Once In a Lifetime escrita por selinakyles


Capítulo 20
Three words.


Notas iniciais do capítulo

Meus pequenos gafanhotos! Que saudade de vocês!

Primeiramente gostaria de agradecer IMENSAMENTE as duas recomendações que me fizeram nessas últimas semanas. Bia e Jhully: aqui vai um massivo obrigada por todo o carinho, por dispor de alguns minutos de seus tempos para recomendar a história. Muito obrigada! Esse capítulo é pra vocês e todas as minhas leitoras fiéis, até mesmo as que estão chegando agora.

Vou deixar um pouquinho de amor para as notas finais, ok?

Minha beta linda está com uns probleminhas pessoais e por isso o capítulo não está revisado. Relevem qualquer erro, ok? E divirtam-se!

(PS: se quiserem ler o capítulo ouvindo a música que ouvi para me inspirar, esta seria Better With You, do This Wild Life.

https://www.youtube.com/watch?v=Z5as2gVEGjI)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/595278/chapter/20

Chapter twenty –



Quatro anos atrás –


Bellamy Blake nunca gostou muito de surpresas.

Quando elas aconteciam - o que não se tratava de algo frequente -, na maioria das vezes ele não era exatamente surpreendido de forma positiva. Como da primeira vez que Octavia lhe preparou uma festa surpresa e ele apareceu se atracando com uma ruiva na frente de mais de trinta pessoas, ou então quando muito contrariado, compareceu a uma das suas odiosas aulas de álgebra e acabou sendo surpreendido por um dos piores testes surpresas que a rabugenta professora Sydney já havia aplicado.

Por isso que quando Jake Griffin o ligou aquela noite convocando-o para comparecer à sua casa, algo lhe dizia que – novamente – ele seria pego de surpresa.

Bellamy bateu levemente na tão conhecida porta daquele escritório, entreabrindo-a. Os olhos tão límpidos se ergueram, encarando-o através das grossas lentes de seus óculos. O sorriso tão gentil se iluminou nas feições marcadas do mais velho, sendo incapaz de se refletir no semblante apreensivo do Blake.

“Entre, garoto.” Jake deixou os papéis em sua mão de lado, apontando a familiar cadeira de acolchoado vermelho para que o moreno se sentasse. “Sente-se.”

Bellamy assentiu, afastando de sua testa as curvas negras de seu cabelo ao esfrega-la com seus dedos. Obviamente ele já havia notado toda sua ansiedade, talvez por isso Jake parecia se deleitar tanto com a situação emocional do garoto a sua frente. Ele conseguia ser bastante sádico quando queria, e era justamente esse adjetivo que o Blake usou para rotulá-lo em sua mente.

Como raios ele o chamava para ir a sua casa sem nenhum motivo evidente e ainda se divertia com todo seu nervosismo? Aquelas conversas nunca terminavam bem. O que só provava sua teoria de que ele raramente seria surpreendido positivamente – nunca ainda era uma palavra muito forte.

Ele arqueou uma de suas sobrancelhas negras, incentivando-o a falar. E então Jake riu, não um de seus risos educados e sempre tão afáveis, mas uma gargalhada que ecoou por toda a sala. Um grunhido escapou pelos lábios do moreno, e ele se ajeitou desconfortável em sua cadeira.

“Eu não estou entendendo o que raios é tão engraçado.” A rouquidão em sua voz manifestava seu incomodo, e ver aquele brilho divertido pairar sobre aqueles olhos tão azuis quase curvou seus lábios em um sorriso. Entretanto, sua ansiedade não lhe permitiu.

“Você está tão nervoso... Por um momento me lembrei de alguém que conheço.” Jake ainda sorria, o contato ocular era algo essencial para ele. “Na verdade, você o lembra demais. Seria absurdo se não fosse genét... Bem, deixe para lá. Relaxe, garoto. Você não está indo para a guilhotina.”

O cenho do moreno se franziu em confusão, não entendendo exatamente o que suas palavras queriam lhe dizer.

