Once In a Lifetime escrita por selinakyles


Capítulo 30
You don't know your own strength.


Notas iniciais do capítulo

Opa, olha eu aqui de novo!
Capítulo betadíssimo pela Kida, essa deusa.

Divirtam-se, meus padawans.



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Chapter thirty –

O desespero de Octavia se alastrava por cada canto da sala de espera, transbordando também em gotículas salgadas que escapuliam pelos tristes olhos esverdeados, seu peito se tornando cada vez menor para o tamanho de seu coração.

“Vai ficar tudo bem, big O. Clarke é uma ótima médica, ela vai cuidar da little O.” Os dedos finos de Raven passeavam pelos longos fios escuros daqueles cabelos, puxando sua cabeça para aconchega-la em seu ombro.

“Não era para ser assim, Rav. Ela está sentindo o ambiente pesado, Lincoln e eu somos péssimos pais. Isso não está certo!” Um soluço sôfrego se mesclou em sua voz, quase doloroso.

“Você sabe que não é assim. Ela é só uma criança, Octavia. Crianças ficam doentes, é a coisa mais normal do mundo.”

Os olhos escuros de Raven procuraram pelo pequeno garoto dormindo em uma posição desconfortável na cadeira ao lado, os olhos se fechando por um momento para depois volta-los para o rosto aflito de sua melhor amiga.

Antes que ela pudesse lhe responder, sua atenção foi sugada para o homem apressado que entrava pelas portas de vidro da sala de Emergência. A preocupação cintilava em seu olhar à medida que ele vasculhava cada rosto ali presente procurando por sua irmã.

Octavia se levantou subitamente, correndo em direção ao Blake mais velho como se sua vida dependesse disso, como se ele pudesse aliviar um pouco o estado desolado em que ela se encontrava. Acalentar o coração que pesava em puro remorso dentro de si.

Raven admirava aquilo. Como uma pessoa que cresceu sozinha, sem irmãos ou até mesmo pais que a amassem e lhe servissem de porto seguro, era normal sentir um pouco de inveja de um laço como aquele que os Blake nutriam.

Entretanto, ela tinha Clarke e Octavia. Não foi assim por toda sua vida, mas por tempo o suficiente para que pudesse compreender verdadeiramente o que é ter uma ligação especial e independente de vínculo sanguíneo, para que ela entendesse o sentido de dar a vida por alguém.

E por aquelas duas Raven iria até o fim do mundo, sem dúvida alguma.

“O que aconteceu, O? Onde está Olivia?” Bellamy indagou alarmado ao se afastar o suficiente para que pudesse limpar as lágrimas que manchavam as feições delicadas de sua irmã, estudando-a minunciosamente.

Octavia se engasgou em seus soluços, incapaz de formular uma sentença devido ao choro que insistia em lhe desestabilizar.

Sua filha era seu mundo, sua vida, seu coração. Como ela viveria sabendo que algo aconteceu a ela por culpa de sua negligência, seu egoísmo? Somente uma boa notícia lhe traria paz naquele momento.

E quando a cabeleira loira de Clarke entrou em seu campo de visão, era como se nada mais ao seu redor existisse além dela.

Os olhos claros da Griffin lhe encararam compassivos, vacilando rapidamente para o homem que permanecia explodindo de inquietação ao seu lado. A morena assistiu diante de seus olhos Clarke prender a respiração e parar por um instante, se recompondo antes de continuar seu caminho até os Blakes.

Consumia muito de seu autocontrole estar ali naquele momento, e Octavia sabia.

“Está tudo bem, os exames já saíram e ao que tudo indica Olivia está com um caso nada peculiar de otite.” Explicou a loira, assistindo Raven segurar a mão pequenina de Robbie com a sua antes de voltar sua atenção para a mãe aflita diante de si. “Os vômitos, a febre e a dor de cabeça são sintomas garantidos pela infecção. Você notou alguma irritação? Ela tem mexido muito nos ouvidos ou balançado a cabeça?”

“Faz alguns dias que ela não come direito e tem tido um comportamento estranho, sim. Não pode ser tão simples, ela se contorcia de dor durante todo o trajeto...”

Octavia escondeu o rosto em suas mãos, aflita, angustiada. A mesma culpa que corroía suas entranhas era a que lhe impedia de cessar o choro, a sensação de impotência lhe devastando ao se lembrar do estado em que sua pequenina estava ao chegar ali.

“Ei, ei, não precisa mais chorar. Ela está sendo medicada e vai poder voltar para casa amanhã de manhã, porém eu vou ter que pedir atenção redobrada até que tudo isso passe. Acontecer uma vez é inofensivo, pode ser tratado e pode vir a ocorrer até mesmo por culpa das mudanças do clima. Não se culpe. Você não é uma péssima mãe por sua filha ter ficado doente.”

“Foi o que eu disse.” A voz de Raven soou convencida. Um sorriso preguiçoso curvando o canto de sua boca. “Robbie já passou por isso também. O clima de Chicago não ajuda muito.”

Octavia vacilou os olhos esverdeados entre as amigas, o alívio lentamente tomava o lugar de todas aquelas sensações ruins que lhe acompanharam nas últimas horas.

