My Little Runner escrita por Angie


Capítulo 9
O labirinto é um código.


Notas iniciais do capítulo

Gente *-* Queria agradecer a Katie Chase e Kary Menskert por recomendarem a fic, vocês são uns amores!



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Um amontoado de clareanos estava em volta da construção, o fogo havia sido apagado porém já era tarde demais, todos os mapas haviam sido queimados. Newt estava ajoelhado ao lado de alguém, estirado no chão e desacordado. Um ferimento grave na cabeça. Logo perceberam que era Alby.

—Newt, o que aconteceu?- Camille perguntou, as sobrancelhas franzidas- Quem fez isso?

—Não sabemos. -O garoto respondeu- Winston encontrou ele aqui. A casa dos mapas em chamas. Apagamos o fogo mas todos os baús viraram cinzas.

—Cinzas?- Ela arregalou os olhos.- O trabalho de dois anos inteiros foi perdido em minutos!?

Newt e Minho trocaram um olhar suspeito. Camille estreitou os olhos.

—O que estão escondendo?- Sussurrou para os dois.

Novamente trocaram olhares.

—Bem... Logo você vai saber, mas não aqui.- Minho sussurrou de volta, fazendo um aceno de cabeça indicando os outros clareanos.

Ela arqueou uma sobrancelha.

—Ta legal então...

Se voltaram para Alby, o ferimento na testa era um profundo corte. Jorrava sangue dele.

—Vou procurar Clint. -Camille decidiu. - Depois mandá-lo vir para cá.

Ela encontrou o socorrista enfaixando o braço de um garoto.

—Ei Clint, é melhor ir rápido. A casa dos mapas pegou fogo.

—É, eu sei.- Ele respondeu tranquilamente.

—Você sabe? Só isso?- Franziu o cenho.- Não está preocupado com o trabalho duro de dois anos perdidos?

O garoto suspirou e parou de enfaixar o braço do outro. Voltou seu olhar para ela.

—É claro que eu me preocupo, trolha. O que acha que eu sou? Mas o que quer que eu faça, comece a chorar? Tem gente aqui precisando de cuidados.

Ela revirou os olhos.

—Sim, eu sei. Mas o Alby está lá, com um ferimento grave na cabeça. É melhor você ir ver.

Como se ela tivesse acionado um botão emergência, o socorrista se levantou num pulo, abandonando o trabalho anterior. Juntou rapidamente suas ferramentas e correu para a casa dos mapas.

—Ei! Mas e o meu braço!?- O garoto perguntou revoltado.

—Ah, fica quieto. Você ainda vai viver com isso!- Camille bufou, impaciente.- O Alby está à beira da morte ali e você reclamando de uma lesãozinha?

O garoto ficou vermelho de vergonha.

—Desculpe- murmurou.

Ela suspirou.

—Como conseguiu isso?

—Ah... Eu me assustei com o verdugo ontem a noite, corri e tropecei.- Ele ficou ainda mais vermelho- Então caí em cima do meu braço.

Camille balançou a cabeça negativamente.

—Impressionante...- Disse num murmúrio.

Se pôs a andar; antes de chegar até onde estavam os outros, viu Thomas saindo de perto do amansador e se lembrou da outra garota presa. Refletiu por uns segundos antes de decidir ir falar com ela. Pegou duas maçãs que encontrou junto com os suprimentos que juntaram e foi até o amansador. Se agachou próximo a janelinha.

—Ei, está acordada?- Perguntou, dando uma mordida na maçã.

Teresa foi para a luz que entrava pela janela.

—Ah, oi. -Deu um sorriso fraco. -Me tira daqui.

Camille riu. -Desculpe, não posso fazer nada por enquanto. Ordens do Alby.

—Alby... Aquele cara moreno que me mandou para cá?

—Esse mesmo. -Disse e depois sorriu afetada.- Sinto que deveria fazer algo, a primeira noite que passei aqui também não foi muito confortável. Pega - lhe entregou a outra maçã pelas grades.- Deve estar com fome.

