Once In a Lifetime escrita por selinakyles


Capítulo 2
Payback is a bitch.


Notas iniciais do capítulo

Olá lindinhos e lindinhas!
Aqui vai o segundo capítulo e eu espero que vocês gostem.

Não está revisado, perdoem qualquer erro.



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Chapter two -



Clarke havia passado tempo demais quebrando sua cabeça em busca de uma solução, uma forma mais simples e menos dolorosa de contar para Murphy que o par de chifres em sua cabeça só parecia aumentar.

Ela levantou o olhar da xícara de chá que ele havia trazido para ela, pousando as íris azuladas receosas no rosto sempre tão estoico do colega.

Murphy nunca foi bem o que ela poderia chamar de melhor amigo. Muito pelo contrário, em muitos momentos ela o desprezou. Ele tinha uma índole quase sempre duvidosa ao se basear por seus atos, porém nem sempre tão mal intencionados como pareciam.

Muitos diriam que ele não era e nunca seria digno de confiança, e Clarke em muitos momentos acreditou nisso. Contudo, era uma característica sua procurar o melhor nas pessoas. Quando John Murphy a salvou de um acontecimento terrível em uma das noites em que ela voltava sozinha do campus da faculdade, foi que ela pode finalmente ver que por trás daquela pessoa torta e insensível.

E sim, ele tinha um coração no final das contas. E estava a ponto de ser partido pelas palavras que ela estava prestes a proferir.

“Eu pensei que depois da festa de ontem você ficaria de molho por mais um tempo.” Murphy comentou, se sentando na cadeira de frente para ela. “Clarke Griffin dando festas, eu nunca imaginei que isso aconteceria.”

“É, eu tenho escutado isso muito frequentemente.” Ela replicou, suspirando.


“Mas não é pra falar disso que você veio, não é?” Murphy franziu o cenho, esperando que a loira a sua frente parasse de evitar olhá-lo.

Ele soube que havia algo errado assim que atendeu a porta de sua casa e deu de cara com uma Clarke pálida, com olheiras bastante visíveis e os fios loiros do cabelo sempre impecável, desgrenhados. Claro que ele não pode deixar passar uma piadinha.

Afinal, John Murphy era daquele tipo de cara que perde o amigo, mas não a piada.

“Eu tenho quebrado minha cabeça procurando uma forma de te dizer isso sem que os efeitos colaterais sejam catastróficos, mas… não tem um jeito fácil.” Clarke começou, umedecendo os lábios ao pousar suas mãos sobre as dele em um ato de conforto. “Harper está te traindo.”

E o que veio a seguir foi algo que ela jamais imaginou que aconteceria. Murphy estava rindo, gargalhando. Sua risada ecoava por toda a cozinha, e era quase contagiante se não fosse trágica. Como raios alguém pode rir tão espontaneamente logo após descobrir que está sendo traído?

As feições de Clarke se contorceram em uma careta repleta de incompreensão. Ela já não sabia se ria com ele, ou se mantinha sua pose rígida de quem não estava entendo mais nada. E bem, ela não precisou decidir.

“É sério?”


“E você acha que eu brincaria com algo desse tipo?” Murphy deu de ombros, ajeitando sua postura indiferente.

“Eu não pensava que ela seria estúpida o suficiente para ser flagrada.”

Clarke abriu a boca, mas era como se as palavras tivessem sido sugadas. O gesto se repetiu mais algumas vezes, até a voz de Murphy voltar a ecoar pelo cômodo seguida de um sorriso de canto.

E ela jurou ter visto amargura escondida ali.

“Não faça essa cara de quem acabou de ver um elefante botar um ovo. Eu sempre soube que Harper não era bem flor que se cheirasse, ou melhor dizendo, flor que todo mundo cheira.”

“Então por que você aceita? É inaceitável, John.” A loira buscou a mão dele sobre a mesa, acariciando-a. Os olhos azuis levemente avermelhados pela falta de sono os encaravam complacentes.

Ele suspirou.

“Você, de todas as pessoas, é a que menos entenderia.” Murphy disse, quebrando todo e qualquer contato, prestes a se fechar em seu mundo de indiferença. “Você não entende o que é ser sozinho, Clarke. E eu sei que nunca vai entender.”

