Quando eu optei pelo treinamento de Urano, não imaginei que enfrentaria Francis também.

Basicamente, em dois meses dentro do mar congelado, o que deve ter sido um pouco mais que meia semana no tempo real, eu enfrentei o maior inimigo que a terra já viu, juntamente com um ser ancestral que é conhecido por tê-la fundado.

O casaco divino me fora cedido novamente, mas eu o recusara. Após utilizar o casaco por tanto tempo, meu corpo já havia se adaptado e meu cérebro já trabalhava em cem por cento sempre. Houve um considerável aumento de inteligência, mas nada se comparado com os dez por centro de Annabeth, sem falar naquele aumento de força e velocidade exibidos na batalha contra Francis.

Acontece que, em dois meses, eu não tive pausas para dormir. Meu corpo estava coberto de ferimentos, eu morria de fome, sede e cansaço aos poucos, enquanto Francis e Urano se revezavam em me atacar. É, eles não estavam brincando quando disseram que o treinamento seria mais radical ainda.

Mas o que realmente interessa, aconteceu muito tempo depois.

Após eu ter feito um treinamento radical de aproximadamente cinco meses, voltei para o meu corpo no acampamento, aproximadamente uma semana e meia depois de ter “adormecido”.

Silha alimentava meu corpo enquanto eu estava tentando me manter vivo naquele lugar, mas lá dentro, não parecia surtir efeito, de modo que, eu estava cem por cento do tempo faminto e sedento.

Porém, quando me levantei, não sentia isso. Nem fome, nem sede e muito menos cansaço.

Saí da escuridão do meu chalé, louco para pegar um pouco de sol. Eu teria uma semana de folga, até entrar naquele regime maluco de treinamento.

Mas, para a minha indiscutível sorte, era noite. Em outras palavras, sem sol.

Como eu já havia dormido quase duas semanas (O meu corpo, pelo menos.), não sentia a menor vontade de dormir novamente. Encaminhei-me então para a praia.

Estando lá, encostei minha mão na água e chamei pelo meu pai.

“Pai?” perguntei.

Agora, eu não sei exatamente o que me assustou mais, se foi a voz ofegante de Poseidon, ou se foi a estranha música de academia ao fundo.

“Filho?” perguntou ele, respirando muito pesadamente. “Espere um pouco.”

Então ele parou de falar, logo a música também cessou e ele voltou a falar comigo.

“Terminou seu treinamento?” perguntou ele, enfim.

– Não... – comecei a falar em voz alta. – Foram cinco meses, agora tenho uma semana de folga até os próximos cinco meses.

“Entendo.” Disse ele. “Quero que saiba que todos os deuses estão muito focados estão em seu treinamento.”

– Isso é bom. – falei.

“Sim, seremos capazes de te ajudar na próxima vez, filho.” Disse ele, enfim.

– Isso é melhor ainda. – falei.

“Bem, eu vou voltar para o meu treinamento.“ disse ele. “Conversamos mais tarde.”

– Tudo bem, pai.

Quando voltei para o meu chalé, pensando em voltar a dormir, percebo uma certa agitação no acampamento.

Muitos campistas estavam para fora de seus respectivos chalés, e pareciam procurar alguma coisa.

Fui até o campista mais próximo, que, pela aparência, deveria ser um filho de Hermes.

– O que está acontecendo? – perguntei.

– Eu não sei ao certo, parece que houve uma explosão aqui perto. – ele disse.

– Explosão? – perguntei atônito. Não escutado nada.

– Sim, foi ensurdecedor, você não ouviu? – perguntou ele.

– Na verdade, não...

Então um alto som de vidro quebrando atravessou o acampamento, juntamente com uma certeza: “A barreira do Acampamento fora destruída.”.