Acordando para a vida escrita por Deh


Capítulo 9
Emily


Notas iniciais do capítulo

Então leitores divos do meu coração capitulo novinho em folha
Hoje ficou bem grande, mas foi preciso, espero que gostem =)



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No momento o que mais sinto é curiosidade, embora esteja muito preocupada, mas enquanto aguardo sentada e encarando a secretária, reflito o meu dia, ou pelo menos o início dele.

Acordei na minha cama, aparentemente Hotch me carregou até lá, levantei e preparei o café da manhã, mas estranhamente ele já não estava mais em casa. Todos os dias desde que voltei a trabalhar ele me leva, mesmo que eu ainda saiba dirigir, estranhamente eu gosto do modo como ele me trata. Como ele não estava, eu peguei o meu carro e fui para o trabalho, mas não antes de deixar as crianças na escola.

Eu estava trabalhando, fazendo e revisando alguns relatórios, mas não pude deixar de observar Hotch lá em cima no seu escritório, hoje ele parecia extremamente distante, achei melhor não incomoda-lo afinal de contas ele poderia estar trabalhando em algo importante, foi quando meu telefone tocou.

—Prentiss. –Eu atendi como de costume

—Senhorita Prentiss, aqui é a senhorita Brown secretaria do diretor da escola dos seus filhos... –A moça começou do outro lado da linha, mas logo a interrompi preocupada:

—Aconteceu alguma coisa com eles?

Ela demorou um pouco para responder, mas finalmente o fez:

—Nada de grave, mas o diretor solicita a sua presença imediatamente. Teria como a senhorita vir aqui ainda hoje?

—Sim, já estou indo. Obrigada. –Eu disse já desligando meu computador e encerrei a chamada.

Peguei minhas coisas o mais rápido possível, Morgan e Reid não estavam ali, provavelmente deveriam estar tomando café. Logo quando estava saindo encontro Rossi que me pergunta:

—Onde é o incêndio?

Eu apenas respondo:

—Eu tenho que ir embora agora Rossi, você avisa ao Hotch que não é nada grave?

Ele assentiu e eu sai o mais rápido que podia.

—Senhorita Prentiss pode entrar. –A secretaria me informou, me tirando assim do meu devaneio, dessa forma fiz o que ele falou.

—Senhorita Prentiss que bom vê-la. –O diretor disse me oferecendo a mão para um aperto e me indicando uma cadeira para me sentar.

—Então o que aconteceu? –Fui direta, não gosto muito de enrolação.

—Sua filha deu um murro no nariz de um dos meus alunos. –Ele disse normalmente, mas como a boa profiler que eu sou, notei um leve tom de irritação em sua voz.

Meu deus! Foi a única coisa que pensei.

—Como? –Eu ainda estava confusa se realmente tinha ouvido direito.

—Isso mesmo senhorita Prentiss Ariane deu um murro no nariz de um dos meus alunos, e como a senhorita sabe não é a primeira vez que a senhora vem aqui por causa do comportamento de sua filha, dessa vez terei que ser mais rigoroso. –Ele fez uma pausa para verificar se eu estava acompanhando seu raciocínio, quando percebeu que eu estava, ele prosseguiu –Ela estará suspensa a partir de hoje por três dias.

Me surpreende com o que ele disse, afinal minha filha não parece ser problema na escola, além do mais agressão? Eu duvido que Hotch aceitasse qualquer atitude assim, e muito menos eu. Então curiosa ao que levou ela fazer isso perguntei:

— O que a motivou a agredir um de seus alunos?

Ele suspirou e eu percebi que havia algo ali, assim o fitei até que ele respondesse minha pergunta.

—Nós não vimos nada, apenas um de meus professores viu ela agredir o outro aluno, chamei ela, o menino envolvido e Alexander que estava com ela. Ariane apenas me disse que fez aquilo por que o garoto estava cometendo bullying contra o irmão, essa versão foi confirmada pelo seu filho, mas negada pelo garoto. De toda forma não posso tolerar uma agressão, então suspendi sua filha e encaminhei seu filho para o orientador educacional da escola.

Eu disse que entendia a posição dele, me despedi e sai, levando comigo meus dois filhos mais velhos.

Durante todo o caminho, permanecemos todos em silencio, mas ainda notei que o clima entre Alex e Anne estava tenso. Ao chegarmos em casa mandei Alex para o quarto, afim de conversar a sós com Anne.

—O que aconteceu? –Eu perguntei à minha filha.

Ela me olhou fria e respondeu:

—Nada.

