Gravity escrita por Ju Dantas


Capítulo 9
Capítulo 8




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Edward
— Não sei se foi uma boa ideia virmos a este lugar – Jasper reclama quando nos sentamos na mesa de um bar de Jazz naquela noite.
— Por quê? Parece legal – comento, olhando em volta e então percebo porque Jasper estava preocupado. Já podia ver várias garotas em uma mesa vizinha olhando para nós e cochichando.
— Eu adoro aqui – Rosalie diz, animada, abraçando Em, que está ocupado pedindo nossa cerveja.
— Já estou vendo uma garota no celular tentando tirar uma foto – Jasper resmunga – deve estar colocando em alguma rede social, aí já viu.
— Não reclama, isto é bom para publicidade – Riley sorri.
— E aí, Edward e o lance da Bella? – Jasper pergunta.
Eu dou de ombros, tomando um gole de cerveja.
Bella havia me ligado na manhã seguinte a nosso almoço e eu tentei não ficar desapontado, quando ela me informou, muito sucintamente, que a consulta estava marcada para dali a uma semana.
Eu desliguei o telefone me perguntando se nosso relacionamento agora ia se resumir apenas a isto. A conversas breves e práticas sobre sua gravidez. Porém, o que eu queria?
Não éramos namorados.
— Nós vamos a uma consulta amanhã.
— E vocês?
— E nós nada. Eu vou apoiá-la é só isto.
— Sei...
— Olá! – eu olho pra cima e vejo Tanya sentando na nossa mesa.
Eu sinceramente não estava a fim de encontrá-la depois do que tinha acontecido. Então ela sorriu, como se sua presença fosse muito natural.
Eu olho confuso para meus irmãos, Jasper dá de ombros e Rosalie esclarece tudo.
— Eu convidei a Tanya pra beber com a gente. O Riley aproveita e a conhece melhor. Vocês sabem, pra vaga de assistente na turnê.
Eu bufo, irritado e Jasper chuta meu pé.
A banda começa a tocar e todos decidem ir pra frente do palco.  Eu fico na mesa, terminando minha cerveja e pensando seriamente em ir embora.
— Oi, posso te fazer companhia? – Tanya volta pra mesa - Está tudo bem?
— Está.
— Eu queria saber como vai a Bella... e o bebê...?
— Está tudo bem – respondo evasivo.
— Que bom. Edward, eu... eu sou sua amiga, ok? Não queria que ficasse um clima ruim entre nós.
 - Nem eu.
— Eu vou entender se não me quiser na turnê.
— Tanya, não se trata disto... É que... pode ser complicado, com esta história entre nós. Não quero que fique ruim pra você.
— Eu já falei que estou bem.  – Ela sorri, tocando minha mão – mas, eu entendo que pode não estar tudo bem pra você. – ela se levanta, pegando a bolsa – Acho que pra mim já deu por aqui hoje né? A gente se vê por aí?
Eu a vejo se afastar e luto contra a vontade de chamá-la de volta e me desculpar. De novo.
Maldito sentimento de culpa.
— O que foi?  - Jasper pergunta voltando à mesa.
— Ela queria reafirmar que ainda somos amigos.
— Podia continuar catando ela.
 - Não! – respondo rápido.
 - Por causa da Bella?
— Não.
— Sei... tem certeza que você e a Bella...
— Será que aqui tem whisky? – corto e Jasper dá uma risadinha.
 - Certo, não está mais aqui quem falou. Vamos beber!
Rosalie volta para a mesa depois de algum tempo e me encontra sozinho novamente.
— Cadê a Tanya?
— Foi embora.
— O que foi que você fez com a coitada desta vez?
— Coitada?
— É! Já não basta ter engravidado outra garota e partido o coração da moça.
— Ah, Rosalie, não enche!
— A verdade dói, não é?
— O que você tem a ver com tudo isto? Cuide da sua vida!
— Ei, não precisa ser grosso! Credo!
— Ok, me desculpa. Mas qual seu intuito ao ficar defendendo a Tanya?
