Once In a Lifetime escrita por selinakyles


Capítulo 18
It's like you're my mirror.


Notas iniciais do capítulo

OIE MEUS AMADOS PADAWANS!
Os comentários que recebi no último capítulo foram tão lindos e recompensantes que olha só, esse acabou saindo mais cedo do que eu previa. Graças a vocês, ok? Não tenho como agradecer. Talvez matando vocês do coração? Hahaha.

Aviso: esse capítulo tem emoções FORTÍSSIMAS, por isso Giovanna, segura o forninho.

Para os que querem ter uma ideia de como a noiva está vestida (Marie, essa é pra você sua linda!), segue abaixo as fotos.

O vestido da Octavia: https://i.imgsafe.org/4a1292ef47.jpg
O cabelo da Octavia: https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/564x/3f/8f/c8/3f8fc837778763ce0b7b4ca606f8aba7.jpg
A decoração do altar é assim, só que ao invés de cor de rosa, é vermelho assim como as rosas preferidas da Octavia: http://postimg.org/image/snd0t3tfv/
E aqui é a decoração do salão onde vai acontecer a recepção:https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/564x/71/12/4e/71124e099e145cb4fef411dd8a7d6d76.jpg
Novamente, os vestidos das madrinhas começando por Clarke, Raven e Lexa: http://www.polyvore.com/bridesmaid/set?id=146177333

Se alguma das imagens não abrirem, me deem um alou nos comentários ok? Alguns não gostam de imagens, tiram a graça das descrições, mas fica aí para quem quiser imaginar de acordo com o que eu via na minha mente mirabolante.

A música nas frases em inglês é Mirrors do Justin Timberlake, porém acústica assim como no cover do Boyce Avenue com as Fifth Harmony. Imaginem ela na voz feminina e adorável da nossa princesa.

E finalizando, o de sempre: pode conter erros, releve-os e divirtam-se!!! (e não morram do coração, porfa).



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/595278/chapter/18

Chapten eighteen –


Os olhos claros vislumbravam aquele cenário como se estivesse dentro de um sonho. Era exatamente como um conto de fadas, onde a princesa se locomovia em direção ao seu príncipe lentamente, guardando para si cada pequeno fragmento daquele momento.

Ela piscou por alguns segundos tentando acabar com a ardência que crescia em seus olhos, quase a impedindo de registrar aquela imagem. O instrumental de Wildest Dreams tocado na harpa ressoava por todo o jardim conforme Octavia Blake enlaçava seu braço no de seu irmão mais velho, fitando-o com a ternura característica que sempre o direcionava.

Clarke soube ali o que ela estava tentando transmitir para ele apenas por seu olhar. Força, segurança, conforto, confiança. Bellamy assentiu levemente, dando o primeiro passo com os lábios se repuxando de canto.

Ela nunca tinha presenciado algo como aquilo. Octavia reluzia pureza em seu longo vestido branco, o sorriso que se alargava em seu rosto poderia iluminar toda uma cidade. Os cabelos negros estavam metade presos enquanto a outra metade caía como cascatas encaracoladas por seus ombros.

Aquilo poderia se repetir milhares e milhares de vezes diante de seus olhos e ela nunca se cansaria de apreciar. Raven sorria orgulhosa ao seu lado, secando as lágrimas teimosas que eventualmente caíam de seus olhos escuros. O que ela poderia dizer? Não havia nada que descrevesse as emoções daquele dia.

Nada jamais seria capaz de explicar o quão realizada ela se sentia, o quanto a satisfação se espalhava por seu peito ao ver sua melhor amiga emanando de uma felicidade que poucos eram capazes de sentir. E naquele momento ela sequer era capaz de invejá-la.

Bellamy a entregou para Lincoln, encarando-o fixamente antes de sussurrar algo em seu ouvido que fez com que o moreno risse antes de segurar a mão de Octavia como se sua vida dependesse disso.

Para Lincoln, sua vida estava diante de seus olhos. E ela nunca esteve tão deslumbrante, tão resplandecente quanto a mais preciosa das joias.

Em frente ao padre, em baixo do grande arco de rosas vermelhas e brancas que Lexa organizou com tanto esmero, os dois prometeram uma vida próspera e repleta de amor e companheirismo. Diante de não somente todos os convidados, mas um pôr do sol magnifico que moldava suas silhuetas, fazendo daquele momento algo ainda mais belo e inesquecível.

Não havia nada que pudesse atrapalhar aquela união. Não havia nada que pudesse separar aqueles dois.

