Gravity escrita por Ju Dantas


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde gente!!

Finalmente consegui voltar pra esta fic!!

Agora vai!! Toda semana eu posto e se der posto mais!!

bjs!!



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Edward

 

Eu ligo para Bella na manhã seguinte e sua mãe me informa que ela viajou cedo para Seattle. Tento entender aquela sensação bizarra de me sentir meio deixado de lado. Mas, o que eu queria? Não tínhamos um compromisso.
Se bem que, o fato de eu ser o pai do bebê que ela esperava devia contar para alguma coisa, não devia? Ela podia ao menos ter me comunicado que ia voltar. Afinal, eu tinha lhe dado carona e poderia levá-la de volta. Simples assim.
Sem ter mais nada pra fazer em Forks, me despeço dos meus pais e também volto para Seattle.
Quando estaciono na garagem do meu prédio, noto a sacola com o ursinho. Eu a pego, me dando conta de que aquele pequeno objeto possivelmente fora o responsável pela mudança de atitude de Bella em relação ao aborto.
E talvez tenha sido o meu gatilho também. O que transformou o bebê que fizemos de uma ideia abstrata em um ser completo. Vivo e real.
Ainda perco um pouco o ar quando penso nisto. É realmente assustador.
Assim como foi ter Bella no carro chorando o tempo inteiro quando voltávamos para casa depois que saímos da clínica. Ela parecia desolada e assustada. Queria dizer que ela não precisava chorar mais. Que iriamos dar um jeito em tudo. Mas o que eu sabia? Eu também tinha minha própria cota de medo para lidar.
E talvez tenha sido movido por este medo que eu não hesitei em abrir a minha boca grande despejando em cima da namorada do meu irmão a fatídica novidade.
Rosalie apareceu sem avisar no meu apartamento naquela tarde me perguntando se eu queria sair para almoçar com ela e Em. E eu nem sabia que eles tinham voltado de viagem.
— Você pode levar a sua nova namorada – ela dissera piscando.
— Bella não é minha nova namorada! – Eu a cortara o que a fez erguer a sobrancelha.  – Bella? Quem é Bella? Achei que Jasper mencionou uma Tanya.
— Ah, está falando da Tanya.
— Sim... pelo visto a sua fila já andou. Então agora temos uma Bella?
— Não, inferno!
— Então quem é Bella?
— Bella é minha ex-namorada.
— Wow... A Bella? A Bella por quem você foi amarradão na adolescência?
— Como sabe disto?
— Emmett comentou algo quando eu disse que achava que você deveria namorar alguém a sério, assim como ele.
— Está de brincadeira?  - Jesus. Aquela garota era inacreditável. Eu bem sabia que iria odiá-la quando Emmett a apresentou a nós alguns meses atrás. Loira demais. Fresca demais.
E eu nem sei o que diabos ela tinha visto no ogro do meu irmão.
Mas, contrariando todas as possibilidades, eles ainda estavam juntos.
E sérios, como estava me dizendo agora.
— Ele disse que você nunca mais se apaixonou por ninguém por provavelmente ainda ser apaixonado por sua namoradinha de adolescência, a tal Bella.
— Emmett é um fofoqueiro de merda!
— E ele tinha razão?
— Não!
— Ainda não entendi o que está rolando! Voltou ou não com a ex?
— Não, não voltei.
— E o que está acontecendo? Por que não está mais com a Tanya?
— Porque a Bella está grávida.
Ela arregalou os olhos.
— Você disse que não tinham voltado!
Vencido, eu acabei contando toda a história a ela.
— Nossa, por esta eu não esperava. E o que vão fazer? Vocês optaram por um aborto?
— Sim e não.
— Não entendi.
— Eu falei que ia apoiar sua decisão e ela decidiu interromper. Nós estivemos na clínica hoje para fazer, na última hora ela desistiu.
