Tempos modernos escrita por Florrie


Capítulo 92
Cersei - Tóxico


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a Odd Ellie que me mandou esse desafio.
Espero que gostem :)
Está um pouquinho grande, né?



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"the idea that we are so capable of love but still choose to be toxic"

— Rupi Kaur


Eles brigaram de novo.

            Aquilo não era novidade. Ela e Robert agiam daquele jeito desde o segundo mês de namoro e os dois já estavam juntos fazia um ano. Seu irmão dizia que eles eram como um furacão ativo que podia sofrer uma erupção a qualquer momento. As brigas eram sempre intensas, recheada de gritos, acusações e ocasionalmente um objeto sendo arremessado por ela. Os motivos eram variados, Robert se engraçando com alguma garota, ele a acusando de cobrar demais dele, ela se recusando a ser a “garota legal” que fecha os olhos para os defeitos do namorado e o aceita como se fosse um ser perfeito.

            Dessa vez, o motivo era Robert e uma garota. Os dois trabalhavam no shopping da cidade, ela em uma loja de roupas e ele em uma loja de tecnologia. Cersei o tinha flagrado com uma cliente, a menina deu um beijo dele, perto demais dos lábios, e o idiota apenas sorriu e piscou para ela. Quando o confrontou, Robert veio com a desculpa de sempre, você está sendo louca Cersei, eu só fui simpático. No fim, ele gritou que os dois não estavam mais juntos, que não aguentava mais o ciúme dela.

            Contudo, eles sempre voltavam. Era apenas uma questão de tempo.

            Porém, dessa vez, ela estava muito irritada. A briga não foi o suficiente para tirar a raiva que ela sentia. Oh não, ela queria de alguma maneira fazê-lo sofrer e ela sabia exatamente como fazer isso.

            No dia seguinte ao termino, Cersei foi até o shopping e andou em direção da loja de instrumentos musicais. Antes de entrar, deu uma pausa e repensou sua atitude, por um breve segundo considerou dar meia volta e não fazer aquilo..., mas então ela botou seu melhor sorriso nos lábios e seguiu em frente. O rapaz que procurava entrava logo no balcão, aparentemente entretido com algo no computador.

            Ned Stark, o ex melhor amigo de Robert.

            Cersei nunca gostou muito de Ned, ele era sempre chato demais. Robert o amava, ainda mais do que amava os próprios irmão de sangue. Foi uma surpresa quando seu namorado — ex-namorado — lhe disse que os dois não estavam mais se falando. Sempre achou que a amizade deles era a coisa mais estável que Robert tinha.

            Passou a mão pelos cabelos e se aproximou.

            — Ned. — Ela o chamou pelo o apelido dele.

            Então ele a olhou.

            O Stark podia ser chato e tedioso, mas ao menos era bonito de um jeito fofo. Cabelos escuros e olhos cinzentos, era um pouco mais baixo que Robert e com menos músculos. Talvez eu até me divirta um pouco, pensou.

            — Olá, Cersei. — Ele pareceu um pouco nervoso, mas isso era apenas Ned sendo Ned. — Posso ajudar em algo?

            Ela olha ao redor e responde:

            — Eu estava pensando em começar a tocar, mas eu não sei bem o que.

            — Ah, eu posso ajudar com isso. Então, você prefere algo tipo um teclado ou um violão?

            E os dois passaram quase duas horas conversando. Nenhum cliente apareceu nesse meio tempo, então ele teve tempo de explicar todos os instrumentos e dar dicas. Ela começou fingindo interesse, mas depois de um tempo, se viu realmente envolvida na conversa. Quando eles esgotaram as opções e ela estava afirmando que achava que começaria com um violão, Ned mudou de assunto e comentou:

            — Eu fiquei um pouco surpreso quando te vi entrando. — Falou.

            — Ah, por que?

            — Considerando quem é o seu namorado... — Respondeu. — Você sabe que eu e ele brigamos, certo? Robert jurou nunca mais falar comigo.

            — Sim, eu fiquei sabendo. — Ela então jogou uma mexa do seu cabelo dourado para trás do ombro. — Nós dois terminamos.

