My Little Runner escrita por Angie


Capítulo 7
Confusão; Ela acordou.


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpa pela demora e obrigada para quem está sempre comentando, amo vocês meus leitores chicletes!



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A manhã definitivamente não estava normal quando Minho acordou. Passou a mão pelos cabelos de Camille enquanto ela se remexia para se aconchegar melhor nos braços dele.

Havia uma luminosidade fraca e sem vida. Com certeza devia ter acordado mais cedo que o habitual, levando em conta que o Sol ainda não tinha nascido. Bocejou e olhou o relógio de pulso.

07:52 AM

Franziu o cenho. Olhou para cima e não viu absolutamente nenhum sinal da manhã. O céu era uma enorme laje cinzenta e opaca. Não havia nenhuma coloração além do cinza. Nem o azul e branco da manhã; nem o preto da noite; tampouco estrelas, nuvens ou algum resquício de resplandecência que indicava mais um dia se iniciando.

Mas havia luz, fraca e opaca; e sabe-se lá de onde vinha, mas iluminava a fazenda com um aspecto morto.

—Mas que mértila está...

Ao longe ouviu um burburinho alto de agitação. Provavelmente os outros clareanos acordando e percebendo que o Sol resolvera desaparecer.

—Cammie, acorda. -ele balançou ela de leve.

—Hm? Hum-hum...

—Camille! Acorda!- ela levantou num pulo.

—O quê? To acordada!- ela percebeu a fraca iluminação e resmungou. -o que foi, por que me acordou no meio da noite? Ainda são...sete e cinquenta e três!? -Camille olhava do relógio para o céu e do céu para Minho. -Ta legal, o que eu perdi?

—Vamos descobrir agora.

—Minho! Cammie!- a voz de Newt os tirou de seus devaneios. O garoto vinha ao encontro deles.

—Que mértila é essa Newt?- Minho se adiantou.

—Não me pergunte. De repente acordamos e estava tudo assim. Era só o que faltava.

—Bom, pelo menos agora temos a prova de que isso era só mais uma invenção dos criadores.- Camille comentou, pensativa.

Newt a olhou de modo zombeteiro.

—E por acaso o calor e as plantas também são invenções? Vai ver tudo que a gente viu esse tempo todo era apenas uma ilusão.

Camille revirou os olhos.

—E o que você sugere, gênio? Que o céu resolveu dar um passeio em outra dimensão?

Diferente do que ela pensava, Newt não argumentou mais.

—De qualquer forma sabemos que algo está acontecendo. -Minho cruzou os braços. -Neste mês aconteceram mais coisas que em qualquer outro nos últimos dois anos.

—Se querem a minha sincera opinião. -Camille começou- Eu sinto que estamos prestes a descobrir algo novo.

—Depois de dois anos procurando não acho que será tão fácil assim. -Minho parecia pensar.

—Sem o calor do Sol as coisas da fazenda pouco a pouco irão morrer. Não acho que os criadores nos mandaram aqui apenas para depois nos verem definhar.

Eles refletiram nas palavras de Camille e também nos próprios argumentos.

—Vai ser complicado mas ainda precisamos voltar as atividades. -Newt disse. -Eu e o Alby vamos ter um trabalhão, a maioria dos trolhos aqui está igual um bando de galinhas desnorteadas.

—Vou tentar acalmar os ânimos dos outros corredores. -Dito isso Camille correu para longe, em direção à Sede.

—E aí, vocês se acertaram? -Newt perguntou sem esconder a curiosidade.

—Não é hora para...

—Fala logo.

Minho revirou os olhos.

—É... pode-se dizer que sim. -ele deu um risinho.- Vamos logo trolho.

***

Newt estava certo, todos estavam em uma confusão. Era até ridículo ver como eles entravam em pânico. Camille tentou chamar a atenção de alguns corredores.

—Ei pessoal, se acalmem, não tem como...

As vozes se tornaram cada vez mais altas, todos falando ao mesmo tempo.

—Gente... -Ela tentava falar a tempo de ver Newt e Minho aparecendo, dessa vez trazendo Alby.