— Nossa!
— No fundo eu nunca quis que ela fizesse. Eu sei... tudo o que implica uma decisão como esta, mesmo assim, mesmo não estando mais juntos, mesmo com todos os problemas que iremos enfrentar... eu quero que ela tenha o bebê. E eu tive que dizer isto a ela.
— Deve estar sendo difícil para a Bella. Sem querer te menosprezar Edward é sempre pior para as mulheres. É o corpo dela, afinal.
— Eu sei, por isto deixei que ela decidisse.
— E ela decidiu ter o bebê.
— Sim. Ou pelo menos desistiu de fazer o aborto. Ela estava chorando muito, eu a trouxe pra cá.
—Ela está aqui?
— Sim, está dormindo.
— E como vai ser?
— Eu não sei. Ainda não conversamos.
— E a Tanya?
— Não estamos saindo mais.
— Sei... a tal Bella volta e todas as outras são jogadas pra escanteio.
— Não é o que está pensando...
Ela riu com ironia enquanto se levantava.
— Eu já ouvi isto antes... Bem, preciso ir. Quer que eu conte a novidade ao Emmett, ou você quer contar?
— Pode contar.
—Jasper já sabe?
— Sabe sim.
— E como vai ficar seu relacionamento com a Bella a partir de agora?
— Eu não sei Rose. Eu não faço ideia...
Me lembrando disso, eu coloco o urso na sacola novamente e saio do carro, entrando no elevador.
Me pergunto se Bella ia achar ruim se eu lhe fizesse uma visita. Podíamos almoçar juntos. Apenas para conversarmos sobre como as coisas ficariam. Era natural que eu quisesse estabelecer uma relação saudável e presente com ela. Não era?
Ou talvez devêssemos jantar.
Sim, um jantar seria mais tranquilo. Bella adorava comida japonesa. Eu poderia levá-la num restaurante japonês fantástico onde uma garota com quem eu tinha saído no mês passado me levara.  Não que eu planejasse dizer isto a ela. Ou talvez devesse. Por que ela se importaria? Por que eu me importaria se ela soubesse?
— Finalmente voltou pra casa! – Eu estaco ao ouvir a voz de Emmett quando saio no corredor.
— E aí, irmão? – Nós nos abraçamos como dois trogloditas.
— E aí, pergunto eu! A Rose me contou a bomba. Cara, ninguém te contou que existe preservativo?
— Cale a boca, seu bosta!
Emmett ri ainda mais, enquanto caminhamos em direção a minha porta, então ele me para.
— Ei, antes de entrarmos, precisa saber que a Rose está aí na sua casa.
— Fazendo o quê?  - Meus irmãos tinham as chaves da minha casa, porém eles raramente apareciam sem avisar, a não ser que fosse necessário. E muito menos estavam autorizados a dar as chaves para as namoradas! – Por que diabos deu a chave da minha casa pra sua namorada fresca?
— Ela não entrou aí com a minha chave e sim com a chave da Tanya.
— Da Tanya?
— Sim, ela estava chegando e pegamos o elevador juntos. Cara, eu fiquei branco quando vi a Tanya! Achei que ela tinha sei-lá, vindo atrás de mim. E o que eu ia dizer a Rose? Então ela disse que vocês estavam saindo. Por que não me contou que estava comendo da Tanya cara?
— Eu não estava comendo a Tanya, Jesus Cristo!
— Ok, tudo bem. Devia ter me contado, eu não ia ficar puto, se é isto que estava pensando. Meu lance com a Tanya foi há séculos e devo dizer. Ele ainda é uma puta gostosa. Mas eu tenho a Rose agora, e tô pensando até em pedir o anel da mamãe e...
— Espera, vai pedir a fresca em casamento?
Ele cora como um garotinho.
— Não disse isto, são apenas pensamentos, porém... esta mina é especial, cara. E é também bastante ciumenta não conta nada pra ela sobre a Tanya, ok?
— Por que eu contaria?
— Só avisando! Já pedi pro Jasper e até o Riley também calarem a boca.
— Riley e Jasper?
— Sim, eles estão aí no seu apê também.