Ela crispou os lábios, a sensação de que aquilo não estava certo não parava de incomodá-la como um zumbidinho inconveniente em seu ouvido.

“Bem, o que eu entendo é que você tem a mim. Eu sei que você não é bem a pessoa preferida no campus e nem a mais certa na maioria das vezes, mas… o que importa pra mim é a forma que eu te vejo, não os outros.” Ela começou, os olhos inexpressivos do homem a sua frente presos em seu rosto.

“É agora que eu começo a chorar?” Murphy fingiu limpar lágrimas inexistentes nos cantos de seus olhos, e Clarke riu.

“Você é um idiota.”

“E você uma fofoqueira.” Ele assistiu Clarke arregalar levemente os olhos em indignação, pousando a mão teatralmente sobre o peito. “Mas já que é pra fofocar, conte a fofoca inteira. Quem estava com ela?”

A loira ajeitou sua postura, evitando ao máximo que a lembrança daquele acontecimento detestável voltasse a se impregnar em sua mente. E desde que chegou ali, não havia tido tempo algum para se lembrar da palhaçada que Bellamy havia feito com ela.

Talvez Murphy merecesse a verdade no final das contas, mesmo sabendo que aquilo poderia desencadear uma interminável guerra. Aqueles dois sempre foram como cão e gato, o que a fazia acreditar que ao dormir com a namorada de John em sua cama, o Blake estava era matando dois coelhos com um tiro só.

E bem, talvez um pouco de payback não fizesse mal.

“Blake. No meu quarto, na minha cama, no meu apartamento.”

“Hmmm, isso está se tornando pessoal.” Comentou ele, olhando-a com divertimento ao ver a raiva contorcer as feições delicadas em uma careta desgostosa. “Eu vou cuidar desse assunto, não se preocupe.”

Clarke pousou as tenazes lagoas azuladas sobre o homem a sua frente, suavizando-as ao deixar um pouco de lado o seu ódio para pensar corretamente.

“Por favor Murphy, não faça nada exagerado, ele ainda é irmão da minha melhor amiga. A última coisa que eu quero é vê-la sofrendo por minha culpa.”

O celular no bolso de sua calça tocava escandaloso ao som de Oops I Did It Again, o que a lembrou de fazer uma nota mental sobre deixar Octavia longe de seu celular.

“Falando no diabo… Oi, O.”

Oi, O? Isso é tudo o que você tem a dizer, Griffin?”

“Você quer que eu diga o que? Olá minha querida amiga Octavia, como vai você? Seu irmão maldito já foi embora do meu apartamento ou eu terei que me mudar?” Satirizou, vendo Murphy rir escutando a conversa.

Bell já foi embora, loira. Seu quarto já está limpo e já o deixei ciente da dívida que ele tem com nós duas. Você pode chutar as bolas dele se quiser, eu não vou me importar em não ter sobrinhos, levando em conta o mau gosto dele em mulheres.” Clarke pode imaginar Octavia revirando os olhos naquele momento, e um riso nasalado escapou em resposta.

“Oh, que boa ação a sua não querer que os genes da sua família passem pelo útero de qualquer uma. Tocante.” Ela se levantou da cadeira, buscando por seu casaco.

Mas é lógico, eu não preciso dos genes do meu irmão espalhados por aí. Apenas os meus! Uma Blake é suficiente para dar continuação à linhagem. Sem contar que eu sou bem mais bonita.”

Clarke riu.

“Como chegamos a esse assunto mesmo? Enfim, estou indo pra casa. Raven está por aí?” Indagou, encarando os olhos azuis de Murphy por um instante em um aviso prévio de que estava indo embora.

Não, foi se encontrar com Monty e Jasper. Aqueles dois estão muito ferrados por terem te feito de cobaia, Raven não brinca em serviço.”

“Certo, a gente pode checar o que restou deles depois que eu chegar em casa. Até daqui a pouco, O.”

Estou te esperando, loira.”

Clarke desligou seu celular, devolvendo-o no bolso de sua calça. Murphy abriu a porta do apartamento, se escorando nela ao assistir a loira passar.


“Obrigada pelo chá, Murph.” A Griffin agradeceu com um sorriso singelo, vendo o gesto se espelhar no rosto do homem a sua frente. “Por favor, pense no que eu disse, ok?”