“Faz algum tempo que nós não conversamos e acho que diferente de Aurora, você precisa ter uma noção do que se passa quando alguém... Bem, quando alguém com quem se importa está na sua contagem regressiva.”

O coração de Bellamy se apertou diante daquelas palavras, assimilando a comparação da forma mais negativa possível.

Era perceptível que Jake Griffin já não era mais o mesmo há alguns meses. O cansaço explícito em cada parte de seu rosto, as poucas aparições nas grandes festas da cidade, as viagens frequentes para o rancho em Savannah. Bellamy sabia o quanto ele adorava o silêncio, a quietude, entretanto aquilo era fora do comum até mesmo para ele.

“Eu acredito em você e no seu potencial tanto quanto sua mãe. Eu vi de perto o quanto você cresceu e amadureceu no último ano, tomou para si responsabilidade que nenhum garoto de vinte anos aceitaria tomar.” Os olhos azuis se suavizaram, tão acolhedores. “Eu tenho muito orgulho de você, garoto. E sem dúvidas, você está destinado a algo grande.”

Ele não sabia exatamente onde ele queria chegar, qual era seu ponto. A única coisa que ele era capaz de sentir naquele instante era o nó em sua garganta crescendo cada vez mais, a tensão em seus ombros apenas aumentando.

“Eu preciso ter certeza de que posso contar com você, Bellamy.”

“Você ainda tem dúvidas?” Ele o encarava fixamente, agradecendo mentalmente por sua voz não ter falhado sequer por um segundo. “Eu só não sei exatamente onde você quer chegar com essa conversa. Está soando cada vez mais absurdo.”

Jake o fitou por mais algum tempo antes de permitir que um suspiro cansado escapasse. O azul de seus olhos nunca expressou tanta convicção ao proferir as palavras que saíram de sua boca no instante seguinte.

“Eu sei que não deveria colocar mais esse peso em seus ombros, que você já tem coisa demais para lidar, mas... eu vejo a forma que você a olha quando pensa que ninguém está observando. O cuidado e carinho que expressa toda vez que se dirige a ela. As pequenas atitudes que toma para que ela não se machuque, para proteger sua honra...” Um dos cantos de seus lábios se ergueu em satisfação ao encarar o garoto paralisado em sua frente. “Eu sei que tudo isso é muito mais do que um amor fraterno, não é a mesma coisa que você sente por Octavia. Sua devoção para com a minha filha é algo admirável.”

“Você está tomando alguma medicação? Acho que está começando a alucinar...” Bellamy murmurou, o incômodo de ser surpreendido por aquele discurso se alojando na boca de seu estômago como um maldito parasita.

Não queria admitir, mas Jake Griffin estava o deixando mais constrangido do que jamais esteve em todos os seus vinte e um anos de vida.

“Não subestime minha inteligência, garoto.” Jake riu brevemente, sua perspicácia era mesmo algo de se causar inveja. “Apenas me prometa que irá sempre protege-la. Eu não sei o dia de amanhã, em algum momento eu posso não ser mais capaz de olhá-la nos olhos e lhe dizer que tudo ficará bem.”

“Não fale dessa forma. Não seja mórbido!” Bellamy se levantou abruptamente, a cadeira se arrastando pelo assoalho de madeira. “Eu sei o dia de amanhã, eu posso te dizer o que vai acontecer. Você vai estar sempre aqui não só pela Clarke, mas por todos que ama. Você anda acompanhando a Princesa naqueles filmes odiosos do Nicholas Sparks?”

Jake se pôs de pé, as mãos se apoiando no gabinete para que a fraqueza de seu corpo não o fizesse sucumbir. Seu tempo estava acabando, o tic tac do relógio apenas salientava o pouco que vida que lhe restava.

“Você vai ver por si mesmo, quando menos esperar.” O mais velho se acercou, colocando suas mãos no ombro do moreno ao mantê-lo preso diante de si. “Só peço que não esqueça que um sentimento como esse só acontece uma vez na vida. E que me prometa que vai cuidar dela quando eu não mais puder.”