E por um momento, só por um breve momento, Clarke imaginou como seria se Jake e Aurora estivessem ali ao seu lado. Vendo o que seus olhos viam, sentindo o que seu coração repleto do mais puro amor fraterno sentia. Eles chorariam como ela estava fazendo? Aurora cantaria para sua garotinha como sempre fazia quando se sentia feliz?

A pressão em seu peito fez com que seus pulmões buscassem bruscamente por ar, recebendo um olhar bastante preocupado de Raven. Ela a olhou como se estivesse afirmando que estava tudo bem, pousando uma das mãos sobre seu coração que tamborilava dolorosamente.

Eles faziam tanta falta.

Octavia conteve suas lágrimas até o instante que os votos foram proferidos. Clarke olhou de relance para o moreno do outro lado do altar, notando que ele também disfarçava suas próprias emoções. Os soluços baixos de Raven fizeram com que Clarke envolvesse sua mão na dela, olhando-a com toda a empatia que havia dentro de si.

Uma ocasião como aquela era mesmo única, foram poucas as vezes que ela presenciou Raven Reyes e Bellamy Blake tão emocionados. Em uma das últimas fileiras ela pode avistar o rosto complacente de sua mãe, sorrindo de forma singela ao notar que Kane estava ao seu lado.

Tudo parecia perfeito demais para ser verdade.

Lexa havia feito um trabalho incrível com todas as decorações, a do salão inclusa. Não havia nada que pudesse colocar defeito, muito pelo contrário, ela estava até mesmo impressionada demais. Os noivos sorriam como se estivessem com um cabide preso em suas bocas ao adentrar o recinto sob a chuva de arroz que Monty, Nyko, Jasper e Miller lançavam.

O bolo foi cortado e o brinde dos noivos foi feito. Tudo corria ainda melhor do que o planejado e a alegria estava por todos os cantos. Bem, exceto perto do bar onde Bellamy permanecia recostado segurando sua dose de whiskey. A amargura expressada em seu sorriso não chegava no castanho escuro de seus olhos, estes ainda brilhavam admirando a irmã gargalhar devido algo que seu marido sussurrava em seu ouvido.

Clarke o olhou por mais alguns instantes, se surpreendendo ao vê-lo erguer seu braço e bater uma das taças que haviam no balcão com os lábios úmidos se alargando em um sorriso frouxo.

“Hora do discurso.”

A banda que tocava animadamente uma versão instrumental de Flowers In Your Hair do The Lumineers aos poucos cessava a melodia, assentindo para o Blake mais velho que logo tomava para si um dos microfones disponíveis no pequeno palco. Atom, o vocalista e seu colega nos tempos de escola, pousou a mão em seu ombro, transmitindo alguma coragem antes de descer e aproveitar sua pausa.

E então Bellamy a olhou, sentada na mesa dos noivos com suas esmeraldas sempre tão belas encarando-o diretamente. Sua ansiedade exalando pelo brilho em seu olhar que o incentivava, a atenção de todas aquelas pessoas pesando em seu ombro.

Ele fechou os olhos por alguns instantes, soltando o ar que antes se continha em seus pulmões.

“Pra ser sincero, eu nem sei como consegui chegar tão longe sem surtar.” Bellamy soltou um riso amargo, evitando olhar diretamente para todas aquelas pessoas. “Eu me lembro como se fosse hoje quando mamãe apareceu com um sorriso radiante me dizendo que eu era um irmão mais velho, que eu deveria cuidar de você com minha vida, que você era minha responsabilidade. Por grande parte da minha vida foi isso ‘minha irmã, minha responsabilidade’. Eu batia naqueles que te atormentavam no ensino fundamental e aterrorizava qualquer idiota que tinha coragem o bastante para chegar perto de você no ensino médio. Quase um pitbull, uh?”

Os convidados riram, e a noiva lhe lançou um olhar de censura que ao mesmo tempo, transbordava de uma afetuosidade indiscutível.

“Mas honestamente? Eu faria tudo novamente. Eu faria mil vezes. Você sempre foi meu chão, o que mantinha minha sanidade mesmo depois que nossos mundos desabaram, você é meu lar. Eu estou entregando para Lincoln hoje tudo o que tenho de mais valioso, parte de mim, mas preciso te dizer, minha irmã, que é sem pesar algum.” Bellamy sentiu os olhos arderem novamente, mas dessa vez ele já não se importava com nada além de olhar profundamente nas esmeraldas tão familiares de sua irmã. “A forma que você está sorrindo agora, neste momento, é o que eu sempre quis pra você. É pelo que mamãe sempre lutou durante toda sua vida, para que esse sorriso nunca se desmanchasse de seu rosto. Vocês tem algo que muitas pessoas são incapazes de ter, doam seus corações incondicionalmente um para o outro. E isso é o que amor realmente é. Não é o conto de fadas que nunca tem sofrimento ou desentendimentos, mas a forma que se enfrenta isso juntos é o que importa, com amor incondicional. Faça-a feliz, Lincoln. Não permita que por circunstância alguma esse sorriso se apague, ou serei obrigado a caçá-lo até o fim do mundo.”

