–Sasuke-kun! – ouvi uma voz a me chamar. Não qualquer voz, mas aquela voz. A voz que sempre arrepiava meu corpo, fazendo-o desobedecer meus comandos, a voz que me acalmava nos meus maiores momentos de loucura. Como esse.

–É você, Sakura. – a respondi. Ela realmente tinha de aparecer justamente agora? Quando eu estava a ponto de matar a Karin? Quando eu tinha acabado de matar Danzou? Quando eu não estava nada bem? Ótimo momento para ela chegar. – O que está fazendo aqui?

–Sasuke-kun, eu vou ir com você! Vou abandonar Konoha! – Oi? Eu não estava esperando as velhas palavras se repetirem neste momento. Para mim não faz o mínimo sentido. Apesar de não convivermos juntos, eu a conheço extremamente bem. Ao mesmo tempo em que Sakura continua a mesma de três anos atrás, ela mudou. Para melhor. Eu não imagino o por que ela gostaria de seguir alguém como eu. Por mais que ela ainda me ame, o que por sinal me deixa feliz, ela não seguiria um traidor como eu.

–O que eu ganho se você vier comigo? – a pergunto. Claro que eu nunca a deixaria saber que eu a aceitaria de braços abertos agora que me livrei de Orochimaru. Eu realmente a queria ao meu lado desde sempre. Mas eu nunca a faria infeliz. Hoje, ela já é bem grande para saber o que quer, assim não precisaria me sentir culpado por nada. Porém algo ainda me incomoda. – O que você está planejando? – a questiono. Por mais que eu sinta que ela esteja mentindo para mim, tento negar o fato. Estou tão atormentado que não sei o que faria se até ela mentisse para mim. Sakura, mais que o próprio Naruto, é a pessoa em quem mais confio depois de tudo. Ela nunca mentiu e sempre cuidou de mim.

–Não estou planejando nada! – eu espero que seja verdade. – Desde que você deixou Konoha, eu me arrependi de não ter ido com você! Vou fazer o que você quiser! Não vou me arrepender de mais nada! – ela fala com tanta convicção. Porém, não se esqueça Sasuke, ela sempre foi boa demais com as palavras.

–E você sabe o que eu quero? – pergunto. Eu tive uma brilhante ideia, para descobrir se isso tudo não passa de uma armação.

–Não importa! Eu farei tudo que me pedir! – uma resposta óbvia demais. Então você fará o que eu quiser? Como nunca menti para você, não irá ser agora que isso vai acontecer.

–A destruição de Konoha! É isso que eu quero! – a respondo rispidamente. Se a Sakura que eu conheço (e amo) estiver ali, ela irá começar um sermão sobre como eu não devo fazer isso e eu acabarei lhe contando sobre o Itachi. Ela irá chorar e dizer que sente muito por não ter estado ao meu lado e depois de tudo vai pedir pra eu pensar melhor e ficar ao lado dela. Alguma coisa assim. Completo perguntando-a:

–Você vai ser mesmo capaz de trair sua vila por mim? – ah como eu em minha mente doentia adoraria ouvir um sim de sua boca. Saber que ela me ama acima de tudo, saber que alguém no mundo me ama. Eu a pegaria nos braços e jamais a deixaria escapar novamente de mim. Porém, se ela disser isso, ela estará entregando em minhas mãos o sangue de seus pais, seus amigos, do Naruto, do Kakashi. A minha Sakura nunca faria isso, nem mesmo por mim. Por isso, eu lhe peço, responda não!

–Sim. Se você me pedir. – Não! Não! Minha cabeça lateja fortemente. Eu estou a ponto de entrar em colapso. Que amor é esse que acaba de um dia para outro! Quer dizer que você me ama quando estou bem e deixa de me amar porque virei um traidor? É assim que funciona Sakura? É assim? Até a pessoa que eu mais quis proteger, no fim mente pra mim! O Sandaime mentiu para mim, o Itachi mentiu para mim e agora você também me trata assim! Isso é uma emboscada? Onde estão aqueles malditos? Naruto, Lee, Neji, Kiba! Onde estão? Estão escondidos esperando você criar uma brecha, Sakura? Já que você quer assim, assim vai ser.

–Então, prove. – eu a falo, extremamente calmo por fora, enquanto minha cabeça entra em turbulência por dentro. Ela é tão estúpida. Ela acha que eu não a conheço? Eu a conheço melhor que a mim mesmo! Ela já provou que mente pra mim e agora não há mais volta, Sakura. A armadilha agora é minha. – Acabe com ela. – digo apontando para Karin. – Assim vou acreditar em você. – Hum. Sakura nunca mataria alguém inocente. Mais uma coisa que sei sobre ela. Eu sei tudo sobre você. Eu estudo você desde que tinha sete anos.

–Quem é ela? – ela me pergunta. O que interessa isso? Eu só quero que você se aproxime de mim. Vou apunhalá-la pelas costas, Sakura, assim como você acabou de fazer comigo. O que aconteceu com a gente? Você sempre me compreendeu. Nunca necessitamos de muitas palavras. E justo você, não consegue ver o quanto eu necessito de amor, de desabafar! Eu quanto necessito que você me acolha!

– Um membro do grupo que criei, Taka. Como pode ver ela é inútil. – na verdade sempre foi. No sentido de sentimentos. Ela faz tudo que mando, não me critica, não me conhece e nem me compreende como você. Não me traz luz só num olhar, nem me faz parar no tempo quando fala. Depois de um tempo, percebi que por mais que eu tentasse você era (e é) a única que me faz sentir esse sentimento (que por orgulho, não consigo nem pensar que seja amor). Mas você me traiu hoje e isso tudo pouca importa! – Sakura, você é ninja médica, certo? – como se eu não soubesse! Há, há! – Você pode substituí-la. Será perfeito. – aposto que ela está pensando, “como ele pode? Como ele é cruel!” e outros mimimi. Agora eu não posso ser cruel né, mas você pode mentir pra mim!

E então eu decido. Vou matá-la. Isso é até bom, porque depois que isto acontecer, eu ficarei tão louco, tão doente que nada me importará mais. Ou eu consigo destruir a folha, ou não. Ou eu morro ou eu morro. Porque se não me matarem, eu mesmo faço. Pois não conseguirei viver com o fato de ter tirado a vida da mulher que amo. Mas ela não me ama mais. Então, pelo menos por esse segundo, eu não vou amá-la também.

Porém, graças aos céus, Kakashi e Naruto me impedem de fazer uma besteira. E Sakura chora, mais uma vez. Nós temos que resolver isso. Urgentemente. Esse amor que nutrimos um pelo outro está nos deixando loucos. Nos amamos a ponto de nos machucarmos. Para tentar me salvar de um caminho de escuridão, sua grande ideia, ou por não suportar uma “traição” vinda de sua parte, como eu. É, assim que eu conseguir vamos resolver isso. E eu espero que da próxima vez que nos vermos eu consiga fazer você não chorar e que um dia, mesmo que demore, eu consiga lhe pedir perdão. Por tudo.