Os lábios de Bellamy se entreabriram, pronto para mais um de seus protestos.

“Na-ah! Prometa, garoto. Dê um pouco de paz para o coração desse velho homem. Eu preciso ter certeza de que ela estará em boas mãos, de que alguém será seu porto seguro. Eu confio em você.”

Bellamy o olhou intensamente pelo o que ele jurou ser uma eternidade. Os olhos escuros vasculhando por qualquer resposta que fosse, se frustrando ao não obter nenhuma.

Seus ombros se relaxaram, a tensão aos poucos esvaindo de seu corpo ao apreciar a serenidade e o equilíbrio sempre tão inspiradores daquele homem.

“Eu prometo.”


Dias atuais –


O barulho do zíper de sua última mala sendo fechada soou pelo quarto e sem demora ele se levantou, encarando por alguns instantes as estrelas florescentes no teto conforme a luz do luar invadia o ambiente pelas grandes janelas.

A incerteza ainda pesava em seu coração como um fardo, incômoda.

Dentro de sua cabeça a confusão de pensamentos lhe atordoava. Ele permaneceu ali por mais alguns minutos, pedindo silenciosamente aos céus por um pouco mais de coragem para tomar a decisão certa. Procurando um pouco de paz e sabedoria para que o arrependimento não o corroesse depois.

No final das contas, ele sequer sabia quem ele era. Não era capaz de imaginar o que aconteceria em seu futuro, não tinha noção alguma de mais nada. Era isso o que se sentia: um vazio, um nada. Havia um vácuo sufocante em sua vida e ele não se permitiria viver com aquilo.

Precisava de respostas. Precisava de perspectiva. Precisava de paz de espírito.

Ele sequer notou a mulher ofegante parada na porta do quarto, observando-o como se estivesse tentando gravar cada detalhe daquela visão em sua mente. Exatamente da forma que fazia quando queria guardar algo em seu precioso livro de rascunhos.

O ar que escapava audível por seus lábios secos tirou o moreno de seus devaneios, os olhos tão escuros quanto uma noite sem luar a encaravam inexpressivos, vazios.

Ela se aproximou e o receio se refletiu em cada passo cuidadoso. O olhar vacilando das malas prontas no chão e uma que ele tinha em suas mãos, sua linguagem corporal exalando determinação. Bellamy estava prestes a ir embora e o medo nunca havia a desolado como naquele instante.

Medo de perdê-lo.

Ao vê-lo se acercar das outras malas que sua voz criou vida, superando a ardência em sua garganta.

“Você já vai?” Seu timbre saiu mais trêmulo do que ela gostaria, demonstrando toda a ansiedade que fazia com que suas mãos tremessem. “Eu pensei que...”

“Caso não tenha notado, Octavia se foi.” Ele a encarou, os olhos azuis vacilando. “Não tem nada para mim aqui.”

A postura sempre tão imponente agora demonstrava outra coisa. Não havia sarcasmo em sua voz, seu sorriso sempre debochado e maroto não se esboçou em momento algum. Pelo contrário, era claro seu incômodo ao se dirigir a ela.

Ela o conhecia tão bem, e ver que o Bellamy sempre tão disposto a enlouquecê-la com suas piadinhas mal-intencionadas, que adorava vê-la corar e bufar de raiva, agora mal conseguia olhar em seu rosto sem transparecer indiferença fez com que ela engolisse seco.

“Eu...” Ela começou, a confusão em sua cabeça fez com que ela abaixasse seu olhar por alguns instantes antes de jogar seus saltos em um canto. “Para onde você vai?”

“Que eu saiba não é e nunca foi da sua conta.” Suas mãos envolveram as alças de suas malas, pronto para passar por aquela porta e não olhar para trás. “Por que não volta para sua namorada? Tenho certeza que ela está sentindo sua falta.”