“Eu não sei como vou fazer. Lincoln voltou para resolver um problema na sede em Atlanta, Bell tem que trabalhar e eu tenho um projeto para ser entregue amanhã. Eu vou perder a oportunidade da minha vida por ser uma péssima mãe. Eu sempre soube que seria.”

Clarke acariciou o rosto da melhor amiga, consolando-a, compreendendo-a. Ao mesmo tempo se perguntava como ela conseguia ser tão cega em não ver o quanto Olivia a adorava, o trabalho incrível que ela estava fazendo como mãe.

Claramente, aquele era um tópico que lhe trazia insegurança.

Octavia nunca desejou a maternidade. Desde muito cedo acreditava que não tinha o mesmo instinto maternal que sua mãe tivera, pensava que jamais seria capaz de gerar e criar outro ser, entregar parte de sua vida a isso.

Ela sempre teve um espírito aventureiro, um coração selvagem. Quando soube de sua gravidez, não foi como uma daquelas cenas de filmes em que a mulher demonstra realização e felicidade imensurável. Sua insegurança atingiu níveis que jamais imaginou, e com o nascimento de Olivia as coisas apenas pioraram.

“Você não pode pensar assim sempre, O. Não pode simplesmente colocar em mente que não é uma boa mãe e aceitar isso como se fosse a maior verdade do mundo.” Bellamy se manifestou. O tom imperativo reforçando a leve irritação que as palavras de sua irmã lhe causaram.

“Eu sou realista, Bell. Olivia merecia mais. Ela merecia um pai presente, merecia uma mãe que soubesse cuidar dela. Essa é a minha verdade e eu sou consciente o suficiente para aceita-la.”

O moreno bufou se afastando de Octavia para se sentar em uma das cadeiras. As mãos passeavam por seus cabelos negros, bagunçando-os no gesto que expressava nitidamente a sua frustração.

“Onde você está hospedada, Octavia?” A pergunta de Clarke era simples, não entregava em nada o que se passava por sua cabeça.

“Em um dos hotéis do sócio do Lincoln, na Quinta Avenida.”

A loira voltou seu olhar para Raven, mantendo suas safiras azuladas presas no castanho acolhedor daquelas íris por tempo o suficiente para que ela captasse o que tinha em mente. A Reyes assentiu. Seus lábios se curvando em confirmação.

“Raven está ficando no meu apartamento. Na verdade, eu acho que você também deveria ir para lá. Você sabe, Olivia vai precisar de atenção redobrada e Raven pode ficar com ela e Robbie enquanto nós estamos ocupadas.”

“Operação babá, quem não ama?” A Reyes ironizou, se levantando para se aproximar das amigas.

“E quando eu estiver em casa me certificarei de que a infecção está se curando. Ainda mais, poderíamos relembrar os tempos em que moramos juntas em Chicago.” O sorriso que iluminou as feições de Clarke fez com que algo comichasse dentro da Blake. Satisfação, talvez. “O que me diz? Tem lugar para todo mundo.”

Octavia ponderou. Sua atenção voltando para seu irmão mais velho. Ela pôde jurar que o flagrou estudando por tempo demais a loira que permanecia apreensiva ao seu lado, tentando seu máximo em evitar o sorriso que insistia em surgir diante daquela constatação.

“Não vamos atrapalhar você e sua namorada?” A Blake mordeu a parte interna de sua bochecha, hesitante.

 “Oh, por favor!” Raven bufou, revirando os olhos em replica a tudo aquilo. “Eu tô vendo o que você tá tentando fazer, Blake.”

Octavia deu de ombros, avistando Bellamy novamente, dessa vez compenetrado demais em algo que via em seu celular.

“Posso ver minha pequena agora, Loira?”

“Com certeza! Ela só sabe perguntar de você.”

O braço de Clarke envolveu o da amiga, guiando-a para o quarto onde Olivia estava instalada.

Uma última piscadela para Raven, e logo elas estavam completamente fora de seu campo de visão.

“É, Blake irmão... parece que ficamos de fora do Clube da Luluzinha. Hora de colocar o papo em dia.”

Bellamy a direcionou um olhar cheio de escárnio antes de voltar a se entreter com o pequeno aparelho em suas mãos.

 

***

 

Para Clarke Griffin, algo parecia estar muito errado com sua vida naquelas últimas semanas. Não foi por falta de tentativas, ela tentou não pensar que aquilo era mais uma das brincadeiras de mau gosto do destino, entretanto, tudo a levava a entender o contrário.

Outra vez uma piada amarga do acaso, mais uma bagunça emocional a ser jogada para debaixo do tapete.

Restava apenas mais alguns minutos antes que tudo se tornasse turvo demais e ela voltasse a acordar na sala de Dr. Jackson, nada pronta para mais um dos sermões sobre a importância do descanso e as consequências físicas e emocionais do desgaste exacerbado.

O que ela poderia dizer? Havia sido um longo dia. Um cheio de emoções e reviravoltas. Situações inusitadas, conversas com um teor exagerado de sentimentalismo, reencontros.

Era reconfortante lembrar que só vestiria aquele uniforme novamente após dezesseis horas do mais aguardado sono da semana. Um pouco de tranquilidade em meio à tempestade de acontecimentos que vinha lhe tirando dos eixos ultimamente.

