Once In a Lifetime escrita por selinakyles


Capítulo 14
He always knew she was trouble.


Notas iniciais do capítulo

Yey, lindeusinhos!
Apareci com mais um capítulo não revisado.
Perdoem os errinhos, ok? Corri pra postá-lo pra vocês.
Divirtam-se!



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Chapter fourteen –


Seis anos atrás –


Eram quatro e meia da manhã a última vez que Clarke havia checado seu relógio de pulso.

Octavia havia passado as últimas duas horas andando de um lado para o outro, quase cavando um buraco no chão, tão irada e impaciente que sequer estava em questão qualquer tipo de interação com a morena. Não era difícil de admitir que a Blake se tornava assustadora quando estava tão nervosa como estava agora.

Nos olhos claros tão semelhantes aos seus foi que Clarke buscou por algum conforto, a sensação de que tudo ficaria bem que só Jake Griffin conseguia transmitir. Era admirável a forma como seu pai era cativante, sempre convencendo tudo e todos com seu jeito extrovertido, absurdamente gentil e educado.

Kane estava ao seu lado, tão compenetrado e sério que só a fazia se sentir ainda mais apreensiva. As unhas de suas mãos nunca haviam sido tão roídas quanto estavam sendo naquela madrugada.

E também, Bellamy nunca esteve tão ferrado quanto estava naquela noite.

Jake a olhou por cima dos ombros, sorrindo singelamente, dando a ela o que seu espírito precisava. Clarke não tinha noção de quantas horas mais o Blake mais velho ficaria ali, sentado ao lado de seu pai e Kane, levando o maior sermão que já levara em todos os seus vinte anos de vida. O que ela tinha plena certeza era de aquela tempestade estava longe de passar.

Echo estava longe de deixa-lo em paz.

“Idiota egoísta.” Octavia bufou irritada, olhando para as paredes brancas da delegacia como se elas fossem o rosto de seu irmão e ela fosse destruí-las a qualquer instante. “Como ele ousa pensar apenas nele? Mamãe ficaria tão envergonhada...”

Clarke se levantou abruptamente, as órbitas se movendo conforme os passes apressados da morena, segurando-a pelos ombros assim que teve oportunidade, forçando-a ficar inerte e encará-la.

“Eu sei, O.” Seu timbre era tão acolhedor que Octavia já pode sentir seus olhos arderem, anunciando as lágrimas teimosas que já se criavam em sua linha d’água. “Mas você tem que aprender a compreender a dor dele também. Ele também a perdeu, ele também a amava, ela também era seu mundo.”

“Mas a tutela, Clarke. A tutela.” A morena choramingou, encostando a testa no ombro da melhor amiga. “Ele irá me perder também. Será que não vê?”

A Griffin fitou os quatro homens através da parede de vidro, as algemas nos pulsos de Bellamy a fez suspirar em meio ao seu próprio cansaço. Suas entranhas se contraíram ao ouvir o primeiro soluço escapar abafado pelos lábios rosados de Octavia.

“Ele sempre soube que ela era problema.”

Os dedos pálidos acariciavam os longos fios castanhos, tão idênticos aos da melhor amiga de seu pai. Tão diferentes dos cabelos negros bagunçados de Bellamy, entretanto, era nele que Aurora mais transparecia.

Era na teimosia, na pele cor de oliva e no sorriso cantineiro que a matriarca dos Blake aparecia em Bellamy. Tão evidente que Clarke quase conseguia vê-la em sua frente, sentir mesmo que só um pouco da sua presença. Aurora havia partido, mas parte dela permanecia bem viva nos trejeitos de seus filhos.

Seu coração latejou ao pensar na morena e na forma carinhosa que ela lhe tratou durante toda sua vida. Doeu por Bellamy, e ainda mais por Octavia. Clarke sentia em sua pele a dor daqueles que ela amava.

E isso nunca havia sido tão angustiante como estava sendo naquela noite.

O desespero de Octavia se refletia em seu choro. Seu medo de perder o único elo que havia restado de sua família por um desatino, uma escolha errada que Bellamy havia feito para amenizar sua própria dor, lamber suas próprias feridas.