Bellamy a olhou por uma última vez, incapaz de notar tudo o que se transmitia por aqueles olhos azuis.

Ela tocou seu braço, impedindo-o de seguir seu caminho até a porta. O cenho se franziu, sua atenção vacilando entre o rosto pálido e a mão quente ainda envolvendo seu braço.

A densidade naqueles olhos transmitia o que por anos ela tentou fazer com que transmitisse: indiferença. O Blake a fitava como se não importasse, como se finalmente tivesse desatado o nó dentro de si, o mesmo que o unia emocionalmente a ela.

O que Clarke não imaginava era que se deparar com aquilo faria com que algo se quebrasse e que suas esperanças estremecessem. Jamais pensou que o nome dele ficaria preso em sua garganta, ardendo, machucando.

Ela tinha que falar. Tudo em si pedia para que ela o fizesse.

“Bellamy, por favor, espere.” Ela rogou com a voz trêmula denunciando seus receios.

Clarke balançou a cabeça, respirando fundo antes de continuar, prendendo os azuis tão límpidos nos tempestuosos olhos negros.

“Eu... Eu preciso falar. Eu preciso colocar isso pra fora, está me sufocando!”

“Não tenho interesse, Princesa. Não é da minha conta.” Ele desviou sua atenção para a porta, não mudando nem por um segundo sua intenção de passar por ela. “Chame Raven para conversar sobre suas agonias. Ou quem sabe Lexa? Você não parecia nem um pouco sufocada enquanto sorria abertamente para ela. Não sei o que se passa por essa sua cabecinha e nem quero saber. Agora, se me permite...”

A loira deu um passo para o lado, interrompendo sua passagem. Uma finca se criou entre suas sobrancelhas, a determinação brilhando nas safiras azuladas.

“Não, eu não permito.” A mão de Clarke descansou sobre sua camisa, os olhos castanhos descendo para onde ela o tocava. “Eu não vou deixar você ir.”

Ele se afastou abruptamente e a forma que a loira o encarou fez aquela ardência estranha se acender perigosamente em seu peito.

“Nós precisamos conversar.” Disse ela, seu tom se tornando mais leve em cada palavra.

“Agora você quer conversar?” Clarke vislumbrou certa perturbação se refletir naquelas íris. A rispidez com que Bellamy soltou suas malas quase a assustou por um segundo.

Quase.

Um passo os aproximou novamente, entretanto, o abismo que havia se criado ali era assustador. Quanto mais ela ansiava por alguma proximidade, mais ele parecia se fechar, escondendo qualquer resquício do sentimento que Clarke sabia que existia ali tão forte quanto existia nela.

“Não teve e nem vai mais ter nada entre Lexa e eu, nem entre eu e mais ninguém.” Os olhos do moreno se estreitaram em descrença. “Bellamy, eu preciso de você.”

O riso que ecoou pelo quarto era forte, repleto de uma amargura que fez o estômago da Griffin se contorcer em sua barriga.

“E você, depois de todos esses anos, ainda me tem como idiota.” O ceticismo em seu timbre fazia com que as esperanças de Clarke se esvaíssem ainda mais.

Bellamy Blake nunca pareceu tão alto, tão fechado, tão... Intimador.

“Você precisa de mim? Se passaram anos, Clarke. Tudo o que eu poderia fazer por você eu fiz. Eu cumpri com minha palavra, eu zelei por minha promessa, não tem mais nada pra mim aqui. Passou da hora de deixar de ter a felicidade das outras pessoas como meta.”

Os dedos passeavam impacientes pelas ondas negras de seu cabelo, as mãos escorregando por seu rosto conforme o suspiro cansado escapava por seus lábios.

“Claramente eu falhei na maior meta. Você não é uma pessoa feliz, e se quer saber eu cheguei à conclusão que nunca vai ser. Por vontade própria. Tem noção do quanto isso é deprimente?”

