Tempos modernos escrita por Florrie


Capítulo 75
Robb - Boas vindas


Notas iniciais do capítulo

Adoro quando um capítulo inteiro simplesmente surge na minha cabeça e eu consigo atualizar rápido :)
Espero que gostem.



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Ele tinha chegado há apenas dois dias e os rapazes lhe arrastaram por Porto Real para uma noite de comemoração. Alguns deles estavam mudados, outros continuavam os mesmo de três anos atrás.

            No grupo dos mudados havia Theon. Ele e Jeyne Poole tinham uma filha pequena e moravam juntos em um pequeno, mas confortável apartamento. Eram praticamente casados, por mais que faltasse uma cerimônia para oficializar tudo. Robb acompanhou tudo pela internet e finalmente conheceu a pequena Yara, foi bem estranho ver seu melhor amigo em uma versão “papai coruja ciumento” mais cedo nesse mesmo dia.

            No grupo dos não mudados estava seu primo Jon. Sério e com seu eterno problemas com mulheres. Ygritte tinha decidido ficar na cidade, ele contou, e estava até fazendo uns cursos de extensão na universidade, assim como sua irmã Sansa. A ruiva demoníaca – apelido dado por Aegon – ainda rondava seu primo com seu sorriso malicioso e olhos felinos. A “mulher misteriosa” também estava no jogo, assim como Rhaenys que não desistiu de encontrar uma moça adequada para o irmão.

            Como faziam na juventude, eles foram para a região boêmia da cidade, esperando encontrar diversão. Aegon sugeriu algumas boates indecentes e Theon logo negou apontando o fato de que Jeyne não iria gostar. Nem Asha, ele comentou e Aegon respondeu mal humorado: ela provavelmente nem se importaria. Gendry então apontou para um barzinho simples, mas animado. Parecia um lugar calmo para se conversar com os amigos.

            Todos concordaram.

            Obviamente algo tinha que dar errado.

            Na primeira garrafa ele começou a narrar sua aventura por Volantis.

            – Era bem legal. Nós tínhamos aulas todos os dias, mas nas tardes livres eu aproveitei para visitar os pontos turísticos da cidade e conhecer um pouco da cultura local.

            – Está me dizendo que tudo o que você fez foi conhecer a cultura loca?— Aegon apontou para o seu braço onde parte da sua tatuagem aparecia debaixo da manga. – Estou mais interessado em saber a história dessa belezinha.

(Rickon tinha feito essa mesma pergunta quando ele chegou em casa e sua mãe notou a tatuagem e quase desmaiou na cozinha.)

            – A tatuagem? Nada demais.

            – Deixe a gente ver direito Stark. – Gendry, que sentou ao seu lado, levantou a manga mostrando o desenho todo. Por um segundo ele ficou paralisado e depois uma expressão irritada cruzou seu rosto. – É a Myrcella?

            Robb sentiu o rosto corar.

            – Não! – ninguém pareceu acreditar nele. – É sobre uma história de Volantis. A rainha dourada. Não tem nada haver com a Cella... Myrcella.

            – Ela é bem parecida com ela.

            – Mas não é!

            E ninguém insistiu no assunto.

            Na segunda garrafa foi a vez de Theon desabafar sobre a paternidade.

            – Cara, eu nem sabia o que era dormir nos primeiros meses. Juro pelos Sete, Yara parecia adivinhar à hora em que eu dormia para começar a chorar. Devo ter andando pelas ruas com olheiras por várias semanas. Agora minha princesinha dorme profundamente a noite toda, uma dádiva.

            Todos riram.

            – Quem diria, Theon Greyjoy pai de família. – Aegon comenta. – Eu confesso que apostei no bolão de que você seria um solteiro invicto quando éramos meninos.

            – Você será o solteiro invicto.

            – Alguém tem que continuar sendo divertido, certo? – ele riu, mas seu riso foi mais fraco do que de costume. Robb não comentou nada. – Quando virá o próximo?

            O rosto de Theon empalideceu, o que foi engraçado.

            – Você está doido? Mais filhos só daqui alguns anos, além do mais, se eu engravidar a Jeyne antes de casar novamente, creio que o senhor Poole não será tão misericordioso.

            – E o casamento quando sai?            – foi a vez de Gendry falar.

            – Vamos para outro tópico?

            Na terceira garrafa estavam todos cantando. Jon começava a mostrar sinais de embriaguez, o que nunca era um bom sinal, já que ele perdia o juízo bêbado. Theon puxou uma canção romântica e a mesa deles passou a cantar em coro.

            Na quarta garrafa tudo ficou borrado.

            Eles saíram do bar. Gendry estava ligando para alguém e então, depois de não ser atendido, deixou uma mensagem.