Echo era seu elo fraco. Ela sempre teve sobre ele um poder de persuasão que Clarke nunca entenderia. Vê-lo naquela situação por culpa de uma garota egoísta e inconsequente só aumentava sua raiva. Ver sua melhor amiga chorando em meio a própria agonia, por culpa da fraqueza de seu irmão, só acordava ainda mais sua ira.

Era isso, irada. A loira se sentia irada.

E foi isso o que Bellamy pode constatar perfeitamente assim que saiu daquela sala naquela noite e olhou diretamente no azul cristalinos daqueles olhos.

Dias atuais –


Octavia passeava entre os convidados em seu vestido branco rendado como uma princesa entre seus súditos, gloriosa e estonteante. Raven a admirava com seu sorriso orgulhoso iluminando suas feições, encostada no batente da porta que ligava a parte interna da casa ao jardim.

O jardim da fazenda Omaha nunca esteve tão lindo. Ela tinha que admitir, o bom gosto de Lexa era algo magnífico. Isso se aplicava desde sua paixãozinha por Clarke até a iluminação pendurada nas árvores e as pequenas luminárias. As flores, as mesas de design rústico e bastante excêntrico.

Raven podia entender perfeitamente a escolha de Octavia quanto a suas madrinhas.

“Ela está parecendo uma fada.” Clarke riu nasalado ao parar ao lado da morena, ganhando sua atenção. “Só falta a varinha.”

“Ela terá muitas varinhas hoje a noite, vai poder brincar de fada o quanto quiser.” Raven sorriu amarelo, quase desequilibrando de seus saltos ao receber um esbarrão de Clarke.

“Modos, Rav. Modos!”

A Reyes revirou os olhos, voltando sua atenção para a Blake mais nova. Lincoln já estava ao seu lado, envolvendo sua cintura da forma protetora que sempre faz, sorrindo ao olhá-la como se estivesse admirando a própria Lua e todas as constelações em sua frente.

Sua admiração acendeu em Raven a faísca da inveja. A convicção de que nunca teria a experiência de se sentir amada e adorada daquela forma fazia com que algo dentro de si latejasse. E claro que só poderia ser seu estômago.

“Miller chegou a pouco.” A morena encarou a loira ao seu lado, o sorriso se desmoronando lentamente. “Acho que agora O pode finalmente liberar a nossa comida, não acha? Já não basta nos vestirmos como trigêmeas siamesas?”

Clarke riu ao fitar a amiga com toda a afeição que continha dentro de si. O vestido em tom de rosa queimado muito semelhante ao dela e de Lexa havia caído no corpo moreno da Reyes como uma seda, mostrando um lado delicado e gracioso que raramente ela permitia transparecer.

“Espero que ela demore mais um pouco, preciso ligar para Wells.” Ela apertou o ombro da morena, escondendo a preocupação em seu timbre. “Guarde meu lugar”.

“Pffff, vai sonhando.”

A última coisa que Clarke ouviu antes de adentrar o casarão foi a voz da melhor amiga resmungando seu anseio por comida. Era cômica a forma que o humor de Raven mudava conforme o estado de seu estômago, os dois sempre em uma sintonia invejável se não fosse tão impertinente. Afinal, quando se tratava de comida, limite seria uma palavra que jamais existiria no dicionário de Raven Reyes.

A loira meneou a cabeça negativamente, sorrindo em meio aos seus próprios devaneios, procurando em tantas portas e tantos corredores, um cômodo onde pudesse ter privacidade o suficiente para ouvir as lamúrias de seu melhor amigo de infância. Ela respirou fundo, tentando afastar de sua cabeça os pensamentos negativos, as hipóteses e a grande probabilidade de aquela ser uma das ligações repletas de dor de cabeça que Wells costumava fazer.

Algo dentro de si já dizia que o motivo daquela ligação estava longe de ser saudades.

Em passos rápidos, ela andava pelo corredor qual jurava ser o da biblioteca. Atravessou um onde se localizava alguns quartos de hospedes, parando abruptamente ao ouvir o timbre peculiar de Nathan Miller alcançar algumas notas acima do normal.

“Você foge de tudo! De tudo! Até quando vai ser assim?”