            Ele não pareceu tão surpreso, então ela disse:

            — E não pretendemos voltar. Eu cansei dessa vez.

            Isso o fez arquear a sobrancelha.

            — Sério?

            Ela fez um sim com a cabeça.

            Então algo inusitado aconteceu.

            — Que bom. — Disse ele.

            — Bom?

            — Honestamente, você merece coisa melhor. Ele foi um grande amigo meu e eu o conheço muito bem, Cersei. Robert tem algumas virtudes, mas eu temo que ser um bom namorado não é uma delas. E apesar do que dizem por aí, eu acredito que você é uma garota inteligente e forte que merece alguém que te faça bem.

            Oh deuses, ela pensou enquanto assistia ele dar um sorriso tímido de olhar para o chão envergonhado. Um pensamento passou pela sua cabeça, um pensamento de que talvez ela não precisasse continuar com aquela vingança mesquinha, que talvez ela podia vir a realmente gostar de passar tempo com aquela pessoa. Ele, decerto, era muito mais descente que Robert.

            Cersei decide ignorar esse pensamento.

            — Você gostaria de tomar um café depois do trabalho? — Perguntou ela.

            E ele, que parece surpreso pelo convite, responde:

            — Claro, será um prazer.




Mais tarde, quando ambos estavam sentados no café, ela imaginou que a única coisa que eles teriam em comum seria a raiva mútua por Robert, mas acabou que Cersei estava muito errada. Surpreendentemente, eles tinham muito em comum. Os dois gostavam da mesma série de detetive e debateram sobre episódios por uma hora inteira, depois, falaram sobre músicas que gostavam e lugares prediletos. Sem que se desse conta, ela estava contando coisas sobre sua infância, sobre seu relacionamento conturbado com o irmão mais novo e como sentia a pressão das grandes expectativas do seu pai.

            Quando terminaram de comer, ele se ofereceu para leva-la até em casa e no fim, os dois pararam na frente da casa dela, parecia uma daquelas cenas de romances adolescentes. Ele acenou e ela lhe deu um beijo na bochecha como agradecimento. Ned corou e foi embora. Ela ficou para trás sorrindo.




No dia seguinte, os dois se encontram novamente no shopping. Durante o intervalo de almoço, eles decidem comer juntos em um quiosque de doces. Ned parece mais relaxado perto dela, como se o nervosismo inicial tivesse finalmente sumido. Ele pergunta se ela já decidiu sobre o instrumento e ela diz que ainda está pensando. Os dois riem juntos e Cersei coloca mão sobre a dele.

            Ned parece envergonhado de novo, talvez um pouco nervoso, mas ele não retira a mão, ela nota. Cersei sorri satisfeita.

            Ela se sente feliz, estar com Ned é divertido e leve, diferente de como era com Robert. Entretanto, ela vê o ex parado na vitrine de onde trabalha, parecendo surpreso e decepcionado com o que está vendo.

            Cersei se sente satisfeita.




Uma semana depois os dois marcam uma ida ao parque de diversões. Cersei convenceu Ned a faltar o trabalho e ela se sentiu um pouco orgulhosa por ter conseguido fazer o menino de ouro quebrar uma regra. Ela sorriu para ele, lhe deu um beijo na bochecha e se deliciou quando o viu corar. Ele é tão doce, tão diferente de Robert e dos outros que ela já tinha tido.

            — Para qual brinquedo você quer ir primeiro? — Perguntou Cersei.

            — Carrossel?

            — Sério? É tão sem graça.

            Ned deu um sorriso sem graça.

            — Eu gosto.

            — Então carrossel será.

            Os dois brincaram no carrossel, onde Ned passou o braço pelos seus ombros e a puxou para junto dele. Ela sentiu o coração disparar. Depois, os dois foram para a montanha russa, o seu brinquedo predileto; ambos saíram com os cabelos todos despenteados e acabaram caindo na risada. Ao meio-dia, uma chuva repentina começou a cair e eles correram para se proteger debaixo de uma tenda, Ned deixou que ela se encostasse no seu braço e lentamente, ela sentiu os dedos dele se entrelaçarem nos seus.

            Novamente o seu coração disparou.