Teresa segurou a maçã e olhou para Camille de cenho franzido.

—Por que está sendo gentil comigo?

—Bem, porque eu sei que não é nada legal dormir no amansador. Principalmente depois de uma noite com os verdugos.

—Hm... Na verdade, eu dormi feito uma pedra.

Camille a olhou horrorizada.

—Eu quase não preguei o olho... De qualquer forma, não fomos devidamente apresentadas. Meu nome é Camille, apareci aqui depois de você chegar e entrar em coma.

—Sou Teresa. Por que somos as únicas garotas?

Camille deu de ombros. -Bem, quanto a você eu não sei... Mas sobre mim, eu vim de outra clareira. O grupo B. Onde só haviam garotas. Não me lembro de tudo nitidamente, mas os criadores me mandaram para cá como transferência ou sei lá.

Teresa a olhou pensativa.

—Não sei como conseguiu ficar com esses garotos idiotas.

Camille riu. -Ah, você tem que conhecê-los melhor, são bem legais. Acredite, a primeira vez que os vi, pensei que eram um bando de imbecis. Mas tenho que admitir. -Deus de ombros- Ainda são idiotas.

—O Thomas é legal. -Teresa comentou casualmente.

Camille a olhou com uma sobrancelha arqueada. -Você parece ter se afeiçoado a ele. Já se conheciam, certo?

—Sim. Mas não me lembro, só sei que conheço.

—Ah, eu sei bem que sensação é essa. -Suspirou e voltou a mastigar a maçã, junto com Teresa.

—Realmente não da para me soltarem? -A garota perguntou esperançosa.

Camille a olhou por alguns segundos. -Posso tentar convencer o Minho e Newt, mas vai ser complicado.

—Thomas vai me soltar. Ele prometeu.

Camille deixou escapar uma risadinha.

—Ah, você e o Tommy realmente já estão se apegando.

—Ah, cale a boca. -Teresa murmurou, revirando os olhos.- Somos amigos.

—Eu sei, eu sei. -Camille levantou os braços em sinal de paz, um sorrisinho se formou em seus lábios e de repente ela constatou uma coisa. -Ah, droga!

—O que foi?- Teresa franziu o cenho.

—O Minho já está me influenciando com aquele jeito dele! Esse sorrisinho irritante está passando para mim! -Começou a resmungar.

Teresa a olhou como se ela fosse maluca.

—Do que está falando? Quem é Minho?

—Asiático, moreno, forte, bonito. Reconhece?

—Hum... aquele que chegou com você?

—Esse mesmo. - deu de ombros.

—Me parece ser um idiota....

Camille riu encabulada.

—Hum.. talvez ele seja, mas ainda gosto muito dele.

—Tem gosto pra tudo. -Teresa murmurou.

Camille ouviu vozes se aproximando e se virou para olhar.

—Se prepare, seu salvador está vindo aí.

—O quê? Quem está vindo ai? -Tentou em vão olhar pela janelinha.

Nesse momento Thomas, Minho e Newt chegaram.

Camille se levantou. -E então?

Newt a olhou com o cenho franzido. -Estava conversando com a garota?

—Sim, por quê? É meio solitário dentro do amansador. E ela estava com fome, lhe dei uma maçã.

Minho bufou. -Não dê comida para os prisioneiros.

Camille revirou os olhos.

—Queria ver se fosse você.

—É diferente. -ele deu de ombros.

Newt interrompeu antes de Camille responder.

—Sem D.R., okay?- O garoto arqueou as sobrancelhas.

—Cala a boca, Newt.- Minho rebateu em meio a um risinho.

— Deixem ela sair. - Thomas parou na porta da cela, os braços cruzados impacientemente. - Deixem ela sair e depois conversamos. Acreditem em mim... vocês vão querer saber.

—Tommy, isso é...

Thomas mais uma vez implorou para que deixassem a garota livre.

Camille se colocou ao lado dele.

—Concordo, devemos soltá-la. Do que vai adiantar deixá-la ai?