 

“Eu não estou fugindo, Nate. Isso não é assunto seu, eu já lhe disse. Cuide da sua vida!” A respiração de Clarke se interrompeu por um instante ao ouvir a voz exasperada de Bellamy. Ela não deveria estar ouvindo aquela conversa, entretanto, o medo de se mexer e ser notada fazia com que sua permanência ali se tornasse inevitável.     

E bem, não era como se ela tivesse outra alternativa.

“Então dê logo a droga da resposta! Por que tem essa necessidade de enrolar tanto? Você está cogitando aceitar?”

O cenho de Clarke se franziu em meio a sua própria ignorância. Era difícil compreender algo que não era da sua conta. Ainda mais difícil quando se tratava de Miller e Bellamy, os dois caras mais inseparáveis que já conhecera na vida – depois de Monty e Jasper, claro -, discutindo como ela nunca havia presenciado antes.

Foram muitos anos de amizade para que a loira tivesse a noção de tudo aquilo. Uma longa infância e adolescência ao lado daquele mesmo grupo de pessoas, independente dos quatro anos na diferença de idade de Bellamy e Miller.

 “Nate...” Ela pode notar as palavras do Blake saírem abafadas, quase entredentes. Oh Miller, fuja. “Eu já tive essa conversa. Nós já conversamos sobre isso. Minha resposta depende apenas de mim, certo? Então eu irei tomar essa decisão quando eu bem entender.”

“Você pelo menos contou para sua irmã? Não acha que ela deve saber?” Miller parecia mais calmo, porém a derrota em sua voz era palpável.

“Não, e você também não está no lugar de contar. Vamos encerrar esse assunto por enquanto, O está te esperando para dar inicio ao almoço.”

Ao perceber os passos de Bellamy alcançando a porta foi que a loira sentiu o desespero lhe invadir como um tsunami, fazendo com que os estalados olhos azuis procurassem por um esconderijo o mais rápido possível, abrindo a porta de um dos quartos e se escondendo atrás dela tão furtiva quanto um ladrão.

O coração parecia ter ido passear por sua garganta e sua mente era possuída por um turbilhão de dúvidas e questionamentos que ela sabia que não teriam respostas. Pelo menos não tão cedo.

O que ela havia feito? A culpa já dava as caras conforme suas mãos cobriam o rosto ainda quente devido a adrenalina de segundos atrás. Ela não devia ter ouvido aquela conversa, aquilo não lhe dizia respeito.

Porém, por que estava lhe incomodando tanto?

Ela sugou uma lufada de ar, fechando os olhos por alguns instantes. Talvez seu corpo e sua mente precisassem daquilo, um pouco de descanso. Uma pausa. E ao se levantar com dificuldade foi que ela lembrou qual era a finalidade daquilo tudo.

Wells. Ela tinha que ligar para Wells.

E foi pescando o celular em sua bolsa clutch que ela discou o número do melhor amigo, já não se importando tanto de quem era o quarto que ela havia invadido. Afinal, haviam tantos naquele casarão que tornava tudo isso muito irrelevante considerando os últimos acontecimentos.

“Uma promessa é uma promessa, uh?” O timbre rouco do Jaha mais novo preencheu sua audição repleto de ironia.

“Você sabe que sim. Nunca fiz promessas vazias.” Clarke se sentou na cama de casal, quase tão macia quanto a sua, procurando por estrelas no teto como as de seu quarto.

Sentiu-se privilegiada ao perceber que ali havia nenhuma.

“É mais sério do que eu imaginava, Clarke.” A preocupação já tomava conta de sua voz, e a loira pode jurar que o ouviu bufar.

Wells Jaha, prodígio de Harvard em Administração de Empresas, uma das pessoas mais inteligentes que já conhecera em toda a sua vida, estava preocupado.

Com sua empresa. A única coisa que havia restado de seu pai.

Clarke sugou uma lufada de ar como alguém que acaba de se livrar de um afogamento. Os pulmões doíam em seu peito, avisando-a que talvez ela tivesse prendido sua respiração por tempo demais.

A imagem de Jake Griffin iluminou por trás de suas pálpebras, fazendo com que seu coração latejasse.