Lincoln contraiu os cantos de sua boca, erguendo as mãos em rendição. Fazendo com que alguns risos emotivos se manifestassem pelo salão.

“Eu te amo, O. Não importa onde estiver, não importa como vai ser daqui pra frente, siga sempre seu coração e tenha toda a certeza do mundo que eu não poderia estar mais orgulhoso por ser seu irmão. Minha vida começou quando você nasceu, nunca esqueça disso.”

Octavia limpou as lágrimas que escorriam por seu rosto com destreza, se levantando e segurando seu vestido conforme corria o mais rápido que conseguia naqueles saltos em direção aos braços de seu irmão.

“Obrigada.” Ela murmurou contra o peitoral largo de Bellamy, escondendo seu rosto por alguns instantes antes de erguê-lo novamente. “Obrigada por tudo, Bell.”

Bellamy assentiu, pousando seus lábios sob a testa da mais nova antes de se afastar, assistindo-a voltar para seu lugar ao lado de seu marido. Clarke parou a sua frente, os azuis se prenderam nos seus castanhos inquisitivos, a mão se estendendo ao pedir o microfone que até então ele havia esquecido que estava em sua posse.

Ela era uma visão e tanto. O vestido vermelho se contrastando com sua pele leitosa e o loiro ouro de seu cabelo. O azul sempre tão cristalino o encarando como se estivesse tentando ler sua alma, quase o prendendo em seu feitiço.

A imagem da noite anterior se alastrou por sua mente como veneno, fazendo com que ele flexionasse o maxilar ao entregar o objeto a ela. O amargo em sua boca já lhe era tão familiar que ele sequer relutava com aquela sensação inquietante, apenas a aceitava, abraçava-a.

Afinal, frustração era aquilo. Desejar algo e saber que ele nunca vai ser seu tem esse tipo de efeito colateral.

Ele seguiu em direção ao balcão de bebidas novamente, o garçom parecia sentir seu estado de espírito, enchendo seu copo de whiskey e lhe lançando um sorriso frouxo e complacente.

A banda voltou a se reunir no palco, mas dessa vez Atom não estava presente. Bellamy assistiu Clarke sussurrar algo para eles, quando sua atenção foi sugada para a morena que já recostava suas costas no balcão, se apoiando com os cotovelos. O gesto que iluminava o rosto de Raven fez com que o Blake se remexesse em seu próprio desconforto.

“Algo aconteceu.” Afirmou ela, resoluta. “Está escrito na sua cara. Desembuche.”

“Desde quando é da sua conta?”

“Desde quando você é babaca assim?” Raven o encarou sarcástica, revirando os olhos escuros em seguida. “Oh é mesmo! Desde sempre.”

Ele assistia a loira se mover graciosamente pelo palco, não sendo capaz de suavizar a expressão estoica em seu rosto.


“Você sabe, qualquer coisa que tenhamos feito naquela despedida de solteiro, ficou na despedida de solteiro. Então, se você viu algo que não lhe agradou, tenha em mente que foi coisa do momento.” Raven bebericou o suco frutas que o garçom colocou ao seu lado, absorta.

“Como você vestida de Lilo fazendo um verdadeiro show no palco principal junto com aquele stripper?” Os lábios de Bellamy se estreitaram em uma linha firme ao tentar conter seu sorriso.

Raven o olhou como se estivesse a um segundo de esganá-lo, e daquela vez, ele não pode evitar o riso débil que escapou atrevido.

“Eu não julgo, não é da minha conta.” Ele deu de ombros, o whiskey queimando sua garganta era a melhor sensação que ele estava sentindo naquele dia.

“Não mude de assunto, certo? Não faça isso ser sobre mim. Estou falando dos dois passarinhos do amor, que claramente, não conseguem criar coragem para parar de dançar nesse ritmo ridículo de evitar os verdadeiros sentimentos.”