Clarke se direcionou ao caixa da cafeteria, a enxaqueca lhe incomodando muito mais do que deveria. Efetuou seu pedido e aguardou no balcão ao lado, esperando que Fox – uma das funcionárias que sempre lhe atendia com um sorriso largo e uma simpatia contagiante – lhe trouxesse seu café puro, amargo, do jeito que gostava.

“Um expresso duplo, por favor.” O timbre grave reverberou atrás de si, e ela não precisou se virar para saber a quem pertencia.

O escuro daquelas íris queimava sua nuca, a ansiedade percorrendo por cada vértebra de sua coluna antes de se alojar em seu estômago. Reações mínimas comparadas ao ataque de pânico que ela havia tido diante dele.

Seria ridículo se não fosse vergonhoso.

“É bom te ver novamente, Clarke.” E o sorriso contido que criava vida ressaltava a pequena cicatriz que marcava seu lábio superior, as marcas de expressões acentuando suas feições.

Havia pequenas rugas no canto de seus olhos quando sorria. Um pequeno lembrete de que o tempo havia passado para Bellamy também.

A loira abriu a boca, as palavras morrendo em sua garganta antes mesmo de serem proferidas. A avalanche de pensamentos que circulava por sua mente foi calada pela voz doce de Fox, chamando-a para entregar seu tão esperado café.

Ela agradeceu a garota, o suspiro pesado preenchendo o silêncio da cafeteria quase vazia. Costumava ser assim àquela hora da noite, pouco movimento comparado à correria das primeiras horas da manhã.

“Eu não consigo.” Foi tudo o que ela se limitou em dizer.

Um brilho confuso pairou nos olhos castanhos de Bellamy, o sorriso se desmanchando aos poucos.

“O que? Acho que n...”

“Fingir casualidade.” A loira o cortou rapidamente, levando o copo em sua mão até seus lábios rosados. O amargo do café nunca se encaixou tanto em uma situação. “Eu acho que estamos além disso, Bellamy.”

O moreno retirou seu pedido sem desviar por nem um momento sua atenção da mulher ao seu lado, esperando que ela continuasse a falar. Clarke Griffin sempre tinha algo mais a dizer, era uma pena que ele a conhecesse tão bem.

“Essa formalidade forçada de quem passou anos sem se ver.” Ela explicou, agradecendo aos céus por não tropeçar em suas próprias palavras. “Estamos além disso.”

Um riso rouco escapou pelos lábios do Blake, indicando com a cabeça uma das mesas vazias do refeitório para que eles pudessem se sentar.

Clarke o seguiu, se sentindo observada por aqueles olhos durante todo o caminho. Ele não precisava disfarçar. Bellamy nunca foi bom em ser sutil. Ela apenas não conseguia evitar o pensamento de que talvez, apenas talvez, ele se sentisse tão acanhado com tudo aquilo quanto ela.

Simplesmente não parecia certo ele agir com tanta normalidade quando tanta água havia passado por aquela ponte. Contudo, era assim que Bellamy Blake aparentava estar. Confortável.

“Nós crescemos juntos. Você me viu perder os dentes de leite, eu te vi ter seu primeiro beijo com Roma Davis na terceira série. Você me viu brigar com uma garota duas vezes do meu tamanho por ela estar praticando bullying com Octavia...” As palavras fugiam de sua boca conforme se formavam em sua mente.

... E eu simplesmente te deixei ir quando você não mais queria ficar.

A Griffin engoliu a seco, levando novamente o líquido amargo até sua boca, esperando que ele a trouxesse um pouco mais para sua realidade.

 “E eu te vi literalmente quebrar o nariz de...” Ela ponderou por um instante se deveria ou não terminar sua sentença, assistindo-o sorrir.

Um daqueles sorrisos incapazes de chegar aos seus olhos. A superficialidade lhe atingindo como um soco.

“Finn Collins. Eu quebrei o nariz do Finn Collins.” Bellamy completou, bebericando seu café com uma tranquilidade que só a deixava ainda mais inquieta.

Seu olhar se prendeu no dele, todo o arrependimento transparecendo no azul límpido de suas íris. Algo dentro de si se revigorava enquanto ela se perdia ali, na imensidão negra onde sua paz de espírito se encontrava.

Era olhando naqueles olhos que por muitas vezes Clarke se esquecia de quem era, que as feridas de sua alma se tornavam menos doloridas. Não havia um fardo a ser carregado ou consequências para lidar, apenas a calmaria e o equilibro que sua alma cansada necessitava.

Por tanto tempo ele foi seu ponto de paz, em momentos que ela sequer foi capaz de reconhecer, ele esteve lá por ela. Bellamy esteve presente por mais da metade de sua vida, e ainda assim, um conjunto de escolhas erradas o fez ir embora.

“Eu não tive a oportunidade de te agradecer.” Clarke disse finalmente, quebrando o contato antes que perdesse seu equilíbrio. “Você sabe, pela noite no restaurante.”

Seus olhos castanhos se estalaram levemente, um tanto surpreso por ela ter se recordado de que ele esteve lá. Como uma criança que havia sido pega na mentira, sua linguagem corporal o denunciou.

