Memory of the Future escrita por chrissie lowe


Capítulo 5
The Battle




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Cinzas. Era tudo o que se via na imensidão do que antes fora uma próspera cidade. Eles não podiam acreditar no estado em que o lar deles se encontrava agora.

– Esses malditos. Quando encontrá-los, destruirei um por um! – Esbravejava um dos rapazes.

– Não sobrou nada! – Exclamou uma das garotas prestes a cair no choro.

– Chorar não vai trazer a cidade de volta, Emma! – Exclamou outro rapaz rispidamente.

– Deixa ela paz, Geoffrey! Ficar bravo com ela também não vai melhorar as coisas.

– Cale a boca, Eddie! – Devolveu Geoffrey.

– Parem vocês dois! – Interrompeu Claire. – Chegamos tarde demais. Eu bem que sentia que não deveríamos ter ido à Cardiff hoje. – Lamentou ela.

– Mas se não fôssemos fazer a patrulha em Cardiff, certamente estaríamos mortos agora, Claire. – Respondeu outro rapaz. – E pode ser que nossos colegas de Cardiff também estivessem.

– É, você tem razão, Josh. – Disse Claire, secando uma lágrima que caía de seu olho.

Os cinco jovens faziam parte de um grupo de resistência, liderados por George Brooksfield, pai de Claire. Eles lutavam contra as criaturas que dominavam a Terra e os humanos há séculos, os denominados Daleks. Ninguém se lembrava de como os Daleks subiram ao poder, pois isso foi há tanto tempo, que o que eles sabiam se originavam apenas de histórias contadas de pais para filhos e cheias de aspectos fantasiosos e criados para entreter as crianças. Mas eles sabiam que não deviam subestimar o poder dos Daleks, apesar deles serem apenas criaturas de metal. Ah não, eles já presenciaram muitas vezes o que tais criaturas eram capazes de fazer.

Eles não eram os primeiros a se levantarem contra o domínio Dalek. Muitos grupos foram formados ao longo dos anos, no entanto, todos foram derrubados. Isso fez com que grande parte das pessoas se tornasse submissa e escrava do “Império Dalek”, que era como eles chamavam a Terra. Mas apenas dominar a Terra não era suficiente para eles. Os Daleks geralmente invadiam cidades e destruíam tudo o que viam pela frente e qualquer um que ousasse impedi-los por puro ódio. Era disso que eles eram feitos, de ódio e raiva inconsequentes, o que os tornavam tão perigosos e temidos. E era esse cenário de morte e caos que eles deixavam para trás toda vez que faziam isso.

Emma, Geoffrey, Eddie, Claire e Josh adentraram a cidade na esperança de que seus colegas estivessem a salvo no esconderijo em que viviam. No meio do caminho, eles se depararam com as construções em pedaços, muitos corpos que tomavam as ruas, isso quando havia corpos, pois eles sabiam que os tiros dos denominados Daleks simplesmente desintegravam qualquer coisa, restando apenas cinzas.

Seus passos eram pesados e eles tinham suas armas a postos caso alguma surpresa aparecesse. No entanto, nada aparecia ali, pois todos haviam fugido... Ou morrido. Pensar na possibilidade de seus amigos estarem mortos assustava a todos eles. Não demorou muito e eles chegaram ao edifício onde se localizava o esconderijo da Resistência, ou o que restara dele. Eles então começaram a vasculhar o local procurando pela porta do alçapão em que viviam.

– Gente, aqui! – Exclamou Emma apontando para o que parecia ser apenas uma placa de madeira.

Emma bateu na porta fazendo um som característico, que era o som que os identificava. Nisso, uma voz grave vinda do fundo perguntou:

– Como está o tempo?

– Bom o bastante para deixar a jaqueta em casa. – Responderam os cinco em uníssono.

Uma janelinha se abriu e um par de olhos apareceu. Logo em seguida a porta foi aberta. O dono dos pares de olhos era nada menos do que George, que sorriu ao ver os jovens são e salvos.

– Ainda bem que voltaram. Por um momento pensamos que o pior tivesse acontecido. – Disse ele em tom de alívio.

– Eles destruíram tudo! – Exclamou Geoffrey. – Por quê?

– Parece que alguém andou soltando informações sobre nós. – Respondeu George. – Eles descobriram que ainda havia uma base da Resistência ativa aqui em Londres e resolveram agir. Por sorte não fomos pegos.

– Mas conseguimos abater algum deles! – Exclamou um dos rapazes no fundo da saleta.

– Bom trabalho, Collin! – Respondeu Josh.