Minho parou na frente da porta com as mãos nos quadris.

— Como podemos confiar nela? - indagou. - Assim que ela acordou, todo o lugar partiu em pedaços. Ela mesma admitiu ter deflagrado alguma coisa.

— Ele tem razão - falou Newt.

—Hum... é.. pensando por esse lado. -Camille refletiu.

Thomas apontou para a porta atrás da qual estava Teresa.

— Podemos confiar nela. Toda vez que falei com ela, foi sobre como tentar dar o fora daqui. Ela foi mandada para cá exatamente como todos nós... é burrice pensar que ela seja responsável por qualquer coisa que aconteça aqui.

—Podemos ouvir o que ela tem a dizer. - Camille sugeriu.

—De que lado você está? -Minho franziu o cenho.

—Quando eu cheguei aqui vocês me deixaram dizer o que eu pensava. Tudo bem que depois me mandaram para o amansador feito idiotas, mas... deixaram que eu falasse. Por que não fazemos o mesmo com ela?

—Então que droga de mértila ela quis dizer com aquela história de ter desencadeado alguma coisa?- Newt grunhiu.

Thomas continuou insistindo.

Minho suspirou. -Certo. Deixe essa garota idiota sair.

— Não sou idiota! - Teresa gritou, a voz abafada pelas paredes. - E estou ouvindo tudo o que estão dizendo, seus imbecis!

Newt arregalou os olhos.

— Que doce de garota você foi arrumar, Tommy.

—Por isso prefiro a minha trolha.. -Minho murmurou com desgosto.

Camille abafou um riso. 

—Só por isso? - sussurrou para ele. O garoto não respondeu, mas ela pôde ver o sorrisinho no canto de seus lábios.

Newt se adiantou para destrancar a porta. Depois de alguns rangidos ela se abriu.

—Pode sair.

Teresa saiu da pequena construção e fuzilou Newt com um olhar raivoso ao passar por ele. Apenas relanceou aborrecida para Minho.

—Como pode gostar desse imbecil? -P perguntou para Camille, uma carranca se formando ao olhar para Minho.

—Da mesma forma que..- Minho ia responder, mas Camiille se adiantou e lhe deu uma cotovelada.- O que foi?- Ele perguntou irritado.

—Não vamos começar uma briga agora... - ela revirou os olhos e depois se voltou para Teresa. - E quanto aos meus gostos, sinto muito, mas não é da sua conta. Se tem alguém que pode chamá-lo de imbecil sou eu, não você.

Minho arqueou as sobrancelhas. -É dessa forma que você não arranja uma briga?

Camille deu de ombros.

—Só estou esclarecendo a situação.

Teresa bufou e revirou os olhos. Se encaminhou para o lado de Thomas.

—Muito bem, quando Teresa começou a sair do sono, umas lembranças continuaram nos seus pensamentos.- Thomas começou- Ela me disse depois que se lembrava que o Labirinto é um código. Que talvez, em lugar de decifrá-lo para encontrar uma saída, devêssemos ficar atentos a uma mensagem que ele possa estar nos enviando.

— Um código? - indagou Minho. - Como pode ser um código?

Camille refletiu por alguns segundos.

—Como assim uma mensagem? Vocês querem dizer, analisando os mapas?

—Eu não sei bem. -Thomas admitiu.- Mas eu tenho uma teoria. É por isso que eu esperava que vocês pudessem se lembrar de alguns mapas, já que todos foram queimados.

Newt e Minho trocaram aquele mesmo olhar de mais cedo. Minho arqueou uma sobrancelha e Newt fez um movimento de cabeça. Como se estivessem conversando mentalmente.

Teresa e Thomas os olharam confusos. Camille bufou.

—Vão ficar na enrolação ou nos contar o que está acontecendo? -Cruzou os braços- O que estão escondendo? Agora podem falar, certo?

Minho esfregou os olhos com as duas mãos e respirou fundo.

— Nós escondemos os Mapas. Eles não queimaram. Escondemos eles antes.