            – Arya Stark, você não pode ficar comigo e não me ligar. O que eu sou? Um brinquedo sexual?

            Robb o olhou feio.

            – Você está de brincadeira? Não ligue para a minha irmã! – apontou o dedo para o rosto dele ou pelo menos tentou, sua mão ficava oscilando. – Ela é uma menininha, não a perturbe.

            – Ela tem vinte anos, supere. – ele respondeu sem tirar o celular do ouvido. – Além do mais, quem usa o meu corpo é ela e não o contrario. – Gendry lembrou que ainda estava mandando a mensagem e então se voltou para o celular. – Ouviu senhorita Stark? Você está me usando e nem a decência de ligar tem.

            Aegon riu.

            – Eu sei como é companheiro. – ele circulou os ombros de Gendry alternando o peso entre os pés. – Ela me usa também e nem me deixa fazer café da manhã no dia seguinte.

            – Bons tempos em que a regra da irmã ainda valia de alguma coisa nesse grupo. – foi à vez de Theon comentar.

            Jon estava calado e assim permaneceu até que chegaram a um parque, nessa hora deserto. Seu primo terminou a garrafa que carregava nas mãos e jogou no lixo, depois se virou para eles e abriu os braços sorrindo.

            – Eu dormir com ela e foi como ver estrelas. – todo mundo encarou o rapaz como se ele estivesse sob efeito de drogas. Jon, satisfeito com a atenção, subiu na base de concreto de um dos postes e rodopiou. – Foi como viajar por entre os planetas e me embebedar com poeira cósmica.

            – Irmão, eu acho que você cheirou a poeira cósmica mesmo. – Aegon soltou umas risadas. – Quem foi essa maravilhosa mulher que fez tudo isso?

            Jon colocou o dedo indicador na boca e soprou como se pedisse silêncio.

            – É segredo secreto. Muito secreto.

            – É a Ygritte? – Gendry tentou advinhar.

            – Não! Quer dizer, eu dormi com ela também e com a Arianne, ah e com uma Lannister, acho que o nome dela era Cerenna, foi durante o discurso chato do Tywin na reunião de família a qual fui obrigado a ir pelo meu padrasto. – Jon saltou do poste tendo que manter os braços abertos para se equilibrar. – Eu estava usando a tática de dormir com mulheres bonitas para ver se tirava a mulher maravilhosa da cabeça. Até confessei que tinha feito isso e sabe o que ela disse? Pelo menos você ganhou experiência, eu também tenho experiência.

            Seu primo parecia indignado.

            – E então ela me contou sobre um Drogo... Que nome estúpido.

            – Estou confuso, vocês estavam namorando?

            – É claro que não. Nós não devemos, seria complicado, além do mais, eu não a trairia.

            – Então nos diga Jon, qual o nome dessa mulher misteriosa? E por favor, quando e como foi com Arianne. Eu simplesmente não acredito que você finalmente cedeu a minha prima e não me contou nada. Cadê o código de irmãos?

            – Boa tentativa, mas eu estou sooobrio, nada vai sair da minha boca. Nada!

            De fato o nome da moça não saiu, mas poemas amadores exaltando sua beleza foram recorrentes.

            Mais tarde eles estavam cambaleando por entre ruazinhas cheias de restaurantes e bares noturnos. Paravam em rodas de musicas, para depois seguir em frente cantando e dançando. Gendry – completamente louco – deu a idéia de fazerem tatuagens temporárias com um hippie. O homem com flores no cabelo perguntou qual era a coisa que mais amavam no momento. Como todos estavam afetados pelas músicas românticas – e pelo álcool – disseram nomes de mulher.

            Ou pelo menos quase todos.

            Gendry tatuou Arya na bochecha – o homem disse que o universo ajudaria se eles colocassem o nome em um lugar visível –, Theon escreveu Jeyne no peito – havia perdido a camisa em algum lugar e ainda procurava uma boa explicação para quando chegasse em casa –, Aegon escreveu “eu mesmo”, Jon colocou um coração na mão e escreveu dentro “lua e estrelas”. Robb foi o ultimo a sentar no pufe colorido, quando o homem foi confirmar o nome a ser escrito não hesitou em dizer:

            – Myrcella.

            E então ele escreveu o nome bem na sua testa.




Acordou jogado no apartamento de Theon. Ele estava deitado no tapete enquanto o outro roncava no sofá. Sem acordar o amigo – e com uma ressaca dos infernos – ele tateou os bolsos procurando por seus pertences e seguiu para fora. No elevador viu o Myrcella escrito em letras garrafais na sua testa.

            Merda.

            Sua ex-namorada estaria na universidade agora, provavelmente tinha seguido em frente. Não era mais uma adolescente, já era uma adulta. E cá estou eu com o seu nome na testa. Ele estava ridículo.