A tensão expressada em sua linguagem corporal agora se transformava em desgosto, cansaço. O vazio naqueles olhos era como um buraco negro, sugando-a, absorvendo-a.

Clarke passou os últimos minutos absorta demais para sequer sentir raiva daquelas palavras. Elas haviam deixado bastante claro que ele havia desistido daquilo, desistido dela. E como seria capaz de julgá-lo? Ela mesma teria desistido há muito tempo atrás.

“Então foi por causa da promessa que ficou todo esse tempo?” Ela abaixou seu olhar por alguns instantes, os lábios se curvando em um sorriso frouxo ao se lembrar do altruísmo de seu pai. “Ficou porque prometeu a meu pai que cuidaria de mim? Eu te disse uma, duas, incontáveis vezes que eu não sou e nunca fui um peso seu para ser carregado. Por que insiste nessa desculpa?”

Os lábios de Bellamy se entreabriram, e a loira jurou que o viu vacilar.

“O que você quer que eu diga? O que raios você quer de mim?”

Clarke se acercou, assistindo-o se afastar alguns passos. Seus olhos se suavizaram, os azuis sempre tão vazios manifestavam uma avalanche dos mais variados sentimentos. Eles nunca foram tão expressivos, tão vivos, tão incrivelmente hipnotizantes.

Ela queria tocá-lo. Precisava tocá-lo. Bellamy precisava enxergar nela o que ela sempre se recusou a perceber. Ele precisava da certeza de que não estava sozinho naquele barco, que ela também estava a bordo.

“Não quero que diga nada.” Sua mão pálida se pôs sobre o peito dele, o coração batendo desenfreado sob seu toque. “Eu quero que sinta. Consegue sentir?”

A Griffin procurou pela mão dele, sentindo seu calor antes de pousá-la sobre seu tórax, onde seu coração se manifestava na mesma freqüência.

“Consegue sentir? Consegue ver?” Seus lábios se umedeceram e seus olhos se prenderam nos dele intensamente. “Não é mentira, não é sonho, é tudo real. Me desculpe pela demora, eu consigo ver agora. Acredite em mim e sinta, por favor, sinta!”

Era ali, naquelas mesmas lagoas azuladas, que ele se perdia e ao mesmo tempo se encontrava. Aquelas eram as palavras que ele sempre sonhou em ouvir, aquele era o sentimento que ele sempre desejou que ela se permitisse sentir.

Então por que simplesmente não conseguia mais acreditar que aquilo poderia ser verdade? Por que um sentimento que deveria trazer felicidade o fazia tão miserável?

“Três palavras, Clarke.” Bellamy sussurrou e então Clarke pode contemplar a verdade expressa em um só olhar. Estava ali, irrefutável. “Três palavras e eu sou seu.”

Sua visão se embaçou e a loira já era capaz de sentir a leve ardência no canto de seus olhos.

Ela sentia agora, ela era capaz de distinguir a pureza daquela sensação. Clarke Griffin nunca havia se sentido mais viva em todos seus vinte e dois anos de vida.

O ar entrou por seus pulmões com urgência, o soluço enguiçado escapou por seus lábios antes mesmo que ela pudesse sentir a primeira lágrima escorrer atrevida pela maçã de seu rosto.

Ele estava ali, em sua frente, disposto a se afogar naquele barco junto dela. Disposto a entregar a ela seu coração, mesmo depois de todas as vezes que ela o recusou.

Clarke tocou o pingente de coroa em seu pescoço tentando buscar por forças para finalmente se livrar de tudo aquilo, tornar aquele sentimento ainda mais real, vivê-lo.

Oh céus, ela não conseguia respirar.

“É como eu imaginava...”

“Eu te amo.”

A voz embargada não impediu que aquelas palavras escapassem por seus lábios. Nada nunca pareceu tão certo. Era verdade, Clarke o amava com cada célula de seu corpo. Ela o amava e se recusaria negar aquilo mais uma vez, ela jamais negaria novamente.