— Eu gosto dela. Além disso, fico pensando que ficaria muito magoada se acontecesse comigo o que aconteceu com ela. Coitada...
Eu respiro fundo.
— Eu e a Tanya nem estávamos namorando quando engravidei a Bella.
— Mesmo assim, foi horrível né?
— Não acho que a Tanya esteja sofrendo do jeito que está insinuando. Nós estamos bem.
— Ah, homens! Acredite, não ficou nada bem!
— Olha, Rosalie, eu me sinto culpado ok? Não sou este canalha que está pensando. Justamente por isto decidi terminar com a Tanya. Antes que o lance ficasse sério e tudo poderia piorar.
— É, acho que posso entender. Você não vai ficar empatando a contratação dela para a turnê né?
— Sobre isto...
— Edward, por favor, é o mínimo que pode fazer por esta pobre garota! Já deu um fora nela, não vai atrapalhar a vida profissional também, não é?
— Não acha que vai ser uma situação meio estranha?
— Só se vocês quiserem! Vai, deixa o Riley contratar a Tanya...
Eu acabo rendido pelo sentimento de culpa. Eu realmente não queria prejudicar a Tanya mais ainda.
— Tudo bem.
Eu só esperava não me arrepender disto depois.

 

Bella
Sinto-me estranha enquanto me arrumo para ir a médico naquela manhã. Um misto de ansiedade e medo.
Por uma semana eu havia escolhido cuidadosamente meus pensamentos, tentando agir como se tudo estivesse normal.
Mesmo passando mal quase todas as manhãs. Mesmo me sentindo mais irritadiça do que o habitual. Eu tentei não pensar que minha vida estava de cabeça pra baixo.
Ainda mais quando tive que me apresentar no meu trabalho, contar que estava grávida e receber a notícia, já esperada, que não poderia mais voar.
E, quando abro a porta da minha casa eu vejo Edward parado ali me esperando, eu contenho a vontade de voltar e me trancar.
— Como está se sentindo?  - ele pergunta com uma voz solícita me estudando, quando estamos no carro a caminho da clínica.
 - Ainda enjoando pra caramba. É um saco – resmungo.
 - Eu imagino. Lembro quando você comeu aquela comida estranha quando abriu aquele bar mexicano em Forks e ficou passando mal por uma semana.
Eu mordo os lábios, um alerta soando na minha cabeça. Eu realmente não estava a fim de falar do passado.
— Até quando vai ficar em Seattle? – questiono mudando de assunto.
Ele para o carro em frente a clínica e me encara.
— Seattle é minha casa, Bella.
— Achei que a música fosse sua casa – refuto enquanto entramos na sala de espera silenciosa.
Me lembrando de que era o que ele dizia sempre que eu perguntava se ia ficar em Forks.
A música era a maior paixão de Edward. Era pelo o que ele vivia.
Foi por ela que deixou Forks para trás.
Que me deixou.
Merda. Por que diabos eu estava pensando naquelas coisas nesse momento?
Talvez porque eu não parasse de me perguntar quando é que ele iria embora de novo. Era o que ele fazia melhor, não era?
— Eu moro em Seattle – ele responde simplesmente ignorando meu tom ácido.
— Você não disse algo sobre sair em turnê? - Questiono mudando de assunto - Você sabe que não precisa mudar seus planos por minha causa, não é?
— Não estou mudando nada – ele resmunga – eu vou sair em turnê em breve.
 - Olá – a recepcionista nos interrompe – Podem entrar, o médico já irá atendê-los.
— Como está se sentindo, Bella?  - O médico pergunta quando entramos no consultório.
— Ótima – minto. Nervosa seria a verdade.
Ele pede que eu deite na maca e levante a blusa, passando um gel gelado na minha pele.
— Isto não parece agradável - Edward comenta divertido e eu o encaro exasperada.
— Devia pedir pra ele passar na sua barriga também pra você ver como é!
— Certo – O médico coloca um aparelho no meu ventre e encara um monitor - Vamos ver como está o bebê.