Bellamy ergueu a sobrancelha negra, tentando não levar muito em consideração aquelas palavras. Aquela não era uma ocasião qual ele poderia ter o luxo de ser tirado do sério, não era hora para uma de suas reações ruins.

“Não seja idiota. Não existe ninguém dançando ritmo algum, ela claramente me despreza.” Seu timbre rouco foi abafado pelo copo em seus lábios. “Ela me disse com suas próprias palavras. Por que raios eu tenho que evitar algo que sequer existe?”

“Você é cego?” Raven o encarou incrédula, as íris tão escuras quanto as de Bellamy levemente arregaladas. “Oh céus, é pior do que eu imaginava. Oh Octavia, no que raios nos metemos?”

Bellamy a olhou confuso, o cenho se franzindo. A pergunta que estava na ponta da língua iria criar vida quando a voz de Clarke ecoou.

“Faz algum tempo que eu não faço isso, acho que perdi o costume.” A Griffin sorria sem graça, se sentando no banquinho que foi colocado no palco apenas para ela.

Bellamy pode jurar que seu coração foi parar em sua garganta por um instante. O olhar observador de Raven o estudava como o mais interessante de seus projetos, e ele sequer pode notar. Sua atenção estava muito presa no fato de que Clarke Griffin não se apresentava em público desde a morte de seu pai.

Ela havia voltado a desenhar e compor músicas, somente para si. Clarke perdera a habilidade de expressar sua arte para outros no instante em que Jake os deixou.

Bem, isso era o que ele pensava. A bela mulher com o microfone em mãos e toda uma banda atrás de si dizia outra coisa.

“Muitos sabem, especialmente você, minha melhor amiga, que eu nunca fui muito boa em me expressar.” Os olhos claros vacilaram de Octavia para sua mãe, que permanecia em uma conversa muito interessante com Indra Omaha, sentada em uma das mesas mais afastadas. “Perdi essa capacidade, como muitas outras, mas hoje é um dia especial. Hoje é um dos dias mais felizes da sua vida, e isso faz com que seja um dia marcante para mim também. Obrigada por me deixar fazer parte da sua vida, fazer parte do seu momento, estar ao seu lado e me transmitir sempre um pouco desse brilho natural que vem de você, essa alegria radiante e essa forma positiva de ver o mundo. Eu gostaria de apenas por um dia, poder enxergar com os olhos de Octavia Blake. Ver as coisas por sua essência, ser capaz de enxergar verdadeiramente o amor puro e genuíno.”

Clarke respirou fundo, abaixando seu olhar por alguns instantes, umedecendo os lábios rosados.

“Octavia e Lincoln. Eu vi esse amor ser plantado, eu o vi crescer, aflorar. Eu vi vocês se tornarem o espelho um do outro, a força nos momentos difíceis, a felicidade nos pequenos momentos. É como diria Shakespeare ‘O amor não é o amor que se altera quando a alteração encontra. Quando a vida fica difícil, quando as coisas mudam, o verdadeiro amor permanece o mesmo’. É vendo vocês que eu posso sentir alguma esperança, é vendo vocês que eu posso deixar de lado meus ideais para acreditar que amor existe e é valioso o suficiente para que se lute por ele. Por isso, por esse sentimento tão belo e tão límpido que vi nascer, por essas duas pessoas incríveis que tanto admiro e me afeiçoo, é que agora eu canto essa música. Para Octavia e Lincoln, de todo meu coração.”

Ela ergueu a taça em sua mão, entregando-a para a pessoa da mesa mais próxima conforme os primeiros acordes de Mirrors começavam a ser tocados pela banda.

O timbre levemente rouco de Clarke Griffin cantava as primeiras linhas da música de Justin Timberlake como se fosse dela, como se ela a tivesse composto. Os presentes a admiravam sabendo que aquele momento era digno de suas atenções, o orgulho e a comoção se refletindo pela face de sua mãe.

Octavia e Lincoln se levantaram, se direcionando para a pista onde há pouco eles tiveram sua primeira dança. A mão forte de seu marido na cintura da morena a guiava em uma sincronia quase mágica, e lentamente outras pessoas os seguiam, fazendo o mesmo.

Os olhos azuis se escondiam, a mão presa em seu microfone, de seus lábios a mais bela melodia ressoava. Ela era encantadora, seu canto era como o de um anjo. Era isso o que ela era aos olhos de Bellamy, era isso o que ele a considerava.

Tão bela, tão única, tão intocável.

“I don’t wanna lose you now, I’m looking right at the other half of me.” As safiras se revelaram, se cravando na imensidão negra que eram seus olhos. O coração em seu peito tamborilando como uma maldita britadeira. “The vacancy that sat in my heart is a space that now you hold.”