—Sério Ariane, nada? Você bate em um menino mais velho que você e ainda diz que não foi nada? Pois deixe-me lhe dizer isso é tudo menos nada. –Eu disse me exaltando na última parte, ela pareceu ficar mais nervosa.

—Do que adiantaria lhe contar? Ninguém acredita em mim mesmo, então é nada ok? –Ela disse com raiva.

—Eu te fiz uma pergunta Ariane, e eu quero uma resposta decente. –Admito que posso ter sido um pouco ríspida, pois nesse ponto aquela menina estava começando a me tirar do sério.

—Oh sim mãe, a senhora é uma ótima interrogadora, mas deixe me dizer uma coisa, eu não sou um dos seus suspeitos que vai confessar na primeira oportunidade. –Dito isso ela saiu, mas não antes que eu pudesse gritar de volta:

—Volta aqui, não acabamos.

De costas para mim, já subindo as escadas ela ainda gritou:

—Acabamos sim.

Mas eu não deixei que ela saísse com a última palavra:

—Você está de castigo.

Me surpreendi ao vê-la retornando até o meio caminho e disse ao me olhar:

—Caso a senhora não se lembre eu sempre estou de castigo.

Não pude deixar de perceber o tom irônico na sua voz.

Ela subiu imediatamente após me desafiar, ainda pude escutar a porta do seu quarto batendo com força.

Meu Deus! Como ela é difícil, em um minuto ela está bem e no outro vira uma onça, o que eu vou fazer? Vem uma ideia a minha mente, mas tenho o pressentimento que não vou gostar do que virar a seguir. Ligo então para alguém que entende muito bem de filhas rebeldes.

—Alo? Emily? Você tem ideia de quantas horas são na Itália? –Ouço ela dizer assim que atende o celular.

—Desculpe? –Eu tento.

—Tudo bem, estava mesmo pensando em te ligar, mas não nesses horários absurdos. –Ela sendo ela não deixou passar batido.

—Ok mãe, a senhora pode falar agora? –Fui educada.

Ouço um suspiro do outro lado e logo ela fala:

—Por que eu acho que não vira coisa boa?

Eu meio que suspiro também e confessei:

—Eu briguei com Anne.

—Bem considerando a relação de vocês duas, isso estava demorando a acontecer. –Ela disse como se já esperasse isso.

Rolo os olhos e respondo irritada:

—Sério mãe? Sou tão previsível assim?

Ela solta uma risada sem graça e argumenta:

—Vocês duas chegam a ser até bem previsíveis do meu ponto de vista, mas qual foi a causa dessa vez?

—Ela deu um murro no nariz de um colega do Alex. –Contei a ela o ocorrido.

—Nossa dessa vez ela se superou... Ela realmente quebrou o nariz de um menino mais velho? –Ela parecia ainda não acreditar, mas detectei um certo tom de orgulho, se já não fosse o bastante ela completou com um–Bem ela realmente se parece com você.

Eu solto um suspiro impaciente antes de dizer:

—Mãe liguei para lhe pedir um conselho e a senhora falta pouco a dar os parabéns para ela, se fosse eu a senhora já teria...

—Feito exatamente o que aposto que vocês fizeram. Emily eu sei que não sou e nunca fui a melhor mãe do mundo, mas uma coisa que uma mãe sabe é o que seu filho é capaz de fazer, isso é uma verdade inegável. –Ela fez uma pausa e logo continuou –Anne é absurdamente parecida com você, e conhecendo você tão bem como eu, sei que não faria nada sem um bom motivo.

—Mas ela não quer me contar. –Me queixei o que talvez era o que mais me incomodava.

—Sei bem como é a sensação. –Ela diz e ri sem graça.

—Mas a senhora sempre descobria o que eu aprontava, o que diga-se de passagem era extremamente irritante, sem falar no fato que sempre me culpava. –Me queixei mais uma vez.

—Ouça o que está dizendo Emily, e diga se não é exatamente isso que você está prestes a fazer. Aqui vai um conselho de uma mãe de filha rebelde, não passe a mão na cabeça dela, mas também tente ouvir o lado dela. Se eu tivesse feito isso acho que as coisas poderiam ter sido diferentes. –Ela disse e eu podia jurar que sentia um tom de arrependimento em suas palavras finais.

Oh não, sério que ela estava se sentindo culpada em relação a mim? Pelo sim ou pelo não confessei à ela:

—Mãe a senhora foi a melhor mãe que eu poderia ter, mesmo imersa em trabalho eu sei que se preocupava comigo.

