mãe! A senhora, por acaso, está….

— Eu quero que seu pai seja feliz, e eu já tive meu tempo com ele.

— Mamãe, acha que se falarmos com o papai ele vai se entender com o tio Sasuke? — Himawari perguntou, entrando na cozinha. Estava escutando a conversa deles fazia um tempo.

— Acho que só precisamos fazê-lo se sentir à vontade com isso. O Naruto-kun pode se sentir culpado, então temos que apoiá-lo. E Bolt, não esqueça de avisar à Sarada-chan sobre o que você decidir fazer.

— Eu vou ajudar também. Quando for falar com a Sara-neechan me leve junto — Himawari exigiu e em seguida correu para os braços da mãe. — Está tudo bem mesmo, certo?

— Claro. Ver o Naruto-kun feliz é o mais importante para mim, afinal, isso faz vocês mais felizes também.

Ao escutar isso, Boruto também abraçou Hinata. Sem dúvida, ela era a mulher mais forte e perfeita do mundo.

***

Assim que acordaram, Boruto e Himawari saíram em direção à casa de Sarada para contar sobre a conversa que tiveram com a mãe. A caçula já tinha em mente um pequeno plano, mas iria contar só quando estivessem reunidos.

— Sarada! — Boruto gritou jogando uma pedra na janela do quarto da garota, e torcendo para que ninguém além dela percebesse isso.

— Não seria mais fácil pedirmos para chamar? — Himawari perguntou, um pouco entediada pela atitude do irmão.

— Se você quebrar a minha janela eu te mato! — escutaram Sarada pronunciar saindo de seu quarto.

— Bom, assim ela aparece mais rápido — Boruto respondeu a pergunta da irmã e em seguida sentiu-se ser acertado por uma pedra. — Qual o seu problema, garota? — perguntou irritado a Sarada.

— Eu quem pergunto! Não tinha outro jeito de me chamar, não e... Himawari? — Sarada ia começar a brigar quando percebeu a presença da mais nova.

— Eu te disse — Himawari mostrou a língua para o irmão e depois se voltou para Sarada. — Também vou ajudá-los!

Assim que a Uchiha se juntou a ele do lado de fora, iniciaram uma caminhada para algum lugar onde pudessem conversar à vontade sobre seus planos.

— Aconteceu alguma coisa? Você 'tá mais chata que o normal — Boruto observou a amiga.

Ela lhe lançou um olhar mortal.

— Meu pai decidiu que quer sair em outra missão — respondeu um pouco emburrada. — Ele tinha prometido que iria ficar mais tempo, e agora... Droga!

— Podemos falar com o papai para que ele recuse o pedido do tio Sasuke — Himawari sugeriu.

— Duvido que seja tão fácil assim — Sarada continuou emburrada.

— Não custa nada tentar! — Boruto puxou as duas consigo até a torre Hokage.

***

Não demoraram muito para chegarem até o escritório e foram recebidos por Moegi.

— Me digam que não arrastaram a Hima-chan para alguma de suas travessuras — Moegi pediu em tom preocupado.

— Sabe, nem todas as vezes que viemos aqui foi para meu pai chamar nossa atenção — Boruto informou um pouco irritado.

— Nós queremos falar com ele — Himawari explicou.

— Tudo bem, mas terão que esperar um pouco. Sasuke-san está lá dentro resolvendo alguns problemas e… Ei, eu falei que vocês teriam que esperar! — Moegi tentou alertá-los, mas os três foram em direção ao escritório. — Esses moleques...

Mais uma vez estavam escondidos atrás da porta observando seus pais. A diferença clara era a cena que viam. Naruto estava com um olhar melancólico, sem conseguir olhar para Sasuke, que estava com os punhos cerrados.

— O que será que está acontecendo? — Himawari sussurrou preocupada.

— Seja o que for, vamos torcer para que eles não descubram que estamos aqui até conseguirmos entender — Boruto observou e olhou para Sarada, que parecia concentrada.

— Sabe, Sasuke? Até mesmo o Boruto veio pedir esses dias para que você não saísse em nenhuma missão longa. Não acha que já está na hora de ficar mais tempo na vila? — Naruto perguntou em voz baixa.

— Eu preciso me afastar um pouco — Sasuke respondeu, pegando o pergaminho que estava em cima da mesa. — Você sabe o motivo, então não insista.

Naruto ficou em silêncio por um tempo, até que se levantou subitamente de sua cadeira, e foi até Sasuke, lhe dando um abraço que não foi retribuído.