 

Show me how to fight for now

and I’ll tell you, baby, it was easy

coming back into you once I figured out

you were right here all along

 

Ela se perdeu ali, naqueles mesmos olhos tão escuros quanto uma noite sem luar. Mergulhou, como a tanto tempo queria ter feito. Seu peito se alastrava com algo que ela sequer poderia definir, tão diferente da dor lancinante que tão bem conhecia.

Clarke viu ali sua salvação. Diante de si, em frente aos seus olhos. Ele nunca esteve tão lindo, aqueles olhos nunca foram tão quentes, abrasadores. E então ela sentiu, em meio as palavras que escapavam harmoniosas por seus lábios, a sensação avassaladora.

Era como sentir tudo de uma vez. Como se afogar e ao mesmo tempo não se sentir sufocada. Era como uma queda livre sem paraquedas, interminável e acolhedor era o formigamento na boca de seu estômago.

“It’s like you’re my mirror, my mirror staring back at me. I couln’t get any bigger with anyone else beside me.”

O mundo ao seu redor havia se apagado. Era como estar em uma outra dimensão, onde a melodia os embalava e somente ele existisse em seu campo de visão. Ela via agora, claramente, o que tanto se recusava a enxergar. A percepção aflorando em seu peito, derretendo lentamente o gelo em que se prendia seu coração.

Aqueles muros estavam sendo derrubados agora, e ela nunca imaginou que aquele seria o efeito colateral.

“And now it’s clear as this promise that we’re making, two refletions into one. Cause it’s like you’re my mirror, my mirror staring back at me, staring back at me.”

Ela não soube dizer o que desencadeou aquilo. Tantos anos, tantas tentativas forçadas em não sentir, em oprimir. E em um momento, tudo cai por terra, anos torturando a si mesma por achar que entendia aquele sentimento. Por acreditar que ele não era para ela.

Tão iludida, tão tola.

 And I can’t help but stare cause I see truth somewhere in your eyes…

 

Clarke via a verdade através daqueles olhos. Ela enxergou diante de seus olhos todos os momentos que eles lhe notaram verdadeiramente, que eles lhe encararam com tanto amor e tanto carinho. Todas as vezes que ele tentou lhe dizer algo, com aqueles mesmos olhos negros que a enlouquecia, e ela se recusou a ver.

Durante todo aquele tempo ele esteve tentando lhe mostrar o que tinha a lhe oferecer, entretanto, ela insistia em repelir. Como não viu antes? Como não percebeu que era tudo sobre ele? Era tudo sobre o maldito Bellamy Blake e seus sorrisos sarcásticos, suas sardas tão encantadoras, seus olhos tão misteriosos.

O torpor se espalhou por suas veias como um antídoto. Aquela era sua cura.

Ele. Ele era sua cura.

E o que ela pensou ser doloroso, trazia para si a paz que ela procurou por anos.

A percepção nunca foi tão bem-vinda como naquele momento. Olhar naqueles olhos e vê-los encarar de volta nunca foi tão confortante

Bellamy sequer pode perceber que sua respiração estava presa durante toda apresentação quando a melodia lentamente se cessava para a voz de Raven tirá-lo de seus minutos de transe, libertá-lo daquela dimensão que ele criou em sua mente para aquele exato momento.

Ele se sentia tão perdido. O que raios foi aquilo?

“Viu só? Consegue enxergar agora? Porque se não está claro que aquela garota ali naquele palco é completamente apaixonada por você, realmente, você é mais burro do que eu imaginava, Blake.”

As palavras proferidas por Raven nunca soaram tão absurdas como agora. O coração desenfreado em seu peito tentava lhe dizer algo que ele era incapaz de compreender, traduzir.

Era tarde demais, sua decisão já havia sido tomada naquela noite. Ele havia desistido, o sempre tão devoto Bellamy Blake estava decidido a deixar toda sua devoção de lado para viver sua vida, cumprir sua promessa.

E não seria o que aparentava ser Clarke Griffin cantando diretamente para ele que mudaria seus planos.

 

***

 

Raven olhou seu reflexo no espelho pelo que parecia ser uma eternidade.

Seria egoísta demais desejar que toda aquela tortura acabasse logo? Que aquela festa finalmente se findasse e Octavia e Lincoln fossem para a lua de mel dos sonhos com memórias incríveis de seu dia especial?