—Da para vocês fazerem um pouquinho de silêncio..?- Ela ainda tentava, em uma doce ilusão, chamar a atenção deles.

Por fim, revirou os olhos e gritou com todas as suas forças:

—AÍ, SEUS TROLHOS DE MÉRTILA! CALEM A PORCARIA DA BOCA DE VOCÊS!

Imediatamente um silêncio se instalou, até Alby, Minho e Newt pareciam surpresos.

Ela suspirou. -Da para vocês se acalmarem um minutinho? Ainda temos muita coisa a resolver.

Os protestos já iam começar quando Alby interveio.

—A trolha está certa, vocês parecem galinhas fugindo do galinheiro! Vamos agir como adultos aqui, não somos criancinhas de mértila!

Ninguém ousou responder então ele continuou.

—Ficar sem fazer nada não vai mudar a nossa situação. Temos que voltar ao trabalho e esperar até o dia de amanhã. Quem sabe tudo isso volte ao normal...- disse, mas nem mesmo ele parecia crer nas próprias palavras. Suspirou. -Vão logo, estamos todos atrasados!

Todos, mesmo que lentamente, conseguiram ir se ajeitando. Camille ia correr sozinha dessa vez, já era oficialmente uma corredora então não precisava mais de supervisão. Minho foi atrás de Thomas, que conversava com Chuck e ela foi se preparar para a corrida. Tomaram um rápido café e foram para suas devidas áreas.

—Ei!- Camille se virou antes de entrar, Minho vinha em sua direção. -Tem certeza que não quer vir comigo de novo?

Ela sorriu. -É claro, afinal não preciso mais de supervisão. E não se preocupe. -ela piscou pra ele- não vou tentar fugir de você.

—Nem deve. -Ele deu um risinho e puxou o corpo dela, envolvendo-a em seus braços.- Mas tem certeza?

Ela revirou os olhos. -Tenho sim.

—Tome cuidado.

—Eu sempre tomo.

—Estou falando sério. -ele a olhou, a preocupação evidente em seus olhos.

—Eu sei. -e sorriu. -Eu já volto, não precisa de tanta preocupação comigo.

—Bom, agora eu tenho que cuidar de você.

—Tem? -ela arqueou as sobrancelhas, os cantos dos lábios erguidos.

—É, tenho sim. Afinal, você é minha trolha agora. -ele riu.

—Na sua linguagem isso quer dizer que somos namorados?

—É... Acho que esse e o termo certo. -deu de ombros. -Mas ainda prefiro o meu.

Ela bufou. -Você também, vê se não vai se aventurar por uma noite no labirinto. Não quero saber de uma loucura dessas.

—Quem é o encarregado agora? Você devia dizer isso para o Thomas, ele está louco para ficar lá. -Suspirou.

—Tudo bem, estamos atrasados. Vai logo e não se preocupe. -Ela lhe beijou os lábios e se desvencilhou dos braços dele. Já ia sair quando ele a puxou novamente para mais um.

—Minhooo... -ela murmurou enquanto ele tentava segurá-la.

—Ta, já parei!- Ele levantou os braços em sinal de paz e saiu rindo.

Ela balançou a cabeça negativamente ao mesmo tempo que riu e atravessou por entre os grandes muros.

Camille poderia não admitir, mas aquilo estava dando arrepios nela. Afinal, aquele labirinto já era assustador para muitos em estado normal, quanto mais agora debaixo de um céu cinzento e sombrio.

Ela percorria atentamente cada corredor, o olhar cravado em cada canto do labirinto. Por mais sombrio que parecesse, nada de novo aconteceu. Tudo que encontrou foram muros de pedra e hera. Suspirou desanimada ao olhar o horário e perceber que tinha de voltar ou as portas se fechariam com ela lá dentro, e com toda certeza aquele não era seu maior sonho.