— Que diabos está acontecendo?
Emmett ri
— Tanya e Rose estão parecendo amigas de infância, cara! É até hilário. Rose a convidou para ir almoçar com a gente e a Tanya disse que preferia ela mesma fazer a comida então o Jasper e o Riley chegaram e eu fui lá no meu apartamento pegar este vinho que eu e Rose compramos na Califórnia. – Só então eu noto que ele tem uma garrafa de vinho tinto nas mãos – Cara, os vinhedos de lá são foda! Precisamos ir todos qualquer dia destes. Depois da turnê seria legal....
— Em, não tenho tempo pra pensar nestas coisas agora – eu passo a mão nos cabelos, irritado.
Chegar em casa e saber que estava cheia de gente, não era o que eu esperava pra hoje.
— Ei, tem a gravidez da Bella né? Por um momento me esqueci deste detalhe. Cara, que vacilo, hein? E como vai ser agora?
— Em, vamos deixar essa conversa para depois, ok?
— É melhor entrarmos, acho que Tanya já serviu o rango.
Eu respiro fundo e sigo Emmett para dentro do apartamento.
E como ele me alertou Jasper está sentado à mesa com Riley.
— Ei, Ed, beleza! – Riley sorri.
Riley é nosso empresário há alguns anos. Nós o conhecemos no nosso primeiro ano em Seattle e devíamos muito do nosso sucesso a ele.
Riley era jovem, esperto e muito ambicioso. O que até agora havia sido ótimo para a carreira da banda.
— Não me lembro de ter convidado vocês pra comer minha comida – resmungo e Jasper ri.
— Relaxa irmão.
— Eu fui convidado por sua namorada – Riley pisca e monta a palavra “gostosa” sem som na boca.
Eu já ia responder em alto e bom som que Tanya não é minha namorada quando ela sai da cozinha carregando uma travessa fumegante, seguida de Rosalie.
Um sorriso largo se forma em seu rosto quando me vê.
—Edward!
— Oi Tanya – eu não consigo sorrir de volta.
Inferno, eu me sinto culpado ainda.
— Ei, Edward, chegou em boa hora – Rosalie diz me lançando um olhar de alerta – espero que esta sua cara irritadinha não seja porque invadimos seu apartamento.
— Oh, você está bravo? – O sorriso de Tanya se desmancha.
— Não, claro que não – nego tentando soar convincente – apenas surpreso.
— Me desculpe Edward. Eu vim me oferecer pra fazer seu almoço, estava inclusive trazendo os ingredientes.  Aí, encontrei o Emmett e ele me apresentou a Rosalie. Eles me convidaram pra almoçar e eu disse que podia fazer uma lasanha pra eles. Então viemos pra cá para esperar você.
— Aí nós chegamos – Jasper completa – mamãe me ligou de manhã contando que você dormiu lá e que estava vindo pra casa.
— Hum, parecem bem informados.
— Sim, mamãe me informou de tudo – ele diz deixando claro que já sabe sobre a decisão da Bella.
Ainda bem que Jasper é sensível o bastante para não tocar naquele assunto na frente de todos.
— Bom, vamos comer então? – Rosalie corta a conversa – senta aí, Edward, finge que a casa é sua!
— Que engraçada, Rose! – Resmungo, me sentando.
— Tanya, me conta, você trabalha em quê?
— Na verdade, eu estou procurando trabalhando no momento.
— O que aconteceu com seu trabalho na galeria? – Questiono. Tanya havia me dito que trabalhava há alguns meses com sua irmã Kate que gerenciava uma galeria de arte na cidade.
— Não dá pra trabalhar com a Kate, ela é insuportável! Não sei como pude acreditar que trabalhar com parente ia dar certo.
— Não sabemos nada sobre isto – Emmett brinca e nós rimos.
— E você faz o que, Rosalie?  - Tanya pergunta e escuto Rose contando sobre seu trabalho como assistente de Riley.
— Então foi assim que se conheceram – Tanya sorri – trabalham juntos.