            Seus olhos verdes encarando os cinzentos dele. Ned engoliu seco, parecia nervoso.

            Nesse momento ela não estava pensando em mais nada, tudo o que queria era beijá-lo. E foi o que fez, Cersei ficou de ponta de pé e encostou seus lábios nos dele, sorriu ao sentir os braços dele puxarem sua cintura para mais perto.

            — Acho que a chuva passou. — Ela disse quando eles finalmente pararam de se beijar.

            — É, eu acho que sim.

            Os dois não se afastaram.

            — O que você acha de irmos ao túnel do amor?     

            — Não é muito brega? — Questionou ele.

            — Sim, completamente brega. — Disse ela. — Mas eu acho que com você, eu vou gostar.

            Eles então foram. O túnel do amor era um brinquedo espalhafatoso, todo cor de rosa, com corações vermelhos desenhados. Os carrinhos em forma de carruagem cabiam duas pessoas e eram convenientemente apertados, o que fazia com que os passageiros fossem obrigados a manter bastante contato físico.

            O trajeto era tão brega quanto o lado de fora. Com corações de neon piscando, estatuas bizarras de casais de beijando e fontes com água cor de rosa. Cersei fez comentários mordazes sobre cada detalhe, o que foi recebido com risos por Ned. Ao saírem de lá, ele lhe paga um algodão doce e ela agradece com um beijo.

            Voltaram para casa quando o céu já estava escuro. Novamente ele a acompanhou até sua casa e um pouco tímido inclinou-se para beijá-la. Foi um beijo doce que fez borboletas baterem asas em seu estomago.

            Depois de se despedir e entrar em casa, seu irmão mais novo estava sozinho na sala jogando vídeo games.

            — O pobre coitado já sabe que você vai destruir o coração dele? — A pergunta de Tyrion a fez ficar com raiva.

            — Não se meta na minha vida.

            Ele apenas balançou os ombros.

            — Só estou perguntando.

            Decidiu ignorá-lo e então subiu as escadas e entrou no seu quarto, lá, seu outro irmão, Jaime, a esperava sentado em sua cama. Seu gêmeo estava folheando uma de suas revistas e ergueu o rosto ao vê-la entrar.

            — Você e o Stark são algo, agora?

            Ela não respondeu e ele largou a revista.

            — Ele é um pouco certinho demais, mas é um cara decente. — Ele suspirou. — Bem melhor do que Robert, eu diria.

            — Onde você quer chegar?

            — O cara não está à altura dos seus jogos, Cersei. Não acha que é covardia quebrar um inocente desse jeito?

            — Desde quando você se importa com os sentimentos dos caras com quem decido sair? — Ela o olhou irritada. — Virou um bom samaritano?

            Jaime não respondeu.

            — E outra, como pode saber que estou jogando?

            — Você é minha gêmea e eu te conheço melhor do que ninguém, — Jaime ficou de pé e se aproximou dela, — você sempre está jogando. Sentimentos reais são assustadores demais.

            — Saia do meu quarto.

            — Ao menos tenha a descência de escolher um jogador experiente ou senão é apenas um jogo sem graça e covarde.

            — Você não me conhece tão bem assim, Jaime! — Gritou enquanto o via fechar a porta.

            Você não me conhece, pensou, você não sabe nada sobre mim.




— Eu gosto de você.

            Ned lhe falou durante um sábado muito quente. Os dois estavam mergulhando na piscina da sua casa e ele parou der repente, a olhando sério e então falou aquilo. Seus lábios formaram um sorriso e ela sentiu o coração bater muito forte.

            — Eu também gosto de você.

            Cersei nadou até ele e o beijou. Dessa vez não foi um beijo calmo e fofo como costumava ser, mas foi um feroz e cheio de paixão. Não havia mais ninguém na casa, ela não precisava se preocupar sobre ser pega, então deixou que seus desejos a guiassem. O Stark parecia guiado pelos mesmos instintos, ele a prendeu em seus braços enquanto distribuía beijos no seu pescoço.

            Deuses, ela ergueu a cabeça e olhou para o céu.

            — Vamos para o meu quarto? — Perguntou.

            — Estamos molhados. — Apontou ele.

            — Foda-se.