“Se não vendermos parte das ações, não vai ter salvação. Estive no telefone com sua mãe e ela disse que vem tentando te contatar, mas não obteve sucesso.”

Ela sentiu os olhos arderem conforme sua visão se embaçava. Era claro que estava dando seu melhor para não chorar, para não desmoronar, entretanto, a cada segundo que a voz de Wells ecoava em seus ouvidos se tornava ainda mais difícil.

“Clarke... Eu sei que Abby pode ser difícil de lidar às vezes, que você ainda não a perdoou e talvez nunca perdoe, mas entenda... acha que isso é o que Jake gostaria?”

Os olhos azuis miravam o teto branco, a respiração pausadamente entrando por suas narinas e exalando por sua boca. Era como se um torpor estivesse atravessando cada veia de seu corpo, parando em seu peito, onde a ardência tornava a tarefa de respirar cada vez mais árdua.

Ela não surtaria. Não. Não teria uma crise nervosa àquela altura do campeonato. E por mais que as lágrimas já escorressem pelas maças pálidas de seu rosto, a determinação aos poucos se acendia dentro de si.

“Clarke? Clarke, você está aí? Fale comigo, droga!” Ele pedia já exasperado, a preocupação sempre se fazendo presente.

“Eu entendo. Mas você sabe o que me resta, não sabe? Eu não posso ceder, não posso entregar metade do hospital que sempre foi dos Griffin na mão de um estranho. Não posso, Wells!” O controle em seu timbre era algo admirável, até mesmo para ela. “Ela vai me obrigar a fazer algo que não quero. Eu não quero me tornar no que ela sempre quis que eu me tornasse. Como posso ser infiel comigo mesma desse tanto?”

Os polegares limparam o rastro que as lágrimas deixaram com certa rispidez. A raiva havia tomado conta, sobressaindo a agonia e o medo que sentira ao receber aquela notícia. Não havia nada no mundo que pudesse descrever a frustração que lhe assolava como a mais impiedosa das catástrofes naturais.

Por que não podia ser diferente? Por que ela sempre teria que fazer os sacrifícios? Por que seu pai a deixara com tudo aquilo para lidar? Por que tudo o que conseguia se sentir era sozinha e frustrada?

O lapso de respostas fazia com que as gotículas escapassem de seus olhos ainda mais atrevidas, manchando seu rosto e a maquiagem leve que havia feito com tanto esmero para a ocasião. Para que Octavia se sentisse feliz e orgulhosa de tê-la ao seu lado em mais um dos momentos importantes de sua vida.

Estava tudo errado.

“Clarke? Clarke, me escute. Ouça minha voz, foque em minha voz.” Wells tentava transmitir o que ele sabia que ela mais precisava em momentos como aquele. Tentava, mesmo que apenas eventualmente, cumprir a tarefa que Jake Griffin deixou para ele: ser o ponto de paz que ela precisava.

Wells entendia o quanto Clarke se sentia perdida desde que Jake os deixou. Tinha plena noção de que deixa-la sozinha para lutar seus demônios enquanto ele cumpria o sonho de seu pai estudando em Harvard não era exatamente o melhor exemplo de amizade. E mesmo assim, ele o fez.

Quando Abby pediu para que ele sucedesse seu pai na administração do Griffith Memorial Hospital, não foi uma surpresa. Seu pai queria isso, era para isso que esteve destinado por toda sua vida. E bem, Clarke... O destino de Clarke na visão de seus pais seria ainda pior que o seu. O peso de um sobrenome e uma herança nunca vem sozinho.

Wells só pedia para que isso não lhe custasse a felicidade. Ele adorava seu sorriso.

“Ouça minha voz, respire. Respire, ok? Vai dar tudo certo, nós vamos achar uma solução. Converse com sua mãe, Kane tem feito bem para ela, acredite.” Ele suspirou aliviado ao notar que a respiração dela se normatizava aos poucos. “Saia desse casulo, você precisa superar isso. Você é e sempre foi mais forte que tudo isso. Por que duvida?”