— Dobe, me solta — Sasuke falou com a voz mais suave tentando se livrar de Naruto. — Por isso eu disse que preciso me afastar. Ficar muito tempo aqui não faz bem para nenhum de nós dois e…

— Eu sei. Seria injusto com nossas famílias. Será quanto tempo dessa vez? — Naruto perguntou virando de costas.

— Vou ter que quebrar minha promessa com a Sarada. Não sei quanto tempo vou demorar dessa vez.

Naruto apenas assinou o pergaminho. Sasuke provavelmente ia ficar fora por muito tempo dessa vez.

— Pelo menos se despeça dela.

— Até mais, dobe — Sasuke se despediu e saiu pela janela.

Sarada estava com a cabeça baixa, sentada atrás da porta. Boruto e Himawari ainda estavam incrédulos pelo que viram. Não restavam mais dúvidas sobre os dois e, mais do que isso, não conseguiriam fazer nada por sabe-se lá quantos meses. Voltariam para a vida de antes, com a diferença de saberem a verdade dessa vez.

— Sara-neechan, você pode segurar o tio Sasuke na vila por um tempo? — Himawari foi a primeira a se pronunciar.

— Você acha que ainda dá tempo? — Sarada se levantou, levemente esperançosa.

— Precisamos tentar. Eu quero ver o papai sorrindo como ontem novamente.

— Himawari tem razão. Arranje um jeito do tio Sasuke ficar na vila. Nós vamos conversar com o meu pai. Injusto, é eles continuarem assim — Boruto afirmou com convicção.

Sarada assentiu e saiu correndo atrás de seu pai, enquanto Boruto e Himawari entravam na sala.

— Papai! — Himawari o chamou.

— O que vocês estão fazendo aqui? — Naruto perguntou um pouco confuso, se voltando para os filhos.

— Na verdade, nós é que devíamos estar perguntando isso. O que o senhor ainda está fazendo aqui? Não deveria ir até o tio Sasuke? — Boruto começou a interrogar.

— Do que você está falando, Boruto...?! Ah, vocês estavam escutando — Naruto concluiu depois de um tempo. — Não sei o que entenderam, mas eu não tenho motivos para ir até o Sasuke.

— Papai, não precisa esconder nada da gente. Nós sabemos de tudo e a mamãe também — Himawari falou e se aproximou do pai, lhe dando um abraço. — A pessoa que o senhor ama é o tio Sasuke.

— E não tente desconversar. Sinceramente, nenhuma pessoa desperdiçaria três anos de sua vida tentando salvar apenas um amigo.

— Ou perderia um braço para provar isso —completou Himawari, tocando na prótese de seu pai.

— C-Como vocês sabem disso?

— Pesquisa de campo — respondeu Boruto sorrindo. — Não precisa se preocupar comigo ou com a Himawari, e nem mesmo com a mamãe. Nós apoiamos o senhor se dar a chance de ser feliz com o tio Sasuke.

— Obrigado — Naruto bagunçando os cabelos dos dois. — Mas as coisas não são tão simples assim. Sasuke também tem sua família e….

— Sara-neechan é nossa aliada — Himawari falou sorrindo.

— Para falar a verdade, ela é a cabeça de tudo. Todos os encontros que tivemos com vocês dois foram armados por nós — informou o Uzumaki mais novo.

Naruto os olhava incrédulo. Realmente eram verdadeiros pestinhas.

— Existe alguma coisa a mais que vocês aprontaram que eu não sei? E por favor, não me digam que mandaram outra pessoa para o hospital — Naruto implorou, fazendo os dois rirem.

— Olha, estamos torcendo para a moça não ter visto que fomos nós que jogamos pedras nela — Boruto comentou rindo, ao ver a cara que seu pai fazia.

— Papai, acho que não é hora para descobrir tudo que o Bolt-niichan e a Sara-neechan aprontam. Vai logo atrás do tio Sasuke!

— Eu juro que não arrastei a Himawari para nada, então vai logo, antes que a Sarada não consiga segurá-lo aqui na vila.

***

Sasuke estava se aproximando dos portões da vila quando escutou sua filha o chamando. Virou-se imediatamente para ela, e viu que Sarada estava um pouco ofegante e com um olhar furioso.

— Sarada…

— Mentiroso! — a garota acusou, assustando Sasuke.

Era a primeira vez que via a filha falando assim com ele, porém não conseguiu repreendê-la.

— Me desculpe. Passarei um tempo fora da vila, mas prometo que será a última vez — Sasuke tentou esboçar um sorriso.