            E assim os dois saíram da piscina, entraram dentro da casa e correram até o primeiro andar. Ela abriu a porta do quarto enquanto o beijava e deixou que ele lhe tirasse a parte de cima do biquíni. Seus olhos cinzentos estavam mais escuros do que de costume, ela sorriu ao notar isso.

            — Eu não sabia que você fazia essas coisas, Stark. — Provocou.

            — Eu não sou um monge. — Então a mão dele desceu pela sua barriga até chega ao ponto que importava. Ela suspirou e o puxou para outro beijo.

            Eles caíram na cama desajeitados, livraram-se do resto das roupas — e não restava lá muita coisa — e deixaram as mãos exploraram o corpo um do outro. Ele estocou para dentro e ela arranhou suas costas, deixando marcas vermelhas na pele branca. Ned segurou o seu rosto e a fitou diretamente nos olhos.

            — Eu realmente gosto de você.

            — Eu sei. — disse enquanto mexia os quadris para intensificar os movimentos. — Eu também. Eu também.

            No fim ela quase gritou e ele tombou por cima dela sem energia. Os dois ficaram daquele jeito, imóveis, por vários minutos. Apenas sentindo a respiração um do outro.

            — Cersei...

            — Sim.

            Ele se moveu, saindo de cima dela e ficando ao seu lado. Ned a puxou para um abraço e os dois ficaram enroscados na cama. Não lembrava de algum dia ter se sentindo daquele jeito com Robert, mesmo no inicio, quando o seu ex-namorado era uma novidade excitante. Aquele era um sentimento estranho, mas não desconhecido, ela o tinha sentindo uma vez, aquela conexão, aquela necessidade, aquela intensidade....

            — Sinta... — ele pegou sua mão e colocou no seu peito esquerdo. Ela foi capaz de sentir o coração dele tentar abrir caminho para fora do corpo. — Eu quero ficar com você.

            Ela fechou os olhos e sentiu o seu cheiro. Oh deuses.

            — Nós já estamos juntos.

            — Eu quero dizer que... Você quer namorar comigo, Cersei?

            E por alguns instantes, foi como se todo o resto do mundo sumisse e só houvesse os dois. Responda Cersei...

            Ela respirou fundo e falou:

            — Eu adoraria.




Quando a noite caiu, Ned precisou ir embora. Ela insistiu para que ficasse, salientou que seus pais e irmãos só voltariam na tarde seguinte, mas ele recusou, disse que prometeu aos pais voltar para casa. Cersei então ficou sozinha com os próprios pensamentos e isso nunca era bom.

            Deitou-se no sofá e encarou o teto. Seu coração ainda batia acelerado, mas agora não era uma sensação boa. Não... Ela estava em pânico. Antes de Robert ela tinha tido um relacionamento que a fez sentir tudo aquilo que ela estava sentindo agora; o tinha amado tanto, se entregado completamente.

            E por um tempo tinha sido feliz...

            ... Até que foi puxada para baixo sem qualquer misericórdia.

            Porém, mesmo nos momentos ruins, Cersei o continuou amando, insistindo naquilo, não enxergando o quão tóxicos ambos haviam se tornado. O amor podia ser lindo, mas também algo muito feio. Era como um veneno, doce, mas que matava de qualquer maneira.

            O fim, quando veio, foi terrível. Demorou meses até se recuperar e quando o fez, prometeu a si mesma nunca passar por aquilo novamente. Ela nunca mais abaixaria a guarda novamente, nunca se colocaria em uma situação onde não tinha controle.

            O som da campainha interrompeu os seus pensamentos, quando abriu a porta, se deparou com Robert de pé, olhando para ela com um patético ramalhete de flores comprado em última hora.

            — Nós podemos conversar? — Perguntou ele, com seus intensos olhos azuis a encarando.

            Não, era o que devia responder, ao invés disso, ela deu espaço para que ele entrasse. Robert, Robert... O previsível Robert, que sempre voltava; o fácil de manipular Robert; o seguro Robert... Cersei nunca o tinha amado, não de verdade, e isso o fazia ser tão fácil. Ele era a certeza de que ela sempre estaria no controle, sempre por cima... De que ela não se machucaria

            Com Robert ela podia jogar os seus jogos sem o medo de perder no final.