“Eu te amo, Bellamy Alexander Blake.” Bellamy ainda a olhava absorto, desacreditado, incrédulo. “Eu te amo, e que Deus me ajude, eu vou falar isso quantas vezes mais você precisar ouvir.”

As mãos de Bellamy seguraram seu rosto com tamanha fragilidade, e o brilho naqueles olhos... Oh, aqueles olhos. Ela poderia passar uma vida inteira encarando-os e ainda assim não seria o suficiente. Sempre tão enigmáticos, tão intrigantes.

Clarke era capaz de assistir todas as nuances de castanho naquelas íris. Bellamy Blake era a bendita oitava maravilha do mundo.

Oh, ela estava tão perdida. Tão perdida!

“Acho que agora é a hora que você diz que também me ama.” Clarke sussurrava com o sorriso maroto nunca deixando seus lábios.

Se aquilo era felicidade ela definitivamente não se importaria de sentir mais vezes.

“Shhh...” O moreno descansou sua testa na dela, roçando a ponta de seus narizes. “Me deixa aproveitar esse momento, eu esperei por ele muito tempo.”

Os dedos finos e gélidos encontraram as ondas macias daquele cabelo, acariciando-os. Ela inalou a fragância levemente amadeirada como se aquele fosse o ar que esteve precisando para respirar todo esse tempo.

E era exatamente aquele cheiro, o aroma que vinha dele que assombrou seus mais doces sonhos durante anos.

Os lábios dele se colocaram sobre os seus, tão cautelosos, tão simplórios. Os polegares limpavam as lágrimas que agora escapavam feroses por seu rosto, mas nada era capaz de acalmar as batidas frenéticas de seu coração.

A simplicidade daquele toque, o amor que ele transmitia, nada daquilo parecia real. Entretanto, as mãos quentes descendo de seu rosto para se ajeitarem em sua cintura diziam outra coisa. O arrepio em seu pescoço, o calor intenso na boca de seu estômago.

Aquilo limpava qualquer dúvida em sua mente, porém mantinha neblina em seus pensamentos. Pela primeira vez em muito tempo Clarke se sentia incapaz de raciocinar, incapaz de pensar, incapaz de destruir aquele sonho lindo.

Aquele beijo era diferente dos outros. Não continha sentimentos impuros, não era forjado em frustração. Não era um jogo, não havia perdedores. Expressava apenas a pureza do primeiro, a realização do último, a repocricidade de um só sentimento em um só toque.

E então o desejo veio. Desolador como um maremoto. Quente e sorrateiro, se espalhando por cada polegada de sua epiderme, transformando toda a ternura em necessidade.

Clarke Griffin jamais imaginou que seria aquele homem que a faria se sentir viva daquela forma. Era surreal o jeito que somente ele era capaz de trazer a superfície os mais profundos segredos, as mais intensas sensações.

Mãos fortes passeando pela seda de seu vestido. Línguas deslizando uma na outra, traçando toda sua urgência sobre seus lábios insistentemente. Ela arfou quando o braço de Bellamy puxou subitamente sua cintura, colando-a ainda mais ao seu corpo quente, torneado.

Os dedos delicados vagaram pelos botões de sua camisa, abrindo-os, ouvindo-o grunhir ao finalmente tocar a pele macia de seu abdômen definido. A loira suspirou à cada instante que procurava por ar, movendo o pedaço de pano até que ele deslizasse por aqueles braços e caisse ao chão.

Bellamy se afastou por um instante, fechando a porta e virando o trinco com rapidez antes de se virar para ela novamente.

Os olhos tão negros poderiam perfurar sua alma, eles lhe encaravam com luxúria. E mesmo estando vestida, era como se ela estivesse nua em sua frente.

“Você tem certeza disso?” A rouquidão em sua voz fez algo dentro de Clarke se contorcer. “Tem certeza que é isso o que você quer?”

“Você duvida?” Ela se acercou, vagarosamente como um Leão ao encurralar sua presa.