Eu paro de respirar.
Agora não tinha mais para onde eu fugir.
O médico move o aparelho por minha barriga.
— Você está entrando na oitava semana de gestação, Bella, e nesta fase o embrião mede uns 13 centímetros.
— Não dá pra ver nada então – comento.
— Os dedos já começam a se desenvolver, estão vendo?
— Não! - eu e Edward falamos ao mesmo tempo e o médico ri.
— No começo é difícil ver.
De repente nós ouvimos um barulho.
— O que é isto? – indago.
— É o coração dele batendo.
E de repente tudo muda, numa fração de segundo, numa batida de coração.
É a coisa mais incrível e assustadora do mundo, aquele outro coração batendo dentro de mim.
Eu ainda nem sabia definir o que sentia. Mas, pela primeira vez, eu realmente me dou conta que estou total e irrevogavelmente grávida.
— Uau – Edward exclama me fitando – está ouvindo?
Eu sacudo a cabeça.
— É tão... forte.
— Sim - o médico diz - está tudo normal. Na nona semana o embrião já se mexerá dentro de você.
Eu arregalo os olhos assustada.
— Você não sentirá ele se mexendo ainda.
— E quando... quando minha barriga vai começar a aparecer? – pergunto.
— Geralmente lá pela 13ª semana, entre três e quatro meses. E, antes que perguntem, apenas na 15ª semana dará para saber o sexo.
Eu e Edward nos fitamos, confusos com tanta informação. Eu me pergunto como ia lidar com tudo aquilo sem surtar. O médico dá por encerrado o exame e eu me levanto.
Ele passa uma lista ridiculamente enorme de vitaminas e marca uma nova consulta para o mês seguinte.
Nós voltamos para o carro e eu respiro pesadamente.
— É tanta coisa... como vamos sobreviver?
— As pessoas ficam grávidas desde o começo do mundo, Bella. Acho que podemos lidar com isto.
— Eu sinceramente espero que tenha razão – murmuro me perguntando quantas mulheres encaram uma gravidez na minha situação estranha. Grávida do ex-namorado.
 - Quer entrar?  - Eu não sei porque o convido quando estacionamos em frente ao meu prédio.
Acho que não tinha nada a ver com a vontade de ficar com ele mais um pouco. Claro que não. Eu apenas tinha que me acostumar com a sua presença a minha volta novamente. Afinal, seria uma constante agora.
Quando abro a porta, Alice está lá.
— E aí como foi... - ela para ao ver Edward – Oi Edward, tudo bem?
— Oi Alice!
— O que está fazendo aqui? – indago confusa – Não tinha um voo para Miami?
 - Fiquei curiosa pra saber como foi seu exame!
Eu reviro os olhos.
— Podia cuidar da própria vida de vez em quando.
— Pra quê? A sua é muito mais interessante!  - Eu tive que rir. Duvido que ela acharia tão interessante se estivesse no meu lugar. Grávida e totalmente sem saber o que o futuro lhe reservava.
Se eu estava surpresa po Alice estar em casa, meu queixo cai quando escuto a voz da minha mãe surgindo da cozinha.
— Olá, meus queridos!
— Mãe, que diabos está fazendo aqui?
— Alice comentou que ia fazer um ultrassom e eu fiquei curiosa também.
— Pelo amor de Deus! Não me diz que o papai veio também?
— Oi Edward – minha mãe ignora minhas reclamações - vai ficar para jantar?
 - Mãe, o Edward deve ter coisa melhor pra fazer.
— Eu fico sim, Renée, obrigado – ele aceita.
— Muito bem. Assim vocês nos contam as novidades.
Ai, ai. Estava ficando cada vez pior.
— Tem certeza que eu não estou frustrando nenhum compromisso seu? – Questiono.
— Não está, Bella.
Nós nos sentamos para comer e Alice começa o interrogatório.
Eu dou graças a Deus por meu pai não ter vindo também.
— E aí, conta como foi. Vocês viram o bebê?