— Eu não estou falando disso! Apesar de contar também... — afirmou Sarada e se aproximou do pai, o deixando confuso. — Primeiro, eu o proíbo de sair da vila sem antes falar comigo.

— Acho que as coisas estão um pouco trocadas aqui... — Sasuke tentou falar, mas se calou ao ver o olhar da filha.

— Segundo, também está proibido de fugir. Não acha que já está velho o suficiente para encarar seus problemas de frente?

— Eu não sei do que você está falando.

— Sabe sim, papai! O senhor vem fugindo a sua vida inteira, e com isso não consegue mostrar às pessoas quem o senhor é de verdade

— Sarada…

— Recentemente eu conheci o meu verdadeiro pai. Ele é uma pessoa um pouco complicada, se acha melhor do que todos, é um pouco infantil às vezes, mas ainda é a melhor pessoa do mundo para mim — Sarada falava com um sorriso em seu rosto. — E ele é completamente apaixonado por um dobe, que sempre o mete em problemas.

Sasuke olhou incrédulo para a filha e cerrou seus punhos. Por mais que não quisesse admitir, sabia que tudo que Sarada havia tido era verdade, e as palavras o haviam atingido em cheio. Mas não podia fraquejar agora.

— Você é só uma criança ainda. Não entende sobre esses problemas — Sasuke disse e se virou, continuando seu caminho.

— Dá pra parar de ser um cabeça-dura orgulhoso?! — Sarada gritou mais uma vez.

— Eu sou seu pai — Sasuke disse em tom seco. — Você não deve falar desse jeito comigo.

— Eu não quero que o meu pai vá embora, quero que ele continue aqui! Comigo, com o tio Naruto, com a Himawari e até mesmo com o Boruto! É tão difícil entender que quero ter uma família feliz de verdade? — Sarada perguntou, tentando segurar suas lágrimas. Já havia escutado sobre o maldito orgulho Uchiha, porém não imaginava que era tão difícil assim lidar com ele.

— Você tem a sua mãe. Nos vemos, Sarada — Sasuke se virou novamente. Apesar de não demonstrar, estava sofrendo com suas atitudes e, mais uma vez, por causa do seu orgulho, estava perdendo outra pessoa importante em sua vida.

— TEME!

Sasuke se virou e franziu as sobrancelhas ao ver o Hokage se aproximando esbaforido.

— Tsc...

— Você está proibido de sair da vila, e isso é uma ordem do Hokage — ordenou ao alcançar os dois Uchiha, e viu que Sasuke virou o rosto.

— Eu já tenho sua permissão por escrito, não vai adiantar me proibir agora — retrucou.

— Chega de ser um maldito e orgulhoso Uchiha! — Naruto explodiu.

Se aproximou de Sasuke e o segurou pelo braço.

— O que você está fazendo aqui? Achei que tivesse deixado as coisas claras entre nós — Sasuke respondeu puxando o braço de forma brusca.

— Meus filhos me disseram para me dar a chance de ser feliz dessa vez. E por mais que eu odeie admitir, eu preciso de você para conseguir isso — Naruto olhou diretamente nos olhos do Uchiha. — Eles me fizeram perceber que não vale a pena viver desse jeito, nessa mentira que criamos.

— Dobe, já conversamos sobre isso. Nós dois temos nossas famílias, você é o Hokage, e o melhor é deixar tudo como está...

— E continuarmos com uma família de mentira? — Boruto interrompeu. Estava um pouco ofegante devido à corrida, mas não podia ficar calado agora. — A primeira vez que eu tive a sensação de estar em uma família de verdade com o meu pai, foi quando estávamos naquele desafio.

— Boruto tem razão. Papai, por favor, seja honesto dessa vez — Sarada pediu, se aproximando de Sasuke.

— Tio Sasuke, sem o senhor do lado do papai, ele não vai conseguir fazer mais nada direito — afirmou Himawari ao alcançar todos.

— Hima-chan, não diga algo assim do seu pai — Naruto choramingou e em seguida voltou a encarar Sasuke. — Mas eles têm razão, teme. Eu preciso de você aqui. Nós precisamos de você aqui.

— Você sabe que não será bem aceito se isso acontecer, não sabe? — Sasuke indagou.

Naruto abriu um largo sorriso. Ao que parecia, haviam conseguido superar a muralha que ele havia construído.

— As pessoas que precisam aceitar isso estão aqui — respondeu olhando para os filhos. — Deixe que os outros pensem o que quiserem.

Naruto aproximou seu corpo ao de Sasuke, deixando seus rostos o mais próximo possível, com os lábios quase se tocando.