Quando chegou a casa dos Mapas nem Minho, nem Thomas haviam aparecido ainda. O clima lá não estava dos melhores, podia-se perceber claramente o desânimo dos outros corredores. Ela quis dizer algo para animar um pouco o pessoal mas nada lhe surgia a mente. Afinal, o que diria? Que todo mundo ficaria bem e que sairiam de lá? Mas como poderia afirmar se nem ela mesma acreditava totalmente naquilo?

Suspirou e começou a desenhar o mapa. Ela havia colocado o papel na cadeira e se sentou no chão, escorou a cabeça na mão, esta que estava com o cotovelo no assento da cadeira. A porta se abriu num rangido e Thomas e Minho entraram. Ela lançou um pequeno sorriso para o asiático quando ele bagunçou de leve seus cabelos ao passar por ela.

Minho se sentou em uma cadeira ao lado da dela, e começou a desenhar escorado na mesa. O olhar ora ou outra indo para o de Thomas, ver se ele estava se saindo bem.

"Desenhe mais reto, seu trolho"; "Observe melhor as proporções"; "Que porcaria é essa? Faça essa linha novamente".

Camille soltava um risinho cada vez que ouvia Minho reclamar com Thomas.

—Nada mal. -comentou Minho quando Thomas terminou. -Nada mal para um fedelho.

A garota esticou o pescoço para observar o projeto.

—É.. logo você será um dos melhores corredores Tommy.

O garoto sorriu orgulhoso.

Minho bufou. -Não dê falsas esperanças para ele Cammie.- e riu.

Thomas revirou os olhos.

Minho mostrou para Thomas como ele deveria procurar os padrões, comparando com o mapa das semanas anteriores.

—Você pode voltar aqui quando quiser e estudar depois do jantar, depois de conversar com Newt e Alby. Vamos.

—Conversar com Newt e Alby? -Camille perguntou para depois arregalar os olhos. -Estão dizendo que conseguiram encontrar...

Minho sorriu triunfante. -Você estava certa. Iríamos mesmo encontrar algo novo hoje.

Ela se levantou decidida. -Não perco essa conversa por nada.

Como se adivinhassem, Newt e Alby se aproximaram, mal eles haviam fechado a pesada porta atrás de si da Casa dos Mapas.

—Oi. -falou Minho. -Estávamos justamente...

—Vamos logo com isso.. -Alby interrompeu ríspido. -Não temos tempo a perder. Encontraram alguma coisa? Qualquer coisa?

Camille bufou. -Que alegria em nos ver, ein...

Quando afirmaram que encontraram algo, Camille estranhou a expressão de Alby. Parecia até decepcionado.

—Toda essa mértila de lugar está caindo aos pedaços.

—O que está dizendo? -indagou Minho.- O que mais aconteceu?

Newt respondeu, nada animado. Indicando a caixa com um movimento de cabeça enquanto falava.

—Os malditos suprimentos não chegaram hoje. Vêm toda semana há dois anos. No mesmo dia e no mesmo horário. Mas não hoje.

O coração de Camille pesou.

O que eles querem afinal, nos ver morrer? Ela pensou.

—Imagino a cara desses criadores. Devem estar morrendo de rir do nosso desespero. -ela resmungou com uma carranca.

Um clima sombrio pairou no ar enquanto os cinco olhavam para as grades da caixa.

—Ah, dessa vez estamos ferrados. -Minho suspirou. Dizendo o que todos sentiam naquele momento.

—De qualquer forma, por que não contam logo o que encontraram?- Camille perguntou.

Minho explicou tudo, desde o Verdugo que seguiram até quando encontraram a entrada pelo penhasco.

—Deve levar até onde... você sabe... os Verdugos moram -disse ele ao terminar.

—Também deve ter sido por lá que me mandaram. -Camille se pronunciou.- Nunca pensaram em como eu fui parar perto do penhasco? Deve haver uma espécie de saída por lá.

Eles ficaram lá discutindo sobre a nova descoberta. Era difícil de acreditar que depois de dois anos a resposta estava tão óbvia.

Mas uma comoção do lado de fora da Sede distraiu a atenção deles da conversa. Todos se viraram a tempo de ver Chuck correndo em sua direção e um amontoado de Clareanos na frente da casa, gritando um mais alto que o outro.