Não leve a mal, ela sentiria saudade de sua melhor amiga como jamais sentiu em toda a sua vida, mas naquele instante, após colocar pela milésima vez tudo o que havia dentro de seu estômago descarga abaixo, tudo o que se sentia era miserável.

As gotículas salgadas criavam caminho por seu rosto, levando consigo sua maquiagem e o que restava de sua autoconfiança. Raven Reyes havia experimentado daquela sensação muitas vezes, mas se sentir vulnerável daquela forma era algo que ela reservava para o escuro acolhedor de seu quarto, e não a festa de casamento de sua melhor amiga.

O pequeno objeto em sua mão só confirmava que ela estava mais perdida do que jamais esteve em seus vinte e três anos de vida.

Aquilo era ridículo. Mais ridículo do que ser traída por seu maldito namorado e sequer notar. Mais ridículo do que crescer sendo lembrada por sua mãe louca que ela era uma sombra malfeita de seu pai covarde. Mais ridículo que perder o homem de sua vida por não ter coragem de enfrentar seus sentimentos e seus medos.

Quem era ela para chamar Bellamy e Clarke de covardes? Ela não tinha sequer moral para tal.

Hipócrita.

 

Aprenda a lidar com seus próprios erros, Raven. Aprenda a consertá-los.

 

Cresça, Raven. Você vai precisar usar muito mais que sua maldita inteligência agora.

A porta do banheiro se abriu bruscamente, revelando uma Octavia alarmada e uma Clarke bastante furiosa. O que diabos era aquilo? Intervenção?

Ela sabia que contar com a descrição de Lexa era pedir demais. Traidora.

“Aquela fofoqueira... Até você ela foi incomodar com aquela língua grande?” A voz embargada de Raven reunia toda a raiva que ela sentia ao pousar os olhos tão vermelhos na Blake.

“Meu Deus, Rav!” Clarke exclamou, sua atenção se direcionou sobre o que a Reyes tinha em mãos.

“Não sei quem você está chamando de fofoqueira, mas se for o Jasper você acertou em cheio.” Octavia se aproximou vagarosamente, com cautela. Era quase como se ela estivesse aos poucos entrando no espaço pessoal de uma fera. “Ele me disse que te viu correr como uma louca pro banheiro feminino.”

Ela viu a amiga em situação parecida outras vezes, ela sabia como Raven poderia surtar a qualquer momento. Por isso, cautela nunca seria demais.

Octavia não conseguia conter sua preocupação da forma que Clarke fazia. Ela era péssima em omitir sentimentos, eles simplesmente se ressaltavam em cada parte de suas feições.

Um soluço engasgado escapou sôfrego e muitos outros seguidos desse, impiedosos.

“Eu não sei como eu consigo me meter em situações como essa.” As mãos delicadas cobriam seu rosto marcado pelas lágrimas. “Como eu vou me livrar disso? Eu não tenho...”

“Ei, ei!” Octavia puxou seu braço, envolvendo-a em seu abraço. Os dedos finos percorrendo pelos longos fios artificialmente ondulados daquele cabelo castanho. “Respire. Respire, Raven. Você não está sozinha, esqueceu?”

Clarke se acercou, pegando em suas mãos cada um dos testes que estavam sobre a pia. Todos positivos.

“Logo você dizendo isso?” Raven ergueu os olhos, encarando-a com pesar. “Você é a primeira que vai me abandonar. Clarke vai ser a próxima, eu não tenho dúvidas. Meu destino é esse, minha mãe sempre esteve certa.”

Os olhos azuis se fecharam por alguns segundos, sugando uma lufada de ar. Aquilo não era surpresa, não para alguém que vinha apresentando os sintomas que Raven apresentava. Como raios ela deixou passar? Ela, a futura médica, sequer notou que sua melhor amiga estava grávida.

Aquele porre teria sérias consequências.

“Você sabia disso?” Clarke ergueu um dos testes, o olhar temeroso de Octavia pousando sobre o objeto e se prendendo no da loira em seguida.

“Ninguém sabia. E ninguém vai saber.” Raven soou resoluta. “Lexa me ajudou a comprar os testes, por isso eu achei que ela tivesse... Enfim, ninguém além de nós quatro vai saber.”

“Rav...”

“Não, Clarke. Ninguém.”

“Você tomou um porre terrível ontem. Tem noção do que isso pode ocasionar?” O tom repreensivo de Clarke fez com que Raven escondesse novamente o rosto no ombro de Octavia, que pedia silenciosamente para que ela não começasse com aquilo. Não era momento.