“Eu consigo me lembrar. Na verdade, sua voz é tudo o que eu conseguia ouvir sobre toda aquela... situação.” Clarke coçou a ponta de seu nariz, os cabelos caindo como uma cortina dourada e cobrindo parcialmente o rubor que pinicava nas maçãs de seu rosto. “Me desculpe... Você sabe, por tudo. Foi um infortúnio você ter que presenciar aquilo.”

Bellamy suspirou, a mão bagunçando as ondas negras de seu cabelo um pouco mais curto do que costumava usar anos atrás. A loira conhecia aquele gesto, era como se o tempo não tivesse passado.

Ele estava mais velho agora. Seus ombros pareciam estar um pouco mais largos, seu corpo mais forte e definido. Os cantos de seus olhos já se enrugavam quando sorria, e dele emanava um ar de maturidade invejável.

Claramente, Bellamy era o tipo de pessoa que te faz sentir como se estivesse em casa. Se é que isso era possível.

“Não precisa me agradecer. Eu faria por qualquer pessoa.”

Clarke tentou não transparecer o efeito que suas palavras causaram, sua atenção muito presa no copo em suas mãos para encará-lo diretamente. Ser vulnerável diante dele era a última coisa que precisava naquele momento.

“Não importa, muito obrigada. Você não tinha que ter me ajudado, e ainda assim ajudou.” Ela o fitou sob os longos cílios, a serenidade gravada em seu rosto cansado. “Eu não quero que você se sinta desconfortável, você sabe, sobre isso.”

Bellamy riu, e novamente era como se ela estivesse fazendo papel de idiota.

“Não há nenhum desconforto, Clarke. Não da minha parte.” Ele deu de ombros, deixando que seu peso se apoiasse no descanso da cadeira. “O passado ficou no passado, não tem com o que se preocupar. Éramos jovens, fizemos algumas besteiras, vida que segue.”

Como você pode dizer isso? Uma voz gritava na consciência de Clarke, as sobrancelhas loiras se unindo na mais pura confusão. Algumas besteiras? É isso o que tudo aquilo foi pra você?

Sua cabeça meneou brevemente, seus pensamentos se revelando por meio do olhar perdido que ela direcionou a ele. Toda a frustração causada por suas palavras cintilando nas safiras azuladas, claras como o céu em uma manhã de verão.

A atenção de Bellamy foi sugada momentaneamente para o colar preso em seu pescoço delicado, o pingente dourado em forma de coroa se destacando na pele marfim. Certa obscuridade escurecia seu olhar ao notar que ela ainda usava aquele objeto, uma prova bastante nítida de que ela não foi capaz de deixar o passado para trás como ele havia sido.

Clarke nunca foi muito boa em se desligar de memórias, de emoções. Ele apenas gostaria de compreender verdadeiramente o que se passava em sua cabeça, saber se ela ainda olhava as coisas da mesma forma após aqueles anos.

Entretanto, era perigoso demais se envolver com a bagunça andante que era Clarke Griffin. 

“Tudo bem...” Ela deu de ombros, o copo praticamente vazio em suas mãos parecendo muito mais interessante do que a expressão incerta daquele homem. “Eu sei que eu não tenho direito, mas tem algo que eu realmente preciso conversar com você. Não aqui, não agora. Eu tenho algo importante para te dizer, e se eu não fizer logo eu sei que eu não vou mais conseguir fazer.”

As sobrancelhas negras de Bellamy se uniram diante da aflição expressada em suas palavras, os olhos claros daquela mulher adotavam um brilho incomum devido às lágrimas que já os umedeciam.

Ele não podia vê-la chorar, definitivamente, aquilo já era demais.

“Me dê seu celular.”

Clarke hesitou por uma fração de segundo antes de entregar a ele o aparelho, assistindo-o durante todo o tempo. O celular de Bellamy apitou em seu bolso, e ele o ergueu até seus olhos para que ela pudesse visualizar seu número iluminando a tela.

“Me mande o endereço e o horário, darei um jeito de ir.” Ele disse simplesmente antes de arrastar a cadeira para se retirar. “Eu vou indo agora, preciso ver minha sobrinha com meus próprios olhos se quiser sentir um pouco de paz. Foi realmente muito bom te ver, Clarke.”

A Griffin o imitou, assentindo em resposta antes de vê-lo seguir o caminho de volta até a sala de espera.

E se algo parecia estar muito errado em sua vida, ter Bellamy Blake de volta nela nunca pareceu tão certo.

 

***

 

Não demorou muito para que Clarke notasse que mesmo sendo tarde da noite, alguém havia entrado em sua cobertura e deixado a porta aberta. Um costume nada agradável de Niylah e seu jeito despreocupado.

Charlie as recepcionou com seu rabo balançando freneticamente, animada por ter sua dona por perto. Raven estava ao seu encalço, Robbie adormecido em seu colo quando passaram pela entrada.

Sua companheira permanecia sentada em seu sofá, a silhueta esguia exalava uma tensão que a deixou intrigada. Os olhos castanhos esverdeados muito compenetrados no objeto que tinha em mãos para encarar diretamente as duas mulheres que a estudavam confusas.

