Acordando para a vida escrita por Deh


Capítulo 4
Aaron


Notas iniciais do capítulo

Capitulo fresquinho, espero que gostem *-*



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Me preocupar era o que eu estava fazendo desde que desci daquele avião. Claro estou sempre preocupado, mas dessa vez era diferente, eu não estava me preocupando se íamos resolver o caso, e sim se Emily ficaria bem. Estávamos investigando o caso a todo vapor, no momento eu e Rossi estávamos indo para a casa de uma possível vítima. Desde que encontrei a equipe não disse nada sobre Emily, apenas o que me foi perguntado, que era sempre a mesma coisa, ela está bem? Era apenas isso que todos me perguntavam, e eu sempre respondia sim ela está, quando na verdade eu não sabia o que estava acontecendo com ela.

—Sabe você deveria parar de se preocupar tanto, e ligar para ela. –Rossi quebrou o silêncio.

—Eu já liguei Dave. -Respondi e ele continuou a me observar como se esperasse eu continuar a falar, mas eu não continuei.

—Claro que você ligou, você a ama. Por isso está tão preocupado. –Ele provocou e eu o ignorei, mas após alguns segundos eu não resisti:

—Por favor Dave, eu estou apenas preocupado com o fato dela estar cuidando dos meus filhos.

Ele riu secamente ante de dizer:

—E dela também. Sabe Aaron se tem alguém que consegue fazer isso é Emily Prentiss.

Nesse ponto ele estava certo, Emily conseguiria fazer tudo.

—Até hoje não entendo por que vocês se divorciaram, está obvio que você não daria o divórcio assim tão fácil. Você a ama. –Ele diz, afinal não é de hoje que Rossi insiste nessa investigação do divórcio.

Respirei fundo e comentei:

—As vezes em meio a tantas mentiras o amor não é suficiente Rossi.

Surpreendentemente ele não me encarou ou falou qualquer outra coisa, olhando para fora ele apenas disse:

—Chegamos.

Após estacionar o carro, descemos e fomos em direção a casa, apenas quando batíamos na porta ele disse :

—Ela usou as crianças não foi?.

Não deu tempo de responder a porta foi aberta.

Já na delegacia Reid nos pergunta como foi a entrevista e eu respondo com um mal humorado:

—Nada proveitosa.

Porém escuto Rossi dizer para ninguém em especial:

—Talvez um pouco.

Resolvi ir procurar algo para me ajudar a virar a noite, talvez um café ajudasse, comecei a lembrar de minha conversa ao telefone com ela, nossa conversa fluiu tão naturalmente, me fez lembrar de tempos mais felizes. Perguntei sobre as crianças, ela me perguntou pelo caso e se seguiu um papo tranquilo, não tínhamos uma conversa civilizada há muito tempo.

No final daquela ligação eu queria acreditar que ela voltaria a ser como antes, porém a quem eu queria enganar? Já se fazia três anos que nos divorciamos, se não conseguimos reatar quando ela tinha memoria, imagina agora. No fundo eu queria que fossemos uma família novamente, mas nosso amor estava desgastado, e eu não queria machucar mais ninguém, as crianças já tinham sofrido muito, se alguém sofreu mais que eu, com certeza foram eles.

—Você mentiu para mim todo esse tempo Emily! –Eu disse com muita raiva.

Ela me olhava com um misto de raiva e talvez, talvez um pouco de dor.

—Você não sabe o que aconteceu Aaron. –Ela tentou em vão justificar.

Eu a encarei e disse com certo desprezo:

—Sério? Você mentiu para mim!

Emily Prentiss, a mulher que praticamente nunca abaixava a cabeça para ninguém, desviou o olhar e mais uma vez se defendeu:

—Eu precisava fazer isso.

—Claro Emily, você sempre teve que ser a melhor. –Eu estava frustrado com tudo aquilo e estava descontando nela.

—Eu fui designada para aquela maldita missão. –Ela gritou.

Eu revirei os olhos, e finalmente disse o que no fundo mais me incomodava.

—Mas poderia ter me contado, eu tinha o direito.

—Hotch temos um suspeito. –Morgan disse me tirado daquelas memorias por Morgan.

—Onde ele está? –Eu perguntei.

—No interrogatório com Rossi. –Ele me respondeu, limitei a assentir e tratei logo de segui-lo.