– Mas agora eles sabem que fazemos parte de uma resistência. – Retrucou George. – Escutem, temos que ser cautelosos. Tenho certeza de que não demorarão muito para voltar e vasculhar o local até nos encontrarem.

Todos olharam com receio. Eles sabiam que George tinha razão, afinal ele estava certo na maior parte das vezes, por isso era o líder.

– Mas o que faremos pai? – Perguntou Claire.

– Não há o que fazer agora. – Respondeu ele desapontado. – A não ser descobrir quem andou nos entregando para os Daleks. – Acrescentou lançando um olhar desconfiado para todos os presentes na sala.

– Acha que temos um traidor? – Perguntou Eddie.

– Não sei dizer. Só sei que alguém revelou a nossa existência para os Daleks e isso não é algo que perdoarei tão fácil.

Todos engoliram em seco. Trair George Brooksfield era algo muito imprudente a ser feito. Pode-se dizer que só não era pior do que ser capturado e morto por um Dalek.

– Pai, talvez um dos nossos que foram capturados tenha sido forçado a falar. – Disse Claire. – Sabe que alguns de nossos colegas sumiram, como Lilian... E Gilbert... – Dizia ela triste pelos amigos capturados.

– Sei, querida. – Disse ele. – Mas sei também que Daleks raramente deixam capturados por muito tempo.

– Pode ser que eles tenham feito uma exceção. Além disso, o que alguém ganharia nos entregando? Todos sabem que seriam mortos de qualquer jeito.

– Ah, mas eles sabem ser convincentes.

– Hum, senhor? – Interrompeu uma moça.

– Diga, Ashleigh.

– Então não seria melhor montar uma patrulha para evitar que os Daleks encontrem nosso esconderijo, caso eles voltem? – Sugeriu ela.

– Não é uma má ideia. – Disse Josh. – Alguns de nós poderíamos despistá-los caso apareçam.

– E destruir alguns também! – Exclamou outra moça acariciando sua pistola.

Todos começaram a se animar com a ideia da patrulha. A maioria daqueles jovens não temia a morte. Não se pudessem levar alguns Daleks com eles e manter a Resistência viva.

– Está bem. Iremos à superfície pela manhã. – Decidiu George. – Agora precisamos restaurar nossa energia, por isso, comam e durmam. Ficarei de vigília durante a noite.

– Eu também, senhor! – Ofereceu-se Eddie.

Então os doze jovens e George se sentaram, abriram as latas de sopa e feijão que haviam estocado e comeram. Eles conversavam alegremente sobre qualquer assunto que não fosse a guerra, como se fossem apenas adolescentes que viviam vidas normais.

Mais tarde, alguns deles se preparavam para dormir, enquanto outros ficariam de vigília. Pegaram os sacos de dormir e espalharam pela sala, já que aquele era o único cômodo do esconderijo. Era difícil pegar no sono sabendo que os Daleks poderiam aparecer a qualquer momento, e, além disso, eles sofriam com as perdas que haviam sofrido. Mas eles estavam tão cansados, que caíram no sono em pouco tempo, deixando George, Eddie, Emma e Claire de vigília.

– Ainda acha que há um delator entre nós, não é? – Perguntou Claire.

– Não posso eliminar essa possibilidade, Claire, sabe disso. – Respondeu George acariciando a mão da filha. – Sei que são todos seus amigos e que gosta muito deles, mas sabe que não posso.

– Sei disso. Mas é que... Eu não imagino que algum deles possa ter simplesmente nos entregado. Eu não... Quero imaginar. – Disse Claire apoiando a cabeça no ombro de George.

– Não fique assim, querida. – Consolou ele. – Sei o quanto é difícil pra você. Acha que queria minha filha envolvida nisso tudo? Você não merece passar por todo esse tormento. E nenhum deles também. – Acrescentou ele olhando para os jovens que dormiam profundamente.

– Nós vamos vencer pai. – Disse Claire. – Não sei quando ou como, mas tenho certeza de que isso não durará para sempre. Não pode durar para sempre.

– Sou tão grato por ter uma filha como você. É tão parecida com sua mãe. – Disse ele passando os cabelos loiros de Claire por entre os dedos.

– Sinto tanto a falta dela. – Disse Claire.

– Eu também, filha. Eu também.

Claire se levantou e foi sentar-se ao lado de Eddie. Ele se assustou ao vê-la, pois estava absorto em seus próprios pensamentos.

– Acha que há alguém lá em cima? – Perguntou Claire.

– Não. Apenas os mortos. – Respondeu Eddie cético. – E você?