Rose beija o rosto de Emmett.
— Sim, foi amor à primeira vista! Riley, por que não contrata a Tanya trabalhar na turnê com a banda? – Rosalie sugere e eu a encaro horrorizado enquanto ela continua com sua ideia insana – Você disse que a gente ia precisar de ajuda.
Eu me pergunto se Rosalie iria continuar com toda aquela generosidade com a Tanya se soubesse que ela dormia na cama do seu namorado há um tempo.
— Hum, vamos ver – Riley não pareceu animado – não sei se quero ter mais uma namorada na turnê já basta você querendo se meter em tudo...
— Tanya não é minha namorada – eu o corto rápido e Riley me encara confuso.
— Não?
Um silêncio constrangedor enche a mesa por alguns segundos, então Emmett e sua falta de bom senso vem em nosso socorro. Ou não.
— Acho que a Tanya não ia curtir muito trocar as fraldas do filho do Edward com outra não!
— Porra, Emmett, cala a boca! – Rosalie lhe dá um tapa no ombro.
Tanya está vermelha feito pimentão e eu estou puto também.
— Que história de filho é esta? – Riley me encara e eu respiro fundo.
— Eu ia te contar...
— Que porra, Edward, achou que isto não fosse importante?
— É pessoal!
— Pessoal uma ova, sou seu empresário e nada é pessoal o suficiente pra mim!
— Gente acho melhor irmos pra minha casa vamos deixar o Riley e o Edward conversarem... – Jasper diz cheio de tato e todos se levantam seguindo seu conselho e deixam o apartamento.
— E aí, vai me contar esta história direito? – Riley exige.
— Bem...  o que posso dizer? Eu engravidei uma garota.
— Que garota?
— Uma ex-namorada.
— Uma ex... Como diabos isto foi acontecer, Edward?
— Acho que você sabe como estas coisas são acontecem...
— Não me venha com suas gracinhas!
Eu conto tudo a ele o que o deixa ainda mais puto.
— Sabe o tipo de confusão em que se meteu?
— Sei sim. Não é uma confusão.
— Não? Sabe o que os tabloides vão fazer quando descobrirem? Vai ser uma festa!
— Riley, você está exagerando...
— Não estou! Vocês estão estourando! As redes sociais não param de falar de vocês!
— Nós vamos manter isto...
— Em segredo? E quando a barriga dela crescer? Não existem segredos hoje em dia!
— Nós lidaremos com os problemas quando eles aparecerem.
— Eu lidarei, você quer dizer! Eu acho que deveriam cogitar um aborto.
— Isto foi cogitado e descartado. Vamos ter o bebê.
— Fala sério, nem namorados vocês são mais! Não são obrigados a lidar com a consequência de uma noite de bebedeira para o resto da vida!
— Acredito que isto não seja da sua conta.
— Certo. Eu quero apenas que você analise todas as opções. Que você pense na sua carreira.
— Isto não tem nada a ver com a minha carreira.
— Tem tudo a ver.
— Já falou tudo o que tinha pra falar? - Eu o corto.
— Não vou mesmo conseguir convencer você a se livrar disto, não é?
— Se livrar disto? Eu acho melhor você medir as suas palavras. Eu sempre respeitei você e suas opiniões, mas não vou admitir que se refira à gravidez da Bella desta maneira.
— Ok, me desculpe. Eu quero apenas o melhor pra você e sua carreira. É minha obrigação como seu empresário te mostrar todas as opções. Eu só espero que esteja tomando a decisão certa.
— Tenho certeza que sim.
Depois que ele se vai, passo a mão pelos cabelos irritado.
Riley que vá para o inferno.
Certo ou errado era meu filho. Meu e de Bella. E não havia nada a ser feito a não ser esperar sua chegada.
Naquela noite, eu dirijo até a casa de Bella. Eu não fazia muita ideia do que deveria ser feito, mas a primeira coisa que tínhamos que fazer era conversar e decidir nosso próximo passo.