— Acho que o tio Sasuke finalmente aceitou — Boruto sussurrou para Sarada.

— E eu tenho meu pai de volta! — a garota comemorou no mesmo tom, encarando os dois.

— Se continuarem assim, vão estragar o clima entre eles — Himawari advertiu num murmúrio.

Os mais velhos sorriram. Chegava a ser óbvio que estariam escutando.

— Então, Sasuke? Acha mesmo que precisamos que outras pessoas aprovem? — Naruto perguntou ao se afastar um pouco de Sasuke, sem desviar o olhar.

Boruto, Sarada e Himawari encaravam os dois com um olhar esperançoso, esperando a resposta de Sasuke.

O Uchiha encarou cada um deles, organizando todos os seus sentimentos. As palavras de Sarada ressoavam mais uma vez em sua mente e, sem dúvidas, essa seria sua última chance. Sem dizer mais nada, se aproximou de Naruto, o puxou para perto e o beijou, de forma calma e apaixonada. Foi o único meio que conseguiu de demonstrar o que queria.

Naruto ficou um tempo ainda processando tudo que estava acontecendo. A atitude de Sasuke o pegou de surpresa, mas não iria reclamar. Ficou tempo demais o desejando para estar parado agora, então passou a retribuir o beijo com o mesmo sentimento de Sasuke, como sempre deveria ter sido. Apaixonadamente.

E juntos.

O trio olhava a cena incrédulo e com um sorriso estampado no rosto. Os dias que viveram nas últimas semanas iriam se repetir sempre agora.

— Essa é a minha resposta — Sasuke murmurou ao se separarem, encostando suas testas.

Esboçava um sorriso um tanto presunçoso por saber ter surpreendido Naruto, que abriu um largo sorriso e o abraçou com vontade.

— Acho que o papai é melhor com atitudes — Sarada comentou para os três.

— É claro que não! Meu pai é quem teve total atitude aqui. O Tio Sasuke apenas confirmou algo — Boruto discordou.

— Mas o tio Naruto é melhor com as palavras, e é por isso que o meu é melhor com atitudes — retrucou Sarada.

— Ele só teve atitude por que meu pai falou tudo aquilo.

— Não acredito que vocês vão começar a brigar por causa disso — Himawari suspirou. — Eu não aceito ser madrinha do casamento de vocês!

— Não haverá casamento! — Boruto, Sarada e Sasuke gritaram ao mesmo tempo.

***

— Comprei o lámen de vocês — Sasuke falou adentrando a sala. — Sinceramente, não acredito que irão comer isso antes do casamento.

— Ele não pode casar com fome, teme. E se não houver casamento? — Naruto contestou.

— Eu não iria me importar — Sasuke deu de ombros.

Boruto, que já estava prestes a devorar o lámen que seu padrasto/sogro havia trazido, parou no mesmo momento, ao escutar a resposta e olhou para Naruto.

— Pai... Acho melhor o senhor provar o meu primeiro. Sinto que o tio Sasuke está tentando me envenenar.

— Boruto, o Sasuke não ia deixar a filha viúva antes de se casar — Naruto tentou acalmar o filho.

— Dobe... — Sasuke soltou um longo suspiro. — Sarada não será viúva se eu matá-lo antes do casamento.

— Viu?! — Boruto acusou, se escondendo atrás de Naruto. — Ele 'tá planejando mesmo me matar.

— Até que o mini-dobe é mais inteligente que você — comentou Sasuke debochado.

— É claro que eu sou mais inteligente que meu pai! Acha que sobrevivi todo esse tempo por quê? — assim que disse isso, Boruto sentiu um soco em sua cabeça.

— E isso é jeito de falar do seu pai?! — Naruto o repreendeu. — Você não deve concordar com tudo o que ele diz!

— E o senhor acha que eu sou louco de discordar dele? Ainda 'tô correndo risco de vida! — Boruto exclamou amedrontado.

Sasuke sorriu.

— Você ganhou alguns créditos. Agora, coma logo. Se você deixá-la esperando, ajudo Sarada a te matar. — Sasuke falou num tom mais sério, fazendo Boruto engolir em seco e começar a comer.

Era como se Sasuke estivesse vendo o kage bushin de Naruto ao lado deste, comendo. Nenhum dos dois tinha modo algum para comer e, se continuassem daquele jeito, iriam acabar se sujando. “Como duas crianças”, Sasuke pensou e se aproximou dos dois dando um leve soco na cabeça deles.

— Hey! Pensei que tinha ganhado alguns créditos! — Boruto reclamou.