— Ainda não é um bebê, Alice! – Corrijo.
— O feto então, sei lá!
— Não dá para ver muita coisa além de manchas – Edward explica – mas ouvimos o coração.
— E está tudo bem? - Minha mãe pergunta.
Eu sacudo a cabeça afirmativamente.
— O médico disse que sim. E me passou uma lista enorme de vitaminas ou sei lá o quê!
Minha mãe ri.
 - Sim, precisa tomar todas, direitinho.
— Eu não falei? Vitamina é tudo! - Alice sorri.
Eu reviro os olhos.
— Sim, Alice, você falou.
— E você, Edward, está fazendo muitos shows? –Renée muda de assunto. O que eu acho ótimo.
— Vamos começar uma turnê em breve. Mas, por enquanto, estou por aqui.
Alice sorri pra mim e eu ignoro o olhar dela.
Depois do jantar minha mãe chama Edward pra ajudá-la com a louça e eu me sinto como há anos, quando ele ficava muito em casa comigo e sempre ajudava minha mãe.
E sem querer eu fico mal.
— O que foi? - Alice me encara quando nos sentamos no sofá e ela começa a mexer no celular. Ela era viciada em redes sociais.
— Nada...
— Ficou esquisita de repente.
— Estou apenas... preocupada com tudo.
— Tem que parar com isto. É tudo mais fácil do que imagina, tem apenas que deixar rolar.
— Fala assim porque não é com você.  – Resmungo e, de repente, ela solta um som abafado e eu acompanho seu olhar que está fixo na tela do celular, então ela o bloqueia rapidamente.
— O que foi?
— Nada! – ela responde rápido.
— O que você viu? O que está escondendo de mim?
— Nada, eu... – antes que ela possa me impedir eu arranco o celular de sua mão e o desbloqueio.
E vejo o que Alice não queria que eu visse.
Era uma foto de Tanya e Edward em um Instagram. Os dois estavam sentados na mesa do que parecia um bar, sob uma luz difusa e ela segurava sua mão.
A foto era da noite anterior.
Sinto meu estômago embrulhar.
— Era melhor não ter visto – Alice diz, quando eu lhe devolvo o celular.
— Eu não ligo pra isto Alice, realmente – minto.
Droga. Droga. Droga. Eu queria mesmo não me sentir daquele jeito.
Fazia anos luz que não estávamos mais juntos. Ok, a gente tinha transado há dois meses porque estávamos bêbados. E se eu não tivesse ficado grávida, nunca mais o veria. E nem ficaria afetada por ele estar com outra. Ou ficaria?
 - Bella, eu preciso ir - Edward volta para a sala.
— Tudo bem.
— Eu ligo pra você ok?
Eu ia soltar um “não precisa se dar ao trabalho”, mas fico quieta.
— Até mais, Edward - Alice se aproxima e lhe dá beijo no rosto. E então parece estranho que eu não fizesse o mesmo. E eu faço.
Ficando na ponta dos pés eu beijo seu rosto. Talvez eu tenha me demorado um instante mais que o necessário. Talvez ele não precisasse tocar meus cabelos por um momento, antes que eu me afastasse. Como se tivesse levado um choque.
— Tchau, Edward.
Alice pisca pra mim maliciosamente quando fecha a porta atrás dele e eu fico vermelha.
— O quê?
— Ok, finja de desentendida!
— Que pena que o Edward não pode ficar mais. Eu o convidei para ver um filme com a gente, então o celular dele tocou e ele disse que precisava ir – minha mãe diz voltando a sala.
 Ah claro. Eu imaginava quem seria.
— Bem, eu vou dormir garotas!  - Renée se afasta e Alice me encara, pensativa.
— Acha que ele foi se encontrar com Tanya?
—Por que eu ficaria especulando? Não é da minha conta!
— Sabe o que eu acho? Que está morrendo de ciúmes.
— Para com isto! Por que eu ficaria com ciúmes? Não estamos juntos!
— E daí? Vocês ficaram juntos por dois anos, Bella.