—Ainda me preocupo querida, e você tem que mostrar a ela que também é assim. –Não podia acreditar nas palavras da embaixadora.

—Eu sei mãe, vou tentar. –Disse o que eu sabia que teria que fazer.

—Eu sei que vai. Até breve querida. –Ela disse e eu sabia que ela já iria desligar.

—Até mãe. –Me despedi.

—Te amo. –Ela disse e eu me surpreendi.

—Eu também te amo mãe.

Após minha conversa com minha mãe, vou até a cozinha tomo uma água e espero alguns minutos para me acalmar e menina lá em cima fazer o mesmo.

Quando finalmente tomo a decisão de ir até ela, fico alguns minutos encarando a porta do quarto dela, até que ouço ela dizer lá de dentro:

—Pode entrar, eu sei que a senhora está ai.

E assim o faço.

Ao adentrar o quarto noto que ela está sentada em sua escrivaninha lendo um livro.

—Teoria do direito romano? Você quer ser advogada? –Digo surpresa ao notar o que ela estava lendo.

Minha filha apenas dá de ombros e justificou:

—Não sei, acho interessante.

Ela disfarça o desconforto com um sorriso tímido.

Caminho até sua cama e me sento, não tiro os olhos dela a analisando.

—Poderia parar de fazer isso? –Ela me pergunta um pouco receosa.

—Isso o que? –Respondo com outra pergunta.

—Me perfilar, isso não é muito legal. –Ela disse me fitando com seus olhos castanhos idênticos ao meus.

—Ok. –Respondo, ela me olha, percebo que ela está me analisando então digo –E você poderia parar de me perfilar?

Ela me lança um sorriso e explica:

—Eu não estou te perfilando, estou apenas vendo se a senhora ainda está com raiva de mim.

—Eu não estou com raiva Anne, estou apenas brava. O que você fez foi algo realmente sério, não se deve sair por aí batendo nos outros, mas eu ainda quero saber o porquê. Venha sente aqui e me explique. –Finalizo dando um tapinha na cama bem ao meu lado.

Ela faz o que eu pedir, ao sentar-se ao me lado na cama, ela solta um longo suspiro, finalmente me encarando ela diz com os olhos tristes:

—Seria tão mais fácil se ele contasse.

—Ele sofre bullying não é mesmo?

Ela apenas faz que sim com a cabeça.

—E por que você fez aquilo, não era nem ao menos com você.

Ela me olhou séria, como se tivesse indignada com o que eu acabei de falar.

—A senhora se lembra de qual a regra número um da família Hotchner? –Ela me olhou desconfiada.

Fiz que não com a cabeça, ela sorri e faz uma piadinha:

—Acho que ter virado uma Prentiss, fez a senhora esquecer isso.

Agora fiquei curiosa, sendo assim perguntei:

—E qual seria essa regra?

—Sempre proteger os nossos. –Ela me respondeu.

—É isso é bem cara do Hotch mesmo. –Pensei em voz alta.

Ela sorri e então me surpreende:

—Mas foi a senhora que nos passou essa regra.

Nossa, acho que conviver com Hotch me ensinou bem a lidar com uma família.

—Então você quebrou o nariz do valentão para proteger seu irmão? –Deduzi.

Ela não responde, apenas faz que sim com a cabeça, de repente sua pose confiante não estava assim tão confiante mais.

—Você fez algo errado, mesmo pelos motivos certos, mas isso não pode se repetir de novo ok? –Esperei que ela assentisse e então prossegui –Não podemos fazer isso querida, é errado, e sempre se paga um preço, mesmo que seus motivos sejam nobres.

—Eu sei mãe. –Ela se queixou e pelo seu olhar eu soube que ela sabia que eu tinha razão.

—Agora vou buscar os gêmeos, será que você pode ficar aqui sem quebrar o nariz de ninguém? –Pergunto à ela e sorrio no final.

—Acho que sim. –Ela me responde não muito confiante.

Depois de buscar os gêmeos, coloco Anne para ficar de olho neles, enquanto eu vou falar com Alex.

Bato na porta do quarto do meu primogênito e ouço:

—Se for mamãe, Tony ou Ethan pode entrar, mas se for você Anne não quero te ver.

Eu entrei, ele estava deitado na cama, com um livro sobre leis, aparentemente essas crianças tem um fascínio por leis.

—Você foi muito duro com sua irmã. –Eu digo assim que adentro o cômodo.

Ele apenas levanta o olhar do livro e diz:

—O que ela fez não é certo mãe.