O queixo de Camille caiu.

—O quê?- Thomas perguntou, sem cair a ficha.

Minho apontou para a Sede.

—Escondemos os malditos Mapas na sala de armas, deixando bobagens lá no lugar deles. Por causa da advertência de Alby. E por causa do tal Término que a sua namorada desencadeou.

—Ah, eu poderia beijar vocês dois agora mesmo!- Camille se entusiasmou, um grande sorriso se abrindo.

Newt riu.

—Eu aceito o beijo.

—Que palhaçada é essa de beijar o Newt? - reclamou, olhando para Camille com uma carranca. - Vocês andam muito próximos pro meu gosto. 

—Não a culpe, Minho. Ela apenas não consegue resistir ao meu charme.

—Talvez seu charme sirva bem para atrair os verdugos dentro do labirinto. - disse, sem um pingo de humor. Camille mais uma vez não conseguiu deixar de rir.

—Newt, sinto muito, mas o ciumento aqui só me deixa dar assim. -E lhe mandou um "beijo" no ar.

Newt deu de ombros. -Fazer o quê né.

—De qualquer forma Thomas, agora que já sabe da novidade pode continuar sua teoria. -Minho olhou de Thomas para Teresa , que até então os encarava sem saber o que dizer.

— Leve-me até eles - pediu Thomas, ansioso por dar uma olhada.

— Muito bem, vamos lá.

***
Minho acendeu a luz da sala de armas. Parecia ainda mais sombria que da última vez que Camille estivera lá. Sombras bruxuleantes se formavam a medida que eles se movimentavam pelo cômodo. Facas, bastões e outros instrumentos asquerosos pareciam esperar por eles, como se os convidassem a usá-las, a acabar de vez com a vida miserável que tinham, buscando sem nunca encontrar uma saída daquele lugar. As pontas afiadas os desafiando a prosseguir.

Ela tentou ignorar aquela sensação e seguiu Newt e Minho quando passaram por algumas prateleiras até chegar a um canto escuro.

—Isso aqui é sempre de arrepiar assim?- Teresa perguntou para Camille num sussurro.

—Na maioria das vezes.- Ela sussurrou de volta. -Você se acostuma.

—Eu espero. -Teresa murmurou.

—Tem uma despensa oculta aqui atrás. -Minho explicou.- Apenas alguns sabem sobre ela.

Uma porta antiga de madeira se abriu num rangido.

—Todos os mapas estão ai?- Camille perguntou.

—Todos. Guardei o conteúdo de cada baú em sua própria caixa, oito no total. Estão todas ali.

Thomas se ajoelhou ao lado das caixas e começou a analisá-las.

— Ok - disse ele. - Os Corredores sempre compararam um dia com o outro, procurando ver se havia um padrão que de alguma forma ajudasse a descobrir um meio de encontrar a saída. Você mesmo disse que não sabia de verdade o que vocês estavam procurando, mas continuavam a estudar os Mapas assim mesmo. Certo?

Concordaram com um movimento de cabeça. Minho cruzou os braços e prestou atenção. Camille tentava entender o que ele queria dizer e ao mesmo tempo raciocinar. Newt e Teresa ainda permaneciam calados.

— Bem - Thomas continuou -, e se todos os movimentos dos muros não tivessem nada a ver com um mapa ou um labirinto ou qualquer outra coisa desse tipo? E se em vez disso o padrão representasse palavras? Algum tipo de dica que nos ajude a escapar.

Minho apontou para os Mapas na mão de Thomas, soltando um suspiro de frustração.

— Cara, você faz alguma ideia de quantas vezes estudamos isso aí? Não acha que teríamos notado se houvesse alguma sugestão de malditas palavras?

—Sinto te desapontar Thomas. -Camille começou- Mas já tentamos ver.

—Ta, mas se tentássemos de uma maneira diferente? Talvez seja muito difícil ver a olho nu, apenas comparando um dia com o seguinte.

Newt deu uma risada.

— Tommy, posso não ser o cara mais esperto da Clareira, mas parece que você está falando uma enorme bobagem.