 

Bella

 

— Então, vai mesmo ter o bebê? – Alice pergunta naquele começo de noite.
Estamos sentadas na minha cama, onde ela me achou depois que chegou de viagem.
Eu havia passado o dia inteiro deitada, sem a menor vontade de fazer nada.
Estava com medo. Apavorada.
A cada hora que passava eu me dava conta das implicações que minha decisão acarretava. O que só me deixava mais deprimida.
— Sim, eu vou – murmuro.
— Que barra hein? – Ela toca minha mão –pelo menos o Edward está te apoiando, não é?
— Sim, ele está – concordo.
Mas, o que queria dizer sobre o apoio de Edward? Ele tinha a vida dele com sua banda. Vivia viajando.
E tinha uma namorada. Só de pensar em Tanya sinto meu estômago embrulhar.
Certamente ela ia me odiar.
E se ela proibisse Edward de me apoiar?
— E o trabalho?
Eu sinto meu coração apertar.
— Em breve eu não poderei mais voar.
— E sua promoção?
— Já era - eu dou de ombros.
Era o que me deixava mais deprimida. Perder aquela oportunidade profissional.
— Você fica triste com isto?
— Claro que sim, mas, o que posso fazer? A decisão está tomada.
— Certo. Então que tal sair desta cama e voltar a vida?
— Alice...
Ela me sacode.
— Já chega de ficar enfurnada aqui! Vamos sair para jantar!
— Eu não sei...
— Vamos sim! Vai tomar um banho e eu te espero! Não aceito não como resposta!
Eu rolo os olhos e faço como ela mandou.
Sinto-me melhor depois de tomar um banho e me arrumar.
Quando chego na sala Alice não está sozinha.
Eu me surpreendo ao vê-la conversando com Edward.
— Olha quem apareceu, Bella!
Eu fito Edward, confusa.
— Oi, o que faz aqui?
Ele dá de ombros.
— Aparentemente tive a mesma ideia que a Alice. Vim te chamar pra jantar.
— Eu falei que ele podia ir com a gente, não é legal?
Oh Claro. Muito legal. Precisava me lembrar de enforcar a Alice depois.
Que diabos passou pela minha cabeça ao concordar com aquilo? Eu penso quando sentamos numa mesa tranquila de um restaurante japonês.
Eu deveria ficar feliz por Edward se lembrar da minha tara por sushi, porém naquele momento só me sentia meio enjoada.
— Que lugar legal, Edward – Alice elogia.
— Sim, e a comida é ótima.
— E aí, Bella, o que vai querer?  - Ela pega o cardápio - Não fica preocupada em comer sushi.
— Por que eu me preocuparia?
— Você sabe – ela aponta pra minha barriga - Este papo de não poder comer peixe cru é mito.
— Hum, não sabia que era tão entendida! – Resmungo.
— Eu li sobre isto! Não é preciso ser médica pra saber destas coisas
Eu olho pra Edward e ele tem um olhar divertido. E, bem, eu fico com vontade de sorrir também. Talvez não seja uma total desgraça estar ali afinal.
— O que querem comer?  - Alice insiste.
— Estou sem fome – respondo.
— Você precisa comer. Você sabe... - ela aponta para minha barriga e agora Edward solta uma risada abafada.
— Alice, será que dá pra você parar com isto?
— Isto o quê?
— Isto! - Eu a imito apontando para minha barriga
— Ok, eu só... achei que não estava preparada pra ouvir... A palavra
— Palavra?
— É. Gravidez.
Eu ia negar. Mas seria uma mentira. Eu realmente estava com dificuldades de lidar com a situação. Se bem que já era hora de tentar enfrentar meus medos.
Não falar sobre, não faria “aquilo” desaparecer. Eu mordo os lábios, dando de ombros.
— Não precisa ficar cheia de dedos comigo. Eu apenas... claro que ainda é esquisito, terei que me acostumar.
Alice se vira para Edward.
— E você, também está com dificuldade de aceitar que a Bella está grávida?
— Alice! - Eu a belisco.
— Ai!
— Para de fazer pergunta idiota e cuida da sua vida!
Edward está rindo.
— Não, Alice, não tenho dificuldade.
— Isto é bom, não é Bella? – Ela pisca e eu reviro os olhos.
— Cala a boca!
— Certo, vamos pedir afinal uma grávida precisa comer!
Nós fazemos nosso pedido e Alice crava Edward de perguntas sobre a banda e, principalmente, sobre Jasper.
— Ela é apaixonada por seu irmão, Edward – decido provocá-la e ela fica vermelha.
— Não sou não!
 - É sim!
— Claro que não! Quer dizer, ele é bem gatinho, não é? Não fique bravo, Edward, pra mim, ele é o mais gato da banda!
Edward ri.
— Não fico ofendido. Na verdade, ele vai gostar de ouvir isto.
— Sério – os olhos dela brilham – e, tipo assim, ele está solteiro?
— Que eu saiba sim.