“Eu não sou um brinquedo, Clarke. Isso não é um jogo, não mais.” Ele não vacilou sequer por um segundo. “Se prosseguirmos com isso, é uma ida sem volta. Eu não vou ser capaz de parar, eu...”

“Shhhhhh, você não é o único que esperou muito tempo por isso.” O dedo indicador se pousou sobre os lábios macios daquele homem, e a incerteza em seu olhar quase lhe insultou. “Quem disse que eu quero parar? Eu quero você, Bellamy. Não por partes, mas inteiro. Corpo e alma. Eu vou te fazer ver que eu não estou brincando, que meu amor não é uma brincadeira, que eu sou tão sua quanto você é meu.”

Sua mão desceu para sua clavícula, o indicador passeando pelo centro de sua barriga até seu umbigo. Seu lábio inferior deslizou pelo pescoço do moreno até o lóbulo de sua orelha, e Clarke não pode deixar de se sentir satisfeita ao vê-lo estremecer sob seus toques.

Ele a puxou novamente contra seu corpo com brusquidão, olhos azuis se prendendo nos castanhos como se estivessem conversando, se contemplando. Todo aquele desejo, toda aquela atração, todo aquele amor, tudo em uma mistura louca que só a fazia ansiar ainda mais por ele.

Seus lábios procuraram pelos dela, devorando-os. As mãos fortes urgentes procurando pelo zíper de seu vestido, sorrindo ao encontrá-lo e puxá-lo a com a determinação de quem anseia ver aquele pedaço de pano no chão.

E logo ele estava onde pertencia, longe daquele corpo, proporcionando-o assim uma das imagens mais belas que seus olhos já foram capazes de presenciar. As bochechas de Clarke adquiriram um tom adorável de rosa ao ser admirada apenas em sua calcinha de renda vermelha, o que só fez o deleite de Bellamy aumentar.

Ela não poderia ser real. Aquela mulher não entrava em qualquer tipo de descrição. Palavras jamais seriam capazes de definir sua beleza, seu encanto.

O olhar de Bellamy queimava sua pele, tão ardente e sensual que fez com que algo em seu ventre se abrasasse.

Ele segurou seu rosto entre suas mãos másculas novamente, transmitindo toda sua devoção, seu fascínio. Seus lábios pousaram demoradamente em sua testa para então beijar cada uma de suas pálpebras, suas bochechas, seu queixo, seu nariz. Ele havia beijado cada centímetro de seu rosto com uma ternura qual ela jamais havia presenciado.

Não vindo dele.

O Blake a observou por mais alguns instantes, e mais uma vez Clarke se pegou tentando decifrar o que havia por trás da escuridão que eram seus olhos. Aquela conexão, aquela sintonia, aquela paixão.

A loira puxou o cinto da calça social, colando seu corpo ao dele novamente, assistindo abrir o mais belo dos sorrisos. A peça de roupa caiu em seus pés e Bellamy vacilou seu olhar por um instante, tentando esconder no fundo de seu âmago aquela insegurança.

Ela estava ali, praticamente nua em sua frente. E ele não conseguia evitar se sentir como um garotinho de dezesseis anos diante de seu primeiro amor.

Bellamy a segurou com cuidado, andando até que chegassem até a cama, deixando que o corpo de Clarke caísse contra o colchão macio e os lençóis acolhedores. Suas mãos tocaram seus seios, enquanto seus lábios faziam um caminho de beijos molhados de desde seu pescoço até seu umbigo. 

A Griffin pode sentir sua cabeça girar, seus sentidos ainda muito anestesiados com todos aqueles toques para sequer ser capaz de impedir o gemido lânguido que escapou atrevido.

“Eu vou fazer você sentir...” O indicador de Bellamy brincou com a renda de sua calcinha, invadindo-a e observando-a arfar diante de seus olhos. “Tudo o que jamais sentiu antes.”

As unhas de Clarke se cravaram nos lençóis ao sentir o Blake tocar sua intimidade, penetrando-a com seu indicador.