A mente de Thomas funcionava a mil por hora e de repente Camille começou a associar uma coisa com a outra.

—Espera, acho que estou conseguindo acompanhar seu raciocínio. -Camille levantou as mãos como se pedisse um tempo e depois continuou.- Agora sabemos que o labirinto é um código então já temos essa certeza. E sem contar que códigos são basicamente algo que você deve resolver.

—Como um cruza-palavras? -Teresa comprimiu os lábios, prestando atenção.

—Exato!- Thomas disse- Precisamos olhar de um modo que nunca pensamos antes.

—Ta e se...- Camille refletiu- E se em vez de compararmos um dia com o outro observássemos um dia de cada vez?

—Sempre houve um corredor responsável por cada área, certo?

—Certo.- Minho respondeu a pergunta de Thomas, parecia realmente interessado e pronto para entender.

— E esse Corredor fazia um Mapa a cada dia, e depois o comparava com os Mapas dos dias anteriores, dentro dessa área. E se, em vez disso, vocês devessem comparar as oito áreas entre si, todos os dias? Cada dia sendo uma pista ou código individual? Alguma vez vocês compararam uma área com as outras?

Minho coçou o queixo, confirmando com um movimento de cabeça.

— Sim, mais ou menos. Tentamos ver se faziam algum sentido quando as colocávamos juntas... é claro que fizemos isso. Tentamos tudo.

—Talvez se olhássemos de outro ângulo...- Camille ponderou.

Eles ficaram uns segundos em silêncio antes de Thomas o quebrar. Sabia exatamente do que precisavam.

—Precisamos de...

—Papel manteiga!- Camille completou entusiasmada, bateu as mãos espalmadas umas nas outras.

—Isso!- Thomas estralou os dedos animado.

—Podemos pegar do Caçarola.

—Precisamos de muito.

—Vai ser difícil convencê-lo.

—Mesmo assim, talvez seja nossa resposta.

Os ouros ficaram olhando de Thomas para Camille e de Camille para Thomas a medida que um falava.

—Posso tentar falar com ele.- Camille continuou- O pior vai ser se não der em nada.

—Se formos todos vai ser mais fácil. Vamos ter que...

—Ei, espera ai trolhos!- Minho interrompeu, a confusão expressa em seu rosto.- Mas que mértila vocês estão falando? Onde foi que o Caçarola entrou na história e o que papel-manteiga tem haver com sair daqui?- levantou as mãos em sinal de frustração- Eu estou meio perdido, vocês não falam mértila de nada que dê para entender.

Camille coçou a nuca meio envergonhada por esquecer que havia mais gente na sala.

—Apenas confiem em mim. Precisamos disso e de tesouras. -Thomas disse.

—Ah, e todas as canetas pretas tipo marcador e lápis que pudermos encontrar.- Camille acrescentou rapidamente.

—Bom... Então o que estamos esperando?- Teresa se pronunciou pela primeira vez desde um tempo em silêncio.

***

—Não. Nem pensar. Uma caixa inteira do meu papel manteiga?- Caçarola riu seco- Fora de cogitação.

—Qual é, precisamos desse plong. -Newt interveio.

—Esse "plong" e muito importante, sabia?

—Por isso mesmo que queremos. -Thomas comentou.

O cozinheiro estreitou os olhos.

—E por que eu daria a vocês?

Eles se entreolharam.

—É meio complicado. -Minho coçou o queixo.

—Quero um bom motivo.

Teresa suspirou impaciente.

—Não da para vocês simplesmente pegarem a porcaria do papel?

Caçarola cruzou os braços.

—Eu uso o papel-manteiga para assar as carnes. Não sei se você sabe mas os suprimentos foram cortados. Precisamos de tudo e..

—Ta, já entendi. -Teresa interrompeu e resmungou um desculpe.

—Eu até entrego a caixa, mas só se me disserem o que querem fazer.

—Beleza. -Minho esfregou uma mão na outra.- Newt, explica ai.

