Once In a Lifetime escrita por selinakyles


Capítulo 4
You must be really stupid.


Notas iniciais do capítulo

Oi lindinhas e lindinhos!
Demorei mais cheguei com mais um capítulo.
Como já sabem, não está revisado, por isso perdoem qualquer erro.

Divirtam-se!



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Chapter four -


Os dedos gélidos puxavam a barra de sua camiseta, e ele tentou erguer os braços com dificuldade, facilitando a saída do pano por seu pescoço, bagunçando ainda mais os fios negros de seu cabelo.

“Eu sempre imaginei você tirando minha camiseta em circunstâncias bem diferentes.” O sorriso ferino estava ali, impertinente. Ela já imaginava que ele não perderia a oportunidade de cutucar a onça com vara curta.

A loira revirou os olhos, dedicando seu máximo em manter sua piedade em controle, pois sabia que no segundo que sua raiva viesse a tona, Bellamy Blake seria um homem morto.

E bem, era justamente por culpa de seu momento de raiva e pela vontade de vê-lo pagar pelo que fez que agora ele estava diante de si, em um estado beirando o lamentável. Foi pelo seu lapso de bom senso que agora ela estava ali, cuidando dele como se fosse sua obrigação.

No final das contas, o feitiço havia se virado contra o feiticeiro.

“Mais uma piadinha e eu vou cortar a sua língua.” Ela ameaçou, voltando da cozinha já com sua maleta de primeiros socorros e uma tigela com água morna em mãos. “E não duvido nada que sua irmã irá me apoiar depois que ela ver o estrago que seu rosto fará nas fotos de casamento. Você é muito burro!”

Bellamy bufou, escondendo as íris escuras por alguns segundos. Ao sentir o pano molhado entrar em contato com seu ferimento, seu corpo se arrepiou.

“É uma boa coisa então que nada disso é da sua conta.”

Clarke parou por um instante, ainda sentindo o impacto daquelas palavras grosseiras. Não era da conta dela? Oh, aqueles ferimentos também não eram da conta dela. Não foi ela quem provocou quem não deveria, pelo menos não diretamente.

“É uma boa coisa então que você esteja bem o suficiente para cuidar você mesmo de seus próprios curativos.” A loira ia se levantar, quando a mão quente envolveu seu pulso, impedindo-a.

Ela o encarou, prendendo as íris azuladas na escuridão que eram aqueles olhos. Só então ela havia reparado o quão escuros e profundos eles eram, os mesmos que sempre a afrontavam cheios de petulância e deboche.

Naquele instante, eles pareciam sinceros e precisos em sua súplica silenciosa para que ela ficasse. Quase belos em seu pedido subintendido de desculpas.

Claro que ela não achava os olhos dele belos. Não aqueles olhos, não os dele.

Clarke balançou a cabeça por um instante, afastando aqueles pensamentos absurdos de sua mente e então voltou a se sentar ao lado do moreno. Jurou que por um segundo, ele havia esboçado um de seus sorrisos satisfeitos, ignorando tal pensamento junto com o fato de que aquela aproximação a incomodava um pouco mais do que deveria.

“Você é realmente boa nisso.” Ele comentou, estudando enquanto ela limpava sua ferida e então preparava a agulha para fechá-la.

“Talvez seja porque essa é a minha profissão.” A loira satirizou, assistindo-o revirar os olhos em sua visão periférica.

Ele grunhiu em dor ao sentir a agulha perfurar sua pele, e ela sorriu ao descobrir que vê-lo em sofrimento era um dos seus mais novos hobbies favoritos.


“Uma pena que você não terá que voltar para o Distrito esse mês… Adoraria ouvir os comentários dos seus colegas sobre esses hematomas.”

Bellamy riu, se arrependendo ao sentir os músculos de seu corpo se retesarem.

“Oh, claro que adoraria. Você é como aquelas ex namoradas vingativas que perseguem só pra ver a desgraça alheia.” A pretensão que exalava daquele homem a irritava de tal forma que a vontade de socá-lo sempre parecia maior do que qualquer outro tipo de sentimento.

Clarke parou por alguns segundos, olhando-o como se não estivesse acreditando naquelas palavras. Dentro de si a irritação parecia queimar como o inferno, e quando ela já tinha na ponta da língua uma resposta para aquela afronta, seu celular vibrou sobre a mesinha de centro.

Os olhos castanhos sagazes acompanharam os da loira, lendo a notificação que brilhava na tela do aparelho.

Uma mensagem de texto. Logo embaixo o nome do remetente fez com que seu maxilar se retesasse.

E ele pensando que o maldito Finn Collins havia dado uma trégua. Doce ilusão.

Ela ignorou, analisando seu trabalho mais uma vez. A sutura estava pronta, o corte estava limpo e desinfectado. A loira levantou os olhos claros para os ferimentos naquele rosto, não deixando de reparar que toda a sua audácia agora havia se dissipado.

Por um breve momento ela se perguntou se ele havia visto a notificação em seu celular, e a resposta estava bastante clara em seu rosto inexpressivo. Bellamy Blake sempre foi péssimo em esconder sua insatisfação, isso era um fato.