— Sim, mil anos atrás! E ele me deixou!
— Você o deixou ir muito fácil! Devia ter lutado mais...
— Ah Alice, cala a boca! – eu a deixo falando sozinha, mas, quando me deito, fico olhando o teto.
As palavras de Alice martelando na minha mente. Será que ela tinha razão? Será que eu o deixei ir fácil demais?
E agora lá estávamos nós novamente. Me pergunto se tudo seria diferente se eu tivesse engravidado naquela época. Quando estávamos realmente juntos. Será que eu me sentiria perdida como agora? Nunca iria saber.
No dia seguinte eu acordo com alguém me sacudindo.
— Acorda!  - Eu abro os olhos confusa e me deparo com Alice.
— O que foi, a casa está pegando fogo?
—Acho melhor ver isto logo - Ela coloca o celular na minha frente.
— Oh não!
Era uma foto minha e de Edward no restaurante há uma semana.
— Não é legal? Olha já tem mais de cem mil visualizações! E nos comentários todo mundo pergunta quem é a garota com Edward!
— Isto não é legal, Alice!
— Claro que é! Edward é famoso! Claro que vão especular quem está com ele.
— Não quero ninguém especulando, droga!
— Melhor se acostumar, querida!  - ela rola os comentários e vai lendo em voz alta, enquanto me levanto e começo a me vestir rapidamente, ignorando a náusea súbita.
— Olha isto “quem é esta garota com Edward Cullen”? “Ele não estava namorando com aquela loira?”
Oh droga!
— Nossa, eles estão discutindo se Edward está traindo a namorada! – Alice ri.
Eu a ignoro e, pegando as chaves do carro, saio de casa.
Nem penso direito no que estou fazendo enquanto dirijo pelas ruas. E só paro indecisa quando me vejo em frente ao prédio de Edward.
Eu podia ter ligado antes de dirigir feito uma doida pra bater na porta dele, não podia? E se ele não estivesse sozinho? E se a Tanya estivesse lá? Meu estômago dá uma volta.
Bom, eu estava ali e precisava urgentemente falar com ele. E a atual namoradinha dele que se danasse.
Toco a campainha e depois de alguns minutos ele aparece com o cabelo despenteado, vestindo apenas uma calça e com cara de sono.
— Bella? Está tudo bem? - questiona preocupado.
Eu lhe mostro o celular.
— Não, não está tudo bem! Olha esta merda!
Ele pega o celular, confuso e então solta um palavrão.
 - E agora, como vamos resolver isto? – grito.
 - Eu sei que é chato, infelizmente não podemos fazer nada...
— Chato? É horrível!
— Bella, se acalma. É apenas uma foto de fã.
— Mas eles dizem coisas horríveis! Sobre mim! Ficam especulando...
Eu paro ao ouvir a porta se abrir e vejo Jasper e Emmett surgirem.
— Hei Edward, que gritaria é esta cara!  - Eles param surpresos ao me ver.  – Ops!
— Oi – eu murmuro sem graça.
— Oi, Bella – Jasper se aproxima e me abraça - nossa, quanto tempo, não é?
— Sim, muito tempo – Emmett diz, me abraçando.
— Enfim, a gente está de saída – Jasper diz, puxando Emmett. - Podem continuar gritando um com o outro.
Eu rio, de repente já não me sentia tão nervosa.
— Me desculpa – eu fito Edward - que horrível eu ficar fazendo escândalo. Devem achar que eu sou louca.
Edward sorri.
— Não, eles gostam de você.
— Então... contou a eles?
Ele dá de ombros.
— São meus irmãos, Bella.
— Certo, claro. Fiquei feliz em revê-los.
— Se soubesse que queria revê-los teria te convidado para ir beber com a gente ontem a noite.
Hum, então foi com eles que Edward saiu ontem à noite? E não com Tanya? Ou ela estava junto?
— Você está convidada da próxima vez.
— Pra beber? - Levanto as sobrancelhas – acho que não seria apropriado.