“Rav, você sabe onde será seu quarto, certo? O mesmo de sempre, um pouco antes do meu.”

O cansaço nublava a capacidade de interpretação da Reyes, mas não o suficiente para não notar o clima pesado que preenchia o ambiente. Seu olhar se fixou em Niylah e na caixa azulada que ela tinha em sua posse.

E qualquer pessoa que verdadeiramente conhecesse Clarke Griffin sabia o valor sentimental que aquela peça tinha para ela. Naquela caixa estavam seus mais ocultos segredos, todas as lembranças que nunca fora capaz de se livrar, o que restou do que poderia ser.

Raven apenas assentiu, se direcionando até as escadas com seu pequenino em seus braços. Clarke jurou que a escutou resmungar algo em espanhol, voltando sua total atenção para a loira a sua frente assim que a Reyes fechou a porta de seu quarto.

“John me contou que você foi visita-lo essa tarde.” Niylah começou, tranquilamente. “Tudo o que eu tinha em mente quando entrei no seu apartamento essa noite era uma forma de te agradecer, você sabe, por ser esse tipo de pessoa. O tipo que se importa, que se esforça. Por que não? Você merecia um agradecimento digno da companheira que vem sendo nesse último ano que estivemos juntas.”

Suas palavras ganhavam certa aspereza, uma amargura que não combinava com o feitio tão doce daquela mulher. Clarke teve que massagear a junção entre suas sobrancelhas para tentar evitar a dor de cabeça que se iniciava ali.

A exaustão lembrando-a que aquele não era um bom momento.

“Niya, eu tive um dia cheio...”

“Não Clarke, me deixe terminar, isso é importante. Na verdade, isso é decisivo.”

O cenho da Griffin permaneceu franzido, os olhos claros vacilando entre a caixa azulada que ela tinha em posse e seu olhar inexpressivo.

E naquele instante, a realização lhe assolou como a brisa que invade seu quarto todas as manhãs, trazendo um arrepio nada prazeroso por sua espinha.

Niylah sabia. Ela estava ciente de tudo o que Clarke tanto se esforçou em manter guardado e o que acontecia diante de seus olhos era a consequência de sua omissão. Sua incapacidade de se permitir estava ali, esteve sempre ali, e a forma cheia de pesar que aquela mulher lhe encarava só reforçava ainda mais seu fracasso.

Um lembrete claro do quanto ela falhou em se convencer de que seria diferente dessa vez, de que ela conseguiria finalmente ter um relacionamento duradouro e saudável.

“Eu pensei estar imaginando coisas quando vi aquele homem ao seu lado, tentei fingir que não tinha ligação alguma com o fato de você ter desmoronado diante dos meus olhos depois de sete meses sem uma crise de ansiedade sequer. Tinha que ter um motivo, Clarke. Tinha que fazer sentido mesmo que eu não quisesse ver.” Ela abriu a caixa, tirando de lá uma das fotos guardadas com tanto esmero.

No pedaço de papel estava registrado um dos feriados de quatro de julho no rancho de seu pai, em Savannah. Clarke e Bellamy estavam de pé no deck, assistindo os fogos de artifícios que surgiam no horizonte e se refletiam nas águas calmas da lagoa onde por tantos anos passou suas férias de verão.

Octavia tirou aquela foto sorrateira como um paparazzi, capturando exatamente o momento em que Bellamy a admirava contemplativo enquanto a Griffin permanecia encantada demais pelas luzes coloridas que brilhavam no céu tingido pelo tom já escuro do crepúsculo para notá-lo.

Era explícita a adoração expressada em seu olhar. A forma como ele a observava como se ela fosse o espetáculo diante de seus olhos, e não o show de luzes que acontecia naquele momento.

O peito de Clarke se comprimiu, e foram necessários alguns segundos para que seus pulmões adquirissem o ar que tanto eles necessitavam.

“Eu não tinha o direito de mexer nas suas coisas, e por isso eu te peço desculpas. Eu estava procurando uma toalha quando eu encontrei sua caixa. Nada nunca fez tanto sentido como passou a fazer assim que eu vi o conteúdo nela.” Niylah depositou a caixa no sofá, se levantando.

A mágoa que pairava naqueles olhos trouxe de volta a culpa que se manifestava em forma de nó, ardendo em sua garganta. Não era para ser assim, as coisas não deviam tomar esse rumo.

Clarke estava assistindo todo seu esforço desmoronar diante de si conforme o que restava de seu relacionamento escorria pelo ralo. E era na ponta de sua língua que as palavras morriam, insuficientes.

“Eu... Me desculpe, Niya. Eu devia ter falado, eu devia... ter sido menos fraca.”

“Não diga isso, você não é fraca. Nunca foi uma questão de força, era tudo sobre sinceridade.” Um suspiro ruidoso escapou por seus lábios finos, os olhos se escondendo por trás de suas pálpebras. “Está tudo bem, Clarke. Parte de mim sempre soube que você guardava algo para si, estava bastante claro que nós não estávamos na mesma página.”

A Griffin se acercou ainda receosa, segurando as mãos mornas daquela mulher junto das suas gélidas. Elas tinham tanto potencial, isso sempre esteve bastante claro. As coisas eram tão simples ao redor dela, tudo parecia mais fácil, a calmaria que Clarke necessitava quanto tudo na sua vida era tormenta.