Clarke soltou um suspiro longo e pesaroso, molhando o pano na pequena bacia que havia ao lado de seu celular e então voltando sua atenção para o rosto estoico do moreno. Ela ponderou por alguns segundos, buscando seu máximo para ignorar o desconforto que sentia por estar tão perto, por ter que tocá-lo.

Seja profissional, Clarke Griffin. Você é uma profissional. Ele é apenas um idiota, não um monstro de sete cabeças.

Bellamy não deixou passar despercebido o fato de que a loira estava tão inquieta, que seu incomodo era quase palpável. Era sempre assim quando ele estava muito perto. Se Clarke fosse uma concha, ela certamente estaria se fechando naquele momento. Tentaria seu máximo para evitá-lo exatamente como ele sabia que ela estava fazendo agora.

E oh, esses tipos de situações eram seu verdadeiro deleite.

O que parecia ser uma eternidade se passou em apenas um minuto e logo o timbre dela invadia seus ouvidos ao confirmar a sua teoria.

“Você me confunde com alguém que se importa.” Ela murmurou, passando o pano levemente por suas bochechas e então afastando os cabelos negros em sua testa para limpá-la. Havia um corte em seu lábio e em seu supercílio, um roxo na maçã de seu rosto e um leve corte horizontal na fonte de seu nariz.

Bellamy sentiu os olhos azuis queimando sua face assim como sua epiderme parecia entrar em combustão com cada um daqueles toques. Mentalmente ele se amaldiçoava, incapaz de controlar as reações que seu próprio corpo tinha em contato com ela.

Se sentia um garotinho bobo e inocente diante de seu primeiro amor. Ridículo, ele pensou.

Clarke examinou a pele cor de oliva em busca de mais ferimentos, se deixando levar pelas pequenas sardas que já apareciam conforme o pano levava consigo mais um pouco do sangue que as escondiam. Quis sorrir, se sentindo pressionada demais pelo par de íris castanhas para fazê-lo.

“Isso soou como algo que eu falaria.” Ele replicou, os olhos ainda presos no rosto pálido da loira.

Oh céus, ele queria tanto tocá-la.

Ele queria tanto que teve que fechar os olhos ao sentir aqueles dedos roçarem delicadamente por suas sardas, desenhando-as de forma sutil. Seu peito doía em pura frustração, uma sensação impertinente que lhe atormentava sempre ele olhava para ela e aquele lembrete brilhava em letras garrafais em sua mente: Clarke Griffin jamais seria sua.

Ela levantou as íris claras, assistindo os olhos negros despertarem de qualquer que seja os devaneios que lhes prendiam.

“Que você falaria? Se você não se importasse talvez parasse de perder tanto tempo me perseguindo.”

Bellamy sorriu debochado, enquanto os dedos gélidos de Clarke colocavam um band-aid no machucado em seu nariz.

“Você realmente acha que eu perco meu tempo te perseguindo, Princesa?” E lá estava ele, o maldito apelido. “Seu ego é maior do que eu imaginei.”

A loira colocou o pano dentro da bacia, rindo em réplica a menção de seu ego. Aquele cara era mesmo inacreditável.

“Talvez nós devêssemos fazer uma competição qualquer dia, o meu ego contra o seu.” Respondeu sarcástica. “O que posso dizer é que eu não fico toda ferrada por ter dormido com gente comprometida.”

O sorriso cruel cresceu nos lábios desbotados do Blake, e ela sentiu a vontade de tirar o gesto arrogante daquele rosto aumentar. E foi logo após ter pego seu celular para responder a mensagem que havia recebido há pouco que as palavras lhe atingiram como um soco certeiro no estômago.

“Tem razão, você está acostumada a fazer isso e ser a última a saber.” Ele tentou se levantar, se apoiando no braço do sofá. “Obrigado, Princesa. Sinto muito se não sou um canalha que tem um relacionamento duplo, até porque, claramente ele se importa de verdade com você.”

E foi com uma piscadela que ele saiu se arrastando, se escorando em objetos para seguir seu destino até o quarto de visitas.

“Você é odioso. Odioso!” Clarke brandava, o rosto queimando pela raiva desesperadora que aquelas palavras amargas e grosseiras haviam lhe causado. “Eu odeio você, Bellamy Blake. Odeio!”

Ele parou por um instante, o peso de seu corpo se recostando na quina da parede que conectava a sala de estar ao corredor dos quartos. O coração batia dolorido no peito, deixando que o desprazer que aquele sentimento lhe trazia o corroesse como soda cáustica.

“Diga algo que eu não sei.”

E foi sem olhar para trás que ele seguiu da forma mais árdua possível até o quarto de hóspedes.

Bellamy Blake era definitivamente um mal agradecido da pior raça. Isso foi tudo o que ela conseguiu concluir em meio ao seu ódio, pisando forte até seu quarto, batendo a porta rispidamente.

Idiota egoísta.