— Por que eu também? —choramingou Naruto.

— Tsc... Vocês não são mais crianças e nem esfomeados. Comam direito! Infelizmente, temos que ir para um casamento ainda — Sasuke disse um pouco mal humorado e respirou fundo. — Apesar de tudo, fico feliz que seja você a se casar com ela — começou a falar. — Mesmo sendo um mini-dobe, sei que é de confiança. Além disso, foi graças a você e Sarada que estou com o seu pai hoje, e por isso, faça a minha filha feliz, do mesmo jeito que você acha que eu e o dobe somos.

Ao terminar seu pequeno discurso, viu os dois dobes com o olhar brilhante, e em seguida sentiu Boruto o abraçando.

— Pai, acho que essa é a primeira vez que o tio Sasuke é tão legal comigo! — comentou emocionado para Naruto, ao se afastar de Sasuke. — E é claro que irei fazê-la feliz-ttebasa!

Houve uma batida na porta e logo Himawari enfiou a cabeça pelo espaço aberto.

— Bolt-nii, já ‘tá na hora. Se a Sara-nee chegar primeiro, você vai morrer antes do casamento.

— Ok. Acho que é melhor eu ir... Sarada é tão assustadora quanto o tio Sasuke — disse isso e saiu rapidamente da sala.

— Temos que ir também — Naruto olhou para Sasuke. — E saiba que eu desejo o mesmo para eles. Que sejam felizes como somos.

— Você está muito meloso, dobe. — Sasuke comentou, rindo levemente.

— Foi você quem começou, teme! — Naruto retrucou. Mesmo com os dez anos como amantes, parecia que a relação deles sempre seria a mesma.

***

— E há dez anos, quando eu falei sobre casamento, vocês negaram — Himawari comentou ao fim da cerimônia.

Boruto e Sarada bufaram. Himawari recebeu um olhar assassino dos noivos, que ouviram muito bem o comentário.

— Agora, estão oficialmente casados, senhor e senhora... — o cerimonialista começou, um pouco duvidoso.

— Uzumaki!

— Uchiha!

— Você agora é uma Uzumaki, Sarada! — Boruto a repreendeu.

— Claro que não! Você se tornou um Uchiha agora — Sarada contestou e logo começaram uma guerra de olhares.

Sentadas um pouco atrás dos noivos, Sakura e Hinata riam da cena. Sem dúvida, eram idênticos aos pais.

— Eu realmente não acredito que eles vão brigar na cerimonia de casamento — Sakura falou inconformada.

— É isso que os fazem ser perfeitos um para o outro, assim como o Naruto-kun e o Sasuke-san. — Hinata respondeu com um singelo sorriso.

Apesar do fim do casamento e da escolha dos dois, Hinata e Sakura não guardavam mágoas.

Sempre souberam do sentimento que eles tinham um pelo outro, mas acabaram insistindo, pensando mais em suas próprias felicidades. Pensar nisso fez Sakura se lembrar da pergunta que Hinata fez há 10 anos e que nunca havia a respondido de verdade.

— Não foi errado — Sakura falou baixinho, deixando Hinata confusa. — Insistirmos com eles, sabe?

— Por que está falando sobre isso novamente? — Hinata questionou, um pouco divertida.

— Antes eu fui egoísta, então vou te dar uma verdadeira resposta agora: acho que agimos apenas por nós mesmas na época. Era óbvio que o Sasuke-kun e o Naruto não nos viam da mesma forma... Fomos garotas cegas e apaixonadas, queríamos construir uma família com eles de qualquer jeito e fizemos isso, mas eu não me arrependo. É por causa disso que hoje estamos aqui, eles estão aqui, e estamos todos mais felizes de alguma forma.

— Você tem razão. Obrigada pela resposta, Sakura-san.

Após a breve conversa, elas voltaram a atenção para os filhos e apenas sorriam ao verem que Naruto e Sasuke haviam entrado na discussão, enquanto o cerimonialista os encarava assustado e Himawari tentava contê-los. Aquela, realmente, era a verdadeira família Uzumaki Uchiha e elas sentiam-se felizes por terem feito parte de sua história.


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Notas finais do capítulo

Bom, ao meu ver esse é o único final possível para Naruto (sem guerrinha por favor). Não achei que os casais canons foram bem explorados, tanto no mangá quanto no filme (The Last não é legal), principalmente pelo quão intenso foi NaruSasu/SasuNaru em toda a história e não dá nem pra discutir isso. Então, gostaram? Sim, não? Se não for pedir muito, deixem um comentário contando, adorarei ler ^^