“Oh Céus, Clarke.” Ele a encarou, o sorriso descarado iluminando seu rosto. “O que você precisa? O que você quer? Me diga o que você deseja.”

Havia um anseio silencioso em seus movimentos, uma urgência em se perder naqueles toques. Se afogar nele. Ela precisava dele, ela o queria como jamais quis outro alguém. Ele era sua chama, ele a consumia.

Somente Bellamy Blake a completava, e ela jamais duvidaria disso novamente.

“Eu quero você. Eu preciso de você.” Ela rogou entre suspiros.

Clarke levantou uma de suas mãos até aquele rosto, a visão já se embaçando em meio ao prazer que ele lhe proporcionava apenas com suas mãos. Os dedos pálidos desenhando as sardas que tanto amava com carinho, adoração. Elas contrastavam tão bem com o tom de oliva em sua pele.

“Três palavras e eu sou seu.”

Ela sorriu contente em pronunciá-las.

“Eu te amo!”

O gesto se refletiu no rosto de Bellamy, que se desfez dos pedaços de pano que o impediam de se unir a ela com uma destreza invejável.

Ele a beijou como jamais fora beijada. Ele a completou não só no momento em que seus corpos se tornaram um, mas quando a transbordou daquele sentimento que muitos conhecem e poucos sentem.

Aquela noite Bellamy a amou de todas as formas possíveis. Ele a preencheu, juntou cada pedacinho quebrado de seu coração e uniu ao dele.

Naquele quarto Clarke se entregou a ele de corpo, alma e coração. Ela se despiu não só de suas roupas, mas também de todas as suas defesas. A única coisa que ela desejava com todo seu coração era de que aquele momento pudesse durar para sempre em sua mente como duraria em seu coração.

Bellamy não se importaria de ser surpreendido mais vezes, contanto que todas elas, o amor de sua vida adormecesse em seus braços.





Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

GENTE, CÊS TÃO VIVO? Se estiverem: ABAIXA QUE É TIRO!!!! E de bazuca.

Olha aí, minha gente! Vocês esperaram por esse momento VINTE capítulos, e eu estou com ele na cabeça antes mesmo de OIAL ser postada. Tudo o que aconteceu, aconteceu só para que chegasse nesse ponto. Não é demais? Se algum de vocês está me xingando por eu não ter avisado que nesse capítulo poderiam ter momentos MUITO calientes, fica aqui minhas desculpas. Eu tentei ao máaaaaximo - sério mesmo, Kida (minha beta e amada leitora) está de prova sobre todas minhas neuroses - deixar essa cena não muito forte, não muito pesada, mas no nível de OIAL, com a essência da história. Eu espero com todo meu coração que tenha valido a espera.

A notícia ruim é que: ainda estou sem computador. Dei a sorte de escrever o flashback antes do meu notebook partir dessa pra melhor, e grande parte da briga foi escrita no bloco de notas do meu celular. Então quando tive a oportunidade de utilizar um notebook emprestado, corri com essa atualização pra vocês. Sério, me amem, ok?

Eu sei que falo demais, mas se você leu até aqui, me deixe sua opinião. O que achou? O que está achando? O que está passando por essas mentezinhas mirabolantes de vocês? Será que Bellamy e Clarke finalmente vão ser felizes? Será que finalmente terão paz? Será que eles se encontraram mesmo? Tudo isso nos próximos capítulos de Once In A Lifetime! MWAAAA!

Fica aqui minha pergunta pra vocês: o que vocês acham de um salto no tempo? Uns cinco anos, para ser mais exata. Ainda há muita história pra ser contada, acho que OIAL não está perto do fim. Mas afinal, me digam o que pensam, ok? Eu adoro interagir com vocês.

Beijos meus amados padawans! Muito obrigada por todo o carinho, espero estar retribuindo à altura. Assim que possível estarei de volta, ok? Que a Força esteja sempre com vocês!