“Eu não duvido, Wells, mas me sinto fraca. É como se eu fosse telespectadora da minha própria vida.” Clarke serrou o punho com força ao tentar se livrar daquela frustração que a corroía. “Você não entenderia. Tenho que ir, Octavia está me esperando.”

“Não é justo, você sabe. Eu entendo melhor do que pensa. Quando sentir que o mundo está desmoronando em sua cabeça, venha me visitar. Posso estar do outro lado do país, mas o chocolate quente e os mashmallows na lareira estão aqui para aquecer seu coração cansado.”

Clarke sorriu, sentindo o gosto salgado de suas lágrimas tocarem seus lábios.

Talvez fosse daquilo que estivesse precisando. Talvez, só talvez, depois de toda aquela luta ela poderia ir para a casa de seu melhor amigo e recompor suas forças ao seu lado como sempre fazia quando eram crianças e presenciavam as brigas ensurdecedoras de seus progenitores. Quem sabe Wells poderia ser, mesmo que por alguns dias, seu porto seguro.

“Vou lembrar do seu convite. Obrigada, Wells. De coração. Não tem ideia do quanto me faz falta.” Ela escutou seu riso baixo, abafado pelo telefone, tranquilizando mesmo que brevemente a tormenta dentro si.

“Vamos salvar seu hospital. Apenas converse com sua mãe, tenho certeza que nada pode ser pior do que a sensação de que poderia ter feito mais. Te amo, Clarks! Por favor, cuide desse coração, certo? Nos veremos em breve.”

Foi poucos segundos após desligar a ligação que a porta do quarto se abriu abruptamente, revelando uma mulher sofisticada demais para ser quem sua mente assimilava.

Echo. Echo Omaha. Uma das pessoas mais ridiculamente egoístas que já conheceu em seus vinte e dois anos de vida a encarava com um sorriso perverso em seus lábios vermelhos.

A malícia transmitida por aqueles olhos castanhos era a mesma de anos atrás, dessa vez ressaltada por menos maquiagem preta. Ela fitava Clarke como se tivesse achado sua próxima vítima, o que era bastante característico de toda sua arrogância e falsidade.

Ela era capaz de mentir e enganar com a mesma manha que uma cobra envolve seu mártir. Ardilosa, sorrateira e dissimulada. O escárnio refletido em suas expressões trouxe de volta todas as maldades que ela havia feito, frescas e vívidas na memória de Clarke.

Se aquela mulher lhe trazia algum sentimento, este era apenas ódio e desprezo.

“Vejam só se não é a princesinha da cidade... Que inusitado!” A morena adentrou o cômodo lentamente, manhosa como um lobo. “O que houve? Mamãe tirou o seu doce para estar chorando e borrando toda sua imagem perfeita de princesa da Disney?”

O vestido preto colado emoldurava seu corpo curvilíneo, mostrando mais pele do que deveria para a ocasião. Se Anya e Nyko já não estivessem surtando, eles surtariam ao olhar para a roupa reveladora de sua irmã mais nova.

Ela se dirigiu até sua penteadeira, os olhos claros de Clarke a seguindo meticulosamente, não permitindo que toda sua pose a afetasse como costumava afetar anos atrás.

“Eu pensava que sua vida fosse um conto de fadas, por que está chorando?” A morena retocava o batom vermelho, parando por um instante para encarar a loira e sorrir abertamente. “Bellamy decidiu te deixar de lado novamente? Ou, deixe-me ver, é a paixão por Lexa que está reacendendo? Você se lembra como ficavam atracadas no armário de vassouras do colégio?”

“Cale a boca.” A loira se levantou, não se preocupando tanto com sua imagem como se preocupava há alguns instantes.

Echo piscou os olhos por alguns segundos, e então ergueu o cenho em deboche. Clarke foi até ela e então parou ao seu lado, olhando para seu reflexo no espelho com uma expressão indecifrável.

“Pareço indefesa para você, não é?” Ela indagou. O tom de voz costumeiro porém mais rouco transmitia sua precisão. “Se algo der errado, mesmo que seja um mero detalhe... Se por culpa sua, o sorriso de Octavia se apagar, mesmo que por um instante... Bem, você vai adorar conhecer de verdadeiramente todos os lados da princesa da Disney.”