“Eu estraguei seu dia. Me desculpe, O. Eu não tinha esse direito.” O choro da Reyes fez com que o coração de Octavia se partisse em seu peito. Os olhos azuis de Clarke se suavizavam, a postura defensiva se esvaindo pouco a pouco.

Ela jamais imaginaria que aquilo aconteceria. Claro, não era impossível. Mas se ela sequer sabia que Raven estava vivendo as fases de um coração partido com tamanha intensidade, imaginar que ela poderia estar grávida estava fora de questão até ontem.

Como raios as coisas chegaram naquele ponto?

“Por que você escondeu? Eu não entendo. Eu estava lá por você, Octavia estava lá por você.” Ela suspirou. “Nós somos suas melhores amigas. Por que guardou tudo isso pra você?”

Raven levantou os olhos escuros, a culpa se alastrando por seu rosto.

“Eu não queria isso, Clarke. Eu não queria.” Ela respirou fundo, se afastando o suficiente para que Octavia pudesse estudar suas feições. “Eu só queria que esse vazio parasse, eu só queria não sentir essa sensação sufocante. E ele me proporcionava isso, ele preenchia essas lacunas, me trazia uma leveza e uma paz de espírito que ninguém nunca foi capaz de me fazer sentir. Eu... eu estava na pílula, eu a tomava todos os dias no mesmo horário. Eu não sei, honestamente.”

“Foi a infecção.” Octavia ergueu a cabeça, o olhar vago parecia estar absorto demais em seus pensamentos. “Os antibióticos cortaram o efeito, Rav. A infecção na garganta que você teve algumas semanas atrás.”

Os olhos escuros da morena se esconderam por trás de suas pálpebras com pesar. Justo ela, sempre tão inteligente. Sempre tão cuidadosa e cautelosa.

Antes que pudesse evitar, os soluços voltaram e o choro ecoava pelas paredes do banheiro vazio.

Clarke a abraçou com certa urgência, depositando um beijo em sua cabeça, tentando transmitir para ela a segurança e a esperança que precisava naquele momento. Ela seria seu porto seguro, ela seria seu pilar, e ela lhe daria todo o suporte que ela necessitasse.

“Nós vamos superar isso.” Clarke focou os olhos nos de Octavia por um instante, assistindo-a assentir confiante, abraçando-as. “Você nunca esteve e jamais estará sozinha, o mesmo serve para o pequeno ser que está crescendo no seu ventre. Ele terá duas tias que lhe darão todo afeto do mundo e uma mãe incrível. Não tenho dúvidas!”

Porque Raven Reyes não estava e jamais estaria sozinha no mundo.

Clarke faria questão de se certificar disso para sempre e sempre.

 

***

 

A recepção estava chegando ao fim quando Bellamy decidiu que precisava respirar, sentir o ar puro do campo adentrar suas narinas e quem sabe tirar um pouco daquele peso que angustiava seu peito. Octavia havia sumido junto da loira mandona e da morena intrometida, Lincoln passeava pela pista de dança com cada uma das mulheres de sua família.

E bem, ele? Nem mesmo o whiskey conseguia distraí-lo, fazê-lo suportar mais algumas horas naquele lugar sufocante.

O que ele ainda fazia ali? Nem mesmo era capaz de responder. Algo lhe dizia que ele ainda tinha mais uma conversa pendente com sua irmã antes que ela se fosse. Ele precisava dizer a ela o que se passava dentro de si, precisava que ela fosse a última a ouvir o que ele tinha a dizer.

“Amigo, você não está entendendo. Eu preciso falar com alguém que está ai dentro, é urgente. Você não entende o significado da palavra urgente?”

Bellamy ouviu uma voz familiar soar exaltada, beirando uma frustração quase palpável. Se acercou da entrada, encontrando a figura inflexível de Gustus bloqueando a porta. Uma cabeleira loira bastante conhecida tentando seu melhor em persuadi-lo, não obtendo sucesso algum.

“Sem convite, sem entrada. É uma comemoração privada, não sei como conseguiu passar pela porteira. Quem te deixou adentrar a fazenda?”


“Ei Gustus!” O Blake chamou, o grande homem a sua frente parando seu conflito por um momento para olhá-lo sobre o ombro.

Os lábios se alargaram em um sorriso que não era compatível com a confusão expressada no castanho de seus olhos. O que diabos aquele cara fazia no casamento de sua irmã?

“Ei, Bellamy, graças a Deus! Bellamy, eu preciso entrar aí, eu preciso falar com alguém urgente.” A voz suplicante perdeu um pouco de sua força defensiva ao se dirigir ao moreno.