— Hum, isto é muito bom! Agora que eu e você somos amigos, eu posso ser amiga dos seus irmãos também, não é?
— Contanto que não mire em Emmett, porque a namorada dele é uma cobra.
— Ah não, eu prefiro outro Cullen!
— Não seja atirada, Alice!
— E você não seja chata!  - Ela se levanta – eu vou ao banheiro.
Quando ela se afasta eu fito Edward.
— Não a encoraje! Ela pode levar a sério e achar que realmente tem chance.
— Por que não teria? Ela é legal. Talvez o Jasper goste dela.
— Se você diz...
— Ela parece ser uma boa amiga.
— Sim, ela é. Pode até ser meio maluca, mas é uma amiga incrível.
— É bom ter alguém com quem contar.
— Sim, eu posso sempre contar com Alice... – de repente eu me pergunto se ele está apenas se certificando que eu tenho alguém comigo, para poder continuar sua vida por aí. -Edward... - eu mordo os lábios – sabe que não precisa fazer isto, não é?
— Isto o quê?
— Ficar me visitando... sei que deve ter sua vida, seus amigos e sua música – sua namorada, completo mentalmente. E pensar em Tanya faz com que a comida pese no meu estômago.
— Bella, não estou fazendo porque me sinto obrigado.
— Apenas... queria deixar bem claro. Não vou ficar cobrando nada de você.
— Eu sei – ele sorri, divertido e eu sinto meu pulso acelerar.
Tinha me esquecido do efeito do seu sorriso sobre mim. Nas horas mais inoportunas ele sorria assim. E lá se ia minha raiva.
Algumas coisas nunca mudam.
Eu desvio o olhar, e então paro ao reparar numa mesa próxima uma mulher segurando um bebê. Não consigo parar de olhar. Algo se revirando dentro de mim, uma mistura de horror e fascinação.
A mulher percebe que eu estou encarando e sorri pra mim. Eu desvio o rosto, vermelha e percebo que o olhar de Edward está no mesmo local. Nós nos fitamos e eu sei que ele está sentindo o mesmo que eu.
— É assustador, não é? – Diz.
— Sim. Eu não consigo imaginar ainda... é tão...
— Eu sei.
Alice volta para a mesa, interrompendo nosso diálogo.
— Vamos pedir a conta?
— Sim, vamos.
Quando chegamos em frente ao prédio nós nos despedimos de Edward, ele segura meu braço quando vou sair do carro.
— Pode ficar um minuto?
Alice apenas pisca e continua seu caminho, nos deixando a sós.
Eu me sinto subitamente nervosa.
Ainda podia bem me lembrar do acontecia quando eu e Edward ficávamos sozinhos num carro em noites escuras.
E só de lembrar já sinto meu rosto corar.
Droga, porque eu tinha que ficar lembrando daquelas coisas? Tudo era diferente agora. E eu tinha que me lembrar disto.
— O que queria conversar? – Indago.
— Eu acho que devemos marcar uma consulta, você sabe... pra saber se está tudo bem com.… com...
— O bebê – completo.
 E, de repente, percebo que a palavra já não sai com tanta dificuldade da minha boca.
— Sim. Nós temos que ir a um médico. Acho que é a coisa certa a fazer não é?
— Você disse nós?
— Sim, eu disse nós – ele concorda com um sorriso de lado.
Minha pulsação aumenta um pouco.
— Ok. Eu vou marcar e te aviso.
Coloco a mão na maçaneta para abrir a porta.
 - Bella, só mais uma coisa - Ele se vira e pega algo no banco de trás e lá está o pequeno urso marrom com gravata borboleta. Eu não posso deixar de sorrir ao pegá-lo.
— O urso.
— Acho que devia... ficar com ele.
— Bom... acho que sim. – Eu sorri – mesmo não sendo um presente pra mim.
— É um presente para quem está dentro de você.
Eu sinto um nó se formando na minha garganta.
— Edward, você... queria mesmo... quando comprou ele...
— Sei que parece idiota. Eu estava tão perdido, sem saber o que fazer quanto você e, então. de repente, passei em frente a esta loja. Cheia de coisas tão pequenas... E vi este urso. Eu entrei e comprei. Pela primeira vez eu imaginei como realmente seria... como poderia ser... - Ele sorri, daquele jeito envergonhado dele e eu me derreto.
Oh Deus, ele fica tão fofo falando aquelas coisas. Com aquele sorriso tão dele no rosto. Era tão, tão... deliciosamente desejável.
Desvio o olhar, meio ofegante.
Deviam ser os hormônios. Era isto. A porra dos hormônios
— Bem, preciso ir. Tchau
 - Tchau, Bella
Eu saio sem olhar pra trás. Tentando não imaginar ele sorrindo daquele jeito pra outra pessoa. Porque um dia, há muito tempo, aquele era o meu sorriso.
Não é mais.
Eu não tinha direito nenhum de imaginar nada.
Nada.


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