Sento-me na cama e digo:

—O que aquele garoto fez também não.

Ele desvia o olhar para o livro, mas ainda assim responde:

—Ele estava apenas brincando.

Eu encaro o estado do meu filho e falo:

—Uma brincadeira muito pesada, para a sua própria irmã a favor de brincadeiras ser contra.

Ele fecha o livro e coloca ao seu lado, ele se senta na cama e me olha atentamente.

—São apenas adolescentes querendo ser melhores que os outros mãe, eu sei lhe dar com isso, Anne fez exatamente o que eles queriam, ver alguém se ferrar. –Ele disse e eu tive a sensação de estar diante de um adulto e não de um adolescente.

—Ela fez isso para te proteger. –Eu apontei o óbvio.

Ele ri sem graça e diz de certa forma perplexo:

—Sério que a senhora tá apoiando ela? O que ela fez é extremamente errado mãe, ao fazer isso ela se torna igual a eles.

Eu suspiro, acho que descobri a quem ele puxou. Claramente estou diante de um Hotch nato, sempre reprimindo suas emoções, agindo sempre de acordo com as regras.

—Eu sei Alex, mas perdoe-a, apesar de tudo as intenções dela foram boas, além do mais vocês são irmão vocês têm que se protegerem. –Eu posso não concordar com as atitudes da minha filha, mas também não acho certo que ele fique chateado dessa forma com a irmã. Apesar que sei que de certa forma ele se culpa, por não ter protegido ela das consequências de suas ações e talvez, só talvez, ele se culpe um pouco.

Ele faz que sim com a cabeça e diz:

—Eu vou, só que não agora. –Aí está a rebeldia Prentiss se fazendo presente.

Era hora de fazer o meu papel de mãe, sendo assim o repreendo:

—Eu quero que vocês estejam em paz o mais rápido possível, ou eu serei obrigada a pôr os dois de castigo.

—Se papai não nos colocar antes. A senhora sabe que ele odeia quando se quebra regras. –Ele diz e vejo um certo brilho em seu olhar.

Naquela noite jantamos todos em família, Aaron chegou bem na hora, acho que ele conseguiu terminar seu trabalho a tempo. No final do jantar Alex e Anne já estavam novamente em paz. Colocamos todos para dormir, eu o chamei para o meu quarto para conversarmos.

—No seu quarto? Você está planejando algo que não sei Emily? –Ele me pergunta brincando, mas detecto um pouco de nervosismo em sua voz.

Rolo os olhos e digo:

—Apenas podemos conversar aqui sem que ninguém escute ou nos interrompa.

Ele apenas assente.

Conto a ele todo o ocorrido de hoje, ele fica um pouco bravo por eu não ter dito a ele o porquê de ter saído com tanta pressa. Alex tem razão ele realmente não gosta que ninguém quebre as regras, eu não imaginei que ele seria assim em casa também. Eu pedi a ele que não a castigasse, pelo menos não dessa vez. Quando percebi estávamos sentados na cama e ele me alertando:

—Emily isso não pode se repetir novamente, eu sei que ela fez o certo, mas você sabe tão bem quanto eu que sempre há uma punição quando se quebra regras.

Respirei fundo, era hora de assumir meu papel de mãe e defender minhas crias:

—Eu sei que não podemos sair por ai quebrando regras Hotch, mas por favor tente agir como se não fosse o fim do mundo.

Ele me encarava fixamente, como se ainda absorvesse o que eu tinha acabado de dizer.

Por fim ele disse:

—Está bem, mas se algo do gênero acontecer novamente teremos que tomar serias providencias.

E eu sabia que ali estava o anúncio velado que da próxima vez, ele deveria estar ciente dos ocorridos no momento e com certeza seria ele encarregado dos castigos.

—Obrigada. –Mostrei minha gratidão e em um ato impensado eu o abracei.


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Notas finais do capítulo

Então que acharam dos diálogos de hoje? Queria fazer algo com ela realmente agindo como mãe, e o que mais natural do que uma mãe que briga, mas depois faz as pazes, e ainda faz com que o pai não castigue o filho?
Sim eu sei, Hotch estava realmente doido para castigar Anne, mesmo ela tendo feito uma coisa digamos assim certa, mas vocês devem entender que ele é um oficial da lei, então é natural que ele não tolere esse tipo de comportamento.
Então repararam o quanto essas crianças parecem se interessar por leis?
KKK comentem, quero muito saber a opinião de vocês sobre esse capitulo. *-*
Bjss e até breve :*