Ele sempre se considerou uma pessoa mais segura que seus irmãos. Desde pequeno sempre soube o que queria e fazia o possível para conseguir. Sua convicção foi abalada, contudo, durante o período da adolescência, quando coisas estranhas aconteceram.

            Nessa época, Rickon observava seus irmãos e amigos falaram sobre “gostar de alguém”. Assistiu todos eles agirem como tolos ao redor das pessoas de quem gostavam, tropeçando nas palavras e fazendo coisas idiotas apenas para estarem perto delas. Nesse momento, Rickon disse a si mesmo que não perderia um segundo sequer da sua adolescência se importando com esses dilemas do coração.

            Talvez tenha sido o seu erro. Ele subestimou o poder de um crush.

            Veja bem, Rickon também não tinha a menor vontade de ter um crush, mas achou que seria inofensivo reparar em outros rapazes bonitos. Afinal, olhar não era nada demais, certo? Ainda mais se fosse o Tommen, que estava crescendo e ficando bastante agradável aos olhos, mas que em personalidade, não fazia em nada o seu tipo. Bonzinho demais.

            Concluiu que estava seguro.

            E então as coisas foram lentamente fugindo do seu controle. Ele começou a reparar toda vez que Tommen chegava no mesmo recinto que ele, prestava atenção em cada palavra que ele dizia, mesmo que não adimitice, com o passar dos dias, passou a ansear por vê-lo. Já não era mais algo casual, tornou-se uma necessidade.

            Rickon passou a se intrometer nas conversas, queria que o Lannister o notasse, que olhasse para ele com aqueles intensos olhos verdes, que o visse. Também adorava fazê-lo corar com piadinhas e comentários sarcástico. Ele não entendia bem o por que disso, essa era a pior parte, não sabia o por que de estar fazendo tudo aquilo.

            A verdade é que Rickon recuzava-se a admitir o obvio.

            Até que um dia ele viu Russel beijando Tommen. Já tinha notado os olhares do outro, mas vê a coisa se concretizando foi como um soco no seu peito. Outra sensação nova. Uma tristeza seguida de uma enorme irritação, queria chegar no meio dos dois e separá-los, queria beijar Tommen e mostrar que ele era muito melhor do que aquele outro ruivo. Então a realização veio, tão rápida quanto um tiro.

            Merda.

            Ele havia se transformado em um tolo com um crush.

            Até tentou lutar contra, mas aparentemente, seu cérebro simplesmente se rebelou e não queria mais agir de modo racional. Queria estar perto de Tommen, conversar com Tommen, tocar Tommen, beijar Tommen e queria socar Russell. E claro que o loiro nunca parecia perceber seus sentimentos, nem mesmo quando ele era bastante obvio.

            Teve momentos em que Rickon questionou como poderia estar apaixonado por um lerdo. Um lerdo muito bonito, mas ainda assim um lerdo.

            — Honestamente Rickon, o que você está fazendo da sua vida? — Questionou-se certa vez em frente ao espelho.

            Nesse dia estava disposto a esquecer Tommen de vez, contudo, foi só abrir a porta e vê-lo parado no corredor, os cabelos dourados bem alinhados, a camiseta com desenho de vídeo game, os olhos esmeralda meio perdidos no ar. Merda, seu coração bateu tão rápido que parecia que iria sair pela boca.

            — No que está pensando? — Perguntou.

            Tommen se sobressaltou e corou feito um tomate.

            Por que eu acho isso fofo?

            — Nada importante.

            — Bela camisa.

            — Ah, obrigado. Comprei em uma convenção.

            Então Rickon disse:

            — Você não quer ir lá em casa jogar? Nenhum dos meus irmãos é bom o suficiente.

            Tommen ponderou por alguns instantes antes de responder:

            — Ah sim, claro. Seria ótimo.

            E Rickon imaginou que talvez estivesse fazendo algum progresso, mas então Russell o interrompeu, chegando na pior hora possível com aquele sorriso sonso.

            — Ei, Tommy, você quer ir assistir um filme comigo hoje?

            E ele tinha quase certeza que o loiro iria simplesmente esquecer seu convite e aceitar o do outro, então fez o que qualquer um faria, foi mais rápido e respondeu:

            — Nós vamos jogar hoje lá em casa. — Seu olhar tão duro quanto uma pedra.

            — Jura? O que? Eu particularmente gosto muito...

            — Desculpa, só tenho dois controles. Então te vejo mais tarde Tommen, tchau.

            E ele saiu rápido.

            Seu rosto estava em chamas. Ele estava corando... Ele, que sempre fez piada com os irmãos por causa disso.

            Relembrando tudo isso, Rickon as vezes batia na própria testa. Contudo, bastava olhar para Tommen, agora seu namorado, que dormia tranquilamente na sua cama depois de uma maratona de jogos, e pensar que sim, ele se transformou em um tolo, mas cara, ele agora entendia por que as pessoas faziam isso.

            Valia muito a pena.