Detenção escrita por biazacha


Capítulo 3
Primeira Vítima


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!!

Primeiro quero agradecer MUITO os comentários, não achei que o pessoal fosse curtir tanto... do primeiro cap demorei um pouco pra responder, mas dessa vez foi mais de boa. Vocês são uns amores!

Segundo: fãs do Hiro e/ ou que querem desesperadamente o Jack e a Elsa se matando, não me odeiem! Eu sou uma boa pessoa (ou não).

Sem mais, uma boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/596168/chapter/3

Desde pequena, Elsa estudou com Jack.

E desde pequena, teve de aguentá-lo em situações diversas.

Teatro? Apresentação de dança? Encenações em aula? Trabalhos em dupla? Parecia que todos os seus professores pensavam “Duas criancinhas lindas de cabelo claro, pele pálida e olhos azuis, vamos coloca-los juntos!” o que lhe rendeu diversos problemas.

Não que Jack fosse feio, ele realmente era lindo; se Hans era o príncipe da escola, Jack era o bad boy que fazia as meninas suspirarem de longe – e era justamente a personalidade do garoto que a deixava possessa.

Ele era incapaz de levar algo a sério; quando pequena pensava que era mal criado, na pré-adolescência passou a considerar déficit de atenção e então chegou a conclusão de que Frost era apenas um caso perdido mesmo.

Quando entraram no colegial, pela primeira vez as turmas de anos de convivência foram separadas; nos dois primeiros anos por critérios que desconhecia, mas no ano que vem seria por nota.

Na prática ela tinha se livrado dele por dois anos inteiros e isso era um alívio enorme. Como participavam de clubes totalmente diferentes, também não existia o risco deles serem forçados a desempenhar uma atividade em conjunto.

Havia sido um paraíso ficar longe das pegadinhas que só deixavam os professores bravos, das guerras de neve no inverno que sempre faziam alguém perder um dente e nas de comida nos acampamentos que custavam horas de sermão na sala depois.

O pior de tudo é que de alguma forma os professores pareciam achar que ela deveria ter algum tipo de influência positiva nele, porque insistiam em juntá-los nas atividades, coloca-la para ficar de olho em suas travessuras.

Jack já a tinha feito rolar escada abaixo, a acertado com uma bola de basquete, colocada uma lagarta gorda e gosmenta em seu cabelo... roubado seu primeiro beijo.

Uma de suas decisões mais absolutas ao entrar no ensino médio foi ficar longe, mas bem longe de Jack Frost e aquele olhar que dizia “sim, eu sou problema e vou aprontar alguma” que realmente odiava, porém cativava o resto do mulherio a sua volta.

No entanto, lá estava ele com as mãos enfiadas nos bolsos do moletom e um sorriso luminoso no rosto, como uma criança que encontra um brinquedo que achou ter perdido há anos.

–Por favor sente-se com os outros Frost. – disse ela mantendo sua voz totalmente impessoal e eficiente.

–Claro Princesa de Gelo. – murmurou ele, indo se largar entre Hiro e Soluço; o primeiro desmontava um celular e o segundo sem ela perceber havia começado a desenhar um mapa na carteira... com caneta.

–Sr. Haddock! – disse ela, algumas oitavas mais alto e agudo do que pretendia; todos se assustaram e, sobressaltados, espiaram a obra de Soluço, que escondia a mesa com um sorriso amarelo.

–Bom trabalho gênio. – falou Astrid duramente – Se ficarmos aqui mais tempo por causa disso, considere-se bem morto. – para não deixar dúvidas de suas intenções, ela terminou a frase com um murro em sua carteira. Elsa sentiu um arrepio descer pela espinha.

–Qualé Astrid, o cara só está de boa. – murmurou Melequento, colocando os pés para cima – Não tem nada pra fazer queria o quê? Você também fica brava se ela fica te encarando.

–Resumo. – cortou a monitora, segurando o nervosismo na voz.

–O quê?! – perguntaram os gêmeos juntos.

–Cada um deve fazer um resumo da pior coisa que fez esse ano, contar sua versão de história de modo completamente sincero.

–E se a gente não quiser Arendelle? – desafiou Astrid, encarando as próprias unhas.

–Lembra o que disse sobre ficar a mais? Posso tornar essa ideia em algo bem real num piscar de olhos, acredite. – rebateu, num tom educado que não faria feio no jantar mais requintado.

Derrotados, cada um começou a bolar algo.

Não demorou muito para Elsa perceber que aquela seria mesmo uma ótima ideia; o primeiro a acabar fora Hiro, que entregou sua folha com um sorriso enorme e quase adorável, se não fosse o brilho de seus olhos entregando suas intenções.

Ele era um pestinha e sabia disso.

–Obrigada Sr. Hamada. – ela aceitou o trabalho e colocou os olhos nele, se deparando com diversas fórmulas e cálculos que até mesmo para a estrela do segundo ano não faziam o menor sentido.

–Posso ir embora agora? – perguntou ele.

–Evidente que não. – ela sorriu, se sentindo a Umbridge de Harry Potter – Agora você vai puxar uma cadeira, se sentar ao meu lado para podermos falar sobre isso.

–O quê?! – chiou o garoto incrédulo.

–Uma cadeira Sr. Hamada. – repetiu ela, sentindo um gostinho – Do meu lado. Agora.

Ele arrastou uma fazendo o máximo de barulho que conseguia, mas ela não se importou; lidava com todo tipo de responsabilidade desde nova, no fim das contas era mais uma questão de equilíbrio e autocontrole do que qualquer outra coisa.

Qualquer um ali sabia que Elsa Arendelle e autocontrole eram quase sinônimos, iria conseguir domá-los no fim das contas.

