Pov Harry

Explicar tudo o que estava acontecendo para Rony era complicado. Muito complicado. Mas, de qualquer maneira, deveria ser contado.

—- Ok, mas não podemos ficar aqui. – foi tudo que Percy disse. Ele olhava para os lados, procurando alguém que tivesse visto Annabeth jogar a água em seu rosto e sua cicatriz fechar-se, mas não encontrou ninguém.

Rony seguiu do lado de Hermione, com uma cara não muito boa. Eu conseguia ver as engrenagens do seu cérebro trabalhando para chegar em alguma conclusão. Por fim, ele apenas concordou e nos seguiu.

Passamos pela entrada da Grifinória e ficamos no Salão, onde esperávamos o menor número de pessoas possível estarem presentes.

Neste meio tempo, Gina chegou de um treino de Quadribol. Ela estava com os cabelos amarrados em um coque e com as bochechas coradas pelo esforço feito no treino, mas continuava linda. Quando nos viu, correu e me abraçou, e eu não queria mais soltá-la.

—- Pode largar minha irmã, Potter? – Rony perguntou, um pouco irritado. Ele queria respostas, e eu não o julgava por querer isso.

Annabeth respirou fundo e já começaria a contar as coisas, quando a porta foi aberta. Nico entrava normalmente no Salão, fazendo Gina o olhar estranho.

—- Eu sei quem você é! – apontando para o garoto, Gina parecia incrédula. Todos nós também estávamos, como ela poderia conhece-lo?

—- Olá Gina! Poderia chamar Luna para mim?

Nico parecia tão familiarizado com Gina. Isso fez meu estômago dar pequenas cambalhotas, e eu não estava gostando dessa sensação.

—- Devemos ir para outro local se quiserem conversar sobre isso. Não se pode confiar em todos nessa escola. Vamos para a Sala Precisa, lá vocês poderão fazer as perguntas. – Nico falou e saiu pela porta, deixando todos nós desconfiados. Ele sabia de tanto sobre nós, parecia ter tanta confiança ...

Fizemos como ele mandou, esperando na porta da Sala Precisa, aguardando a chegada de Luna. A menina chegou saltitante, ao lado de Gina, com seu uniforme azul mais reluzente ao feixe de luz que entrava das frestas do castelo.

—- Olá! – ela nos cumprimentou alegremente.

Ao entrarmos na sala, vimos as paredes negras e algumas pinturas rústicas. As cadeiras feitas de uma madeira nobre e uma lareira ao centro. Perto dela, Nico estava sentado, revisando algumas de suas anotações, e parecia preocupado.

—- O que vocês querem saber?

Pov Percy

Nico era um mistério. Ele conhecia uma aluna de Hogwarts, sim. Mas a questão era: Como? Ele tinha contato com pessoas que nós nunca imaginaríamos, e passou por coisas que estão fora de cogitação (mesmo que ele nunca falasse nada), mas ainda assim, ficávamos surpresos quando descobríamos algumas de suas “aventuras”.

A garota loira (seu nome era Luna) sentou-se ao lado de Nico e tocou a ponta do cacho que os cabelos negros do menino formavam. Depois da aproximação repentina (e, surpreendentemente, não afastada por Nico) ela sorriu e disse:

—- Eu sabia que um dia conheceria você.

Ele apenas assentiu e se levantou, virando-se para nós.

—- Sentem-se. Creio que há histórias a serem contadas aqui.

Rony olhou diretamente para mim. Ele parecia um cachorro ruivo com raiva. O que eu havia feito de errado para aquele cara me odiar tanto assim? Olhei para Hermione, procurando ajuda. Queria que ela controlasse o seu amigo/crush/sei-lá-qual-era-a-relação-deles.

—- Ok, vocês podem começar pelo nome de vocês. O verdadeiro. – Rony disse, nos encarando.

—- Bom, meu nome é Harry Potter, eu tenho ...