            — O que você quer?

            — Acho que já passamos muito tempo separados. — Ele disse, pegando a sua mão e acariciando-a com os dedos. — Você já brincou o suficiente com Ned e sabe que ele nunca vai ser o suficiente, ele nunca vai ser eu.

            Ela quase riu.

            — Vamos voltar, Cersei. — Robert então lhe ofereceu o buque. — Você gosta de mim, do mesmo jeito que eu gosto de você. Não é, gata?

            Fácil Robert... Ele botou a mão do seu rosto e colou os lábios nos seus. Pensou em Ned, em como o beijo dele a fez ir até o céu e como agora, com Robert, não era capaz de sentir nada.

            E exatamente por isso respondeu:

            — Certo, Robert, já está na hora de voltarmos.




Uma vez, seu irmãozinho a chamou de má.

            Ele estava certo. Não havia qualquer outra explicação para as suas atitudes que não fosse pelo simplesmente motivo dela ser má. No dia seguinte a sua volta com Robert, os dois saíram pela cidade de mãos dadas. Ela percebeu como Robert propositalmente quis passar no shopping, bem na frente da loja em que Ned trabalhava.

            Seu coração afundou um pouco quando viu o sorriso do rapaz dar lugar a uma cara de descrença e depois decepção. O Stark não tentou falar com ela ou mandar mensagem, ele simplesmente a ignorou, evitando olhá-la todas as vezes que os dois se viam.

            Contudo, por algum motivo, ela não era capaz de deixa-lo para trás. Voltar com Robert não fora o suficiente para suprimir sua necessidade de Ned. A coisa certa a se fazer era deixa-lo em paz, mas Cersei era egoísta e foi incapaz de fazer isso. Passou a fazer visitas na loja, passando-se como cliente, forçando-o a interagir com ela. Ned vestia uma mascára de educação e frieza, mas ela era capaz de ver um turbilhão de sentimentos passeando pelos seus olhos.

            Ela continuou a ir até que ele explodiu:

            — Por que você está aqui, Cersei? Me deixa em paz, por favor.

            Ele não tinha gritado, mas ela sentiu como se tivesse. O gerente da loja, que estava no local, também teve a mesma sensação e brigou com o Stark, ameaçando demiti-lo caso ele viesse a destratar um cliente de novo.

            Cersei então deveria ter parado de importuná-lo.

            Deveria mesmo.

            Mas então, ao passar na frente de loja, viu uma menina bonita sorrir para Ned e novamente sentiu o impulso de ser egoísta. Entrou na loja de novo, indo em direção a ele e requerendo sua atenção. Novamente, ele tentou ser educado, mas quando a outra garota, que sentiu o clima pesado do ar, decidiu ir embora, o Stark explodiu novamente.

            — O que você quer? Por que não me deixa em paz. — Ele respirou fundo. — Eu estou te implorando, Cersei, me deixa em paz. Você voltou com o Robert, certo? Para que está vindo atrás de mim?

            — Eu...

            — Eu não entendo, por que?!

            A última palavra tinha saído quase como um grito.

            — Eu... — Ela botou ambas as mãos em seu rosto. — Eu não consigo ficar longe.

            — Você que escolheu, você que fez isso... Só vai embora, esse é o meu trabalho e você não tem o direito de...

            Ele foi interrompido pela voz grossa do gerente. O homem puxou Ned para dentro e meia hora depois, o rapaz saiu cabisbaixo, sem a camisa do lugar e carregando suas coisas. Antes de ir embora, ele a olhou e perguntou:

            — Satisfeita? Era isso o que queria? Que eu fosse demitido?

            — Eu não...

            — Só me deixa em paz.

            — Eu sinto muito. — Disse ela.

            — Não, você não sente.

            E então, ele foi embora sem olhar para trás.



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Notas finais do capítulo

Eu adoro Cersed - acho que todo mundo que me acompanha sabe - e acho que eu, surpreendentemente, não tinha escrito um angst deles até esse momento (ao menos não que eu me lembre).
Gostaram?
Comentários são sempre apreciados.
Beijos ;*



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