 - Claro.
— A Alice te mataria.
Nós rimos e então eu me lembro de novo do motivo de eu estar ali. E me sinto mal de repente. E Edward percebe.
— Bella, não se preocupe com este lixo. Eles vão esquecer.
— Estão falando... sobre a Tanya. Não sei como ela vai se sentir com tudo isto, sinceramente.
— Bella, sobre a Tanya...  – Antes que Edward continuasse, sinto um súbito enjoo e corro para o banheiro. Ele vai atrás de mim e segura minha testa até que o mal-estar passe.
— Oh, não aguento isto! - Reclamo, sentindo me fraca e me apoiando nele.
— É normal, nos primeiros meses. Depois passa.
— Como sabe?
— Acho que todo mundo sabe.
Eu rio fracamente, enquanto ele me leva de volta para a sala e então eu percebo, agora que não estou mais passando mal, que eu estou encostada em seu peito. Sem camisa. E ele está tão quentinho e tem um cheiro muito bom, muito familiar. Familiar demais.
Eu me sinto mais fraca de repente e nem era porque eu tinha vomitado não. Era totalmente porque eu queria me encostar ainda mais nele, passar meus braços em volta de sua cintura e enterrar minha cabeça em seu pescoço e então... então nada!
Me obrigo a parar com aqueles delírios ridículos. Estava começando a ficar muito preocupada comigo.
— Espero que tenha razão e estes enjoos passem logo.  – Digo me desvencilhando.
— Vão passar. Bom, eu preciso ir.
Ele me leva até o elevador
— Não fique chateada com estas coisas de rede sociais.
— Eu não estou acostumada com essa exposição – sorrio fracamente.
— Sei que é uma merda, mas, com sorte, amanhã todo mundo já esqueceu.
— Eu espero que sim.
Eu me despeço quando as portas do elevador se abrem e, por um momento fico com medo que ele entre comigo, minha mente infestada com as memórias da última vez em que estivemos num elevador sozinhos.
Edward apenas acena e as portas se fecham.
É quando me dou conta que bem lá no fundo, eu gostaria que ele tivesse entrado comigo.
Só quando cheguei em casa que lembrei que Edward tinha começado a falar alguma coisa de Tanya. Sinceramente. Eu nem queria saber.
Minha mãe decide ficar alguns dias em casa me fazendo companhia depois que Alice pega uma escala na qual ficará uma semana fora.
Graças a Deus meu pai insiste que ela volte pra Forks, conseguindo convencê-la depois de três dias.
É esquisito ficar em casa direto, sem estar sempre me preparando para alguma viagem. E pensar que passarei meses neste marasmo começa a me encher de angústia.
Alice retorna de viagem uma semana depois e carrega um monte de sacolas.
— Estou vendo que foi as compras!
— Sim, e é tudo presente pra você!
— Como é? 
Ela se senta no sofá, jogando as sacolas na nossa frente e começa a tirar um monte de roupas muito pequenas de lá. Roupas de bebê.
Eu encaro aquele monte de roupinha de cor pastel horrorizada.
— Tá louca? O que significa isto?
— Não são lindas?
— Alice...
— Eu não pude resistir juro! Queria comprar a loja inteira, é tudo tão bonitinho, tão pequeno. Olha isto! - Ela me mostra um sapatinho de crochê. Eu sinto um frio na boca no estômago.
— Acho isto tudo... desnecessário, sinceramente!
— Não são desnecessárias!
— Alice, eu só estou grávida de dois meses.
— Quase três! Já deve começar a pensar em coisas de bebê!
— Não quero pensar nisto agora – eu desvio o olhar e pego o livro que estava lendo antes de ela chegar.
— Para de ser chata!
Ela ainda fica ali uma meia hora me mostrando tudo na maior animação e eu tentando ler, a ignorando propositalmente, pra ver se parava com aquela tortura. Então, vendo que não ia ter sucesso, ela desiste bufando e vai para seu quarto.