Vi Rossi interrogar o suspeito, não parecia culpado, mas parecia envolvido. Pedi a Reid e Morgan para seguir o suspeito, Rossi e Callahan falariam com os conhecidos das vítimas, atualmente Kate fazia o trabalho de Emily, mas não era como ela. Emily sempre fora boa em entrevistar vítimas e familiares, mas não era apenas eles que ela entrevistara, lembro-me de quando ela foi comigo entrevistar um sádico em um presidio, eu não achei que ela fosse capaz, mas ela me surpreendeu mais uma vez.

Depois de mais alguns dias finalmente conseguimos pegar o elemento, agora estávamos no avião preparando para voltar. Sentei-me mais afastado da equipe, chegaríamos de manhã, então fui dormir, infelizmente sonhei com uma triste lembrança da época em que me divorciei.

—Papai você tem que voltar com a mamãe. –Foi o que a menina de nove anos me dizia.

Mais difícil do que encarar Emilu após o divórcio, foi sem dúvida encarar nossos filhos, os gêmeos não entendiam, Alex fazia o possível para deixar transparecer que não ligava, mas Anne, ah Ariane, sempre regida por suas emoções, não escondia hora nenhuma sua desaprovação.

Sendo assim, tratei de me sentar e a coloquei em meu colo, tentando mais uma vez explicar à ela a situação.

—Querida chega uma hora em que os adultos se separam, mas nem por isso deixam de amar menos os filhos.

 Ela me encarou e assim como a mãe, ela tenta impor sua opinião de maneira sutil:

—Eu sei papai, mas ela ainda te ama, eu tenho certezaa. –Ela diz com muita convicção.

Respirei fundo, como era difícil explicar o divórcio para crianças. Diante do meu silêncio, ela prosseguiu:

 _Ela diz que as brigas vão parar. –Eu assenti e então olhando fixamente em meus olhos, com aqueles mesmos olhos castanho Prentiss ela completou –Então quando eu e Alex brigarmos ela vai nos separar também?

Sem saber se era uma tentativa de me manipular ou se era um medo real dela, eu simplesmente abracei fortemente a minha filha e logo esclareci:

—Claro que não querida, vocês são irmãos.

Sinto seus braços se apertarem em torno de mim, ficamos assim por alguns segundos até ela se afastar e novamente me encarar, as vezes me surpreendo com Anne agir como alguém mais velho e no fundo eu tenho medo, pois o divórcio tem sim uma influência muito forte nisso, já que de certa forma obrigou ela e Alex a encararem algo que ao meu ver poderia ter sido evitado.

—E vocês são casados, brigas acontecem papai. –Ela fez uma observação sensata, como se explicasse que um mais um é igual a dois.

Sorri com o pensamento da minha garotinha ela sempre fora perspicaz em relação ao comportamento das pessoas, isso sempre me fazia lembrar a mãe dela.

E como não obteve resposta ela prosseguiu:

—Papai ela sente sua falta, ela está diferente.

Eu a abracei novamente, ela que não sabia o que acontecia, ela que não sabia que aqueles abraços provavelmente estavam confortando mais a mim do que a ela mesma. Que minha vontade era ficar ali e tentar em vão reparar os danos, mas eu simplesmente não podia.

—Agora vá dormir que já está muito tarde. –Disse enquanto a colocava na cama.

Ao ver ela finalmente fechar os olhos, eu desci e ali encontrei o motivo das minhas noites mal dormidas, ela estava sentada na cozinha bebendo vinho, achei que ela não me diria nem boa noite, no entanto Emily sempre fora capaz de me surpreender.

—Ela está ficando diferente. –Emily me confessou.

—Engraçado ela disse a mesma coisa em relação a você. –Respondi, não rendendo assunto, pois por mais que eu sentisse sua falta, somos demasiados orgulhosos.

Dito isso fui embora, eu apenas havia passado em nossa antiga casa para ver as crianças depois de um caso forte. Emily não me negou a visita, ela estava no caso também, e sei que ela viu o quanto me afetou ver crianças tiradas de seus pais. Mesmo que separados, ainda tínhamos a habilidade de ler um ao outro muito bem, as vezes acredito que isso foi o que tornou tudo pior. 


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Notas finais do capítulo

E então, o que achou? Não esqueça de comentar.
Até semana que vem *-*