“Tudo bem. Até mais, Clarke.”

“Até mais, Murphy.”

E então ela seguiu seu caminho, pronta para voltar para sua casa e finalmente encontrar algum descanso.



***


Quando Clarke destrancou a porta de seu apartamento, foi recebida por dois olhares curiosos. Raven e Octavia estavam largadas no sofá, e na televisão seu capítulo favorito de One Tree Hill era exibido pela milionésima vez.

Ela sorriu, sentindo os músculos de seus ombros relaxarem sob seu cardigã. Ainda estava para conhecer sensação melhor do que a de chegar em casa, a sensação de aconchego finalmente tirando de suas costas a tensão terrível do dia a dia.

Daquele dia em especial.

Sua única e maior vontade era de se jogar em qualquer móvel confortável o suficiente para que ela pudesse dormir até o dia seguinte, sem pausas ou interrupções.

Clarke era uma apaixonada por comida, mas seu amor por uma boa noite de sono muitas vezes conseguia superar qualquer paixão. E por essas e outras que Raven adora provocá-la apelidando-a de mamãe urso.

“Ei, chegou bem a tempo da declaração na chuva!” Octavia disse, a empolgação estampada nos olhos azulados sempre tão vívidos.

“Desculpe, O. Preciso de verdade de um bom banho e descanso, estou moída.”

Raven direcionou sua atenção para a loira ainda na porta de entrada, retirando suas alpargatas e pendurando seu casaco quando decidiu se manifestar.

“Você me deixou preocupada, sua desnaturada!” A morena se levantou, pousando uma mão na cintura ao lançar seus tenazes olhos castanhos em direção a loira. “Sorte sua que eu acabei me distraindo consertando o videogame dos meninos.”

“Bom saber que eu sou mais importante que um videogame.” Clarke satirizou, ouvindo o riso baixo de Octavia em resposta.

“Vai tomar banho, nós vamos te esperar pra assistir esse episódio.” A Blake mais nova começou, sabendo que a loira estava pronta para argumentar. “Ah-ah, não vem com essa não, você vai ter muito tempo para dormir. Sabe que esses momentos juntas estão perto de seu fim e eu quero aproveitar, por isso pode ir levando a sua bunda branca pro banheiro que nós estaremos aqui esperando.”

Clarke franziu o cenho, indignada com a pose autoritária que Octavia adotou ao olhá-la desafiadoramente.

“Oh, tudo bem então, rainha.” Ela ergueu as mãos em rendição, fazendo Raven rir com a reverência que fez antes de se direcionar corredor adentro.

“Gosto assim.” Octavia murmurou, já pronta para vasculhar a geladeira atrás do estoque de sorvetes que Raven mantinha para seus momentos de TPM.

Aquela garota era um verdadeiro furacão naturalmente, e quando os momentos especiais do mês estavam perto de acontecerem ela conseguia se tornar algo em um outro nível de magnitude. Era assustador e aterrorizante o quanto ela deixava qualquer um maluco com seus ataques de pelanca.

Octavia sorriu, ainda com o rosto enfiado no refrigerador em busca dos potes de sorvete – ou seriam de ouro? – quando a voz de Raven a tirou de seus pensamentos.

“O que tanto você sorri? Viu um passarinho verde?” Ela indagou, se sentando em uma das bancadas de sua cozinha americana.

“Nada demais, Rav.” A Blake levantou o olhar, já com dois potes de sorvete em mãos. “Pronta pra ver nosso ship afundar pela milionésima vez?”

“Pronta pra chutar a sua bunda se você não repor todos os meus sorvetes depois.”

Octavia riu, guardando em sua mente cada detalhe das feições atrevidas de sua amiga.

Era momentos como esse que ela tinha certeza de que viver sem aquelas duas não era sequer uma opção.


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Notas finais do capítulo

Murphy sempre vai ser aquele cara que a gente ama odiar, né não? Pois então. O capítulo foi meio parado, mas é uma parte crucial para o que vem pela frente.

Gostaria de agradecer a quem parou alguns minutos do seu dia para comentar o primeiro capítulo, significa muito, vocês sabem. Próximo capítulo nós veremos melhor no que vai dar essa treta maligna, uh? Fiquem ligadinhos e se possível, me deixem um comentário e me façam feliz!

Beijinhos de luz xx



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