Niylah lhe transmitia um conforto que, por muitas vezes naquele ano, juntas, foi o que lhe manteve de pé. Sua presença era firme e reconfortante como um abrigo em meio a uma tempestade, e ela jamais se perdoaria em perder aquela amizade.

Entretanto, pensar que aquele caso seria diferente foi um engano. Estava escrito assim, Clarke entrava na vida das pessoas para machucá-las. Nunca foi diferente, não seria agora.

Ela deveria saber.

“Era como se você estivesse com um pé atrás esperando acontecer algo. Esperanças. Você é cheia delas e sequer nota.” Niylah levou as mãos de Clarke até seus lábios, beijando os nós de seus dedos. “Você é uma mulher forte, só precisa acreditar mais nisso.”

Uma lágrima solitária morreu em sua boca, o gosto salgado apertando ainda mais o bolo de culpa que se alojava em sua faringe. Ela merecia mais do que alguém que lhe entregava metades enquanto ela se entregava por inteiro.

Aquela mulher era merecedora de um amor arrebatador, digna de uma reciprocidade que uma pessoa quebrada como Clarke jamais seria capaz de lhe proporcionar. Era hora de deixa-la ir, por mais despreparada que estivesse se sentindo.

“Você não sabe a força que tem, Clarke Griffin.”

“Eu não sei se estou preparada para isso, Niya. Eu não quero estar.” Ela insistiu, as íris claras se transbordando em uma súplica silenciosa. “Eu não quero ficar sem você, mas ao mesmo tempo, eu não quero ser tão egoísta. Não parece certo.”

A mão de Niylah acariciou os fios loiros de seus cabelos, pousando os lábios macios demoradamente em sua testa. Um gesto tão simples com um significado tão grande. Um símbolo de carinho, gratidão, e ao mesmo tempo, uma despedida.

“Vai parecer certo, Clarke. Dê tempo ao tempo.” Ela se afastou o suficiente para fita-la diretamente. “Busque por aquilo que te traga paz. Nós ficaremos bem. Não da forma que deveríamos, mas ficaremos.”

A Griffin forçou um sorriso frouxo, engolindo a seco o que restava de suas forças quando Niylah passou por ela em direção à saída. Suas pernas manifestaram uma fraqueza súbita assim que ouviu a porta se fechar e seus olhos se fixaram na caixa azul abandonada em seu sofá.

Não era um coração partido que fazia seu tórax oscilar dolorosamente, mas sim a decepção de ser a culpada outra vez pelo fim de seu relacionamento. Clarke degustava o fracasso como se ele fosse um de seus vinhos caros.

O quão deprimente poderia se tornar?

Ela suspirou, beliscando a ponte de seu nariz antes de pescar o celular em seu bolso e subir de dois em dois degraus as escadas que a levariam até seus aposentos.

Charlie estava deitada no tapete ao lado de sua cama, as orelhas se erguendo ao notar sua presença. As safiras azuladas encaravam o número que brilhava na tela do aparelho, a ansiedade comichando em seu estômago como um enxame de abelhas.

A hesitação fez com que ela mordiscasse a parte de dentro de sua bochecha, vacilando seu olhar entre a cadela que a encarava inexpressiva deitada perto de seus pés e o celular aberto em sua caixa de mensagens onde o nome dele se destacava.

Clarke Griffin

11:43 pm

Pode vir aqui amanhã?

Localização anexada

Bellamy Blake

11:49 pm

Horário?

Sem que ela pudesse conter, seus lábios se curvaram timidamente.

Clarke Griffin

11:50 pm

Dez da manhã está bom para você?

As reticências piscaram por alguns segundos, a nuvem azulada com sua resposta pulando na tela logo em seguida.

Bellamy Blake

11:51 pm

Está combinado.

 

***

 

“Você não parece alguém que acabou de terminar um relacionamento.” Raven atestou um pouco antes de colocar uma torrada no prato de Robbie, se sentando em sua cadeira logo em seguida.

A loira admirava o céu cinzento de New York pelas paredes de vidro de sua cobertura, completamente absorta na bola de neve de pensamentos que preenchiam sua mente. O cotovelo se sustentava na mesa de vidro, a palma de sua mão apoiando sua bochecha saliente.

Tomava muito de sua vitalidade tentar não transparecer todo o nervosismo que corroía suas entranhas lentamente. O rosto inexpressivo daquele homem tomava cada canto de sua cabeça, tornando-a incapaz sequer de pensar no acontecimento inesperado da noite passada.

O grunhido de reprovação de Robbie ao provar sua torrada praticamente queimada foi o suficiente para trazê-la de volta para sua realidade, sua boca se repuxando em um gesto doce.

“E você não parece alguém capaz de usar uma torradeira.” Ela provocou, trocando a torrada do garoto pela sua. “Logo você, sempre tão inteligente.”

“Não se engane, eu entendo de tecnologia tanto quanto você entende de corpo humano. Foi só um momento de distração.” Ela rebateu ao erguer o queixo confiante. “Que é exatamente o que você está tentando fazer ao fugir do assunto, me distrair. Não vai funcionar, chica.”