—Mais uma algazarra? O que vai ser agora, plantas zumbis?- Camille suspirou, pouco animada.

—O que aconteceu? -Newt se adiantou.

—Ela acordou! A garota acordou!- Chuck gritou.

Thomas se apoiou na parede de concreto e todos ficaram sem reação por alguns segundos antes de Camille quebrar o silêncio.

—Bom, ao menos minha teoria sobre as plantas estava errada.

Newt logo pediu para falar com ela e Thomas saiu de fininho. Camille estreitou os olhos mas resolveu deixar pra lá.

Demorou alguns minutos antes de conseguirem passar por toda a agitação dos clareanos e, quando enfim conseguiram, tudo que encontraram foi o socorrista, Jeff, um tanto quanto envergonhado.

—O que aconteceu, onde está a garota? -Alby perguntou, um tanto impaciente.

—Eu não sei, ela estava aqui e de repente sumiu. Deve ter saído correndo e se misturado aos trolhos que estão amontoados na porta...

Alby e Newt começaram a discutir com o socorrista. Mas naquele momento os pensamentos de Camille estavam distantes. Ela se afastou um pouco do grupo e encarou fixamente as portas para o labirinto.

—Ei, ta tudo bem? -Minho perguntou, se aproximando dela e notando sua inquietação.

—Tem algo errado...

—Hoje está tudo de cabeça pra baixo mesmo...-ele deu de ombros.

—Minho... tem realmente algo errado.

Ele franziu o cenho. -O que foi, está se sentindo bem? -ele colocou a mão na testa dela, preocupado.

—Não, não comigo...

Olhava para o visor de seu relógio de pulso e depois voltava para os grandes muros.

O terror começou a tomar conta dela.

—Vamos.. -murmurou. -Vamos o que está esperando?

Ele acompanhou seu olhar.

—Ei, trolhos. Venham aqui. -Minho chamou, ainda olhando para o relógio dela. -Temos um problema.

Ninguém respondeu, ele se virou irritado e percebeu que os dois, juntamente com Jeff, já haviam saído a procura da garota.

—Droga... -ele murmurou.

—Minho. -ela chamou, já beirando o desespero. -As portas nunca se atrasam. Nunca.

—Eu sei... -ele estava com a testa franzida, a preocupação evidente.

—Se em algumas horas os muros não se moverem os verdugos vão..

—Não pense nisso ainda, primeiro temos que avisar os outros.

Ela assentiu e ambos saíram a procura de Alby e Newt.

Os encontraram perto da floresta, Jeff, Thomas e Teresa estavam com eles. Chegaram a tempo de ouvir um pedaço da discussão.

—O que você fez? -Alby perguntou, se referindo a garota.- O que você fez!? -Gritou.

—Eu desencadeei alguma coisa. -respondeu ela calmamente. -Não de propósito, eu juro. O Término. Não sei o que isso significa.

—Alby! -Minho chamou, agora eles haviam acabado de parar ao lado deles.- Nós temos um problemão.

—Mais um? -O líder perguntou emanando raiva e irritação.- Essa trolha já não é problema o suficiente?

Teresa encarou Camille, que havia ficado ao lado de Minho, o olhar cheio de confiança e em um misto de curiosidade e desafio. Camille sustentou o olhar dela e, por uns segundos, pareceu que faíscas sairiam dos olhos uma da outra.

—Ora, vejo que existe outra garota além de mim aqui. -Teresa comentou. -É bom saber.

—Igualmente.

Elas continuaram se encarando.

—Acho que estão esperando uma resposta -ela indicou Alby e Newt com a cabeça. - Tem um problema maior do que eu para esses garotos aqui?

Camille revirou os olhos -Ah, você nem imagina...

—Desembuchem logo!- Newt interveio.

—Para quê você usa esse relógio ein, cabeção? -Minho perguntou. -Enfeite?

Eles olharam a hora e imediatamente souberam o que estava acontecendo.

—Os muros. Os malditos muros não estão se fechando.

Alby apontou para Teresa.

—Quero ela presa. Agora!


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