– Sinceramente? Espero que não. Não gostaria de pensar que há alguém perdido, sozinho, acompanhado somente por corpos carbonizados.

– Você é sempre tão boa com as pessoas. – Disse Eddie. – Como consegue mesmo com tudo o que acontece?

– E eu tenho escolha? – Perguntou ela com um sorriso.

Os dois se olharam por um tempo, sorrindo um para o outro. Fazia anos que Eddie e Claire sentiam-se atraídos um pelo outro, mas a guerra e as obrigações para com a causa não permitia qualquer tipo de relacionamento. O que aconteceria se um deles fosse capturado? Ou morto? Mas era impossível para eles esconderem esse sentimento tão forte. Aos poucos os rostos dos dois se aproximaram um do outro, e logo que os lábios de Eddie encostaram-se aos de Claire, ela hesitou.

– Não Eddie, não podemos.

– Claire, eu... Eu sei. – Disse ele desapontado.

Os dois desviaram o olhar e ficaram em silêncio por um tempo. Claire virou o rosto a fim de disfarçar o rubor do rosto e as lágrimas que ameaçavam cair de seus olhos. Eddie apenas abaixou a cabeça, desapontado, e voltou aos seus pensamentos.

George observava os dois de longe. Ele sabia que sua filha sentia algo a mais por aquele rapaz alto de cabelos pretos e espetados. Eddie era o intelectual do grupo e sempre ajudava George a planejar os ataques e operações da Resistência. Era um rapaz gentil e respeitável e George sabia que ele seria bom para Claire. Mas ele também sabia o que poderia acontecer caso ficassem juntos. Afinal ele vivenciara isso por conta própria.

Horas se passaram, mas eles não sabiam dizer se o sol já havia aparecido ou não. No entanto, os jovens que dormiam foram acordando aos poucos e estavam prontos para sair para a patrulha.

– Está bem. Geoffrey e Emma, vocês vão para o norte. Ashleigh, Flynn e Elliott vão para o sul. Colin e Susannah para o leste e, por fim, Josh, Harriett e Beth vão para o lado oeste. Eu, Claire e Eddie ficaremos aqui no centro.

Com as posições definidas, os jovens carregaram suas armas e foram para a superfície.

– Boa sorte. – Disse George para todos que saíam.

George, Eddie e Claire planejaram os últimos detalhes e subiram pouco tempo depois. Eddie e Claire estavam carregando o laser de suas armas, por isso não viram quando George secretamente pegou um cordão e um controle remoto e os guardou na bolsa.

Os jovens se comunicariam com um walkie-talkie que sempre carregavam consigo. Claire olhava aflita para seu walkie-talkie, pois toda vez que ele era usado era para avisar de algum perigo.

Eddie usava seus binóculos para avistar qualquer objeto suspeito voando pelos céus de Londres. Ele mesmo montara aquele binóculo quando tinha doze anos e ele nunca o tirava de perto dele, pois já lhe salvara a vida muitas vezes.

Poucas horas depois, George, Eddie e Claire circulavam pelo o que costumava ser o centro de Londres. Tudo o que eles viam eram casas e edifícios destruídos. Não dava para evitar o sentimento de tristeza e pesar em seus corações.

– O dono daquela casa fazia uns doces muito bons. – Comentou Eddie apontando para uma pilha de destroços. – Eu gostava muito, apesar de serem feitos com ingredientes velhos na maioria das vezes.

– E foi aqui que nos conhecemos também, lembra? – Disse Claire. – Você tentou pegar o último pedaço do meu chocolate predileto. – Acrescentou ela rindo.

– E você acabou levando no final. – Disse ele rindo de volta.

– Na verdade, aquele chocolate nem era tão bom, já que era raro encontrar ingredientes frescos para fazê-los.

Os dois deram as mãos e lamentaram pela casa destruída, mas sorriam ao lembrar-se de memórias tão boas.

Ver Claire feliz daquele jeito deixava George receoso. Não que ele não quisesse vê-la feliz, é que ele não queria que a sua felicidade lhe fosse tirada. Claire era tudo o que ele tinha, não podia deixar que nada acontecesse a ela. Há tempos havia tomado essa decisão, mesmo sabendo que ela não aceitaria. Mas ele não podia arriscar, não podia perdê-la daquele jeito. Mas ele também não queria, pois isso significaria não vê-la nunca mais. Mas ela estaria segura.

Esse dilema o perseguia por meses, desde que conseguira obter aquele cordão que carregava na bolsa. No fim, com muito esforço, George tirou o cordão da bolsa e foi em direção de Claire.