Clarke se levantou, dando a volta em sua bancada para começar a preparar um desjejum decente em sua cozinha americana. Uma saída conveniente para evitar o olhar inquisitivo de sua melhor amiga, o mesmo que era capaz de decifrar cada canto de sua mente.

Ter Raven por perto era revigorante, a chance de ser ela mesma sem precisar de máscaras ou omissões. Porém havia exceções, e aquele momento era uma delas. A persistência daquela mulher era tão impressionante quanto era irritante.

E a Griffin não se sentia preparada para tocar naquele assunto. Caramba, ela sequer sabia o que estava se passando dentro dela após o dia anterior. No entanto, nada disso foi suficiente para evitar que entrasse em contato com ele.

Talvez ela e Raven não fossem tão diferentes assim. A teimosia sempre seria um traço comum entre elas.

“Eu não sei, Rav. É tudo muito recente.” Ela reuniu os ingredientes, bastante concentrada em preparar suas omeletes com bacon. “Eu tenho a tendência de machucar as pessoas, acho que eventualmente isso aconteceria com Niylah. Estou triste, mas ao mesmo tempo acho que ela ficará bem melhor sem mim.”

“Sabe o que eu acho?”

Clarke arqueou uma das sobrancelhas, aguardando pelas palavras sempre atrevidas da Reyes.

“Eu acho que isso tudo é uma desculpa esfarrapada. Você poderia ter contado a ela, e se decidiu não contar é porque talvez ela não era quem você queria que ela fosse.”

A morena mordiscou sua torrada com geleia, oferecendo para o pequeno que encarava o prato como se estivesse decidindo se comeria ou não. Ao notar que seu filho não estava nem um pouco entusiasmado com seus talentos culinários, ela deu de ombros.

“O que você quis dizer com isso?” Clarke a encarou sobre seu ombro, o cenho se franzindo conforme ela adotava sua postura defensiva.

“Eu quis dizer isso mesmo que você ouviu.” Os olhos castanhos lhe encararam diretamente, desafiadores. “Que você queria que ela fosse outra pessoa. Os anos se passaram Clarke, e você ainda desaba toda vez que está na presença dele.”

“É patético.” A loira completou, bufando antes de desligar o fogo com rispidez.

“Patético é eu ter que ficar sabendo das coisas por meio do Wells. Eu sabia que a distância ia acabar me mordendo na bunda em algum momento... nada surpreendente você não ter comentado o episódio do restaurante.”

Raven revirou os olhos assim que Clarke trocou o prato de Robbie por um com uma omelete e bacons. Ela até mesmo havia se dado ao trabalho de desenhar um rostinho feliz com catchup.

A Reyes sabia que era uma péssima ideia deixar seu filho perto de Clarke por tempo demais. Ela o deixaria mimado, como se ele já não fosse o suficiente.

A loira depositou um beijo carinhoso nos cabelos loiros do pequenino que a admirava como se ela estivesse vestida com uma roupa de astronauta, seus heróis preferidos. Raven apenas assistiu à cena, entretida demais com o carinho que sua melhor amiga nutria por seu filho.

Ela teria sido uma mãe e tanto.

“Eu não tive tempo, Rav. Aconteceu há dois dias, e no dia seguinte você já estava aqui.” Clarke tomou um gole demorado de seu café, os olhos azuis se tornando vagos conforme a lembrança daquela noite ganhava vida em sua mente. “Você sabe o motivo do episódio, todos nós sabemos e agora até mesmo Niylah sabe. E é por isso que eu preciso contar a verdade a ele, de hoje não vai passar.”

A morena suspirou, enfiando em sua boca o que restava de sua torrada e virando o último gole de seu leite. Era de outro mundo a forma como ela comia, quase surpreendente se Clarke não estivesse acostumada.

Impressionante era o fato de ela sequer engasgar no percurso.

“Wells e sua língua grande. Uma coisinha acontece e ele simplesmente corre para contar para você e minha mãe, até parece que o mundo está acabando.” A Griffin revirou os olhos azuis, já formulando em sua mente o castigo que daria a ele por ser um fofoqueiro.

“Não faça isso, ele estava tentando ajudar. Se ele souber que eu te falei, ficarei sendo a última á saber das coisas como sempre acontece.”

“Como se isso fosse o suficiente para impedi-lo de dar com a língua nos dentes.” Ela mordiscou seu bacon, sorrindo assim que a risada gostosa de Robbie invadiu seus ouvidos. “Você acha isso engraçado, chiquito? Não seja fofoqueiro como o tio Wells, é muito feio.”

Clarke bagunçou os cabelos do pequeno risonho.

“Octavia mandou mensagem, disse que vem trazer as coisas dela e de Olivia depois das duas da tarde.” Raven retirou seu prato e o do garoto, se levantando logo em seguida. “Estou saindo agora, Clarkey. Já chamei um Uber. Espero que sua conversa com ele seja esclarecedora, porque hoje será um dia cheio para todas nós.”

A loira assentiu. As mãos passeando pelos fios desalinhados de seu cabelo dourado.

“Qualquer coisa me ligue, ouviu?” Raven pousou um beijo gentil na testa da amiga, assistindo-a se inclinar na altura de Robbie para que ele fizesse o mesmo em sua bochecha. “Dê um beijo na tia Clarke, chiquito. Estamos indo.”