—- Não você, idiota! Eles, os bruxos novatos, se é que vocês são bruxos. – ainda com a cara fechada, ele apontou para Annabeth, e foi passando olhar para mim e Nico. O outro foi o primeiro a se apresentar.

—- Eu sou Nico Di Angelo, filho de ... Hades – a última parte saiu como um sussurro, porque ainda estávamos preocupados de como as pessoas dali reagiriam a essa informação.

—- Espera ... Tipo, Hades, o deus do Inferno? Impossível, são apenas criaturas da mitologia grega ...

Antes da intervenção de Nico, Hermione perguntou:

—- Como você sabe sobre essas histórias?

—- Vocês me abandonaram aqui. Então eu fui estudar, como você faria. Snape estava falando muito sobre criaturas mitológicas em nossas aulas, fui apenas verificar do que diabos ele estava falando.

Harry olhou incrédulo para o amigo, como se não acreditasse que “Rony” e “estudar” estivessem em uma mesma frase. Hermione também o olhou assim, mas um sorriso de canto insistia em aparecer.

—- Vocês não podem ser criaturas mitológicas ... podem?

Nico respirou fundo, antes de fechar os olhos e se concentrar. Do chão, surgiu um morto-vivo, com a carne em decomposição, mas ele não fedia. Uma farda de militar, acompanhado do chapéu e espingarda, e olhos “mortos”.

—- Conheça Pietro, militar naval, lutou no exército de Napoleão, um grande imperador não-mágico.

O morto acenou e sorriu sem mostrar os dentes. Rony, antes raivoso, agora estava com medo do “zumbi”.

—- V-você pode ter conjurado ele com algum feitiço!

Annabeth revirou os olhos.

—- Rony, não é mentira! Olhe para vocês. Realmente acha que acreditamos, logo de cara, que vocês poderiam fazer magias e voar em vassouras como meio de transporte? Claro que não! Mas vocês existem, assim como nós!

Rony parecia digerir todas as informações e, por fim, concordou, deixando-nos continuar com as apresentações.

—- Bom, eu não me chamo Alexandra. Meu nome é Annabeth Chase, filha de Atena, deusa da Sabedoria.

—- Eu sou o Percy. Percy Jackson, filho de Poseidon, deus do Mar.

Rony olhou surpreso para mim.

—- Espera, vocês dois não são irmãos? E você é filho de Poseidon? Tipo, o deus que controla a água!?

Apenas assenti com a cabeça.

—- Uau. Mas, de onde você conhece Hermione? Ou vocês não se conhecem?

—- Hermione morou, em volta dos 7 aos 8 anos, em Nova Iorque. E eu era seu vizinho. Como estudávamos juntos, viramos melhores amigos. Até que eu fui expulso do colégio e ela voltou para a Inglaterra.

—- Eu não sabia que você já havia morado na América! – Harry disse, surpreso. Hermione apenas deu ombros.

—- Mas agora quero saber quem é você. E como conhece minha irmã e Luna ...

—- Como eu já disse, Nico. Filho de Hades. Eu conheço sua irmã porque eu conheço Luca. E era sobre isso que eu queria falar com vocês.

“Creio que nem Luna saiba dessa informação. Mas antes de vocês terem consciência da existência uns dos outros, eu já os conhecia. Venho observando por muito tempo o mundo fascinante que é o mundo bruxo. Em uma das minhas conversas, descobri um fato, aparentemente, incomum. Deuses que têm um relacionamento com bruxos, ou seja, além da magia de Hécate viver com vocês, existe alguns que possuem mais poderes divinos.

Muito deles são mortos ao nascer, ou “somem”, misteriosamente. Mas alguns vivem sem atrapalhar a comunidade, tanto bruxa quanto grega. Voldemort e Cronos descobriram esse fato também, infelizmente. E estão recrutando pessoas assim, intituladas por mim de “semi-bruxos”. Mas existe uma denominação que o Olimpo dá para eles: teio mageia.

Luna é um desse “teio mageia”. Ela é uma semi-bruxa.”