Algumas pessoas tinham medo dela, eu mesmo tinha. Mas não sabia porque. Talvez pelo jeito de se vestir, afinal, quem normal iria de tutu e peruca pra aula?

Meu deus! Ela era muito estranha. Muito mesmo. Era feia e repugnante. Mas o que eu sentia por ela não era ódio. E alem do mais, que experiencia eu tinha com garotas? Um Japonês asqueroso e magrelo, assim que as garotas me chamavam.

Certo dia entrei na escola e dei de cara com aquele arco-iris ambulante. Peruca rosa, roxa e azul, vestido Amarelo vibrante e All Star Vermelho. Justamente naquele dia tive que fazer dupla com ela.

Me senti constrangido e sem graça. Mas mesmo assim queria pegar ela no colo. Aquele perfume enjoativo, me fazia sentir vontade de beijar aquele pescoço. A boca coberta por um batom verde se mexia sem falar nada, enquanto lia o livro, me fazia sentir nojo e ao mesmo tempo atração.

Então foi assim. Conversamos sobre o trabalho, e naquele final de aula fiz. Grudei aqueles lábios verdes. Não importava se minha boca ficaria suja, ou se ela não queria, ou até mesmo se ela tinha namorado.

Ela ficou sem graça. Todos no pátio nos observavam e riam de mim. Mas o orgulho de ter feito isso não me deixava sentir vergonha.

Naquela noite liguei para ela, ia dizer que tinha me arrependido de ter feito aquilo, e que só a queria como amiga. Mas então ouvi sua voz.

Foi ai que tudo começou. Eu a odiava, muito. Queria bater nela. Mas quando a ouvia ou via ela, era diferente.

Naquela viagem de turma, decidi que estava na hora. Resolvi oficializar tudo. Iria até seu quarto de hotel e perguntaria: Você namoraria comigo? Mas foi ai que te vi com aquele pijama dourado. Sem peruca nem maquiagem.

Nem percebi a hora passar enquanto eu a beijava e tirava lentamente cada peça de sua roupa. Quando vi seu corpo, sem nenhuma daquelas 'tralhas' coloridas, senti que não devia.

Vieram as duvidas da possibilidade de um herdeiro, ou coisa parecida, e as brigas. Ela me culpava por tudo. Gritava e até me batia de vez em quando. Foi ai que eu descobri quem ela realmente era.

Mas toda vez que tentava te dizer, o que precisava ser dito, acontecia tudo de novo: os beijos, a cama e o corpo.

Ela era idiota. Eu era idiota.

Foi ai que ela se exaltou.

Na noite de inverno que ela invadiu meu quarto, senti a raiva nos seus olhos.

Ela me beijou. Ela me matou.

Pegou uma faca com sua luva colorida, e fincou em meu peito. E fez o mesmo nela.

A tontura invadia meu corpo junto com a dor. Nós estávamos morrendo. Então ela disse quase sem voz:

"Eu fiz isso por nós três, eu te amo, eu só queria te proteger, me.... descul..."

Ela caiu no chão branca, minha unica reação foi segurar sua mão.

"Eu te odeio, mas talvez você não me intenda..."