Eu respiro aliviada e boto o livro de lado quando me vejo sozinha. Olho em volta e todas aquelas roupinhas continuam espalhadas pelo sofá.
— Droga – resmungo. Sobrou pra mim ter que arrumar toda a bagunça de Alice.
Pego todas as roupinhas e fico indecisa sobre pra onde levar, termino por levar para meu quarto. Eu teria que achar um lugar para guardá-las, já que não havia o menor espaço no meu closet.
Suspirando, eu começo a dobrá-las. Eram realmente muito bonitinhas, penso com um pequeno sorriso distendendo meus lábios. Me sinto culpada, por ter sido grossa com Alice. Ela não fizera por mal. Não tinha culpa se eu ainda não sabia como agir em relação àquela gravidez.
Fico ali, dobrando aquelas roupinhas tentando imaginar um bebê usando aquilo. O meu bebê. E sinto algo diferente. Percebo que a ideia já não é tão assustadora assim. E eu sorrio comigo mesma.
De repente eu sinto que não estou sozinha e levanto o olhar, tomando um susto ao ver Edward parado na porta do quarto, me observando.
 - O que faz parado aí, me assustou!
— Alice abriu a porta pra mim.
Eu mordo os lábios, olhando para baixo. Eu não estava assustada na verdade, estava meio acanhada de ter sido flagrada daquele jeito. Há quanto tempo ele estaria me observando?
— Me desculpe, não foi minha intenção. De onde saiu isto tudo? – ele se aproxima.
Eu dou de ombros.
— Foi a Alice... ela enlouquece quando se trata de fazer compras.
Edward ri, sentando diante de mim e pegando uma das roupinhas.
— É esquisito pensar que cabe alguém aqui dentro.
— Bebês são pequenos, Edward.
— Eu sei. Tenho medo de pegar neles.
— Eu também! Parece que vão quebrar.
— Ou nós vamos quebrá-los.
Rimos juntos
— Eu comprei um livro. Sobre gravidez – ele comenta de repente.
— Sério?
— Eu fiquei... curioso pra saber como tudo seria – diz de um jeito meio acanhado que eu acho adorável e não consigo deixar de sorrir.
— Que bom que pelo menos alguém vai saber alguma coisa.
 Ele sorri de volta e, sem pensar, eu levanto a mão e ajeito as mechas bagunçadas de seu cabelo.
E então a atmosfera muda.
Eu retiro a mão rapidamente, mas é tarde. O mal já está feito. Ou talvez mal não fosse a palavra certa, não quando ele me encara daquele jeito, fazendo meu pulso acelerar e borboletas dançarem no meu estômago.
E, quando ele se aproxima, rompendo a distância entre nossos lábios e me beija, eu apenas solto um gemido, perdida, sentindo-me derreter.
O toque da sua boca sobre a minha apesar de sutil é o suficiente para me deixar trêmula e fraca. Com um suspiro, eu subo as mãos novamente para tocar seus cabelos macios deixando minha língua rodear seus lábios e, com um gemido rouco, ele aprofunda o beijo. As mãos que estavam nos meus braços, me rodeiam e me vejo deliciosamente colada nele, indo em direção ao colchão.
É quando me dou conta do que está acontecendo e, antes que ele consiga me deitar eu congelo.
— Para... Isto não está certo...- peço, descolando meus lábios do dele e me afastando, quando ele não opõe resistência.
— Me desculpe. Você tem razão... me desculpe – ele passa a mão pelos cabelos.
Antes que mais qualquer coisa fosse dita, Alice aparece na porta.
— Edward, vai jantar com a gente?
— Não. Eu preciso ir.
— Que pena!
Ele se despede e sai rapidamente e Alice me encara curiosa.
— O que aconteceu?
— Nada.
Ela não parece convencida, mas me deixa em paz.
Eu me sento novamente, ainda meio trêmula.
O que foi aquilo? Como em um minuto estávamos confraternizando amigavelmente e no outro nos atracando? Era melhor mesmo que não acontecesse de novo.
Éramos amigos agora por casa do bebê. E só.


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