Se jogando com evidente desgosto, o asiático a fitou de modo carrancudo e desconfiado. Mantendo o sorriso frio e profissional pregado no rosto, ela iniciou sua tática para minar aqueles espíritos baderneiros.

–Sabe o porquê está aqui Sr. Hamada?

–Na verdade não; sou inteligente o suficiente pra fazer faculdade, mas acho que ia ser um golpe duro demais para os caras de vinte anos, - respondeu ele como um típico garoto de 14 anos: meio arrogante, meio desinteressado.

Ela se manteve em silêncio o suficiente para ficar desconfortável.

–Ficou chocada é? – disse ele, sentindo os olhares dos colegas em sua nuca.

–Sabe o porquê está aqui Sr. Hamada?

–Eu.... – começou ele, mas logo em seguida se calou; depois de uns instantes quieto, falou de modo bem mais contido que antes – Tive muitas detenções e suspensões esse ano. – as palavras saiam forçadas; para alguém que não parecia ligar para a escola até instantes antes, era duro para ele admitir que tinha problemas.

–Correto. Agora, porque não explica para mim e seus colegas do que se trata seu resumo?

–Fórmulas. – respondeu.

–Que tipo de fórmulas Sr. Hamada?

–Uma meleca especial. – explicou, traços de seu orgulho voltando ao lidar com um tópico que ele dominava.

–O que faria ela especial? – incentivou, observando o menor cair em sua armadilha.

–Melecas endurecem depois de um tempo e para tirar elas é preciso raspar as coisas. Mas a minha não; ela não muda de estado físico e fica cada vez mais grudenta, de modo que é impossível tirar ela do lugar onde está e se for tentar vai acabar grudado também. – ele finalizou a explicação com um evidente ego inflado enquanto atrás dele os outros aplaudiam e assobiavam.

–E você a jogou aqui na escola?

–É Arendelle bem no meio do corredor principal. – as risadas dos gêmeos se destacavam ao fundo, carniceiras como hienas.

–Foi engraçado? Divertido?

–Foi sim; bem divertido. E eu faria de novo. – provocou ele.

–Está ouvindo só? Ele faria de novo porque foi bem divertido. – disse ela num tom alto e cristalino; a porta se abriu, revelando um senhor de roupas simples. A confusão do menino ficou estampada em seu rosto.

–Não vai dizer nada garoto? – grunhiu o velho de forma dura.

–Você é...? – começou ele e deixando a interrogação no ar.

–Sr. Hamada, ele é o Chefe dos Faxineiros e a pessoa que ficou responsável por limpar a sua engenhosa e revolucionária meleca. – explicou, erguendo o braço num gesto amplo em direção ao homem – Porque não perguntamos para ele se foi divertido?

Elsa daria tudo para ter acesso às câmeras da escola, porque naquele momento o queixo de Hiro caiu, exatamente como nos filmes.

–Sr. Hamada?

–Hum... er... senhor... bom, era só uma brincadeira...

–Eu vou te dizer como foi divertida a brincadeira garoto. – cortou o outro com severidade – Tivemos de trocar o piso, portas dos armários, jogar material fora... e claro, aquela porcaria só saiu de mim quando tiraram minha pele junto. Fiquei mais de uma semana sem trabalhar e tiveram de descontar esses dias do meu pagamento; meu aluguel está atrasado até hoje.

A sala parecia ter diminuído dez graus. Os sorrisos presunçosos dos demais se apagaram, Jack e Astrid eram os únicos que ainda encaravam o convidado inesperado de frente.

–Na próxima vez que tiver uma ideia divertida. – continuou ele, com os olhos fervendo de ódio – Lembre-se que não é o gênio bonitinho que tem que limpar a bagunça e arcar com as consequências. – ele deu meia volta e se foi, batendo a porta ao sair.

O menino encarava os pés e, assim como os outros, não dizia palavra alguma. Depois de esperar o tempo certo para suas palavras terem um impacto maior (nada como anos de oratória para cativar e manipular uma plateia), ela o fitou com a mesma doçura falsa e gélida de antes.

–Acha que precisa completar algo em seu resumo antes de entrega-lo Sr. Hamada? Lembrando que ele ficará anexado ao seu histórico, que será enviado às universidades em que tentar uma vaga.

–Eu... acho que vou melhorar. – murmurou e foi se arrastando até seu lugar.

Ela correu os olhos lentamente por cada um deles, sentindo sua presença dominar os colegas. Por fim, sorriu mais uma vez.

–Estão dispensados por hoje. Amanhã, continuaremos com os resumos e as discussões. Lembrando que a presença geral é obrigatória. Agradeço pela colaboração de todos nessa tarde.

Sem se demorar, eles foram embora, evitando contato visual com a menina; por fim só sobrou Jack, que continuava sentado em sua mesa.

–Sr. Frost? – murmurou, com a mão na maçaneta; estar a sós com ele trazia lembranças desagradáveis e ela sentiu sua confiança recém-conquistada diminuir um pouco.

Ele se levantou e saiu lentamente, encarando-a diretamente tempo todo – sem saber o motivo, ela sentiu algo estranho, um misto de formigamento e arrepio ao se ver intensamente fitada por aqueles olhos de um azul tão claro. Já de costas, no corredor, o garoto parou e disse:

–Bela estratégia Princesa, mas ambos sabemos que vai precisar de mais do que um joguinho de consciência pesada comigo.

E ele se foi, deixando uma Elsa furiosa para trás.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hirooooo! Me abraça guri, ela é gélida e maligna. D:
E pobre faxineiro, nem nome eu dei pro moço.

Dúvidas, comentários, sugestão de nome pro carinha (rs)... digam o que acharam!

Beijos!! (*--*)//



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Detenção" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.