– Claire. – Chamou ele.

– Aconteceu alguma coisa? – Perguntou ela.

– Não... Ainda não. – Disse ele. – É que eu... Bom, eu quero que fique com isso.

E ele colocou o cordão em volta do pescoço de Claire.

– O que é isso? – Perguntou ela.

– Era... Um cordão de sua mãe. – Inventou ele. – Devia ter te dado antes.

– Puxa, obrigada pai! – Disse ela admirando o pingente pendurado no cordão. – É muito bonito, não acha Eddie? – Perguntou ela voltando para o rapaz.

Nisso, o walkie-talkie de George começou a apitar. Ele rapidamente o ligou.

–Senhor, os Daleks estão na vindo pela fronteira leste! – Dizia Susannah e Collin ao mesmo tempo. – Precisamos de suporte!

– Ala Norte, desloque-se para o leste e ajudem Susannah e Collin! – Ordenou George.

– Entendido, senhor! – Respondeu Geoffrey.

– Não deveríamos ir para lá também? – Perguntou Eddie.

O walkie-talkie apitou de novo.

– Senhor, estamos sendo atacados! – Gritou Josh.

– Pai, temos que ajudá-los! – Exclamou Claire desesperada.

– Está bem. Vamos para o oeste ajudar o pessoal. – Disse George. – Mandaremos a ala Sul para o leste.

Então, os três correram o mais rápido possível para ajudar os companheiros. Ainda longe era possível ver o tiroteio entre Josh, Beth, Harriett e os Daleks.

– Ex-ter-mi-nar! Ex-ter-mi-nar! – Gritavam os Daleks.

Os três aproximaram-se do tiroteio e Claire foi a primeira a atirar. Ela acertou o olho de um dos Daleks em cheio, e este explodiu, para a alegria dos jovens e para a ira dos outros Daleks.

– A Resistência deve ser exterminada. – Gritava um deles furioso. – Todos os rebeldes devem ser exterminados!

Josh atirou no Dalek que falava, mas o laser não produzira nenhum efeito.

O Dalek, ainda mais furioso, atirou na direção de Josh, que por muito pouco, não foi pulverizado.

– Josh! – Gritou Harriett.

Outro Dalek aproveitou-se da distração de Harriett e atirou na garota, que ela não conseguiu se desviar. No lugar onde ela segundos atrás, agora havia apenas um punhado de cinzas.

Claire levou as mãos à boca pelo choque. Todos estavam sem saber como reagir. Harriett se fora em questão de segundos.

Beth, furiosa pela perda da amiga, atirou o máximo que podia em direção dos Daleks, que soltavam um riso cruel e sádico. Ela acertou alguns deles, que explodiram. Mas eles eram muitos, não tinha como ela dar conta de todos. Então, todos começaram a atirar e o tiroteio recomeçou.

– Claire! – Gritou Eddie.

George olhou na direção em que Eddie olhava e viu que um Dalek apontava sua pistola para Claire. Não tinha mais como adiar aquilo. Ela tinha que ir.

– Filha, não pode mais ficar aqui! – Gritou ele desesperado.

– Mas o que vamos fazer pai? Temos que lutar! – Dizia ela.

– Sim, temos. – Disse ele. – Mas não você.

Então, George pegou o controle da bolsa e apertou o botão vermelho que havia nele. Logo em seguida, o pingente do cordão de Claire começara a brilhar.

– O que é isso? O que está acontecendo? – Perguntava Claire sem entender.

– Não posso permitir que fique aqui. – Disse George. – Tomei essa decisão quando roubei esse cordão da UNIT.

– UNIT? Ah, pai não acred...

De repente, um túnel de luz se abriu logo atrás de Claire, interrompendo-a.

– Você tem que ir! – Disse George.

– Não, eu não vou! Não vou abandonar vocês aqui! – Protestou Claire zangada. – Eddie, me ajude!

Eddie correu para tentar puxar Claire para longe do túnel, mas foi impedido por George.

– Eu sinto muito, mas é o melhor a ser feito... Claire.

Então, George apenas empurrou a garota para dentro do túnel. Ela ergueu o braço para tentar sair, mas ele a sugou para dentro. George então apertou o botão preto e a luz do túnel se intensificou e, como um flash, cegou Claire, apagando suas memórias.

O túnel então começou a desaparecer, levando a garota embora, e era possível ouvir apenas o seu grito agudo ecoando a distância.

– Pra onde esse túnel a levou? – Perguntou Eddie em desespero.

– Pra qualquer lugar que seja seguro. – Respondeu George esperançoso.


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