Os lábios da morena se repuxaram, fazendo com que ela soltasse um riso nasalado.

“Oh, tenho certeza que irei adorar!”

Clarke sorriu em resposta, e então passou pela porta em direção ao seu quarto.

Afinal, seria um longo dia e sua maquiagem estava longe de se consertar sozinha.

***

Ao avistar a cabeleira loira andando em passos rápidos e discretos em sua direção, Raven sentiu o alívio lhe assolar. A sensação de não ter mais que ouvir Octavia resmungando o atraso do almoço em seu ouvido, e seu estomago revirando ao pedir por alimento, era quase como mágica para seu humor.

As íris escuras encararam o rosto pálido da loira no instante em que ela parou ao seu lado, trazendo a sensação estranha de algo estava errado, alguma coisa estava fora do lugar. E não se tratava somente do penteado antes meticulosamente perfeito da loira estar um pouco desalinhado, mas ela diria que a leve vermelhidão não era um contraste muito agradável com o tom de azul de seus olhos.

Oh Raven, sempre tão observadora.

“Está tudo bem?” A morena indagou, assistindo a Griffin tentar frustradamente alinhar os fios dourados de seu cabelo. “Você parece um pouco aturdida.”

Clarke a olhou por alguns instantes, não conseguindo desempenhar seu melhor em não transparecer seus receios. Raven era ainda pior que Wells quando se tratava de enxerga-la, eles conseguiriam sempre ver tudo o que ela se recusaria em mostrar.

O que era bastante irritante, ela tinha que admitir.

“É a fome.” Clarke sorriu singela, percebendo o olhar afetuoso de Octavia sobre si do outro lado da mesa. “Acho que está na hora de começar o almoço de ensaio.”

Raven franziu o cenho, olhando mais a frente a silhueta feminina andar sedutora como um felino até a cadeira próxima a de Bellamy. Echo se curvou, sussurrando algo no ouvido do Blake que o fez rir e então se sentou ao seu lado.

Os olhos escuros se direcionaram sutilmente para a Blake mais nova, que a encarou intensamente em resposta. Os olhares vacilaram para Clarke, que parecia alheia demais assistindo a toda aquela cena para notar a preocupação evidente nos olhos de suas melhores amigas.

Ao que tudo indicava, nada poderia ficar pior.


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Notas finais do capítulo

Oláaaaa meus padawans lindos!
Sequer percebi que na última atualização, OILT completou um ano e um mês. Um ano com vocês já, uh? Poxa, isso é um marco pra mim. Ainda mais eu, essa pessoinha que nunca conseguiu desenvolver uma história além do capítulo oito. Aqui estamos nós no capítulo quatorze! Can you believe it?
Bem, não sei se vocês esperavam por essa, mas sempre que leio fanfics em inglês, o segundo interesse amoroso do Bell sempre é a Echo. Eu não li os livros, me disseram que não valem a pena, mas eu sei que ela existe por lá (e também existiu na série pra f*der com a vida do Bell). Achei legal mostrar que não é só a Clarke que mudou por perdas, mas aqui o Bell também é como sempre foi na série: sente a dor, enlouquece. É o que aconteceu com ele nessa temporada, ele também não sabe lidar com dor.
Tenho minha última prova do bimestre amanhã, e é a mais ferrada de todas. Entretanto, não conseguia estudar porque esse capítulo ficava vívido na minha mente. Tive que escrever. Aqui está! Espero que gostem e me xinguem um pouco mais por ter colocado mais mistérios pra vocês, hahahahaha.

Pra quem quer ter uma imagem melhor do vestido da Echo, aqui está: https://scontent.cdninstagram.com/hphotos-xfa1/t51.2885-15/e15/11258078_1858597827697788_1177323161_n.jpg
Essa é a atriz que interpreta Echo na série. A única coisa diferente na fanfic, é que o cabelo dela é escuro e não dourado como na foto.

Beijinhos, meus padawans! Que a força esteja com vocês e com Bellarke porque tá cada dia mais difícil ser desse fandom. (JASON, EU QUERO SEU IMPITIMÁ SEU FILHO DA MÃE!)