– Que lugar é esse? – perguntou Peter

– Minha cidade – disse Megan

– Não podemos nos comunicar com nossas famílias – disse Anthony – é muito perigoso

– Não – disse Isabelle – os pais dela não moram aqui. Que lugar é esse Maggie?

– Eu disse minha cidade, não deles

– Mas isso não faz sentido – disse Peter, com uma careta

Megan virou para a esquerda e todos a seguiram. Ela caminhou até uma estradinha que terminava em um amplo campo verde afastado da cidade e parou diante da cerca que rodeava o local

– Megan Mitchell, Isabelle Mitchell, Anthony Potter e Peter Watson – ela disse

– O que isso..? – começou Isabelle

Mas sua pergunta foi respondida por um enorme carvalho que se materializou diante deles, com uma casa da arvore muito bem construída

– Era para cá que você fugia? – perguntou Isabelle

– Fugia? – perguntou Peter

– Quando a Maggie era menor ela sumia as férias de verão inteiras e ninguém sabia onde ela se enfiava, ela só aparecia uma semana antes das aulas para comprar o material – explicou Isabelle – quem fez isso?

– Adam, logo depois que terminou a escola

– Seu irmão é um gênio – disse Anthony, ainda maravilhado com a vista

– Vamos entrar – disse Megan

Os quatro passaram pela cerca e subiram até a casa em uma escada de corda

– Quanto tempo vamos ficar aqui? – perguntou Anthony

– Quanto for necessário – disse Megan – vamos ficar até ter outro lugar para ir

– Que lugar?

– Qualquer um

***

O qualquer lugar que Megan disse antes não foi encontrado facilmente, já tinham se passado duas semanas.

– Não fugimos de lá para ficar preso aqui – disse Anthony a Megan que agora passava muito tempo analisando mapas

– Não vamos sair daqui antes de ter outro lugar para ir – retrucou Megan – estamos sendo caçados e pelo que sei só você ressuscita dos mortos se quem te matar não for seu irmão!

Aquilo fez Anthony se calar. Ele resolveu deixar que Megan trabalhasse em seu mapa enorme sozinha.

A casa na arvore devia ter um feitiço indetectável e extensão, porque tinha mais cômodos que mostrava ei Potter notou que Peter quase todos os dias em frente a lareira da mini-biblioteca.

– Fazia muito frio no Brasil? – perguntou Anthony, sentando junto do amigo

– Pelo contrário, muito calor – disse Peter

– Como passou o tempo lá?

– Nada interessante, não tinha amigos na escola de lá

– E seu tio?

– Ele não é meu amigo

– Eu sei, mas você conseguiu descobrir o porquê ele odiava o seu pai?

– Sim

– Então? – perguntou Anthony, ansioso – o que era?

– Chase... ele... é meu pai biológico

Peter continuou olhando o fogo queimando a madeira da lareira. Sombriamente se sentindo traído. Anthony não sabia i que fazer ou dizer, a única palavra que escapou de seus lábios foi:

– Como..?

– Vou te contar uma história... Era uma vez uma jogadora de quadribol harmoniosa e mestre em azarações que estudava no Brasil, Chase a conheceu quando fez um intercambio para lá e se apaixonou imediatamente. Ele como um irmão caçula que cresceu em uma família onde seu pai deixava claro preferir o filho normal se apegou imediatamente a ela e assim que terminaram a escola se casaram e ela ficou gravida, mas durante complicações no parto ela morreu e Chase não conseguiu nem olhar para seu filho, então o entregou ao seu irmão em Londres, que criou o menino como seu filho já que sua esposa era estéril e não poderia conceber um filho. Chase apareceu seis anos depois querendo seu filho de volta, mas seu irmão não queria entrega-lo.

Peter se calou por alguns minutos, permitindo que Anthony dissesse algo e como não disse continuou:

– Chase visitava frequentemente a casa de seu irmão para conviver com seu filho, mas seu irmão conseguiu uma ordem judicial para mantê-lo longe da criança quando ela tinha dez anos. Sendo um advogado conseguiu facilmente.

Anthony não sabia se dizia “sinto muito por Chase ser seu pai” ou “pelo menos agora tem um pai” então decidiu se calar e deixar seu amigo sentir a dor, pois a dor precisa ser sentida.

– Agora não sou mais órfã – disse Peter, com um falso sorriso – nem nascido trouxa, descobri porque meus pais me odiavam e tenho um pai vivo e de quem herdei minha personalidade

– Eles não te odiavam...

– Odiavam sim! – ele exclamou, começando a chorar silenciosamente

Megan entrou nessa hora e abraçou Peter que começou a chorar livremente no ombro da garota

Anthony olhou para a lareira, sentindo lagrimas quentes em seu rosto.