O garoto revirou os olhos.

—Não pode nem fazer isso... -resmungou- Ta legal, o Thomas tem uma teoria de algo que talvez possa contribuir para nos tirar daqui.

—E onde o meu papel entra nessa história? -Caçarola arqueou as sobrancelhas.

—É só uma ideia, mas talvez seja nossa última chance. -Thomas implorou com os olhos.

—Eu não sei para que querem mas... -suspirou- vão logo. -E fez um movimento de cabeça indicando os suprimentos.

Newt pegou a caixa quando Camille apareceu.

—Más notícias.- disse ela- Como a casa dos mapas foi incendiada não restou mais lápis e marcadores.

—Ta legal, acho que termos alguns na sede. -Minho tentou se lembrar de onde guardou alguns.

Demoraram uns dez ou quinze minutos até encontrarem todos os lápis de que precisavam. Não eram muitos mas já bastava. Quanto as tesouras, tiveram de improvisar pegando a faca mais afiada da sala de armas e então sentaram-se no porão.

Thomas mandou Minho começar cortando retângulos, mais ou menos do tamanho dos mapas. Newt, Teresa e Camille pegavam os mapas de cada caixa de área.

—Mas o que é isso, recorte-e-cole?- Minho resmungou mal humorado.- Por que não diz logo o que vamos fazer com todo esse plong?

— Não tenho mais o que explicar- Falou Thomas. Será mais fácil mostrar para vocês.

O asiático se sentou e começou a cortar como Thomas dissera, murmurando resmungos ora ou outra, estava claramente aborrecido com a tarefa.

Thomas chamou Teresa para ajudá-lo.

Os dois foram para a salinha empoeirada e abriram todas as caixas, pegando uma pequena pilha de Mapas de cada uma. Voltando à mesa, Thomas descobriu que Minho já cortara vinte folhas, fazendo uma pilha bagunçada à direita enquanto atirava cada folha nova por cima.

— Muito bem, todo mundo desenha os dez últimos dias mais ou menos em uma folha desta pilha. Não se esqueçam de identificar em cima para podermos saber a que dia correspondem. Quando terminarem, acho que poderemos ver alguma coisa.

— O que... - começou Minho.

— Continue cortando aí, droga - ordenou Newt. - Acho que sei aonde ele quer chegar.

Minho ia rebater mas Camille lhe lançou um olhar de reprovação.

—O que foi? -Ele levantou os braços indignado.

—Nada, esqueça. Apenas continue, ok? -Ela disse carinhosamente.

Ele suspirou.

Em alguns minutos todos estavam concentrados na tarefa. Copiando os mapas para o papel manteiga. Logo formaram uma pequena pilha.

—Para mim chega. -Newt disse. -Os meus dedos estão queimando. Vamos ver se funciona.

Seguindo as instruções de Thomas eles fizeram pilhas sobra a mesa. Da área um até a oito.

Agitado e nervoso, Thomas pegou uma página de cada pilha, certificando-se de que eram do mesmo dia, mantendo-as em ordem. Depois colocou-as uma em cima da outra, de modo que cada desenho do Labirinto coincidisse no mesmo dia em cima e embaixo, até poder olhar para oito áreas diferentes do Labirinto de uma só vez. Achou incrível o que viu. Quase como num passe de mágica, como um quadro entrando em foco, uma imagem apareceu.

Teresa ofegou baixinho.

As linhas se cruzavam, para cima e para baixo, de tal maneira que o que Thomas tinha nas mãos parecia uma grade quadriculada. Mas determinadas linhas no meio - linhas que por acaso apareciam com mais frequência do que todas as outras - produziam uma imagem ligeiramente mais escura do que o restante. Era sutil, mas, sem sombra de dúvida, dava para ver.

—Ta de brincadeira...- Camille mordeu o lábio inferior. -E não é que funcionou?

Bem no centro da página via-se a letra "F".


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Notas finais do capítulo

É isso, espero que tenham gostado. Tive que colocar algumas partes do livro para fazer sentido.