Wick nunca esteve tão feliz por encontrar um rosto familiar.

“O que raios você está fazendo no casamento da minha irmã?” A ruga se criou entre as sobrancelhas negras do moreno.

“Obviamente tarde demais para um ‘fale agora ou cale-se para sempre’, não acha?” O sorriso maroto do loiro fez com que o Blake revirasse os olhos em meio a seu divertimento.

Aquele cara era tão irritante, mas ao mesmo tempo, Bellamy não conseguia evitar achar interessante sua capacidade de ironizar e fazer piada com tudo. Quando o sargento os apresentou no semestre passado, o pouco tempo que passou na equipe, Wick foi parte essencial da Inteligência.

O cara era péssimo em um combate físico, mas sua mente? Oh, aquele bastardo era de uma genialidade incontestável. Não tinha como contar quantos bandidos ele os havia ajudado a prender com seus conhecimentos em informática e engenharia mecânica e mecatrônica.

Entretanto, como ele mesmo havia colocado, não se encaixava na Polícia. Kyle Wick era um curioso, um dos que nunca se cansam de obter mais e mais conhecimentos, sempre se aprimorando em algo diferente em sua área.

Os cafés no Macey’s junto dos antigos colegas da Inteligência, entretanto, era quase uma religião. E foi assim que Bellamy ficou sabendo da misteriosa garota que deixava o engenheiro louco em mais um de seus projetos para mestrado.

“Ok, eu não sabia que era o casamento de sua irmã. Eu só preciso achar Raven o mais rápido possível.”

“Está brincando? Raven era a garota misteriosa que estava de deixando daquela forma?” Bellamy riu, seu punho cobrindo sua boca buscando não deixar tão óbvio o quanto aquela situação lhe divertia.

Era muita coincidência.

“Gustus, ele está comigo. Deixe-o entrar.” A voz autoritária fez com que o grandalhão abrisse o caminho para o loiro que sorria vitorioso ao passar por ele.

“Não sei como te agradecer, Blake. Esse armário estava fazendo da minha vida um inferno há mais ou menos uns vinte minutos.” Wick revirou os olhos, avaliando o segurança por seu ombro antes de voltar sua atenção para seu amigo.

“A última vez que eu a vi, ela estava correndo para o banheiro feminino.” Bellamy pousou a mão sobre o ombro do loiro, apertando-o levemente. “Vá atrás de sua garota, cara.”

Kyle sorriu, não pensando duas vezes.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

ABAIXA QUE É TIRO!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Nossa, vou ser sincera, eu estou extremamente emotiva com esse capítulo. É meu mais novo bebê. Quantas revelações, quantas emoções!!! OH CÉUS.
Não me xinguem pelo clichê com Raven, ok? Eu iria dar outro fim pra esse mistério, mas ela já sofreu tanto... Aqui, na série, e eu sempre tenho em minha mente esse final feliz para ela que envolve todas as lacunas da sua vida sendo preenchidas por uma família só sua. Enfim, apenas me amem ok? Amem esse anjo adorável que é Raven Reyes.
Daqui para frente as coisas só melhoram. Nossa, é tanta informação que minha mente tá a mil do mesmo jeito que a do Bellamy. E ai? O que acharam? O GIGANTE ACORDOU, MINHA GENTE.
Será que é tarde demais? Qual será o próximo passo da Clarke? Hmmmmmm. Olha, a coisa vai ficar preta ein. WICK, SEJA BEM VINDO SEU LINDO! Acho que por esse final vocês não esperavam né? Segurem essa marimba aí monamus! Vocês querem uma parte sobre a conversa dos dois? Porque OIAL é basicamente sobre Clarke e Bellamy, por isso eles sempre são os centros da narração. Mas se vocês me disserem que querem ler esse momento Ravick eu posso pensar em entregá-lo para a sua alegria, uh? O desejo de vocês é uma ordem.
Gostaria de fazer um agradecimento especial a todas as lindinhas que deixaram comentários no capítulo anterior. Foi tanto amor, tanto carinho que foi inevitável não se sentir empolgada para entregar pra vocês essa bomba de capítulo. Vocês são lindas! Desde as leitoras novas às mesmas que deixam esses comentários maravilhosos em todos os capítulos. Sou grata, nunca vou me cansar de dizer. Vocês são a vida de OIAL.

Acabando com meus chororôs: Dicas? Sugestões? Que tal me deixar um comentário e dizer o que acharam do capítulo, uh?

Mamãe não sabe quando volta, mas que a Força esteja com vocês sempre! Mwaa!