***


Bellamy nunca foi bom em colocar seus pensamentos em ordem. Normalmente eles passavam por seus lábios antes mesmo que ele pudesse pensar se aquilo era o certo a se falar, muitas vezes o deixando em situações bastante comprometedoras.

Seu gênio também não ajudava muito. A teimosia lhe era característica desde o primeiro sopro de vida, herdada de uma longa linhagem de pobres bastardos que tinham como destino lutar por cada coisa almejada com unhas e dentes. Diferente de algumas famílias, eles não conseguiam nada facilmente; sempre envolvia muito esforço, força de vontade e teimosia.

E foi assim durante seus vinte e seis anos de vida, e ainda era.

Ele lutava por um futuro melhor desde que se entendia por gente, muito ocupado com a responsabilidade de ser um irmão mais velho para se colocar como prioridade. Octavia era sua prioridade, sempre foi, e talvez por isso ele se via cada vez mais perdido conforme aquela maldita data se aproximava.

O dia em que ele teria que entregar seu bem mais precioso nas mãos de um cara que ele jamais confiaria o suficiente.

Perdeu as contas de quantos turnos ele fez como bartender, quantos empregos ele chegou arrumar em um ano, quantas vezes ele olhou para o céu e pediu por um pouco mais de força para fazer a coisa certa. E por um longo período de tempo, ele foi bem-sucedido.

Há três anos e meio ele entrava na Academia de Polícia de Chicago, pronto para começar um novo ciclo de sua vida. O dinheiro era escasso no começo, mas seus planejamentos financeiros vieram a calhar. Era árduo, exigia grande parte de seu desempenho físico e mental, contudo desistir nunca esteve em questão.

E em momentos como aquele, quando olhava para seu distintivo de detetive com o orgulho brilhando em seus olhos, ele agradecia mentalmente a teimosia herdada dos pobres bastardos. E tinha certeza que se sentiria da mesma forma ao ver Octavia com seu diploma nas mãos, realizando o maior sonho de sua mãe.

Ainda doía pensar que ela não estava mais ali para presenciar aquelas conquistas. Era doloroso pensar que o foco de sua motivação não teria oportunidade de vê-los honrar o sobrenome, os sacrifícios que ela fez com tanto amor para que eles crescessem e tivessem vidas diferentes das que lhes eram destinadas.

Enquanto Bellamy existisse, ele honraria a memória de Aurora Blake. Essa promessa ele havia feito um pouco antes de completar dezenove anos, e a levaria consigo até seu último suspiro.

Naquela manhã, depois de passar horas encarando o teto daquele quarto remoendo suas últimas atitudes, os músculos de seu corpo pareciam ter dado uma trégua – certamente por culpa dos remédios que Clarke o fez engolir como uma criança de cinco anos. O corte em seu braço ainda lhe incomodava, e a dor de cabeça era quase insuportável, mas nada que um bom café não resolvesse.

Raven e Octavia não haviam voltado desde a noite anterior, e já imaginando o paradeiro da última, ele agradecia mentalmente. A ausência de sua irmã implicava em mais tempo para sair dali antes que ela voltasse e olhasse para seu rosto repleto de hematomas. Uma visão nada agradável que poderia muito bem fazer um chuvisco virar uma tempestade.

Octavia não havia berrado tanto em seu ouvido devido ao incidente no quarto de Clarke, mas ela certamente encarnaria no demônio se visse o que aquela maldita noite resultou – além de uma Clarke Griffin bastante ofendida, é claro.

Ele se arrastou até a cozinha, um pouco incomodado com o silêncio que lhe fazia companhia, os olhos escuros parando sobre os dois comprimidos em cima da mesa ao lado de um pequeno bilhete escrito à mão. Ele conhecia aquela caligrafia como a sua própria.


Tome-os após o desejum, nada de álcool.

Espero que você se engasgue e eu não tenha que ver sua cara por um tempo.

Com desamor,

Clarke.




Os lábios se esticaram em contentamento com a provocação, e ele guardou o bilhete no bolso de sua calça. O café ainda estava quente perto da pia, e tinha algumas torradas como acompanhamento em um prato pequeno.

Ele havia entendido o que tudo aquilo significava, o que ela queria deixar no ar mesmo depois de todas as palavras duras e os desentendimentos constantes. O que mesmo subintendido, fazia com que seu coração pulasse uma batida.

Ela se importava.


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Notas finais do capítulo

E aí está meu capítulo favorito até agora! Hahaha. Eu amei escrevê-lo, espero que vocês tenham sentido o mesmo ao lê-lo. Estou muuuuuuuito agradecida pelos comentários, vocês são uma lindas mesmo. Obrigada de verdade pelo feedback, isso faz com que a vontade de continuar só aumente. Tenham isso em mente caso gostem mesmo dessa história, eu adoro interagir com meus leitores e ver que eles estão gostando de verdade.

Por isso... façam essa acéfala que vos fala feliz e deixem um comentário! ;)

(Ps: aos leitores de AAY, peço muita paciência com a minha pessoa. Logo sanarei seus anseios, sejam compreensíveis e pacientes.)

Mamãe ama vocês! Beijinhos xx



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