O garoto envolveu o pescoço da Griffin com seus bracinhos, depositando um beijo estalado em seu rosto. O sorriso que ele tinha ao se afastar fez com que algo dentro de seu peito se acalorasse.

Ela amava tanto aquela criança que às vezes sentia como se ele fosse seu próprio filho.

Não levou muito tempo para que a porta da frente se fechasse, seus olhos buscando ansiosamente pelo relógio em seu celular. Nove e cinquenta e seis de uma manhã bastante corriqueira em New York.

Clarke pegou seu prato vazio e sua caneca favorita estampada com ‘this might be vodka’— um presente de Niylah em seu último Natal juntas -, e os colocou na máquina de lavar louças. O semblante magoado daquela mulher tomou conta de suas memórias, um pouco de sua paz se esvaia sempre que a loira se lembrava de que ela se sentira assim por sua culpa.

Ela aguentou os altos e baixos da vida sozinha por tanto tempo que ter Niylah ao seu lado, apoiando-a e segurando-a sempre que alguma de suas crises tinha início, lhe deixou mal-acostumada.

 E agora, mais uma vez, era ela sozinha contra seus medos e suas fraquezas. Sua autossuficiência teria que ser o bastante para enfrentar a tempestade que viria a seguir.

Era como se você estivesse com um pé atrás esperando acontecer algo. Esperanças. Você é cheia delas e sequer nota.

Clarke Griffin não se considerava uma pessoa esperançosa, contudo as palavras de sua ex-companheira lhe fizeram ponderar. E se tinha algo que ela detestava com todas suas forças era ter que tentar se decifrar, não havia nada que a fizesse compreender o que se passava dentro de si.

Como um barco à deriva em mares revoltos, ela se perdia, se desorientava, naufragava.

Era assim com pessoas intensas demais, um mistério trabalhoso a ser decifrado. E isso a recordava o quanto a senhora do filme do Titanic tinha razão: ‘o coração de uma mulher é como um oceano, cheio de segredos’.  

O interfone soou, alertando-a que seu convidado havia chegado. Seu estômago parecia que iria sair por sua boca a qualquer instante, a sensação apenas se intensificando ao vê-lo pela câmera de segurança.

Ela liberou sua entrada, descansando a mão sobre o coração frenético em seu peito.

A realidade lhe acertou como um belo gancho de direita. Era hora da verdade.

E nunca em toda sua vida, Clarke Griffin se sentiu tão amedrontada.



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Notas finais do capítulo

Ma oeeeee! Eu adoro torturar vocês com esses finais, já perceberam né? Deve ser por isso que cês fazem greve de comentário. As vezes eu até acho que eu mereço, só as vezes.
Bom, esse capítulo mais pareceu um filler né nom? Mas veja bem, analisem, eu coloquei bastante do desenvolvimento dos personagens nele. Octavia? Raven? Nossas três mosqueteiras de volta? Quem não quer? Quem não ama? Tô esperançosa que a dinâmica delas vai voltar a ser o que era antes. Mas vejam bem, todas elas tiveram suas experiências longe uma das outras, todas elas cresceram um pouco em determinados aspectos das suas vidas. Acho que deu pra mostrar (mesmo que pouco) isso.
E temos também o rapaz Bell! Acho que ninguém tava esperando por essa reação né? Conhecendo nosso casal, todo mundo tava esperando um pouco mais de intensidade. Pois o que eu posso lhes dizer é: Bell é um homem agora, ele também amadureceu (apesar de não parecer tanto quando se fez de sou-todo-poderoso-nada-me-afeta). E acreditem, isso não é nem a pontinha de nada do iceberg que tá vindo no próximo capítulo pra afundar o Titanic de vocês. Estejam preparadas, pois vai ser TENSO e EU QUERO SABER NA MINHA CAIXA DE COMENTÁRIOS O QUE VOCÊS ACHAM QUE VAI ACONTECER, OK? Eu não mordo, só se pedir. Venham falar comigo, me inspirem, me animem. Vou passar por uma semana de provas agora MUITO tensa e preciso de ânimo pra quando terminar, eu poder focar na atualização - que, choquem, vai ser o capítulo mais importante da história -. Então vocês entendem que eu estou sob pressão aqui, ne padawans? Ajudem essa autora que vos fala, ela precisa do apoio de vocês mais que tudo!
E esse término, gente? Nem eu tava esperando. Sério! Mas acho que todas vocês tavam ansiosas por isso, não é mesmo? Agora, o do Bell... bom, deixo pra vocês usarem suas imaginações para tentar imaginar como o dele vai ser, ou SE vai ter né. Quem sabe? Muahahahahaha. Brimks.

Enfim! Chega de falatório, tenho que voltar pros meus estudos aqui. Por isso: críticas, sugestões, dúvidas, TEORIAS, joguem tudo na minha caixa de comentários que eu vou AMAR responder. E pra quem tem twitter e quiser conhecer um pouco mais dessa pessoinha doida: @httpsmoak. Fiquem à vontade pra falar comigo quando quiserem.

Beijão no core, meus padawans! Wish me luck xx