             Robb chegou em casa meia hora depois e desejando, acima de tudo, um bom banho. Era domingo, então todos estariam dormindo a essa hora da manhã. Um alívio, pois seria difícil explicar essa tatuagem para sua mãe – ele não queria matá-la do coração.  Foi tirando a camisa assim que entrou na sala e desabotoou a calça. Estava fazendo tudo no automático. Começou a subir as escadas, mas então lembrou que sentia sede.

            Foi até a cozinha, mas estancou logo que entrou.

            Uma conhecida cabeleira loira se mexia na frente do balcão enquanto segurava um copo de água. Robb não conseguiu evitar descer o olhar pela camisa branca de unicórnios até chegar ao short cor-de-rosa. O que aconteceu com o pijama de leãozinho folgado?

            Ela cantarola uma canção animada até que se virou e deu um grito ao vê-lo. O copo agitou em sua mão molhando sua blusa inteira. Isso fez o tecido ficar transparente – Robb esforçou-se para não olhar para lugares indevidos.

            – R-robb.

            – Myrcella.

            Ela estava mais alta, notou. Os caracóis dourados estavam mais longos e os traços do rosto levemente mais maduros – ainda tendo um pouco do ar infantil. Robb tinha se convencido que essa parte da sua vida tinha acabado, mas agora não estava tão convencido assim.

            – Bem vindo.

            – Obrigado.

            Myrcella corou adoravelmente e encarou os dedos dos pés – pintados de azul. Depois levantou o rosto e então arregalou os olhos.

            – Bela tatuagem.

            Foi a vez dele corar.

            – É... Hum... Foi ontem à noite, meio difícil de explicar.

            – Você gaguejando e eu rindo, acho que invertemos os papeis. – o riso dela fez quase valer a pena aquela tatuagem estúpida. – Espero que seja temporária, sair com meu nome na sua testa pode atrapalhar algo com... Você sabe, possível namorada ou algo assim... Agora eu estou falando sem parar.

            Ela riu nervosamente.

            – É temporário, não que tenha alguém para se importar com isso. – notou os olhos dela descendo pelo seu corpo e isso o fez sorrir. Ele não era o único com pensamentos indecentes. – Alguém que você conhece se importaria?

            – Acho que não.

            – Legal.

            – É... Legal. – ficaram em um silêncio constrangedor até Myrcella apontar para seu braço. – Também é temporária?

            – Não.

            – Essa é legal também.

            – Obrigado.

            Outro silêncio, dessa vez acompanhado do encontro de olhares. Verde contra azul. Robb sentiu algo subir pela sua garganta. Deuses, aquilo era pior do que tinha previsto. Aproximou-se lentamente, esperava que Myrcella se afastasse e ressaltasse que aquilo não era para acontecer, que os dois estavam em diferentes paginas e que a vida devia tomar seu rumo, contudo, ela não o fez.

            Ao invés disso o olhou temerosa e ao mesmo tempo ansiosa.

            Robb levantou a mão e segurou uma mecha do cabelo dela e enrolou no dedo. Ele não devia fazer aquilo e ele também não devia se inclina, mas o fez do mesmo jeito. Também não devia agarrar a cintura dela e pressioná-la contra o balcão.

            – Robb... – seu nome saiu quase como um suspiro.

            – Cella.

            Ele não devia aproximar os lábios daquela forma...

            – Mamãe não vai ficar nada feliz em ver um vídeo pornô clichê sendo ensaiado bem no meio da cozinha. – a voz do seu irmão o fez dar um pulo. Myrcella olhou horrorizada para Rickon com as bochechas em chamas.

            O mais novo contornou o balcão e abriu a geladeira.

            – Myrcella, sutiã de esquilos, sério?

            – Rickon. – disse em um tom duro. Seu irmão ignorou.

            – Então, vocês voltaram?

            – Não. – disseram ao mesmo tempo, depois Robb comentou – Somos bons amigos.

            – Muito bons amigos pelo que posso ver. Vamos fingir que isso é verdade.

            – Rickon Stark. – alertou.

            – E você já estava para tirar a calça Robb? Fico pensando o que iria encontrar se eu chegasse um minuto mais tarde. Meus pobres olhos inocentes.

            – Estou subindo. – Myrcella passou por ele correndo enquanto Robb abotoava a calça.

            – Cala a boca tampinha.

            – Siga meu exemplo e faça no quarto protegido por uma boa tranca.

            – Eu vou simplesmente ignorar sua existência.

            – Você pode tentar.



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Notas finais do capítulo

Tatuar nome do ex na testa, quem nunca - Eu XD
Rickon dando um jeito de aparecer de qualquer maneira em tudo que escrevo.
Comentários?
Desculpem os erros que me escaparam, eu li rapidamente.